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OMS aprova uso emergencial da vacina Coronavac contra Covid-19

Reprodução / Instituto Butantan
A vacina em falta é a Coronavac, produzida pelo Instituto Butantan

A Organização Mundial da Saúde (OMS) aprovou nesta terça (1º) a vacina Coronavac, desenvolvida pela chinesa Sinovac e fabricada também no Brasil, pelo Instituto Butantan. O imunizante foi incluído na lista de uso emergencial (EUL) da entidade, o que permite que seja distribuída pelo consórcio Covax —que distribui imunizantes para mais de cem países no mundo.

A autorização da Coronavac pela OMS também abre caminho para que brasileiros vacinados com ela tenham seu acesso facilitado à União Europeia, quando o bloco abrir suas fronteiras para viajantes que partem do Brasil.

Isso acontece porque, pelas recomendações atuais da UE, os países podem dispensar testes e quarentenas de quem tenha tomado as doses regulamentares de um imunizante aprovado pela agência europeia (EMA) ou pela OMS.

Mas isso não quer dizer que qualquer pessoa vacinada tenha entrada livre no bloco europeu, nem que os não imunizados estejam definitivamente barrados. Na verdade, os acordos feitos pela UE valem apenas para restituir o livre trânsito de seus próprios cidadãos pelas fronteiras internas. Em relação a estrangeiros, cada país pode decidir que condições aplicar.

Mais do que a marca da vacina tomada, o que pode dificultar a vida dos turistas brasileiros é a situação da pandemia. Os 27 membros da UE adotam regras comuns para definir quais países são considerados seguros para viagens não essenciais.

Um dos critérios é o número de novos casos de coronavírus por 100 mil habitantes em 14 dias, que deve ser inferior a 75 (no Brasil a incidência é 395/100 mil). Também entram na decisão a tendência de contágios (crescente ou decrescente), o número de testes feitos por habitante, o índice de resultados positivos, o avanço da vacinação, a presença de variantes e a resposta geral do país à pandemia —se aplica testes, rastreia contatos, faz isolamento e se possui informações confiáveis.

Com base nesses critérios, a UE atualiza quinzenalmente a relação de países para os quais as viagens não essenciais estão liberadas. Por enquanto, a relação tem oito países: Austrália, Nova Zelândia, Singapura, Coreia do Sul, Tailândia, Ruanda, Israel e China —quando oferecer reciprocidade.

Um membro da UE pode decidir unilateralmente receber turistas de países de fora da lista —como fizeram no mês passado Espanha, Portugal e Grécia, já abertos para os britânicos. Nesse caso, cabe ao país estipular suas condições: por exemplo, a comprovação de vacina ou a exigência de um teste negativo para coronavírus.

Mas viajantes que saem de países de zona vermelha, como o Brasil, hoje só podem entrar se a viagem for essencial e precisam fazer quarentena em várias nações europeias. A expectativa é que essas restrições perdurem até que a pandemia no país arrefeça.

A inclusão de uma vacina na EUL da OMS, porém, não tem nenhuma relação com o turismo e, sim, com a saúde. Significa que ela teve sua qualidade, segurança e eficácia verificadas.

Segundo a organização, os estudos mostraram que a vacina preveniu doenças sintomáticas em 51% dos imunizados e evitou Covid-19 grave e hospitalização em 100% da população estudada.

Embora a porcentagem de maiores de 60 anos nos ensaios clínicos tenha sido pequena, a OMS diz que os dados coletados durante as campanhas de vacinação em vários países mostram que seu efeito protetor nos mais idosos é semelhante ao obtido entre os mais jovens.

Em experimento realizado em Serrana, no interior paulista, com mais de 95% das pessoas vacinadas, as mortes provocadas por Covid-19 caíram 95%.

Com base nas evidências disponíveis, a OMS recomenda a Coronavac para adultos de 18 anos ou mais, em um esquema de duas doses com espaçamento de duas a quatro semanas. ​

Por usar a tecnologia de vírus inativado (morto), o produto em requisitos de armazenamento simples, o que o torna particularmente adequado para países com menos recursos, afirmou a OMS. A entidade também autorizou para uso de emergência as vacinas da Pfizer/BioNTech, Astrazeneca, Janssen, Moderna e Sinopharm.

O Instituto Butantan disse em nota que "recebeu com satisfação e entusiasmo a notícia da aprovação" e manifestou se orgulhar por ter "contribuído para mais essa conquista", ressaltando que a OMS levou em conta, para a decisão, dados de eficácia produzidos a partir de pesquisa no Brasil, feita sob sua coordenação, entre julho e dezembro de 2020.

Nesta terça, a OMS fez também um apelo pelo investimento de US$ 50 bilhões (R$ 258 bi) no aumento da capacidade de produção de imunizantes no mundo.

Segundo a entidade, em pronunciamento conjunto com o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Mundial e a Organização Mundial do Comércio (OMC), isso aceleraria o final da pandemia, acelerando a retomada econômica.

A declaração conjunta baseia-se em uma análise recente da equipe do FMI, que estima em US$ 50 bilhões o capital necessário para aumentar fabricação, fornecimento, fluxos de comércio e entrega de diagnósticos, oxigênio, tratamentos, suprimentos médicos e vacinas.

“Isso acabará com a pandemia mais rapidamente no mundo em desenvolvimento, reduzirá infecções e perdas de vidas, acelerará a recuperação econômica e gerará cerca de US$ 9 trilhões (R$ 46 tri) em produção global adicional até 2025”, disseram as entidades.

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