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Operação apura desvio de quase R$ 140 milhões em verbas para eventos de Jiu-jitsu

Reprodução/TV Globo
São cumpridos 30 mandados de busca e apreensão. Um servidor público foi afastado de suas funções

Uma operação investiga o suposto desvio de R$ 137,4 milhões em verbas públicas para eventos esportivos contratados entre o Governo do Distrito Federal (DF) e associações esportivas, dentre elas, uma com sede em Goiânia. A Operação Armlock, referência a um golpe de Jiu-jitsu, foi deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) na manhã desta quinta-feira (11). Os investigadores cumprem 30 mandados de busca e apreensão. Um servidor foi afastado de suas funções. 

A investigação apura se houve desvio de recursos públicos através da celebração ilegal de contratos entre a Secretaria de Esporte e Lazer do DF (SEL/DF) e a Associação Centro-Oeste Jiu-Jitsu (COJJ), para a suposta realização de eventos esportivos públicos. O MPDFT explicou que a investigação se deu após o Ministério Público de Contas do DF estranhar repasses anormais e um aumento significativo de Termos de Fomento, que são parcerias entre a administração pública e organizações da sociedade civil (OSCs), firmados pela SEL/DF. 

Segundo as investigações, entre junho de 2021 e fevereiro de 2022, foram repassados às OSCs mais de R$ 137,4 milhões. A que mais chamou a atenção pelo valor recebido, foi a COJJ, que tem sede em Goiânia. O MPDFT averiguou que não houve a comprovação de execução de nenhum projeto acordado entre a associação e a SEL/DF, que seriam campeonatos de artes marciais. Além disso, a COJJ sequer possuí estrutura física declarada. 

As apurações apontam que a COJJ era utilizada como fachada para que os recursos públicos fossem desviados, sendo a Federação Brasiliense de Jiu-Jitsu (FBJJD) a verdadeira beneficiada com o esquema. O presidente da instituição, Francisco Grisolia Santoro, conhecido como Kiko Santoro, é subsecretário de Saúde Física para o Servidor Público, na Secretaria da Fazenda do DF (Sefaz-DF) e membro do Conselho de Administração do Fundo De Apoio ao Esporte (CONFAE), vinculado a SEL/DF e teria estreitos laços com o presidente da COJJ, Rodrigo de Castro. 

A reportagem pediu um posicionamento de Rodrigo de Castro às 11h20 desta quinta-feira (11) e não houve retorno. A reportagem não conseguiu contato com Kiko Santoro. Também foi solicitado à SEL/DF, à Sefaz/DF e a FBJJD uma nota sobre o assunto.

O MPDFT afirma ainda que havia funcionários públicos em cargos estratégicos dentro da SEL/DF para que a COJJ fosse habilitada dentro da pasta para a realização dos contratos públicos. Esses servidores “autorizaram, ilicitamente, a transferências dos valores e atestaram a fictícia execução dos eventos, possibilitando, assim, que o dinheiro público fosse desviado em proveito da organização criminosa”, assegurou o ministério. 

Relação entre os suspeitos 

Segundo a investigação, o presidente da COJJ, Rodrigo de Castro, possui estreitos laços com Kiko Santoro e, consequentemente, com a FBJJD, chegando a se apresentar nas redes sociais como “diretor de eventos” da federação. 

O MPDFT afirma que há fortes elementos que indicam a utilização, por parte de Kiko Santoro, do fácil acesso aos bastidores da SEL/DF, para conseguir firmar os contratos entre a secretaria e a COJJ. O servidor foi afastado do exercício da sua função pública. Além deles, outras pessoas físicas e jurídicas são suspeitas de atuarem no esquema, como o uso de “laranjas” dentro da FBJJD. 

De acordo com o MPDFT, os responsáveis podem responder pela prática de crimes de uso de documento falso, corrupção ativa e passiva, organização criminosa e lavagem de dinheiro.  

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