Geral

Patrimônio é vítima do descaso, duas décadas após tombamento em Goiânia

Diomício Gomes
Ao fundo, o antigo Fórum e Tribunal de Justiça, na Praça Cívica: local, que hoje é sede da Procuradoria Geral do Estado (PGE), está fechado para obras, que ocorrem tanto na parte interna como externa. Conclusão das intervenções está prevista para outubro

Ao fundo, o antigo Fórum e Tribunal de Justiça, na Praça Cívica: local, que hoje é sede da Procuradoria Geral do Estado (PGE), está fechado para obras, que ocorrem tanto na parte interna como externa. Conclusão das intervenções está prevista para outubro (Diomício Gomes)

Ao menos 20 dos 22 bens tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) há 20 anos precisam de algum tipo de reparo e serviço de manutenção. Os monumentos fazem parte do Acervo Art Déco da capital, localizados nos setores Central, Campinas e Oeste, e receberam a alcunha de patrimônio nacional em 2003.

Os bens tombados fazem parte das primeiras construções em Goiânia, sendo construídos entre as décadas de 1930 e 1940, todos no estilo arquitetônico art déco, que foi iniciado na França e trazido a Goiás pelo urbanista Attilio Corrêa Lima.

O Iphan informa que realiza fiscalizações periódicas nos bens a fim de verificar o estado de conservação e possíveis danos. “São emitidos laudos e enviados aos proprietários para que possam realizar as ações de manutenção e conservação. A responsabilidade de manutenção e conservação é do proprietário do bem”, ressalta o órgão.

O tombamento feito em 2003 inclui 22 edificações e os dois traçados viários do Setor Central e do Setor Campinas. Nestes casos, toda intervenção que implique alteração dos traçados tombados passa pela avaliação do órgão federal.

Quatro dos bens estão fechados ao público no momento, sendo apenas um deles em obras de reforma, o antigo Fórum, que hoje é a sede da Procuradoria Geral do Estado (PGE), localizado na Praça Cívica. Os serviços foram iniciados em 2021 no bloco norte e, atualmente, já estão no bloco sul. A entrega deve ocorrer em outubro próximo e o investimento está estimado em R$ 3,7 milhão.

Já a reforma do Museu Zoroastro Artiaga, localizado também na praça e onde funcionou o Departamento Estadual de Informação, tem a licitação prevista para ser finalizada este ano.

O local está fechado desde setembro do ano passado e a previsão é que as obras comecem no primeiro semestre de 2024. O Governo de Goiás estima que os serviços deverão custar em torno de R$ 7,4 milhões.

Também estão sem acesso do público o antigo Palace Hotel e a subprefeitura de Campinas, ambos no Setor Campinas. Este último apresenta a pior situação encontrada entre os bens tombados pelo Iphan, já que está com a fachada deteriorada e a parte interna com sinais de abandono, como portas quebradas e móveis revirados.

A Secretaria Municipal de Cultura (Secult Goiânia) informa que a antiga subprefeitura está sob a gestão da Guarda Civil Metropolitana (GCM), que já foi comunicada da situação para realizar as providências de manutenção do prédio. Quanto ao antigo Palace Hotel, onde hoje é a Biblioteca Municipal Cora Coralina, ele está fechado desde abril e passa por reparos no telhado e na parte elétrica.

A ação de manutenção, informa a pasta, está sendo realizada por etapas e a previsão de conclusão é até o final deste ano. O secretário Zander Fábio explica que a reforma total do prédio necessita de recursos federais, sendo feito, no momento, os reparos para deixá-lo em condições de uso. A secretaria municipal explica que, junto com o Iphan, faz visitas de vistoria e encaminha relatórios sobre as necessidades dos prédios e encaminha aos órgãos responsáveis.

Praça Cívica

A Secult Goiânia complementa que já repassou para a Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seinfra) a situação relatada dos bens tombados na Praça Cívica e seu entorno, que são as fontes luminosas, os obeliscos, o coreto e a Torre do Relógio. O coreto, por exemplo, sofre com pichações e se tornou depósito de resíduos e materiais de pessoas em situação de rua. Já o Palácio das Esmeraldas terá a pintura externa reformada, segundo o governo de Goiás, com a previsão de início das obras neste ano.

O prédio da antiga Secretaria Geral, hoje Centro Cultural Marietta Telles Machado, também com problemas na fachada, está em obras desde 25 de julho e a conclusão deve ser feita em seis meses, a depender do período climático. A revitalização completa do local está prevista para ser realizada no primeiro semestre de 2024, complementa o governo estadual.

Outra edificação tombada próxima à Praça Cívica é o Museu Pedro Ludovico Teixeira, que, segundo o governo, passa por manutenção periódica e até o final de outubro deverá ser feito o redimensionamento das calhas, parte elétrica e pintura total.

A reportagem verificou falhas de conservação, sobretudo por vandalismo, na mureta e no trampolim do Lago das Rosas e nos muros do Teatro Goiânia. No primeiro caso, a Secult Goiânia repassou a situação para a Agência Municipal de Meio Ambiente (Amma). Quanto ao teatro, o governo estadual assegura que o espaço está no cronograma de reforma para o final do segundo semestre de 2024, mas que ele passa por manutenções regularmente, como na parte elétrica e no telhado.

Localizado na Avenida Goiás com a Rua 3, o Grande Hotel está com a fachada totalmente pichada. A Secult Goiânia informou que a Prefeitura ocupa parte do local que pertence ao Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) e que negocia a realização da pintura e também a aquisição da edificação.

Na Estação Ferroviária, cuja reforma foi finalizada em 2019, foram encontrados problemas pontuais de infiltração e pintura. A Secult Goiânia ressalta que o local já passou por reparos pós-obras feitos pela construtora responsável e que tem ação de manutenção prevista para o ano que vem, a ser feita pela Prefeitura.

Também necessitam de reparos o Colégio Lyceu e a sede do Instituto Federal Goiás (IFG). No primeiro caso, a Secretaria de Estado de Educação (Seduc), diz que a reforma será iniciada ainda neste ano, com ampliação, readequação e restauração da parte tombada, em investimento na ordem de R$ 13,5 milhões.

O IFG explica que a última pintura da fachada ocorreu em 2009 e serviços de manutenções nas janelas em 2010 e estima que será necessário R$ 1 milhão para restauração atualmente, recurso que a entidade não possui. O instituto reforça que busca, junto ao Iphan, verba extraorçamentária para a obra.

Redação
Comentários
Os comentários publicados aqui não representam a opinião do jornal e são de total responsabilidade de seus autores.
ANUNCIE AQUI