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Pesquisa traça perfil dos pamonheiros de Goiânia

Cristiano Borges
Saile Queiroz, dono de pamonharia

A pamonha é um dos alimentos mais queridos do goianiense. Mas, será que as pessoas pensam em quem está por trás dela? Quem produz e vende pamonha em Goiânia? Quais são as condições de trabalho desses pamonheiros? Perguntas como essas levaram a cientista social, egressa da Universidade Federal de Goiás (UFG), Tayme Pereira da Silva, a pesquisar o assunto. Ela concluiu que a maioria desses trabalhadores é masculina e que, apesar das longas jornadas de trabalho, se identifica com o que faz. Já as mulheres ocupam funções consideradas subalternas. Ela identificou também uma política cultural construída em torno do alimento.

De 2015 a 2016, Tayme Pereira da Silva percorreu pamonharias, acompanhou ambulantes, realizou entrevistas e traçou uma rede do comércio deste alimento em Goiânia, que vai do negócio familiar à informalidade. Como resultado, ela reconheceu que a maioria dos comerciantes de pamonha é masculina, com baixa escolaridade e vinda do interior de Goiás. Segundo ela, muitos desses pamonheiros também colaboram com a produção da pamonha e trazem em sua trajetória de vida alguma identificação com o fazer: seja por meio das tradicionais pamonhadas, seja pelo aprendizado intergeracional.

Para a pesquisadora, uma surpresa negativa dessa investigação foi reconhecer papéis bem definidos para a participação das mulheres. “Elas estão nos bastidores, atuando nas cozinhas, na limpeza e em outros tipos de serviços apontados como subalternos”, acrescentou. Tayme Silva entrevistou apenas uma senhora que atua como vendedora e, ao sondar com as demais, ouviu que mulheres são frágeis e mais cuidadosas, por isso assumem tais funções.

Política social da pamonha

Um dos motivos que fez a cientista social escolher o tema foi o fato de a pamonha ser uma comida tradicional, porém muito consumida pelos goianos. “Com o passar do tempo, a pamonha deixou de ser uma iguaria simbólica das tradicionais reuniões familiares no campo e começou a ser produzida e comercializada em pamonharias, restaurantes e, sobretudo, entre os vendedores de rua”, afirmou.

A procura pela pamonha ocorre, segundo ela, porque em Goiás há uma “política cultural” construída em torno do alimento. Ou seja, uma espécie de esforço simbólico de valorizar a comida como parte do patrimônio imaterial goiano. 

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