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Pirarucu de 2 metros retirado de parque no Setor Jaó cresceu em lago artificial; conheça a história

Arquivo pessoal / Priscila Sales Abuchaim
Pirarucu era criado em lago artificial, também no Setor Jaó

O pirarucu que foi retirado na manhã desta quinta-feira (15) do lago do Parque Liberdade encantou muitos moradores do Setor Jaó, em Goiânia, mas uma ex-residente tinha uma conexão ainda mais especial com ele. Priscila Sales Abuchaim diz que começou a cuidar do peixe, hoje com cerca de 2 metros de comprimento, quando ele ainda media apenas 20 centímetros. Foram ela e o marido quem deixaram o animal no lago do parque, há cerca de um ano.

Segundo Priscila, ela e o marido tinham um lago artificial com capacidade de aproximadamente 40 mil litros na casa onde moravam, também no Setor Jaó. Lá, criavam diversos tipos de peixes, como tilápias, pangas e caranhas.

“Um dia fui onde eu sempre procurava peixes novos e tinha um exemplar de pirarucu, que eu acabei levando”, conta Priscila. Isso aconteceu por volta de 2017, quando o peixe tinha apenas alguns meses de vida, de acordo com ela.

Com o tempo, o pirarucu acabou ganhando o coração da família. “A gente sempre alimentava os peixes com ração. Mas o pirarucu e a pirara são peixes carnívoros. Eles também comem frutas e pão, mas não é o ideal. Então pescávamos os menorzinhos e dávamos pra ele. Ele chegava perto da gente. Alimentando diariamente acabamos nos afeiçoando a ele”, conta Priscila. Ela explica que por ser o único exemplar de seu tipo no lago, era chamado apenas pelo nome de sua espécie.

Apesar da proximidade com os animais, a família se viu obrigada a se desfazer deles com a situação provocada pelo coronavírus. “Por causa da pandemia, eu voltei para São Paulo e não tinha como trazê-los. Por conta do tipo de respiração, ele não aguenta transportes longos. Então mandei mensagem para o representante da Amma [Agência Municipal do Meio Ambiente] que cuida dos parques no Setor Jaó e consegui a liberação para soltar ele lá”, relata.

Além do pirarucu, algumas tilápias também foram deixadas no lago do Parque Liberdade. Outros peixes foram doados para entidades que fornecem alimentação para pessoas carentes, gerando cerca de 350 kg de carne dos animais.

Priscila revela que recebeu a notícia da retirada do pirarucu do parque com um misto de tristeza e alívio. “Fiquei um pouco relutante. Queria que tivesse ficado no Jaó, que é um bairro que está sempre no meu coração, e eu sabia que os moradores desfrutariam da presença dele. Mas também fiquei aliviada. Eu estava bastante angustiada com várias pessoas postando que iriam colocar ele na panela, que queriam pegá-lo”, diz.

Nesta quinta, o pirarucu foi levado para a Escola de Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal de Goiás (UFG), onde foi colocado em um tanque e vai passar por uma adaptação. Em seguida deve ser transferido para outro tanque maior. Se for uma fêmea, o animal deve contribuir para as tentativas de repovoamento na Bacia do Rio Araguaia.

Priscila espera que a história do pirarucu leve consciência às pessoas sobre preservação e o uso do espaço público. “Queria que entendessem que peixe não é só para colocar na panela. Existem locais específicos para pescar e tem que respeitar o espaço público”, afirma. “A cidade perdeu. O pirarucu era um atrativo do bairro, e agora não está mais lá porque estava sendo ameaçado”, completa.

Arquivo pessoal / Priscila Sales Abuchaim
Arquivo pessoal / Priscila Sales Abuchaim
Arquivo pessoal / Priscila Sales Abuchaim
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