Subiu para 15 o número de pessoas mortas em abordagens realizadas por ao menos um dos quatro policiais militares envolvidos na morte do servente Henrique Alves Nogueira, aos 28 anos, no dia 11 de agosto. Desta vez, o caso envolve um homem não-identificado que teria trocado tiros com uma equipe da PM em uma estrada vicinal na zona rural de Abadia de Goiás, na noite do dia 13 de março, um domingo. O inquérito da Corregedoria da Polícia Militar foi encaminhado para a Justiça comum nesta segunda-feira (29).A morte de Henrique ganhou repercussão nacional após a família dele ter descoberto um vídeo mostrando que, horas antes de uma equipe do 7º Batalhão da Polícia Militar (7º BPM) ter informado sobre um suposto confronto com a vítima, o servente foi abordado pelos mesmos policiais em uma avenida a cerca de 15 quilômetros do local onde o corpo estava.As imagens contradizem a versão oficial dos policiais, de que ele estava na garupa de uma moto no Setor Real Conquista com uma mochila cheia de drogas e que reagiu à abordagem atirando contra os agentes após cair do veículo em fuga. Foram presos na ocasião o sargento Cleber Leandro Cardoso, de 37 anos, o cabo Guidion Ananias Galdino Bonfim, de 31, e os soldados Kilber Pedro Morais Martins, de 34, e Maik da Silva Moura Sousa, de 29.O processo que chegou ao Judiciário nesta segunda, do caso em Abadia, cita o nome de Guidion junto com outros dois policiais militares que não envolvidos na morte de Henrique. Segundo relato oficial, a equipe estava em patrulhamento pela GO-469, na altura de Abadia, quando desconfiaram de dois homens em um veículo HB20. Na abordagem, feita por meio de sinalização, os suspeitos não pararam, e deu-se início a uma perseguição.Ainda conforme os policiais, os suspeitos entraram em uma estrada vicinal e após o carro parar saíram do mesmo efetuando disparos contra os agentes de segurança, que teriam revidado. Um dos homens supostamente em fuga conseguiu fugir. O outro morreu no matagal após ser atingido por três tiros frontais, sendo um na cabeça e dois no peito.Local não foi preservadoO local da ocorrência não foi preservado pelos policiais sob alegação de que pretendiam socorrer o suspeito, levando-o até uma unidade de saúde em Abadia. Os policiais atiraram 11 vezes, enquanto o suspeito, de acordo com a versão oficial, teria efetuado três disparos de um revólver calibre 38 apreendido com ele após a morte.O inquérito informa que a pessoa foi enterrada em um cemitério de Aparecida sem identificação e que material genético foi encaminhado para o bando de dados da Polícia Técnico-Científica.No relatório encaminhado à Justiça também consta que o HB20 teria sido furtado em Goiânia, mas não consta no processo informações sobre o furto.A corregedoria da PM concluiu que se trata de um caso de legítima defesa por parte dos policiais. O processo consta apenas as perícias nas armas, o exame cadavérico, e os depoimentos dos policiais. Com o caso indo para a Justiça comum, tem sido costume o processo se apensado ao trabalho que é feito pela Polícia Civil ou arquivado.Promotores do Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) têm reclamado constantemente quando a PM investiga casos envolvendo mortes em abordagens, afirmando que não é da competência da corporação este tipo de procedimento.Caso HenriqueDos quatro policiais presos preventivamente pela morte do servente em agosto, Guidion é quem tem o nome citado em mais processos envolvendo investigação por homicídio. Dos 14 autos identificados na Justiça, ele aparece em 9. Já Cleber e Kilber aparecem em 6 e Mayk em 3.A investigação sobre a morte de Henrique segue em andamento na Delegacia de Investigação de Homicídios (DIH).-Imagem (1.2510204)