A Polícia Civil de Goiás (PCGO) por meio do Grupo Especializado no Atendimento às Vítimas de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Geacri), está analisando uma denúncia de racismo contra uma professora da Faculdade de Informação e Comunicação da Universidade Federal de Goiás (UFG), que preferiu não ser identificada na matéria. A reportagem solicitou esclarecimentos à Universidade Federal de Goiás (UFG) e à Faculdade de Informação e Comunicação (FIC) na noite desta terça-feira (30) e aguarda retorno.O caso veio a público nesta segunda-feira (29), com a publicação de uma carta-denúncia que expõe uma série de situações envolvendo tentativas de desrespeito à aplicação da Lei de Cotas em concursos para o magistério superior, segundo afirma, com ciência da instituição.“Há, de forma mais recente, uma movimentação institucional com inúmeras e reiteradas tentativas de interferência administrativa e de ataques à imagem da professora cotista efetiva aprovada no concurso do curso de Relações Públicas, que tem tido conivência da instituição”, diz um trecho da carta.O documento, publicado nas redes sociais do Coletivo Magnífica Mundi, é assinado pela Associação de Pós-graduandas e pós-graduandos da UFG (APG/UFG), pelo Movimento Negro Unificado Goiás (MNU-GO), pelo Grupo de Pesquisa em Narrativas da Diferença (FIC/UFG), e pelos Coletivos: Magnífica Mundi (FIC/UFG), de Cotistas na Pós-Graduação (UFG), e Feminismo sem Demagogia Grupo de Ensino, Pesquisa e Extensão labor movens: condições de trabalho no turismo (UNB). DenúnciasA carta detalha que as denúncias em questão começaram no dia 28 de fevereiro de 2023, logo após a divulgação final do concurso em que a professora foi aprovada. “Há uma caçada travada pelo candidato não-cotista e seus aliados dentro da FIC para que a candidata, aprovada no concurso, não termine o seu processo de doutoramento”, destaca outro trecho.Na sequência, o documento destaca que acusações informais e infundadas de acúmulo de bolsas e recusa de certificados foram as primeiras movimentações do candidato não-cotista, sendo acatadas pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação (PPGCOM/FIC). Já em março, a denúncia afirma que o candidato não-cotista em questão acessou o processo do concurso cotista no Sistema Eletrônico de Informações (SEI) da UFG, utilizando-se do login dele enquanto professor substituto para acessar informações privilegiadas reservadas à banca e ao apoio administrativo. Segundo o documento, ele também encerrou o processo do concurso cotista no respectivo sistema. “Tamanha a gravidade do fato, resultou em uma comunicação formal da Secretaria da FIC, direcionada à Direção da FIC e à Coordenação do Curso de Relações Públicas, sobre o ocorrido que, por sua vez, não apuraram, nem encaminharam a denúncia e sequer advertiram seu professor substituto”, afirma.O documento detalha ainda que em 12 de abril de 2023, data em que a professora, então candidata cotista, já estava com a banca marcada para defender a tese de doutorado e, se aprovada, assumir o concurso, foram registradas denúncias formais contra ela na ouvidoria da UFG. O teor das denúncias feitas seria um suposto autoplágio, motivo pelo qual uma comissão foi instaurada pelo PPGCOM/FIC para avaliar a denúncia. “Resta saber se este tratamento será isonômico e realizado com todas as dissertações e teses do PPGCOM”, ressalta.AssédioMesmo após ter tomado posse e em exercício, a carta denuncia que a professora vem sendo vítima de assédio moral no interior da unidade acadêmica. De acordo com alunos da graduação, o professor substituto tem usado suas aulas para falar sobre supostos casos de autoplágio e plágio, além de expor as supostas denúncias feitas. Segundo os relatos, ele também já teria insinuado que FIC iria contratar “professores sem doutorado”, o que, segundo o documento, mostra o prosseguimento de sua estratégia de danos à imagem de pessoas negras.Até o momento, conforme a denúncia, ninguém foi responsabilizado pelo acontecido, inclusive pelos acessos ao SEI, que se deram, conforme o relato, de forma antiética.