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Polícia vai investigar morte de menino de 13 anos durante jogo online

A Polícia Civil de São Paulo investiga se uma brincadeira em um jogo on-line foi a causa da morte de um adolescente de 13 anos encontrado enforcado na casa do pai dele, em São Vicente (a 65 km de São Paulo), no litoral paulista, no último sábado (15).

Segundo a polícia, Gustavo Rivieiros Detter estava jogando sozinho no computador do quarto do pai, mas conversava on-line com outros colegas. Ao notar a ausência dele na conversa e na câmera por algum tempo, um deles ligou para a prima do garoto, que estava no quarto ao lado.

O estudante foi achado por ela com uma corda no pescoço, amarrado a um saco de boxe. Os tios de Detter conseguiram reanimá-lo, ele foi socorrido a um hospital, mas morreu no domingo (16) pela manhã. Marcos Rivieiros, tio do adolescente, disse à polícia e em entrevista à "TV Tribuna" que os adolescentes desafiavam uns aos outros para saber quem conseguia ficar mais tempo ao ser estrangulado ou asfixiado.

"Eles propõem a morte de uma pessoa como se fosse uma brincadeira, como um desafio. Ou seja, vamos ver quem vai resistir mais tempo estrangulado. E os mais populares são aqueles que resistem mais tempo", afirmou. A prática é conhecida como "jogo do desmaio" ou "brincadeira do desmaio".

O tio de Gustavo disse ainda que, pelas mensagens trocadas entre o garoto e os amigos, ele já tinha feito isso outras vezes. A polícia afirma que já identificou os três adolescentes que estavam jogando com o garoto. A psicóloga e prima do adolescente Ana Detter, 49, disse que os familiares do estudante ainda tentam entender o que aconteceu.

"Todo tipo de adolescente brinca com esse jogo. Eles não têm noção do perigo. Isso mata e a prova é o Gustavo. Ele era um menino estudioso e extrovertido." O "jogo do desmaio", ou chocking game, em inglês, é uma prática na qual a pessoa interrompe a respiração para que, sem oxigênio no cérebro, tenha desmaios, vertigens e sensação de euforia. Há casos de mortes em países como os Estados Unidos (82 entre 1997 e 2005) e na França (dez ao ano), por exemplo.

Segundo a psicóloga Vera Zimmermann, da Unifesp, é comum no adolescente a necessidade de medir limites. "Diante das mudanças pela qual está passando, é importante para o jovem provar quem é e do que é capaz. A sociedade, hoje, tem poucos rituais de passagem e, para desenvolver a autoestima, ele precisa de situações que lhe darão a certeza de sua capacidade", diz Vera.

O delegado Carlos Schneider, de São Vicente, diz que pais devem ficar atentos e saber o que os filhos fazem na internet. "Há alguns sinais importantes, como marcas no pescoço, constantes dores de cabeça e desorientação quando o jovem fica muito tempo sozinho no computador."

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