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Por que viajar de avião é tão caro no Brasil?

Divulgação/Agência Brasil

As empresas aéreas brasileiras defenderam nesta segunda-feira (11) que as regras de assistência ao passageiro no Brasil sejam similares às praticadas no mundo. E disseram que essa é uma maneira de reduzir o valor das passagens cobradas atualmente.

Isso significa, por exemplo, mudar norma que obriga as companhias a prestar assistência aos passageiros mesmo quando o problema não tiver sido causado por elas - como se o aeroporto fecha por mau tempo.

As empresas também pedem a desregulamentação de itens como a franquia de bagagem - a quantidade em peso que as companhias liberam os passageiros a levar.Hoje, por lei, elas são obrigadas a permitir que cada passageiro em voo doméstico despache 23 kg em bagagens e 32 kg nos internacionais.

Atualmente, a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) discute, em audiência pública, o tema. Nova resolução sobre o tema deve ser publicada ainda neste ano.Quanto à assistência ao passageiro, a proposta da agência prevê limitar em até 24 horas os direitos dos passageiros - o que, na prática, muda muito pouco.

E mantém a necessidade de assistência em casos nos quais as aéreas não têm influência direta - como o fechamento de aeroportos por mau tempo.Sobre as bagagens, a proposta da Anac prevê que as empresas fiquem autorizadas a estabelecer os limites em que haverá necessidade de pagamento ou gratuidades, o que atende ao interesse das aéreas. Mas essa norma não entraria em vigor imediatamente após a aprovação, pela proposta.

"É uma proposta tímida. Se a Anac deixar de ser tímida, isso melhoraria a vida dos passageiros", disse Eduardo Sanovicz, presidente da Abear, entidade que reúne TAM, Gol, Azul e Avianca. Ele diz que as empresas, apenas se levada em conta a assistência por força maior - um aeroporto que fecha - custa R$ 50 milhões anuais às companhias, que vivem prejuízos em razão da crise econômica e da desvalorização do real frente ao dólar. Esse impacto é inevitavelmente repassado para a passagem aérea.

Recentemente, a Iata (associação que representa as aéreas em todo o mundo) manifestou contrariedade com a situação.
"O que está em debate hoje é o fim das 'jabuticabas'. Quando a gente fala no fim das jabuticabas, é mais ou menos o seguinte: como se no mundo inteiro o sujeito conseguisse comprar numa lanchonete um X-Burger, mas, aqui no Brasil, somos obrigados a vender o combo. A legislação nos obriga a vender o refrigerante, o sorvete...", diz.

As aéreas defendem que os serviços sejam desregulamentados, tal qual acontece nas companhias de baixo custo e baixa tarifa estrangeiras.

"A pior hipótese para a gente é tudo começar como está. Porque em um cenário econômico degradante essas medidas ajudam a minimizar o impacto da degradação", diz.

Questionado se haveria redução no preço das passagens em eventual norma que desobrigue as empresas a prestar assistência em alguns casos, Sanovicz disse: "Em 2001, quando houve a desregulamentação do valor das passagens aéreas, houve dúvidas se o valor das passagens iria cair. E elas caíram".

Ele afirmou também que, em cenário de crise, as empresas usarão parte da economia para recompor o caixa, mas que haverá redução no valor das passagens.

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