Geral

Prefeitura começa a entregar cestas básicas encalhadas em Goiânia

Fábio Lima
Madalena da Conceição buscou uma cesta básica no Cras do Recanto do Bosque, em Goiânia

A Prefeitura de Goiânia afirma ter começado nesta quinta-feira (7) a entrega das 21 mil cestas básicas que estavam paradas desde março em um galpão emprestado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) no Setor Jaó.

Foram entregues 750 cestas para famílias carentes nos Centros de Referência em Assistência Social (Cras) da Vila União e do Jardim do Cerrado. E nesta sexta (8) está prevista a distribuição de mais 1,2 mil nos Cras Recanto do Bosque e Vila Redenção.

A situação das cestas encalhadas ganhou repercussão após a imprensa noticiar na quarta-feira (6) que a Conab alertou duas vezes a Prefeitura sobre a situação dos alimentos, sobre o risco de perderem a qualidade nutricional e até de estragarem, da possibilidade de surgirem insetos no local e pelo fato de os pacotes de açúcar terem vencido em junho. A crise econômica e o agravamento da fome em todo o País tornou a situação ainda mais trágica.

Ao todo, foram armazenadas no galpão 26 mil cestas básicas adquiridas por R$ 2,2 milhões pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Humano e Social (SEDHS) com a empresa Cao Comércio de Alimentos, de Brasília, por meio de um pregão eletrônico realizado no segundo semestre de 2021. O contrato foi assinado em dezembro e a empresa entregou todas as cestas entre os dias 8 e 30 de março.

Até o momento, a Prefeitura não informou o motivo de todas as cestas terem sido entregues de uma só vez pela empresa, uma vez que, segundo informações da SEDHS, são entregues entre 1,5 mil e 2 mil cestas por semana para famílias carentes cadastradas no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal, o CadÚnico, que procuram um dos 54 núcleos de assistência social da SEDHS.

A empresa afirmou que foi feito um pedido para que tudo fosse entregue ainda em março porque haveria distribuição emergencial para famílias carentes. Por isso, foi permitido que o prazo de validade dos pacotes de açúcar fosse de apenas quatro meses.

O atual titular da SEDHS, Nélio Fortunato, tomou posse no final de abril. O anterior, o ex-prefeito de Itumbiara José Antônio da Silva Neto, o Zé Neto, que deixou o cargo em março para tentar uma vaga na Câmara dos Deputados em julho, não foi localizado pela reportagem. Ele não atendeu às ligações nem respondeu às mensagens deixadas em aplicativo e rede social.

Entre as cestas distribuídas nesta quinta-feira estavam também algumas armazenadas no almoxarifado da SEDHS, já reservadas previamente para entrega na unidade. Fortunato diz que a partir de agora a pasta vai priorizar a distribuição das que estão no galpão da Conab. A empresa responsável pela venda esteve nesta quinta no local para substituir o açúcar.

Atualmente, são 148,7 mil famílias goianienses cadastradas no CadÚnico, sendo este o primeiro critério para terem direito às cestas. “A partir dele, equipes das 54 unidades de assistência social vinculadas à prefeitura fazem o cadastro do beneficiário para o recebimento das cestas básicas”, disse a SEDHS.

Porém, segundo o titular da pasta, são entregues em média entre 1,5 mil e 2 mil cestas por semana a estas famílias. À reportagem, a secretaria informou que foram entregues apenas 3,6 mil cestas em junho e nos dois primeiros dias de julho.

Considerando os dados de Fortunato, a Prefeitura demoraria entre 10 e 14 semanas para esvaziar o galpão da Conab, que foi cedido gratuitamente por 90 dias renováveis por igual período. Já considerando os dados do mês passado, seriam necessárias 23 semanas para entrega de todo o alimento confinado.

O secretário diz que a Prefeitura pretende acelerar a distribuição e, em entrevista à TV Anhanguera, afirmou que todas seriam entregues em até 20 dias. Um dia antes, quando a primeira notícia sobre as cestas foi divulgada, Fortunato deu um prazo de 90 dias.

Por meio de assessoria, o prefeito Rogério Cruz (Republicanos) afirmou que estava no contrato que o prazo mínimo para o vencimento dos alimentos era de seis meses. Além disso, apontou que há muitas famílias carentes que necessitam das cestas, mas não estão atualizadas no CadÚnico, o que estaria sendo resolvido pela Prefeitura.

Comentários
Os comentários publicados aqui não representam a opinião do jornal e são de total responsabilidade de seus autores.
ANUNCIE AQUI