A Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana (Seinfra) está contratando por dispensa de licitação empresas de consultoria e de engenharia para avaliar e trabalhar no complexo viário do viaduto da Avenida T-63 após o incêndio que destruiu algumas placas de alumínio composto na madrugada do dia 15 de julho. Os nomes das empresas e os valores a serem gastos não foram divulgados pela pasta.Relatórios iniciais feitos por técnicos da própria Seinfra – um perito e um especialista de tecnologia e concreto – apontaram que o fogo não comprometeu a integridade da estrutura e recomendavam que os revestimentos externos das faces dos pilares de concreto que ficam na Praça Simão Carneiro – mais afetados pelo incêndio – sejam reforçados. Um release divulgado no dia 20 pela Prefeitura de Goiânia chegou a informar que equipes que trabalham na recuperação do local vão usar argamassa especial nesta proteção externa e que o serviço seria adiantado mesmo considerando que os relatórios finais ficariam prontos só na semana seguinte. Questionada sobre o motivo de contratar empresas para o serviço de consultoria, sendo que já havia técnicos da Seinfra trabalhando nos relatórios, a pasta respondeu que “existe um protocolo a ser seguido na engenharia”. “Esse incêndio inusitado necessita de cautela. Para tanto, são realizadas a prova e a contraprova, que se tornam imprescindíveis quando envolve segurança.”De acordo com a Seinfra, são mais duas avaliações: de uma empresa “especializada em materiais e segurança estrutural” e outra “em perícia técnica para verificação da estrutura do viaduto”. Estes dois relatórios “vão apontar diretrizes para elaboração de projetos de restauração”. Ainda segundo a pasta, o serviço de recuperação será executado na íntegra, mas o de consultoria não. Não houve uma explicação sobre isso.A Seinfra também argumentou que apesar de os técnicos da pasta serem capacitados e possuírem formação em projetos estruturais, o caso específico do incêndio no viaduto exige laudos que necessitam de contratação externa. “Necessita-se um parecer técnico relativo a materiais e segurança estrutural. Também é preciso o laudo de um perito sobre o evento e que conste todos os dados e garantias de segurança, bem como com todos os apontamentos necessários para as ações de recomposição do revestimento (cobertura da armadura) das peças atingidas de forma mais direta. Somente após estes estudos é que se determina a total segurança”, afirmou a secretaria.O executivo não havia divulgado em nenhum momento a necessidade de contratar uma consultoria externa. Entretanto, na edição de segunda-feira (1º) do Diário Oficial do Município (DOM), a Seinfra publicou dois despachos autorizando a contratação das empresas. Nos despachos, é informado que uma empresa seria “especializada para elaboração de laudo técnico pericial a fim de amparar a Administração Municipal quanto à tomada de decisão de liberação do tráfego de veículos na parte superior daquele viaduto” e outra, “especializada em serviços técnicos de engenharia de inspeção e emissão de relatório técnico quanto aos danos ocasionados pelo fogo à estrutura de concreto armado do complexo viário”.Dados não divulgadosA Seinfra não especificou quais serviços seriam feitos pela empresa de engenharia. O de recuperação das pilastras, que envolve recuperação de cobertura da armadura de dois dos pilares mais atingidos, serão realizados pela própria pasta. Já haveria até um projeto pronto específico para ser aplicado, após recomendação dos consultores contratados.Ao ser cobrada para divulgar o nome das empresas e valores, a Seinfra afirmou na segunda-feira (1º) que “estão em procedimento final para publicação”. Apesar disso, todos os relatórios técnicos já estariam definidos entre a Seinfra e os consultores.Entenda o casoO incêndio teve início de forma acidental por um dependente químico que deixou cair no vão entre placas decorativas um papelão no qual ele ateou fogo para procurar uma pedra de crack que caiu no mesmo espaço. O pinto Baltazar Campos David, de 41 anos, foi indiciado por incêndio com dolo eventual (quando se assume o risco pelo fato causado, mesmo sendo acidental).Por alguns dias todo o complexo viário chegou a ser interditado. Mas tanto a trincheira na Avenida S-1, como o contorno pela Praça Simão Carneiro foram liberados no dia 19. Não há previsão para voltar o tráfego no viaduto.Inicialmente, a Seinfra afirmou ser necessário tirar todas as 600 placas de alumínio existentes no local. Além disso, a pasta argumentar que precisa concluir o serviço nos dois pilares em que houve maior concentração das chamas.