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Prefeitura de Goiânia suspende entrega do BRT após estrago em viaduto

Wesley Costa/O Popular
Viaduto no cruzamento da Perimetral Norte com a Goiás Norte: carros passam em via lateral improvisada. Liberação não tem prazo previsto

A entrega de parte do Trecho 2 do BRT Norte-Sul, com a circulação dos ônibus no eixo de transporte foi suspensa. A data programada era o aniversário de Goiânia, 24 de outubro. O motivo é um imprevisto. Houve rebaixamento no encabeçamento do viaduto, que está em construção no cruzamento das avenidas Goiás Norte e Perimetral Norte.

A Prefeitura de Goiânia afirmou ontem que não há nova data prevista para a entrega da obra e do trecho do corredor. A administração municipal declarou, no entanto, que isto só vai ocorrer quando técnicos informem haver plenas condições de liberação do local. 

Em nota, a Prefeitura de Goiânia informou que “ao tomar conhecimento de que as obras das estações intermediárias atrasaram e de que não vai conseguir garantir a total segurança do Viaduto da Perimetral Norte, no Trecho 2 do Corredor BRT Norte-Sul, o prefeito de Goiânia, Rogério Cruz, determinou que só vai inaugurar a obra quando houver total segurança para a população e a plena condição de operação.”

Ainda na nota, a Prefeitura detalha que no último feriado, 12 de outubro, a cabeceira do viaduto sofreu um rebaixamento e o prefeito determinou à Secretaria de Infraestrutura de Goiânia (Seinfra) que realize um levantamento técnico para identificar e solucionar a questão. A data da entrega será divulgada assim que o novo cronograma for estabelecido. 

Especialista em obras de infraestrutura, engenheiro Everton Schmaltz diz que o prazo mínimo para deixar esta obra pronta seria de um mês, mas para que ela tenha funcionalidade, com conclusão de sinalização e calçadas, por exemplo, dois meses. 

A Seinfra foi procurada na quarta e na quinta-feira desta semana, mas não comentou o andamento dos trabalhos. No canteiro de obras, localizado no cruzamento das avenidas Goiás Norte e Perimetral Norte, operários informaram que estavam trabalhando todos os dias, inclusive sábados, domingos e feriados na tentativa de entregar o serviço dentro do prazo, mas nem eles acreditavam nisso por conta da alteração no cronograma desta semana.
 
Uma das pessoas ouvidas pela reportagem, que atua na obra e prefere não ter o nome publicado, havia informado, antes da Prefeitura, que havia ocorrido um rebaixamento do solo no encabeçamento em um dos lados do viaduto. Ela já previa o retardo da entrega. Ela disse que os colegas que atuam nesta área estavam havia alguns dias realizando o reparo. “A gente não sabe quanto tempo mais levará (para concluir a obra).”
O engenheiro Everton Schmaltz explica que este é um problema comum em obras deste tipo. “Ocorre geralmente quando o solo é diferente do que era esperado. (...) Retira-se a terra que poderia ser um problema e faz-se o aterramento”, explica. Ele diz que é uma situação simples e recorrente. 

In loco
O engenheiro Everton Schmaltz tem experiência neste tipo de obra e visitou o canteiro na manhã de ontem. Ele observou o andamento da construção do viaduto e do terminal de passageiros. Pela observação, ele entende que a parte estrutural de concreto está com 90% de conclusão. “Talvez um pouco mais. Faltam detalhes, muretas e outras coisas menores.” 

Já os aterros de acesso ao viaduto têm cerca de 40% de conclusão. Ele ressalta que, depois desta etapa, ainda faltariam o sistema viário, de iluminação, de pavimentação e drenagem, que ainda não foram iniciados. “Existe uma diferença entre terminar uma obra e deixar uma obra 100% funcional para ser utilizada. Para a conclusão estima-se que seriam por volta de 25 a 30 dias. Para colocar em utilização pode se estimar em até 60 dias, se apertarem muito o ritmo, em 50 dias.”

Schmaltz destaca, no entanto, que para deixar o tráfego fluir de forma mais regular na Perimetral Norte, é possível estimar em 15 dias, mas não em condições ideais. Para que a Avenida Goiás Norte possa, de fato, ter fluxo normal de veículos, inclusive dos ônibus do transporte coletivo, ele explica que ainda é necessária a conclusão completa do terminal, além da obra do viaduto. Neste caso, por contar também com uma obra civil e não somente a obra rodoviária, ele entende que podem existir outros fatores que possam atrasar um pouco mais.

O engenheiro destaca, também, que as técnicas e estratégias utilizadas na construção são modernas e atuais, apesar de mais caras. “A técnica de placas e pó de pedra (no acesso e rebaixamento) é resistente e considerado melhor material.”

 

Linha inicial tem 10 km de extensão

Com a mudança de cronograma informada pela Prefeitura de Goiânia para entrega do viaduto da Perimetral Norte, o trecho 2 do Corredor BRT Norte-Sul também fica sem data para receber os primeiros veículos no BRT. A operação para atendimento de passageiros tem previsão de iniciar com seis veículos, conforme foi mostrado pelo POPULAR há dez dias.

O primeiro trecho do ônibus BRT Norte-Sul a operar deverá ser entre o Terminal do Recanto do Bosque e a Rodoviária de Goiânia, no Setor Norte Ferroviário. Esta linha tem 10,5 quilômetros e os terminais e plataformas de embarque e desembarque estão sendo finalizados. O terminal que fica ao lado do viaduto em construção está em fase de acabamento. As plataformas até o terminal rodoviário também passam pelos ajustes finais para o início da operação.

A ideia inicial era inaugurar um trecho maior, que contemplaria até um total de 18 quilômetros, até o Terminal Isidória, ofertando duas linhas de transporte coletivo, mas o restante da obra só deve ser finalizada em dezembro pela Seinfra. O terminal que está com a reconstrução sendo finalizada deverá retomar a operação para receber ônibus de outras linha até que o BRT opere de fato. Desde o fim de setembro de 2019, os passageiros que usavam o Isidória estão sendo atendidos em uma estrutura improvisada na Alameda João Elias Caldas, no Setor Pedro Ludovico.

Os seis veículos para o início da operação do BRT têm capacidade para levar cada um até cem passageiros. A expectativa é que, juntos, realizem mais de 200 viagens por dia, com capacidade de até 36 mil passageiros.

Os veículos de 14 metros de comprimento não são articulados, diferentes dos que fazem a linha do Eixo Anhanguera. Quatro deles devem fazer a linha de quase cinco quilômetros e dois outros ônibus estarão à disposição para serem usados em falhas dos primeiros.

Conforme apurado anteriormente, as viações HP e a Reunidas serão responsáveis pela linha, de maneira conjunta.

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