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Prefeitura descarta carteiras de 2020 em Senador Canedo

Wildes Barbosa
Carteiras escolares empilhadas a céu aberto em páti,o em Senador Canedo: servidores da pasta de Infraestrutura ouvidos pela reportagem afirmam que material seria de outra secretaria

GABRIELLA BRAGA

Ao menos uma centena de carteiras escolares, prateleiras e armários está empilhada em uma quadra ao lado da Secretaria de Infraestrutura e Serviços Urbanos (Seinfra) de Senador Canedo, na sede da Prefeitura, desde o início do ano. Parte do mobiliário é datado de 2020, adquirido com recursos da administração municipal.

O município argumenta que as mobílias das unidades locais estão sendo trocadas desde o início da atual gestão, em 2021, por ter sido consideradas em situação precária e “inservíveis”. Diz ainda que 70% foram substituídos, mas sem especificar o quantitativo exato. Aquela retirada das escolas já foi descartada e será leiloada, ainda sem data. A previsão é que ocorra até o final de 2023.

A administração não especificou como os bens são caracterizados como “inservíveis”, ou quem as classifica dessa forma. Em nota, a Secretaria Municipal de Educação e Cultura (Semec) explicou apenas que “foram recolhidas a pedido das unidades por estarem danificadas e sem condições de uso”.

A reportagem esteve no local nesta segunda-feira (3) e observou que algumas carteiras de plástico, as datadas de 2020, aparentemente seriam passíveis de reforma para uma possível reutilização. Uma outra parte das cadeiras e mesas escolares, que são de material MDF, estavam inchadas e desmanchando, o que dá a entender que ficaram um tempo sob a chuva. Estas, especificamente, aparentavam estar sem qualquer possibilidade de reforma para uso posterior.

Ao menos quatro servidores municipais que atuam logo ao lado do depósito improvisado relataram que o mobiliário escolar está jogado no local há cerca de dois meses. Eles informaram ainda que o local onde está situado o material servia, havia um tempo atrás, como uma quadra de esportes. Uma mureta cerca o espaço. No entanto, conforme os profissionais, a quadra tem servido, eventualmente, como ponto provisório para descarte de materiais.

Questionada sobre a data em que todo o mobiliário foi empilhado no local, a prefeitura não especifica nenhuma data. Mas confirma que o material está ali desde o início deste ano. “Aguardam o momento propício para descarte, através de leilão”, diz.

A administração aponta que no início do ano foi feito um leilão com bens municipais considerados sem possibilidade de uso. Outro está previsto para ser feito até o final de 2023. “A prefeitura aguarda a troca de mobiliário em unidades de saúde para fazer o próximo certame”, pontua.

O total de materiais escolares depositados no local, ou o valor investido na aquisição dos mesmos, não foi repassado. Mas, especifica, todos foram adquiridos com recursos do Tesouro Municipal. Em 2023, também foram adquiridas outras carteiras, também com recursos próprios do município. O quantitativo comprado neste ano não foi informado.

A reportagem questionou se há estimativa de vida útil para as carteiras escolares, já que parte delas, datadas de 2020, teriam tido apenas dois anos de uso. A prefeitura diz apenas que “o mais importante é o estado de conservação e adequação ao ambiente escolar.”

Desperdício

Um operador de máquinas da Seinfra, de 45 anos, aponta a situação como “desperdício do meu dinheiro, do dinheiro público”. Ele, que prefere não ser identificado, trabalha há cerca de um ano e meio no local e conta que foi esta primeira vez que viu os materiais escolares sendo jogados no espaço. “Cheguei um dia e estava ali”, pontua.

Um motorista de 53 anos, também não identificado, trabalha na pasta há 25 anos e defende que a situação nada tem a ver com a Seinfra. “Era para colocar em pátio da Semec, mas aí traz para cá”, diz.

O profissional prefere não opinar sobre o descarte do mobiliário, mas diz que entende que parte do material até poderia ser arrumado, mas isso seria mais trabalhoso. “Aí tem que achar quem arruma.”

Outros também apontam caso como “desperdício”. “Tem gente que precisa e não pode nem doar, aí depois vende como sucata”, diz um servidor da área administrativa de 50 anos que atua há 40 no local.

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