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Professor da UFG vai assumir diretoria do MEC

Laerte Guimarães Ferreira Júnior será o novo diretor do Programas e Bolsas da pasta

Modificado em 19/09/2024, 00:11

Ex-pró-reitor de Pós-Graduação da Universidade Federal de Goiás, o professor doutor Laerte Guimarães Ferreira Júnior, de 57 anos

Ex-pró-reitor de Pós-Graduação da Universidade Federal de Goiás, o professor doutor Laerte Guimarães Ferreira Júnior, de 57 anos (Diomício Gomes / O Popular)

Ex-pró-reitor de Pós-Graduação da Universidade Federal de Goiás, o professor doutor Laerte Guimarães Ferreira Júnior, de 57 anos, vai assumir a direção de Programas e Bolsas (DPB) da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), do Ministério da Educação. O convite foi feito pela presidente da fundação, Mercedes Bustamante, no dia 20 de janeiro. A nomeação ainda não foi efetivada no Diário Oficial da União.

Embora não tenha assumido o cargo oficialmente, Laerte Guimarães Jr., que é vinculado ao Instituto de Estudos Socioambientais (Iesa), da UFG, tem ido a Brasília para se familiarizar com a nova equipe de trabalho, participado de reuniões e de ações da DPB. Ex-bolsista da Capes, o professor explica que demorou dez dias para responder ao convite, o que ocorreu somente após o aval positivo da reitora da UFG, Angelita Lima, e dos demais integrantes da gestão da instituição.

"Tenho orgulho de ser servidor público e me sinto comprometido. Nesse cargo na Capes vou pensar em todo o Brasil, mas o convite é uma deferência para a UFG que a cada ano vem ganhando importância na ciência e na pesquisa. Acredito que vou trazer alguma contribuição." A DPB é responsável por quase 100 mil bolsas de mestrado, doutorado e pós-doutorado que depois de dez anos receberam um reajuste de 40%, conforme anunciado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no dia 16 último.

O novo diretor da DPB comemora o anúncio. "Isso demonstra o papel da pós-graduação para o desenvolvimento científico-tecnológico-econômico-social do País. E demonstra que o governo e, em particular, o presidente, reconhece esta importância. Ainda que a recomposição das perdas acumuladas não seja integral, o passo que se dá, com todo o seu simbolismo, é gigantesco."

No âmbito da DPB, a Capes realiza ainda programas estratégicos que Laerte Guimarães já enxerga como a "menina dos olhos". Entre eles as parcerias com as fundações de amparo à pesquisa, como a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg), e o Portal de Periódicos da Capes, a maior base digital do mundo de acesso da comunidade acadêmico-científica a periódicos científicos de excelência. "Pouca gente sabe disso", lembra.

Conforme o professor da UFG, a Capes trabalha hoje com um orçamento de R$ 3 bilhões, a maior parte comprometida com as bolsas. Os programas estratégicos são, em sua visão, a oportunidade de reduzir as assimetrias da ciência brasileira. "Temos muito a caminhar na interiorização da pesquisa, por exemplo." Ele relata que já está marcado para abril um seminário para debater acordos transformativos. "Hoje está inviável para um pesquisador publicar seus estudos de forma aberta. Tem revista que cobra entre US$ 2 mil e US$ 5 mil. O Portal de Periódicos pode ajudar nesse processo."

Quem é

Graduado em Geologia pela Universidade de Brasília, com mestrado em Geologia Econômica e doutorado em Ciência do Solo, Laerte Guimarães Pereira Jr. criou e coordenou o Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento da Universidade Federal de Goiás (Lapig), uma das principais referências no país de processamento e análise de dados satelitários de resolução espacial moderada aplicados ao monitoramento biofísico-ambiental e governança territorial. A plataforma já foi citada pelo jornal norte-americano The Washington Post. (Com UFG).

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Ciência usa pequi para aliviar dor

Laboratório da UFG cria spray do produto para mulheres com osteoartrite

Óleo de pequi em versão spray, criada por professores do Laboratório de Nanotecnologia da UFG

Óleo de pequi em versão spray, criada por professores do Laboratório de Nanotecnologia da UFG (Wildes Barbosa / O Popular)

Aclamado como anti-inflamatório e antioxidante, o óleo do pequi caiu nas graças da ciência. Na Universidade Federal de Goiás (UFG), o Laboratório de Nanotecnologia e Sistemas de Liberação de Fármacos (NanoSYS) criou uma versão em spray que apresentou resultados promissores em mulheres que sofrem com a osteoartrite, condição crônica que provoca dores em razão do desgaste das cartilagens que protegem as articulações do corpo. Estima-se que em 2050, o problema afete um bilhão de pessoas.

Tudo começou na Universidade Regional do Cariri (Urca), que fica no município de Crato (Ceará), onde as propriedades terapêuticas do óleo de pequi são estudadas há anos pela equipe do professor Irwin Menezes, doutor em Bioquímica e Toxicologia. Mais tarde, a pesquisa se tornou colaborativa com a participação dos professores Lucindo Quintans e Walderi Monteiro, da Universidade Federal de Sergipe (UFS), que ficaram responsáveis pelos ensaios clínicos. Uma primeira versão do produto que poderia aliviar a osteoartrite não se mostrou tão eficaz quanto o esperado. Foi aí que o Laboratório NanoSYS da UFG foi acionado.

O que fizemos foi entrar com a nanotecnologia. Colocamos o óleo dentro de uma nanoestrutura e fez toda a diferença. A formulação fica mais fácil de espalhar, tem um sensorial melhor e age mais rapidamente", explica Ricardo Marreto que, ao lado de Stephania Taveira, coordena o Laboratório NanoSYS da UFG.

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O que é

A nanotecnologia, campo que estuda propriedades de uma matéria em escalas ínfimas, que não podem ser vistas a olho nu, tem revolucionado a ciência em diversas áreas. Doutores pela Universidade de São Paulo, de Ribeirão Preto, os dois professores aplicam a nanotecnologia na Faculdade de Farmácia há 10 anos.

Ricardo Marreto detalha que o óleo de pequi é gorduroso, tem o cheiro característico da fruta, e a população costuma aquecê-lo antes do uso.

É um jeito ruim de aplicar e não favorece a entrada da substância na articulação.", diz

Resultado

Nos ensaios clínicos realizados na UFS com mulheres com idades entre 40 e 65 anos, o spray apresentou melhoras evidentes. "Observamos que a formulação, usada duas vezes por dia, por si só melhora a funcionalidade e desinflama a articulação."

Lei prevê regras para manejo

Em janeiro deste ano o presidente Lula sancionou a Lei nº 15.089, que institui a Política Nacional para o Manejo Sustentável, Plantio, Extração, Consumo, Comercialização e Transformação do Pequi (Caryocar brasiliense) e demais Frutos e Produtos Nativos do Cerrado.

O pesquisador Ricardo Marreto comemora a nova norma que prevê a identificação de comunidades extrativistas e a preservação das árvores do fruto que é considerado o ouro do Cerrado pelas suas amplas possibilidades.

Essas comunidades formam cooperativas e isso é importante para incentivar o desenvolvimento sustentável e valorizar o bioma", lembra.

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Começa período para solicitar isenção da taxa de inscrição do Enem 2025; veja quem tem direito

Prazo começa nesta segunda-feira (14) e vai até o dia 25 de abril

Estar cursando o Ensino Médio no ano de 2025 é dos critérios para isenção

Estar cursando o Ensino Médio no ano de 2025 é dos critérios para isenção (Shutterstock)

Começou nesta segunda-feira (14) o período para solicitar a isenção da taxa de inscrição para participar do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2025. Segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), o período de solicitação vai até 25 de abril e as inscrições para realização da prova ainda não estão abertas.

Isenção

Segundo o edital do Inep, os critérios para isenção da taxa do ENEM 2025 são:

  • Estar cursando o último ano do ensino médio no ano de 2025, em qualquer modalidade de ensino, em escola da rede pública declarada ao Censo Escolar da Educação Básica;
  • Estar cursado todo o ensino médio em escola da rede pública ou como bolsista integral na rede privada e ter renda per capita igual ou inferior a um salário mínimo e meio;
  • Declarar situação de vulnerabilidade socioeconômica, por ser membro de família de baixa renda, e que está inscrito no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico).
  • Enem 2024 teve apenas 12 redações nota mil, menor número da história Inteligência Artificial tem maior nota de corte na UFG

    Como fazer a solicitação da isenção:

    -Acessar o site Enem.

    -Informar CPF, data de nascimento, e-mail válido e número de telefone;

    -Para os isentos que realizaram inscrição no Enem 2024 e não compareceram à prova, é necessário justificar ausência;

    -Preencher as informações e criar um cadastro na Página do Participante em sso.acesso.gov.br.

    Justificar ausência no Enem 2024

    Os participantes que solicitaram a isenção da taxa na última edição da prova e faltaram um ou dois dias do exame devem apresentar uma documentação que comprove o motivo da ausência, para ter direito novamente à gratuidade.

    Segundo o Inep, documentos auto declaratórios emitidos por pais ou responsáveis não serão aceitos e é necessário acessar a página do participante e justificar.

    Cronograma:

  • 12/05 à 16/05 - Recurso da justificativa de ausência no Enem 2024 e solicitação de isenção de pagamento da taxa de inscrição para o Enem 2025
  • 12/05 - Resultado da justificativa de ausência no Enem 2024 e solicitação de isenção de pagamento da taxa de inscrição para o Enem 2025
  • 14/04 a 25/04 - Justificativa de ausência no Enem 2024 e solicitação de isenção de pagamento da taxa de inscrição para o Enem 2025
  • 22/05 - Resultado do recurso da justificativa de ausência no Enem 2024 e solicitação de isenção de pagamento da taxa de inscrição para o Enem 2025
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    Tia de estudante da UFG que morreu aos 25 anos após AVC diz que não consegue acreditar na perda: 'Era muito amada'

    Maria Eduarda de Macedo Magalhães cursava Licenciatura em Física fez parte do Diretório Central dos Estudantes (DCE) e integrava uma organização política na instituição

    Maria Eduarda de Macedo Magalhães, de 25 anos, era uma pessoa alegre, humana e trabalhadora, segundo a família (Reprodução/Redes sociais)

    Maria Eduarda de Macedo Magalhães, de 25 anos, era uma pessoa alegre, humana e trabalhadora, segundo a família (Reprodução/Redes sociais)

    A tia e madrinha de Maria Eduarda de Macedo Magalhães, estudante que morreu aos 25 anos após sofrer um Acidente Vascular Cerebral (AVC), disse que ainda não consegue acreditar na perda e mencionou que a sobrinha "era muito amada". Madu, como era conhecida, estava terminando o curso de Licenciatura em Física na Universidade Federal de Goiás (UFG) e dava aula em um colégio em Goiânia.

    Uma menina trabalhadora, meiga, justa, alegre. Ela era humana, foi uma grande perda. Nem acreditamos ainda. Ela era muito querida e amada na nossa família. Muito mesmo. E a gente agradece em saber o quanto ela era querida na faculdade também", disse Luciene Macedo à reportagem.

    A jovem morreu na quinta-feira (3) após ter um AVC e ficar internada em um hospital particular na capital, segundo a família. À reportagem, a mãe da estudante, Lúcia Macedo, disse que além de estudar e dar aulas, a filha também trabalhava com ela na produção de vídeos.

    Madu morava no Setor Retiro do Bosque, em Aparecida de Goiânia. Na universidade, liderava um projeto de extensão chamado Física na Escola, fez parte do Diretório Central dos Estudantes (DCE) e integrava uma organização política na instituição.

    Madu, como era conhecida, era diretora de um projeto de extensão chamado Física na Escola (Reprodução/Redes sociais)

    Madu, como era conhecida, era diretora de um projeto de extensão chamado Física na Escola (Reprodução/Redes sociais)

    À reportagem, Yasmin Santos, colega de curso e amiga da Madu, contou que além de esforçada, a jovem era uma pessoa generosa.

    Uma mulher excepcional, muito meiga, carinhosa, fofa, muito dedicada, estudiosa, comunicativa, proativa. Ela ostava muito de ajudar as pessoas. Uma excelente professora e aluna, uma excelente amiga, sempre muito alegre e animada", disse.

    Homenagens

    Nas redes sociais, o Instituto de Física da UFG lamentou a morte da estudante:

    Maria Eduarda, a Madu, foi uma presença marcante em nossa comunidade acadêmica. Sua irreverência, energia contagiante e entusiasmo inspirador deixaram uma marca profunda em todos que tiveram o privilégio de conhecê-la. [...] Sua luz e alegria permanecerão vivas na memória de seus colegas, professores e amigos", descreveu.

    Colegas e amigos depositaram suas últimas palavras à estudante na internet.

    Minha amiga tão linda, sempre alegre, muito estudiosa, uma pessoa de luz. Isso não é um adeus, Madu é um até logo. Obrigada amiga por todos os momentos, você sempre estará em meu coração. Te amo, descanse em paz", disse uma amiga.

    Sem acreditar ainda", lamentou um amigo.

    O velório foi realizado na manhã desta sexta-feira (4), no Cemitério Jardim da Paz, em Aparecida de Goiânia. O sepultamento ocorreu às 14h do mesmo dia, no Cemitério Jardim da Esperança, na cidade.

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    Saiba o que diz a lei e qual a opinião de especialistas sobre estudante reprovado em banca de cotas da UFG

    Especialistas ouvidos pelo POPULAR questionam a decisão e defendem que Richard Aires possui características de uma pessoa parda

    Richard Aires de Sousa, de 19 anos, foi barrado na banca da UFG por não ser considerado pardo

    Richard Aires de Sousa, de 19 anos, foi barrado na banca da UFG por não ser considerado pardo (Kariny Bianca/O Popular e Arquivo Pessoal/Richard Aires)

    O caso do estudante Richard Aires de Sousa, de 19 anos, reprovado na banca de heteroidentificação da Universidade Federal de Goiás (UFG), gerou debates sobre os critérios de avaliação para cotas raciais nas universidades. Embora tenha sido aprovado no curso de Biotecnologia, Richard foi indeferido na classificação como pardo após ser submetido à análise fenotípica, que leva em conta suas características físicas. Especialistas ouvidos pela redação questionam a decisão e defendem que Richard possui características de uma pessoa parda.

    Em nota, a UFG afirmou que a prova de heteroidentificação não admite, em nenhuma hipótese, a comprovação por ancestralidade. A Comissão de Heteroidentificação utiliza exclusivamente o critério fenotípico para aferir a condição racial declarada pelo candidato.

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    Richard havia sido aprovado no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em 13 de fevereiro. A primeira banca de heteroidentificação ocorreu em 26 de fevereiro, quando ele foi avaliado pessoalmente e gravou um vídeo se declarando pardo. Após horas de espera, o resultado foi divulgado e sua autodeclaração foi indeferida com a justificativa de que ele tem pele clara e cabelo liso. No dia seguinte, o estudante entrou com um recurso, mas a decisão foi mantida com as mesmas justificativas.

    Em entrevista à, o advogado Flávio Dias Abreu Filho, que está atuando na defesa de Richard Aires, informou que entrou com um pedido de liminar no Tribunal Regional Federal da 1ª Região para que o juiz determine à UFG a realização da matrícula do estudante.

    Entramos com uma ação anulatória, pois acreditamos que o ato administrativo é nulo devido a problemas na fundamentação. Quando Richard recorreu, a banca apresentou uma justificativa que consideramos subjetiva e que não aborda especificamente o caso dele", explicou o advogado.

    Flávio ressaltou que as características físicas de Richard, um estudante pardo, são visíveis, mas a banca não explicou de forma clara em qual grupo o estudante se enquadraria, já que não o consideraram pardo.

    A banca tenta justificar a negativa de maneira confusa, mas não apresenta razões específicas pelas quais Richard não é considerado pardo", destacou.

    Critério de avaliação

    Em entrevista à redação, Aluísio Black, Conselheiro Estadual de Direitos Humanos e Presidente do Centro de Cidadania Negra do Estado de Goiás (Ceneg-GO), explicou que acompanhou a implantação do sistema de cotas em Goiás, em 2005, sendo um dos primeiros estados no Brasil a adotar essa medida. Ele ainda afirmou que o critério de avaliação de uma banca deve ir além das características físicas.

    Ao meu ver, julgaram de forma equivocada. A banca precisa analisar a árvore genealógica da pessoa, não só o caráter físico. Não é porque a pessoa tem o cabelo liso, a pele mais clara, que deixa de ser negra ou parda", afirmou Black.

    Richard Aires junto com o pai Márcio Aires e mãe Lilia Rosa. (Kariny Bianca/O Popular)

    Richard Aires junto com o pai Márcio Aires e mãe Lilia Rosa. (Kariny Bianca/O Popular)

    O ativista ressaltou que, apesar das cotas raciais serem um avanço importante, existem pessoas que tentam se aproveitar do benefício sem ter direito. Ele enfatizou que os critérios para o acesso a cotas e vagas devem ser rigorosos para garantir a Justiça e evitar que as pessoas mal-intencionadas se aproveitem do sistema.

    É preciso lembrar também que as pessoas têm se aproveitado [das cotas raciais] para levar vantagens. Então, por isso, esses critérios públicos de acesso a cotas e vagas são altamente criteriosos", destacou Black.

    Aluísio Black destacou que, apesar de o Estatuto da Igualdade Racial ter pouco mais de 10 anos, a reparação de 300 anos de escravidão ainda é um processo longo. Ele ainda ressaltou sobre a importância das cotas raciais.

    As pessoas que se posicionam contra as cotas o fazem por falta de conhecimento. As cotas não são um instrumento eterno, elas são apenas para igualar as oportunidades de direito. Quando percebermos que todos estão sendo tratados da mesma forma --- nas vagas de emprego, com menos racismo --- as cotas deixarão de ser necessárias. Mas eu sei que, no momento, isso está longe de acontecer", ressalta Black.

    O que diz a Lei de Cotas

    Para ingressar no sistema de cotas das universidades federais, o candidato deve se declarar negro, pardo, indígena ou quilombola, além de ter cursado o ensino médio em escola pública. Candidatos brancos também podem concorrer às cotas, desde que tenham estudado em escola pública e possuam renda familiar de até um salário mínimo por pessoa.

    Em entrevista à redação, a advogada Ana Flávia Machado, membro do jurídico do Centro de Cidadania Negra do Estado de Goiás (Ceneg-GO), explicou que a Lei de Cotas nº 12.711/2012 foi atualizada em 2023. A nova versão garante que 50% das vagas nas universidades e institutos federais sejam destinadas a estudantes que cursaram o ensino médio em escolas públicas.

    Com a atualização de 2023, essas vagas são destinadas exclusivamente aos estudantes que vêm da escola pública e não alcançaram a nota da ampla concorrência. A intenção da lei de cotas é reduzir a desigualdade social. Trata-se de uma política afirmativa, uma reparação histórica, especialmente para as pessoas negras e indígenas", afirmou Ana Flávia.

    Ela também explicou as etapas do processo: o candidato preenche uma autodeclaração e, em seguida, passa pela banca de heteroidentificação, responsável por confirmar se ele realmente se enquadra como negro ou pardo.

    Devido ao aumento de fraudes nas autodeclarações, os critérios de avaliação estão mais rigorosos. Contudo, no caso específico de Richard, é evidente que ele possui características físicas de uma pessoa parda", finalizou a advogada.

    Richard Aires foi aprovado por cotas no curso de Biotecnologia na Universidade Federal de Goiás (UFG) (Kariny Bianca/O Popular)

    Richard Aires foi aprovado por cotas no curso de Biotecnologia na Universidade Federal de Goiás (UFG) (Kariny Bianca/O Popular)

    Nota da UFG na íntegra:

    A Comissão de Heteroidentificação da Universidade Federal de Goiás (UFG) baseia-se no edital e na Instrução Normativa do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (IN MGI) 23/2023. Assim como determina o artigo 19 da IN, o procedimento é realizado por pessoas de reputação ilibada, que participaram de oficinas ou cursos sobre a temática da promoção da igualdade racial e do enfrentamento ao racismo e preferencialmente experientes nesta temática. A Comissão de Heteroidentificação é composta por cinco membros e suplentes. Já a Comissão Recursal é formada por três membros distintos daqueles que compõem a Comissão de Heteroidentificação. Já o artigo 14 da IN 23/2023 preconiza o respeito à dignidade humana, a garantia de padronização e de igualdade de tratamento entre as pessoas submetidas ao procedimento de heteroidentificação promovido no mesmo certame, bem como a garantia da publicidade e do controle social do procedimento de heteroidentificação, resguardadas as hipóteses de sigilo previstas na instrução normativa. Em relação a laudos, a normativa é expressa em dizer que: não será admitida, em nenhuma hipótese, a prova baseada em ancestralidade (artigo 20 da IN 23/2023, parágrafo 3º). Outro ponto destacado, no artigo 21, é de que a Comissão de Heteroidentificação utilizará exclusivamente o critério fenotípico para aferição da condição declarada pela pessoa no certame. Após o candidato passar pela banca inicial (Comissão de Heteroidentificação) e posteriormente pela banca recursal (Comissão Recursal), e o recurso for indeferido, administrativamente não há mais possibilidade de recurso (artigo 29, parágrafo 1º).