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Quatro dos novos caças Gripen estão operando em Anápolis

Fábio Lima
Caças suecos na Base Aérea de Anápolis (BAAN): modelo possui configurações consideradas de ponta

Quatro dos 36 novos caças comprados pela Força Aérea Brasileira (FAB) começaram a operar oficialmente nesta segunda-feira (19), na Base Aérea de Anápolis (Baan). As outras unidades do F-39 Gripen, de origem sueca, devem ser entregues até 2027. Em 2022, foi anunciada a autorização para a compra de outras quatro aeronaves do mesmo modelo. No total, o País terá uma frota com 40 caças deste tipo.

As atividades das aeronaves serão conduzidas pelo Primeiro Grupo de Defesa Aérea (1º GDA), que fica na Baan. Os F-39 Gripen irão substituir gradualmente os F-5, caças que são os atuais responsáveis pelo trabalho de defesa aérea da capital federal. Em 2014, por meio do programa F-X2, o governo brasileiro pagou 39,3 bilhões de coroas suecas, em torno de R$ 20 bilhões atualmente, por 36 aeronaves da Saab, empresa sueca de defesa e segurança aeroespacial.

Desde setembro de 2020, um dos F-39 Gripen encomendados pelo governo brasileiro já está no Brasil fazendo uma campanha de ensaio de voo. Em outubro de 2021, ele voou pela primeira vez em Anápolis. Em abril de 2022, as duas primeiras aeronaves de produção em série chegaram ao Brasil. Em setembro deste ano, outras duas foram enviadas ao País. Todas foram transportadas em navios.

Inicialmente, todas as quatro unidades foram para o Centro de Ensaios em Voo, localizado em Gavião Peixoto, em São Paulo, onde pilotos de prova da FAB, da Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer) e da Saab executaram ensaios até as aeronaves alcançarem a certificação militar, uma espécie de licença de operação inicial do avião.

Das 36 unidades, 28 são F-39 Gripen E, que só comporta um piloto, e oito são F-39 Gripen F, que comporta dois pilotos. As aeronaves que já estão no Brasil são todas do modelo E. Do total de caças encomendados, 15 - todas do modelo E - serão produzidos pela Embraer, em Gavião Peixoto, já que o contrato firmado entre o Brasil e a Saab também inclui um programa extenso de transferência de tecnologia e no hall sobre a produção e operação desses caças.

No primeiro semestre de 2022 foi anunciada a autorização para a compra de mais quatro F-39 Gripen. Entretanto, ainda não foram revelados quais serão os modelos, quanto será investido, nem quando as aeronaves serão entregues. A vida útil de um caça deste modelo é de, pelo menos, 30 anos.

Pilotos

Ao todo, existem três pilotos do 1º GDA, conhecido como Esquadrão Jaguar, que estão habilitados para operar os caças. Eles fizeram uma série de cursos na Suécia para aprender a pilotar as aeronaves. “Todos os outros (pilotos) estarão preparados aqui. Temos a expertise”, explica o tenente-coronel Gustavo Pascotto, comandante do 1º GDA.

Reportagem do POPULAR publicada em junho deste ano mostrou que os futuros pilotos estavam passando por um treinamento físico na Universidade Evangélica de Anápolis (UniEvangélica), em Anápolis, para suportar a carga gravitacional dos novos caças. Eles foram submetidos a exercícios de força, em especial na região cervical, que sente mais o impacto, e nos membros inferiores por causa do retorno venoso.

Além dos pilotos, os profissionais que irão fazer a manutenção dessas aeronaves também já passaram por cursos preparatórios específicos e a estrutura da Baan passou por uma série de adaptações para iniciar a operação dos F-39 Gripen. O prédio do 1º GDA, onde ficam os pilotos e toda a parte de tecnologia de informação como, por exemplo, um simulador, foi reformado. Os locais onde os caças ficarão guardados passarão adaptações.

Aeronave

O F-39 Gripen atinge duas vezes a velocidade do som, suporta nove vezes a força da gravidade durante as manobras e é multimissão. Isto quer dizer que além da defesa do espaço aéreo, ele também tem capacidade de realizar ataques ao solo e interceptação eletrônica. Na prática, em um mesmo voo, ele pode destruir determinado alvo que estiver no solo e fazer uma interferência caso um inimigo esteja emitindo sinais no território dele.

O caça também é conhecido pela capacidade tecnológica avançada. Ele tem uma interface considerada amigável para os pilotos e um dos diferenciais da aeronave é o capacete. O item com mira montada (HMD, do inglês Head Mounted Display) ajuda o profissional a localizar o alvo com mais precisão e facilidade, para mirar e atirar mais rápido.

Além disso, o F-39 Gripen possui um sistema de comunicação apurado com outros caças, chamado de Datalink. Na prática, isso significa que em um cenário tático, as aeronaves conseguem compartilhar entre si informações coletadas por radares e outros sensores. “Temos uma das melhores plataformas de armamento do mundo. Muitas vezes ele (F-39 Gripen) vai liderar as operações como principal vetor de combate”, finaliza Pascotto.

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