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Rede elétrica vai ter reforço para ônibus do BRT em Goiânia

Wildes Barbosa
Ônibus elétrico, que será utilizado no transporte coletivo em Goiânia, já está em fase de testes

Até o final deste mês de janeiro deverá ser fechado o acordo entre a Metrobus, concessionária do sistema de transporte coletivo da região metropolitana de Goiânia, e a Equatorial, concessionária de distribuição de energia elétrica em Goiás, para investimentos na rede que vão garantir o uso dos ônibus elétricos no Eixo Anhanguera. Até o final deste ano, está previsto a substituição da frota a diesel pelos veículos elétricos na linha que opera dentro de Goiânia (entre Terminal Vera Cruz e Terminal Novo Mundo), em um total de 85 ônibus. Os dois primeiros devem chegar até fevereiro.

O estudo sobre o que vai precisar ser feito na rede de distribuição ou criação de subestação deve ficar pronto até o final desta semana. O acordo entre as partes, basicamente, será que o investimento na parte externa da garagem da Metrobus fique para a Equatorial, enquanto que na estrutura do imóvel seja de responsabilidade da empresa de economia mista. Ela também vai pagar uma tarifa diferenciada de energia, mais cara que o normal, para compensar o investimento a ser realizado. A ideia é que, com as melhorias realizadas, não haverá risco de apagões na região.

“Estamos fazendo tudo com muito cuidado. Até por isso não é possível a chegada de todos os ônibus ao mesmo tempo, além da dificuldade das fábricas. Estamos pensando nesse primeiro semestre como um projeto piloto, para a gente conhecer como vai ser a operação, a capacidade das baterias e tudo mais”, diz o subsecretário de Políticas para Cidades e Transporte da Secretaria Geral de Governo (SGG), Miguel Ângelo Pricinote. A Metrobus já informou à Equatorial quais as especificações da frota, qual a necessidade de energia, como serão os carregadores e horários de carregamento.

]Falta a empresa de distribuição de energia finalizar o estudo sobre o que será preciso em razão do aumento da demanda na região do Terminal Padre Pelágio, localizado nas proximidades da garagem da Metrobus. A decisão é realizar o carregamento completo das baterias dos ônibus no período noturno, que ainda possui tarifa de energia mais barata e menor consumo na região. Os carregadores serão instalados na garagem da empresa. Não está descartada a instalação de um carregador em um terminal mais distante, como perto do Terminal Novo Mundo, para o caso de cargas de oportunidades.

Segundo a Metrobus, “desde o início do projeto de eletromobilidade foram feitos estudos de carregamento e de capacidade de fornecimento de energia junto com a concessionária responsável pela coordenação e controle da operação das instalações de geração e transmissão de energia”. A empresa confirma que ficou acertado por meio de ofício formal entre ela e a Equatorial a orientação para que fossem iniciados os investimentos para a expansão na capacidade de entrega de energia. A Equatorial informa que foi feita uma primeira análise em 2023, que já não tem mais validade, e o novo estudo deve ficar pronto ainda nesta semana para saber o que será preciso ser feito.

Em outubro passado, a Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP) publicou um estudo sobre a metodologia de cálculo dos custos do transporte por ônibus elétricos. O documento “Custos dos serviços de transporte público por ônibus elétrico - Metodologia de cálculo e parâmetros”, feito pelo professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Fernando Fleury Filho, e pelo engenheiro civil e mestre em transportes, Rodrigo Eduardo Dias Verroni, ressaltou a estimativa dos custos na rede de energia para a implantação da eletrificação da frota. O cálculo é que para uma frota de 50 a 100 veículos o valor seria de R$ 2,4 milhões a R$ 3,1 milhões.

Essa necessidade ocorre para garantir a distribuição de energia para toda a região, o que é uma preocupação dos técnicos da cidade de São Paulo, por exemplo, que tem a expectativa de utilizar até 2,6 mil ônibus até o final deste ano. Pricinote reforça que esse receio quanto a dificuldade da estrutura da rede de energia de São Paulo fez com que a eletrificação em todo o País fosse mais lenta. “Nosso receio é pequeno aqui porque estamos fazendo com todo o cuidado, mas não negamos que há problemas na infraestrutura da rede de energia e por isso estamos indo mais devagar”, conta ele ao ressaltar que todos os projetos têm falhas e que a ideia é ir consertando ao longo do ano.

O subsecretário lembra que a tecnologia dos ônibus elétricos está evoluindo rapidamente, de modo que as baterias que serão usadas nos veículos deste ano já são mais avançadas do que se fossem comprados no ano passado. “A estrutura que temos hoje é o que foi implantado para os testes dos dois ônibus em 2022, mas já está bem diferente. Vamos ter que ver como será a eficiência dos veículos no Eixo, na baixada do Palmito, por exemplo.” Neste primeiro semestre, a expectativa é que seis ônibus elétricos cheguem a Goiânia. “Vai ser um ano de aprendizado, com reforma na garagem, para adequação dos veículos, da manutenção. Vai ter de mudar tudo. Estamos fazendo com segurança”, diz Pricinote.

 

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