Os usuários e os profissionais que trabalham no Terminal Rodoviário Josias Moreira Braga, em Anápolis, reclamam das condições estruturais do terminal intermunicipal de passageiros. As queixas vão desde pistas de rolamento esburacadas que estragam os ônibus até a falta de segurança no local. A prefeitura da cidade afirma que tem planos para melhorar serviços e modernizar o espaço.O diretor da Viação Evolução, que faz viagens diárias para a região Norte de Goiás e passa pela rodoviária, Dorcilo Rabelo, aponta as condições da pista de rolamento do local como o principal problema vivenciado pelas empresas de ônibus. “São muitos buracos, ainda mais na época de chuva. Os veículos que passam por lá são de quatro eixos, com uma carga grande. Chega a estragar a suspensão e os amortecedores”, diz.O jovem Gabriel Diniz, de 24 anos, frequenta a rodoviária quase todos os finais de semana. Ele costuma pegar um ônibus rumo a Goiânia para visitar a namorada. Ele reclama, principalmente, da limpeza do local. “Os banheiros são sujos, às vezes a descarga não funciona. O bebedouro, quando funciona, só tem água quente”, afirma. Atualmente, a taxa de embarque, que serve para viabilizar o funcionamento do terminal, é de R$ 6,55.Um taxista que trabalha na rodoviária há mais de 10 anos e preferiu não se identificar conta que falta segurança no lugar, especialmente durante a noite. “Aqui acontece de tudo. Você cruza com todo tipo de gente e tem que ficar quietinho, porque não tem ninguém pra te proteger de nada. Nós ficamos com medo, mas não tem jeito, temos que trabalhar”, desabafa.GestãoO vice-prefeito de Anápolis, Márcio Cândido, admite que a rodoviária está em condições estruturais ruins. “É um problema antigo”, conta. Apesar de o edifício do terminal ter sido do governo estadual, o terreno sempre pertenceu à prefeitura da cidade, o que gerou uma série de entraves para o desenvolvimento do local. “Dessa forma, o estado não conseguia avançar, porque o terreno nunca foi dele”, diz Cândido.Depois de uma longa negociação, no dia 4 de outubro deste ano foi publicada no Diário Oficial do Estado (DOE) a cessão do terminal à Prefeitura de Anápolis. Pelo extrato de renúncia de indenização, o governo estadual abriu mão de R$ 26,6 milhões, valor estimado da rodoviária. Em troca, caberá à administração municipal manter, conservar e ‘dar correta destinação’ ao terminal.Agora, Cândido afirma que o Executivo municipal aguarda a celebração de um termo de transição de gestão para que a prefeitura possa cuidar da operação do terminal intermunicipal. “Nele vai constar a obrigação da prefeitura e do Estado. Precisamos dessa segurança jurídica. Deve sair em até 90 dias.”Segundo Márcio, ainda não se sabe se a atual empresa que toma conta do terminal, a Atlântica Construções Comércio e Serviços, permanecerá na gestão. “Temos três opções: a própria prefeitura cuidar da gestão da rodoviária, terceirizar ou então privatizar. Só vamos conseguir decidir depois que tivermos esse termo de transição de gestão em mãos”, enfatiza.De qualquer forma, em um primeiro momento, Cândido diz que a prioridade é melhorar a qualidade dos serviços e do atendimento aos atuais usuários do terminal. “Estamos falando de melhorias nos banheiros, na praça de alimentação, na limpeza, na promoção de segurança, dentre outros”, pontua. Para isso, ele aponta que a prefeitura não descarta a possibilidade de um contrato emergencial com a Atlântica ou outra empresa. “Para tirar ela (a rodoviária) da UTI”, destaca.ModernizaçãoA longo prazo, os planos visam uma modernização do terminal. “Aquela é uma área muito valorizada. Está no coração de Anápolis. Tem acesso pelos quatro cantos da cidade. Por isso, a ideia é potencializar o que a rodoviária já tem, com serviços agregados ali dentro. O estacionamento, por exemplo, é muito grande. Podemos aproveitar isso. A praça de alimentação também pode ser muito mais explorada”, finaliza o vice-prefeito da cidade.Empresa não tem interesse em seguir com a gestão A Atlântica Construções Comércio e Serviços, empresa responsável pelo Terminal Rodoviário Josias Moreira Braga, em Anápolis, informou, por meio de nota, que não tem interesse em continuar no terminal nas condições atuais. Entretanto, a empresa esclareceu que isso não impedirá uma composição com o município de Anápolis, caso seja procurada a esse respeito, para que permaneça no terminal “durante um curto período de transição”.A Atlântica comunicou que, no momento, não pode descartar a participação numa futura licitação do terminal “desde que haja viabilidade do contrato de concessão”. A empresa se tornou concessionária do local por meio da vitória de uma concorrência pública. Na segunda metade do ano de 2001, foi assinado o contrato de concessão com prazo de 15 anos, renovável por igual período, totalizando o prazo de 30 anos.A empresa argumentou que algum tempo após o início do contrato, ela tomou conhecimento do imbróglio envolvendo o fato de que o prédio do terminal pertencia ao Estado e o terreno à prefeitura, o que “impediu a exploração plena do contrato”. A situação teria gerado insegurança jurídica, “o que impediu que a empresa conseguisse, por exemplo, trazer um grande lojista para o local e explorasse o estacionamento”, diz trecho da nota. Segundo a empresa, mesmo com um contrato deficitário e todas as dificuldades enfrentadas, ela sempre se colocou “como parceira do estado de Goiás na continuidade dos serviços aos usuários”.Sobre a cessão do terminal à prefeitura, a empresa comentou que essa movimentação “permitirá segurança jurídica para uma futura licitação, caso seja o entendimento do município de Anápolis na sua realização” e afirmou ter “muito orgulho de ter contribuído para esse desfecho”.-Imagem (1.2725882)