Entre o pasto alto, cercas de madeira e cupinzeiros, uma história. Na verdade, ruínas dela. Madeiras e lonas protegem o que perdurou nos séculos do Arraial de Ouro Fino, construído em 1727. Nesta quarta-feira (12), o governo de Goiás e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) celebraram parceria para a musealização das ruínas do arraial.Ao todo, R$ 1 milhão será destinado pelo Iphan, em parceria com a iniciativa privada, para a realização do projeto apresentado pela Secretaria de Estado da Cultura (Secult). Com objetivo de recepcionar turistas e inserir as ruínas no Caminho de Cora, o projeto prevê uma série de intervenções no local.Haverá a instalação de cercas e passarelas para visitação do público, construção de uma cobertura para substituir as lonas, instalação de bancos de concreto, além de plantio de árvores e grama. Hoje, as paredes da antiga igreja da vila são sustentadas por madeiras, mas o projeto pretende retirar essa sustentação e colocar calçamento em algumas delas.Segundo Danilo Curado, arqueólogo do Iphan Goiás, essas intervenções não irão prejudicar a preservação histórica das ruínas do Arraial de Ouro Fino. “É justamente o oposto”, diz. “O processo de musealização, ainda que tenha essa quantidade de intervenções, tem intervenções pensadas no preparo, na ambientação dessa paisagem junto com as ruínas para a recepção de turistas.”De acordo com a Secult, o projeto também prevê a construção de painéis histórico-informativos, a produção de um documentário audiovisual sobre o passo a passo do processo de musealização e fixação de placas de sinalização. Todo o trabalho terá o acompanhamento arqueológico da equipe de arqueologia do Iphan Goiás.Quase contemporâneo da cidade de Goiás, antiga Vila Boa, o Arraial do Ouro foi construído por Bartolomeu da Bueno da Silva Filho na época da busca pelo ouro do Rio Uru e Córrego de Praia.A vila ganhou destaque nacional pela qualidade do minério encontrado no local, e projeção artística ao aparecer nos versos da canção Chico Mineiro, de Tonico e Tinoco. “Foi um local de muita riqueza aurífera, e não só riqueza pecuniária e de mineração, mas também uma riqueza cultural muito grande”, explica o arqueólogo.Séculos após o esgotamento do mineral, quem visita o espaço que antes foi o lar de dezenas de famílias, garimpeiros e sertanejos encontra apenas as ruínas da igreja da vila e uma lápide ao lado demarcando o local do cemitério. O espaço atualmente se encontra em propriedade privada, mas se configura como bem da União por ser um sítio arqueológico.Segundo Danilo Curado, o Iphan em parceria com o governo de Goiás vêm batalhando para preservar aquilo que ainda se tem. “Se hoje chegou ao estado de ruína, é porque a história levou a uma ruína. Aí a obrigação nossa de Estado é de cuidar enquanto espaço de memória, espaço cultural”, diz.A assinatura da parceria que pretende musealizar as ruínas do Arraial de Ouro Fino, que está em processo de tombamento pelo Iphan, ocorreu na manhã desta quarta-feira (12), no Estádio Hélios de Loyola, momentos antes do início das primeiras Cavalhadas da cidade de Goiás após mais de 70 anos. Participaram do ato diversas autoridades municipais e estaduais, como o governador Ronaldo Caiado e o prefeito da cidade de Goiás, Aderson Gouvea. (Yorrana Maia é estagiária do convênio GJC/PUC Goiás)