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Rua do Lazer sobrevive esquecida no meio do Centro de Goiânia

Diomício Gomes
Sinal de abandono: lojas fechadas e lixo espalhado passaram a ser um constante da Rua do Lazer
Diomício Gomes
Os postes estão desligados ou com as lâmpadas quebradas

É manhã de sol na Rua do Lazer. Enquanto os poucos comerciantes que restam no local tentam chamar a atenção de quem passa pela via, o lixo se aglomera nos canteiros. O espaço, que já foi ponto de encontro, cultura e diversão em outras épocas, encontra-se hoje esquecido em um Centro munido de possibilidades econômicas e culturais.

Dos mais de 30 pontos estabelecidos na rua e nas entradas dos dois becos, 16 estão de portas fechadas. O lixo, a falta de manutenção dos equipamentos urbanos e a poda das árvores são queixas recorrentes. À noite, quando o corre-corre cessa, a situação piora: todos os postes em estilo nouveau estão apagados ou quebrados e a falta de segurança torna o local ainda menos convidativo.

“De quatro anos para cá, após a reforma, muitos comerciantes deixaram a rua. Tudo tem mudado de forma rápida”, diz a costureira Ercy Ferreira de Moura, dona da tradicional lojinha de conserto de roupas que há quase 20 anos resiste no Centro. Todos os dias, ela sai de sua casa, em Senador Canedo, para trabalhar na Rua do Lazer. “Durante a reforma, que não terminava nunca, muitos vizinhos da rua acabaram migrando para outros pontos do Centro”, diz.

Demorou quase sete meses para que a Prefeitura de Goiânia, sob gestão de Iris Rezende, entregasse a obra para as comemorações do aniversário de 86 anos de Goiânia. O custo das mudanças foi orçado em R$ 275 mil, fruto de um programa da Secretaria Municipal de Planejamento Urbano e Habitação (Seplanh) por meio de uma parceria que utilizou as diretrizes de compensação do projeto Diferenciado de Urbanização.

Uma das intenções da revitalização era trazer mais cor e vida aos becos laterais. Foram criados o teatro aberto de um lado e, no outro, uma área de esporte, hoje praticamente inutilizados. Maria Tereza Soares, que serve almoço há oito anos na entrada de um dos acessos, conta que, se a situação se prolongar, deverá deixar o ponto até o final do ano.

“A rua está jogada às traças. É tanto lixo que tem até urubu rondando o local. A noite é muito pior, uma escuridão. Tive de fazer uma gambiarra para colocar luz na porta do restaurante”, conta Maria Tereza. Os percalços enfrentados pelos comerciantes da via são diários. A sujeira, para a cozinheira, é o maior problema.

O ponto de maior movimento da Rua do Lazer é a Igreja Internacional da Graça de Deus, que ocupa o prédio que um dia já foi o Cine Casablanca. O pastor adjunto Celso Ramos, que conferiu de perto as obras da reforma, destaca que o que falta mesmo é conscientização pública. “Só no domingo passam no culto 200 pessoas. O mínimo é bem-estar para uma rua que precisa ser vista com maior atenção”, sugere o sacerdote.

Mudanças

Manutenção e ocupação consciente, isenção de impostos, incentivos fiscais e um melhor policiamento são algumas das sugestões dos comerciantes e moradores da Rua do Lazer. A Prefeitura de Goiânia, por meio da Secretaria Municipal de Finanças, prepara um projeto de qualificação do Centro de Goiânia e que inclui a Rua do Lazer.

O projeto está em fase de desenvolvimento e estudo de impacto, e a expectativa é que seja lançado ainda neste segundo semestre. Por hora, observa-se fatores como infraestrutura e serviços, regime urbanístico e desenvolvimento cultural e urbanístico. Em relação à ocupação, a Secretaria Municipal de Cultura afirma que a pasta não realiza nenhum evento de continuidade na rua. Já a Comurg prepara uma ação de limpeza no local para os próximos dias às vésperas do aniversário de 90 anos de Goiânia.

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