Pelo menos 69 veículos a mais passam a circular nas vias de Goiânia a cada dia deste ano, de acordo com os registros do Painel de Informações do Departamento Estadual de Trânsito de Goiás (Detran-GO). Apenas neste ano, 25.226 veículos novos foram registrados na capital, além de 13.374 usados que ou permanecem rodando ou foram transferidos para a cidade.No entanto, 14.893 veículos foram transferidos para outros locais ou passaram a ser sucatas e não estão mais rodando. A diferença entre os novos carros e os que saíram de circulação é de 10.333, o que dá a média de 69 veículos a mais na cidade por dia deste ano. O número pode ser maior se considerado que os usados podem ter vindo de outra cidade, por exemplo.O resultado desse aumento dos veículos nas ruas da cidade é um problema de mobilidade, com mais carros tentando ocupar um mesmo espaço nas vias urbanas e, logo, gerando problemas de aumento do tempo de viagem, congestionamentos em horários de pico, dificuldade para encontrar estacionamentos e maior propensão a acidentes.Em razão desses problemas, o Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO), por ação da promotora Alice de Almeida Freire, da 7ª Promotoria de Justiça, abriu um Procedimento Administrativo de Acompanhamento de Política Pública especificamente “quanto à fiscalização do uso das vias públicas, bem como da integração dos projetos de engenharia de tráfego para melhoria da mobilidade urbana”.Ao todo, o Detran-GO registra uma frota atual de 1.352.490 veículos em Goiânia para 2024, ante os 1.336.830 que havia no ano passado. A diferença entre ambos (15.660) mostra um crescimento na ordem de 7,84% da frota em geral.Esses números, no entanto, são verificados em uma data específica para a comparação com os anos anteriores e, neste caso, a média por dia deve ser calculada anualmente, o que concede a entrada de 42 veículos a cada dia na capital. Ou seja, há uma tendência de crescimento desta média em Goiânia. A cidade, com a maior frota do Estado, tem ainda uma média de 0,94 veículo por habitante, praticamente um por pessoa.O próprio Plano de Mobilidade de Goiânia (PlanMobGyn), feito no ano passado e publicado via decreto neste ano, já diagnosticou o problema e propôs como solução a redução do uso dos veículos. A pretensão é que o uso do transporte individual motorizado na capital fique em torno de 25% dos deslocamentos na cidade. A pesquisa, feita com auxílio da Universidade Federal de Goiás (UFG) e utilizada para o documento, verificou que atualmente 59,6% das viagens são de carros ou motos. Para se ter uma ideia, em 2000, data da pesquisa anterior, o índice era de 35,7%.Um dos pedidos feitos pelo procedimento do MP-GO é à Coordenadoria de Inteligência Institucional do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO/MPGO). A promotora quer que seja feito um relatório de inteligência do Plano de Mobilidade Urbana de Goiânia, “com a coleta dos dados pertinentes e análise comparativa de outras capitais assemelhadas por proporção espacial e densidade demográfica”. Há ainda pedidos de informações junto a órgãos da Prefeitura, sendo as secretarias de Mobilidade, de Planejamento e de Infraestrutura Urbana.No primeiro caso, os dados pedidos se referem a estrutura de fiscalização atual da SMM; como é o planejamento e execução dos projetos de tráfego e mobilidade nos corredores de trânsito de Goiânia ou anéis viários; como é gasto os valores provenientes das multas aplicadas; e quais parâmetros estão sendo utilizados para as alterações de tráfego que vem sendo realizadas em bairros adensados, como os setores Bueno e Marista. Nesta semana, a SMM anunciou o início da implantação de mudanças em oito vias do Marista, sendo o oitavo bairro da cidade a passar por alterações no sentido da via, implantação de semáforos ou rotatórias e outros.Para a secretaria de Planejamento, o pedido é sobre a fiscalização no uso irregular das calçadas e da ocupação de ruas durante obras de construção civil, enquanto que para a Infraestrutura Urbana pede-se um cronograma das interdições de tráfego em razão das obras públicas. A realização do procedimento considera que Goiânia tem cerca de 0,9 veículo por pessoa, “privilegiando-se o uso do transporte individual motorizado”, que resulta “em vias de fluxo cada vez mais densas, bem como no déficit de espaços para estacionamento público”.