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Saúde teve média de 15 pedidos de internação por dengue a cada dia

Wildes Barbosa
Água empoçada na Vila Boa, em Goiânia: situações como esta favorecem multiplicação do mosquito transmissor da dengue

A Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO) recebeu uma média de 15 solicitações por dia, via Complexo Regulador Estadual, de internação por dengue em janeiro deste ano. No momento, Goiás não conta com leitos exclusivos para o tratamento da doença. A abertura será feita de acordo com a demanda. Segundo o secretário estadual de Saúde, Rasível dos Santos, caso o cenário epidemiológico se agrave, o cronograma de cirurgias eletivas pode ser afetado para garantir a disponibilidade de leitos.

De acordo com a SES-GO, o monitoramento diário mostra um tempo resposta médio de 1h20 para 98,8% dos casos de pedido de internação feitos em janeiro, tendo chegado ao tempo recorde de 22 minutos em alguns dias. Santos aponta que a rede estadual tem se organizado para absorver o aumento das internações causadas pela dengue e que a capacidade de leitos das unidades de saúde pode ser ampliada em até 10% em poucos dias.

Em entrevista ao Jornal O POPULAR publicada nesta terça-feira (30), Santos destacou a importância da reorganização dos Serviços de Atendimento Móvel de Urgência (Samus) de Goiás, que estão com 22,5% das ambulâncias baixadas, para fortalecer a rede de transporte dos pacientes com quadros graves de dengue. Atualmente, o estado conta com 25 unidades de referência para o tratamento de casos complexos, dentre hospitais próprios e conveniados.

Com o avanço da doença em Goiás, a SES-GO montou Gabinetes de Crise da Dengue em todo o estado. Eles servem para dar um panorama para os municípios e para as unidades de saúde sobre o fluxo de entrada de pacientes, a quantidade de vagas e a ocupação delas, o quantitativo de profissionais trabalhando, além de oferecer um controle em tempo real dos insumos e medicamentos disponíveis em estoque. Os gabinetes também fazem uma atualização constante da evolução dos pacientes, seja para alta ou óbito.

No dia 15 deste mês, o primeiro Gabinete de Crise da Dengue foi instalado na sede da Vigilância em Saúde de Águas Lindas de Goiás, cidade no Entorno do Distrito Federal que tem apresentado curva ascendente de casos. Atualmente, de acordo com o Painel da Dengue da SES-GO, Águas Lindas é a quarta cidade com a maior quantidade de casos da doença, com incidência de 378 casos a cada 100 mil habitantes.

O gabinete conta com outros dois pontos de apoio na cidade, um na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Odisséia e outro no Hospital Municipal Bom Jesus. Santos relata que por conta da situação crítica de Águas Lindas, o estado e o município uniram esforços para ampliar a oferta de leitos no hospital municipal da cidade. “Tinham 42 leitos. Conseguiram ampliar 20. Passaram para 62. Pela regulação, tiramos pacientes de lá e distribuímos nos nossos hospitais para liberá-los para atenderem os casos de dengue”, explica o secretário de Saúde.

Além da retaguarda de leitos, a SES-GO aguarda o envio das doses da vacina contra a dengue pelo Ministério da Saúde. Um quarto dos municípios brasileiros contemplados pelo governo federal são goianos, já que há pelo menos dez anos o estado se configura como um dos que têm a maior quantidade de casos no Brasil. Para todo o País, serão distribuídas 6,5 milhões de doses, suficientes para imunizar 3,2 milhões de pessoas com duas doses. “Não é o volume que gostaríamos, mas já é complementar”, comenta Santos.

Cirurgias eletivas

Durante as quatro primeiras semanas epidemiológicas de 2024, o número de casos confirmados de dengue foi 58,4% maior do que no mesmo período de 2023. O titular da SES-GO afirma que o cenário de avanço da doença pode comprometer o cronograma da pasta relativo a diminuição da fila de procedimentos eletivos. De acordo com a secretaria, neste momento, os municípios estão realizando atualização da fila de cirurgias eletivas incluindo pacientes do ano de 2023.

Em 13 de novembro de 2023, Goiás tinha 58,4 mil pessoas esperando por um procedimento cirúrgico. Até 31 de outubro do ano passado, o estado tinha atendido 80,3 mil dos 125,8 mil pacientes que aguardavam por um procedimento cirúrgico em dezembro de 2022. No fim de 2023, o ex-secretário de Saúde de Goiás, Sergio Vencio, prometeu controlar a fila de cirurgias eletivas. A ideia de Vencio era chegar até julho deste ano com uma fila de 20 mil a 30 mil cirurgias eletivas, o que se traduziria em torno de três meses de espera, considerando a realização de cerca de 6 mil cirurgias por mês.

Entretanto, Santos alerta que caso as medidas de reorganização da rede e ampliação de leitos para atender aos casos de dengue não sejam suficientes, o cronograma de execução das cirurgias eletivas pode ser afetado. “Tenho que garantir leitos para atender a pressão sazonal”, frisa. Uma das explicações para a atual fila de cirurgias eletivas é justamente a suspensão temporária dos procedimentos por conta da priorização de leitos para atender pacientes durante a pandemia da Covid-19.

A SES-GO reforça que está preparada para o cenário atual da doença e de outras arboviroses, mas que também conta com a parceria dos municípios, Corpo de Bombeiros, Defesa Civil, Fórum Empresarial e da população em geral para o controle dos focos de transmissão em todo estado. O secretário de Saúde destaca que tem sido feito um grande trabalho de sensibilização com os municípios para despertar a consciência sobre a importância de combater a dengue a fim de evitar que outras áreas da pasta sejam afetadas. “Mas pode acontecer? Pode”, finaliza.

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