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Secretária de Saúde, médico e enfermeira são investigados por morte de estudante em Silvânia

Reprodução/Redes Sociais
Vitória Cristina Queiroz dos Santos tinha 21 anos

A Secretária de Saúde de Silvânia, Laydiane Gonçalves Ribeiro, um médico e uma enfermeira estão sendo investigados pela morte da estudante de administração Vitória Cristina Queiroz dos Santos, de 21 anos. A jovem morreu no início de julho após receber uma superdosagem de medicamentos calmantes no Hospital Nosso Senhor do Bonfim, onde havia dado entrada por uma crise de ansiedade. A equipe médica é suspeita de falsificar e omitir informações do prontuário médico.

O Daqui tentou contato por telefone com a Prefeitura de Silvânia a fim de obter um posicionamento, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem, o e-mail disponibilizado no site municipal consta como inexistente. A reportagem também não localizou a defesa de Laydiane Gonçalves, do médico e da enfermeira.

De acordo com a Polícia Civil, Vitória procurou o hospital de Silvânia porque estava com sintomas de crise de ansiedade. Lá, foi submetida pela equipe médica a tomar alguns remédios calmantes, mas horas depois, começou a passar mal e teve de ser transferida para a Unidade de Pronto Atendimento (Upa) Buriti Sereno, em Aparecida de Goiânia.

Em nota, a Prefeitura de Aparecida informou que o município pode receber pacientes de Silvânia, contudo, não édivulga informações de prontuário médico de qualquer paciente sem a permissão dos familiares. A pasta ainda informou que colabora com a Justiça (nota na íntegra ao fim do texto).

Assim que chegou ao local, a equipe médica constatou um dano cerebral muito grande em Vitória. Por conta disso, a jovem precisou ser novamente transferida, desta vez para o Hospital Municipal de Aparecida de Goiânia. Lá, os médicos constataram a morte cerebral da jovem.

O advogado da família da vítima, Jales Gregório, afirma que os medicamentos aplicados na estudante não deveriam ser usados em caso de crise de ansiedade, mas sim para intubação. Fora isso, afirma que a quantidade aplicada foi quase 10 vezes maior do que a recomendada.

“Eram medicamentos com a finalidade de intubação, não ansiedade. Normalmente utilizam para entubação, 1 a 1.2 microgramas de um dos remédios, por peso. Ela teria que tomar 50 microgramas, mas deram 10 miligramas, que corresponde a 500 microgramas da medicação”, explicou.

Omissão de informações

A mãe de Vitória é farmacêutica e desconfiou da conduta dos profissionais de Silvânia. Por isso, exigiu que fossem entregues os prontuários médicos com as informações das dosagens dos remédios aplicados na filha no dia em que ela deu entrada no hospital. A documentação, no entanto, desapareceu.

Um dos delegados do caso, Leonardo Sanches, contou que a partir das investigações descobriu-se que houve a falsificação de documentos e a omissão de dados e informações do prontuário de Vitória.

“Nós solicitamos as informações do atendimento à paciente e recebemos toda a documentação. Porém, após iniciarmos a análise desses documentos, complementadas com o depoimento de testemunhas de funcionários que estavam no plantão, constatamos que aqueles documentos eram ideologicamente falsos porque foram omitidas informações”, afirmou o delegado.

Segundo as investigações, a coordenadora das enfermeiras é suspeita de ter produzido documentos omitindo a quantidade, procedimentos e remédios administrados pelas enfermeiras na paciente. Já o médico, é suspeito de preencher um prontuário falso sobre o que administrou na paciente.

A secretária de saúde, além de também tentar suprimir as informações verdadeiras, também teria coagido funcionários que testemunharam o ocorrido e foram intimados pela polícia a prestar depoimento.

Afastamento e mandado de busca

Na manhã desta quarta-feira (9), a Polícia Civil cumpriu mandados de busca e apreensão no Hospital Nosso Senhor do Bonfim, em Silvânia. A coordenadora das enfermeiras, o médico e a secretária de saúde foram afastados dos cargos públicos.

O Daqui entrou em contato com o Conselho Regional de Enfermagem de Goiás (Coren-GO) e com o Conselho Regional de Medicina de Goiás (Cremego) em busca de um posicionamento sobre os profissionais de saúde. Até o momento da publicação desta reportagem não houve retorno.

Segundo o delegado, os suspeitos negaram em depoimento a omissão dos dados e reafirmaram que todas as informações de procedimentos e medicamentos administrados na estudante estão nos documentos entregues por eles.

Nota da Prefeitura de Aparecida de Goiânia
A Secretaria de Saúde de Aparecida informa que é município polo da região Centro-Sul e que, seguindo fluxo da Regulação, pode receber pacientes de Silvania. Contudo, em razão da Lei Geral de Proteção de Dados não é autorizada a divulgação de informações de prontuário médico de qualquer paciente sem sua anuência ou de seus familiares. A pasta informa que no âmbito policial e do Judiciário, as informações médicas são repassadas mediante solicitação das autoridades competentes.

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