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Senador pede quebra de sigilos de prefeito goiano e inclusão de outros três em inquérito

Divulgação
Senador Randolfe Rodrigues

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) protocolou, nesta sexta-feira (25), pedido no Supremo Tribunal Federal (STF) solicitando a quebra dos sigilos bancários e telemático de 11 pessoas, em meio às denúncias de cobrança de propina para liberação de recursos do Ministério da Educação (MEC) a municípios. Entre as pessoas está o prefeito de Ceres, Edmario de Castro (Cidadania).

Na petição, o senador também cita: o ministro Milton Ribeiro; os pastores Gilmar Santos, que lidera igreja que tem sede em Goiânia, e Arilton Moura — os dois estão no centro das denúncias; Nely Carneiro da Veiga, nome que aparece como membro do “gabinete paralelo” do MEC; e o presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), Marcelo Lopes.

Completam a lista os prefeitos de cidades maranhenses Calvet Filho (Rosário), Helder Aragão (Anajatuba) e Júnior Garimpeiro (Centro Novo); e os prefeitos de Ijaci (MG), Fabiano Moreti, e de Dracena (SP), André Kozan Lemos. Também estão implicados, sem citar nomes, funcionários e pessoas próximas aos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura.

O senador também solicita a inclusão de outras 11 pessoas a serem inquiridas no âmbito da apuração, entre os quais dez prefeitos, sendo quatro goianos. Além do próprio Edmario: Kelton Pinheiro (Bonfinópolis), Adelícia Moura (Israelândia) e Laerte Dourado (Jaupaci).

Dos citados, o de Bonfinópolis relatou proposta de propina feita pelo pastor Arilton Moura para intermediar a transferência de recursos do MEC ao seu município. Os demais já apareceram em reportagens como tendo chegado ao ministro Milton Ribeiro através dos pastores.

Ao Jornal O Globo, o prefeito de Ceres disse, inclusive, pertencer à mesma igreja do ministro Milton Ribeiro. Segundo o relato, o prefeito primeiro teve agenda no MEC, com a presença do pastor Arilton e, sem seguida, o próprio ministro se ofereceu para ir a Ceres.

“Tive uma conversa com eles uma semana antes. Eles tiveram aqui uma semana antes da visita do ministro, para pesquisar como estava o serviço que consegui no FNDE. Eles se apresentavam como assessores do ministro, então recebi eles  na prefeitura”, relatou o prefeito à reportagem do Globo.

INQUÉRITO
Na quinta-feira (24), a ministra Cármen Lúcia autorizou a abertura de inquérito para apurar o envolvimento do ministro da Educação, Milton Ribeiro, com os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura, atendendo pedido do procurador-geral da República, Augusto Aras. 

A ministra também deu 15 dias para que MEC e Controladoria-Geral da República (CGU) expliquem o cronograma de liberação das verbas do ministério via Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).

ENTENDA O CASO
A existência de um grupo de pessoas sem ligação com a administração pública e o setor de ensino que facilita acesso ao ministro da Educação e a recursos da pasta foi divulgada em reportagem do jornal O Estado de S.Paulo.

O grupo seria liderado por Gilmar e Arilton. Gilmar lidera a Assembleia de Deus Ministério Cristo para Todos, que tem sede no Jardim América, em Goiânia. O pastor também é presidente da Convenção Nacional de Igrejas e Ministros das Assembleias de Deus no Brasil (Conimadb). Arilton é assessor da instituição.

Nesta semana, a Folha de S.Paulo divulgou áudio atribuído a Milton Ribeiro, em que o ministro afirma que atender pedidos de Gilmar foi um pedido de Bolsonaro. O ministro divulgou nota afirmando que não houve solicitação de favorecimento.

Nesta quarta-feira (23), Gilmar divulgou vídeo nas redes sociais com discurso direcionado para fiéis da igreja da qual é líder. O pastor não cita diretamente o caso no qual está envolvido e ressalta que é pregador há mais de 40 anos. “Aqui está o mesmo pastor Gilmar Santos, convivendo com a verdade, para falar a verdade e viver a verdade”, disse.

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