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Setores Bueno e Jaó, em Goiânia, ficam sem coleta seletiva

Wesley Costa
Morador do setor Jaó, Geraldo Júnior reclama da irregularidade do serviço: ele guardou recicláveis na garagem

Os moradores do setor Jaó e de ao menos uma parte do Setor Bueno têm encontrado dificuldades para ter acesso à coleta seletiva de Goiânia. Há duas semanas o caminhão específico para o serviço não passa pelo bairro da região norte da capital e moradores acumulam sacolas com material reciclável dentro de casa. Já no Bueno, o caminhão tem passado de forma irregular e com a sirene de aviso desligada.

Desde a semana passada, o caminhão da coleta seletiva não passa pelos arredores da Rua T-36, no setor Bueno. “Em apartamento é mais difícil. Não tem espaço. Não dá para os moradores ficarem guardando essas sacolas para quando o caminhão passar. Por isso, estamos tendo de colocar o material reciclável junto com o lixo comum”, explica Anoildo Vargas, que é porteiro em um prédio na Rua T-36. O caminhão passa pelo local às segundas, quartas e sextas.

De acordo com ele, os problemas com a coleta seletiva tiveram início na semana retrasada, quando o caminhão começou a passar de forma irregular e com a sirene desligada. “Às vezes os moradores deixam as sacolas com o material reciclável aqui na portaria e eu deixo para levar elas para as lixeiras apenas quando escuto a sirene. Assim, evitamos que outras pessoas mexam nas sacolas, rasguem e façam bagunça. Muitos moradores também só descem com as sacolas quando ouvem o barulho. Sem a sirene, a chance de perder o caminhão aumenta”, explica.

Ao longo da semana, o corretor de seguros Geraldo Júnior, de 54 anos, separa embalagens de plástico, papelão e alumínio que tem em casa. Aos sábados, quando o caminhão da coleta seletiva passa pelo setor Jaó no período noturno, ele leva os materiais recicláveis dentro de sacolas plásticas para a lixeira que fica na porta de casa. Entretanto, na manhã dos dois últimos domingos ele as encontrou intactas na calçada.

Sem saber o que fazer com o material, Geraldo decidiu guardá-lo em um canto da garagem. “Não quero descartar junto com o lixo orgânico. Temos todo o cuidado de fazer a separação durante a semana justamente porque sabemos da importância da reciclagem. Por enquanto, vou deixar aqui no cantinho. Porém, se a coleta não for retomada logo, não terei outra opção a não ser colocar junto com o lixo comum”, relata.

A presidente da Associação de Moradores do Setor Jaó (Amojaó) e do Conselho Comunitário de Segurança do Setor Jaó (Conseg Jaó), Adriana Dourado, afirma que os dois órgãos incentivam os moradores do bairro a fazer a separação dos materiais recicláveis. “É um hábito que buscamos fortalecer entre os moradores daqui, pois sabemos que faz a diferença para o meio ambiente. Entretanto, situações como esta acabam deixando a população desestimulada”, esclarece. O bairro conta com cerca de 3,2 mil residências e 7 mil moradores.

Adriana diz que pretende oficiar a Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg), que cuida da coleta seletiva da capital, sobre a questão nesta terça-feira (15). “Precisamos que este serviço seja regularizado”, enfatiza. De acordo com ela, nas duas últimas semanas vários moradores já entraram em contato com a companhia questionando o porquê da coleta seletiva no bairro ter sido paralisada e cobrando a retomada do serviço, mas eles foram informados de que os caminhões estavam com problemas técnicos de funcionamento.

Comurg

Questionada, a Comurg não explicou porque os locais ficaram sem o atendimento, mas informou que “vai providenciar, de imediato, a coleta seletiva nos setores Jaó e Bueno”. A pasta ressaltou ainda que qualquer reclamação enviada pelos meios de comunicação ou pelos canais de comunicação da pasta (confira quadro) receberão atenção imediata para que o problema informado seja solucionado.

Reportagem publicada em maio deste ano apontou que o tratamento inadequado dos resíduos sólidos em Goiânia faz com que pouco mais de 5% de tudo que é recolhido seja separado para reciclagem.

De acordo com dados coletados na ocasião, o projeto ‘Coleta Seletiva, parceria da Comurg com a Agência Municipal do Meio Ambiente (Amma), recolheu, em 2021, 36.050,18 toneladas de resíduos sólidos e materiais recicláveis e 2.114 toneladas de material reciclável. Ou seja, a coleta de reciclados correspondeu a 5,5% do total recolhido. O número é menor do que o que foi registrado em 2019, quando o porcentual era de 5,67%.

Especialistas atribuíram o problema à falta de educação ambiental, que na visão deles, deveria ser feita pela administração pública de forma mais acentuada, contínua e tecnológica. O problema ambiental também reverbera no desenvolvimento econômico: com o baixo aproveitamento do que é recolhido, se deixa de circular um grande ativo financeiro.

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