Usuários do transporte coletivo que residem em Senador Canedo têm dificuldades para fazer a integração entre as bicicletas e os ônibus. Eles se queixam das condições do bicicletário no terminal de ônibus. As reclamações são do tamanho do espaço e das condições do local, que possui poucos pontos de fixação das bikes, ausência de cobertura e segurança precária.Esta parcela dos moradores do município costuma usar a bicicleta no trajeto casa-terminal-casa. Da estação, eles seguem de ônibus para os respectivos destinos.A uma distância de aproximadamente 30 km de Goiânia, alguns trabalhadores se locomovem para a capital todos os dias. É o caso do Raimundo Ferreira da Costa, de 57 anos. O vendedor precisa chegar ao Shopping Flamboyant.De casa até o terminal, o trajeto é feito de bicicleta. De lá ele segue de ônibus para a capital. No fim do dia, retorna à estação por meio do transporte público. No caminho, ele torce para que não tenha tido o veículo furtado novamente, como ocorreu anos atrás. “Tem uma câmera ali, mas não adianta nada, tinham de colocar ao menos um guardinha aqui”, argumenta. Ele completa o trajeto para a residência na bike.O mesmo medo é experimentado por Valda Soares de Lucena Rodrigo, de 62 anos. Aposentada, a senhora também tem Goiânia como destino. O trajeto de casa para o terminal ou retorno deste à residência é na bicicleta. A duração é de mais de 20 minutos. “Deixo na mão de Deus”, afirma ela sobre a insegurança.Valda se queixa, ainda, das condições do local. Em relação a ambientação, o chão do bicicletário é de terra e não possui lixeiras, acumulando muitos resíduos. “É tudo sujo e também podiam colocar uma cobertura aqui, bate muito Sol e enferruja (as bicicletas)”, avalia.Com apenas 18 grades regularizadas instaladas no chão, a quantidade de bicicletas ultrapassa rapidamente este número. Desse modo, os usuários precisam criar maneiras de manter o veículo protegido. “Eles deveriam instalar mais suportes para colocarmos (as bicicletas), para não ficarem presas de qualquer jeito, porque na grade passam ônibus e várias pessoas, e pode a qualquer hora estragar a bicicleta ou alguém se machucar”, ressalta Ricardo Gomes de Oliveira, de 19 anos, auxiliar de produção em Senador Canedo.Ricardo considera que alternar o uso de transporte público e bicicletas traz pontos positivos. “É bem interessante, economiza bastante o tempo da pessoa e diminui os carros”, comenta.O engenheiro de transporte e professor do Instituto Federal de Goiás (IFG) Marcos Rothen ressalta que esta guarda de bicicletas nos terminais ou outros pontos não pode possuir um custo, e que a integração de modos de transporte deve ser realizada de maneira civilizatória para ser efetiva, preferencialmente com a presença de vias cicláveis ligadas ao Terminal.“Em outros países vejo que as pessoas fazem integração muitas vezes com sistemas ferroviários, metrô, trem ou VLT”, aponta. O especialista afirma que a integração de modais é uma alternativa para a mobilidade urbana sustentável, possibilita facilidade nos trajetos, reduz custos, minimiza impactos ambientais e contribui na redução dos congestionamentos das vias. (Manoella Bittencourt é estagiária do GJC em convênio com a PUC-Goiás sob supervisão do editor Rodrigo Hirose)CMTC afirma que projeto vai promover mais integração das bikesSegundo a Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC), responsável pela criação e manutenção de bicicletários em terminais, dentro da reformulação do transporte coletivo tem no projeto para a inclusão de bicicletas integradas no sistema e a construção de bicicletários também. “A previsão desse modal já está planejada para os próximos meses”, afirma.A reportagem entrou em contato com a Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana (Seinfra)de Goiânia para informações sobre como serão pensados os bicicletários no projeto do BRT, mas não obteve retorno até o fechamento desta matéria.