Meu Bichinho

Aumenta o preço para produtos e cuidados com os pets

Wildes Barbosa / O Popular
Anna Maria cuida de animais resgatados: gastos supérfluos, como alguns brinquedos, foram deixados de lado

O preço de diversos produtos subiu com as pressões sobre os custos que ocorrem desde a produção até os pontos comerciais. Os itens básicos voltados para os pets não ficaram de fora dessa escalada. Pelo contrário. A inflação maior, que supera até mesmo a calculada para os cuidados com humanos, tem feito muitos tutores adaptarem compras para tentar driblar as altas e manter os cuidados adequados com os bichinhos.

De acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) divulgado pelo IBGE, a variação acumulada em 12 meses, no caso dos alimentos para animais, alcançou 14,39% em fevereiro na cidade de Goiânia. Enquanto isso, para o mesmo período, a inflação foi menor para a alimentação humana, com aumento de 11,41% para alimentos e bebidas. Soma-se à ração mais cara também os custos maiores para serviços de higiene (3,11%) e tratamentos (1,46%).

O resultado é um peso considerável no orçamento que, na casa da antropóloga AnaLu Oliveira, de 35 anos, tem sido compensado com estratégias como clube de assinatura. Ela é tutora de dois cachorros, Leia e Anakin, mas o namorado tem mais dois. “Para lidar melhor com essa questão dos aumentos, a gente divide coisas entre os quatro, nosso G4. Com o tapete higiênico, por exemplo, meses atrás gastava R$ 60. Agora, em promoção, chega a R$ 90”, diz ao citar que pacotes maiores e troca de marca ajudam.

Porém, explica que foi em clube de assinatura de pet shop online que conseguiu manter os preços mais em conta. Para a ração, ela também deixou de comprar pacotes pequenos para aderir aos sacos de 15 quilos e dividir entre o G4 na tentativa de driblar o aumento. “Quando é com a gente, podemos improvisar com poucos ingredientes na geladeira. Mas com eles é mais difícil, porque influencia no bem-estar, pode prejudicar a saúde. A gente quando muda sabe, mas eles não sabem o que está acontecendo.”

Com os bichinhos que estão mais idosos, AnaLu pontua que é ainda mais difícil improvisar e ainda é preciso levar em conta que os tratamentos para a saúde aumentaram também. “Até para mantê-los mais ativos, as recompensas com petiscos são mais difíceis e aumentaram muito. Até alimentação natural é difícil, porque não podem temperos que nós usamos, não dá para improvisar.”

Pressão

Entre os motivos para que os valores dos cuidados com os pets se elevem acima da alimentação doméstica, está o aumento dos custos das matérias-primas, das commodities e do dólar. Apesar de não existir um índice oficial para inflação somente para produtos pet, há estimativa da Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação, de que o índice teria superado os 50% no ano passado.

Diante da pressão do fabricante, as altas chegam ao comércio. Sócio-diretor da Mais Pet e veterinário, Hebert Justo explica que a pressão veio mais em produtos do que em serviços e repasses médios ocorrem quando os empresários conseguem segurar. Como saída para os consumidores e para o negócio, ele observou a tendência de oferecer descontos para clientes fidelizados e aposta na estratégia. “Temos plano de saúde veterinário e isso também traz segurança, porque ocorrem custos inesperados sem uma cobertura e há descontos em medicação, ração, banho e tosa na fidelidade”, expõe.

Ele avalia que como tudo está mais caro, a preparação para imprevistos tem sido bem recebida. “Há reajustes todo ano, mas em 2021 tivemos sete fora o que já era tradicional em janeiro. Tivemos produtos com aumento de 55% e as pessoas sentiram. Um saco de ração de R$ 200 agora está por R$ 320 isso é substancial.” Diante disso, ele pontua que na pandemia a empresa entendeu que era preciso aprimorar benefícios.

Para a comerciante Anna Maria Oliveira Teles, de 55 anos, auxílio de especialista têm ajudado a economizar em tempos de alta. Ela juntamente com a filha Anna Vitória Souza, de 19 anos, cuidam de gatos e cachorros que foram resgatados. Para parte deles, a casa é um lar temporário até encontrarem seus tutores. São oito felinos atualmente com elas e mais cinco cachorrinhos, muitos com necessidade de cuidados especiais.

Com a alta nos custos, Anna Maria diz que com a veterinária conseguiu orientação sobre medicações corretas e mais acessíveis, bem como orientação para a alimentação. “Sempre compro saco grande de ração para os cachorros e um para os gatos. Só quando a gente está com filhotinhos resgatados, porque todos são castrados e não têm filhotes, eu compro picado.” Ela diz que supérfluos, como alguns brinquedos, são deixados de lado, mas há pouca margem para economia com itens básicos.

 

Substituição de alimentos deve ser avaliada, diz veterinário

A pressão dos custos tem levado tutores a repensar até mesmo a alimentação de seus pets. Porém, a troca de ração deve ser avaliada com cuidado, como explica o presidente da Associação Nacional de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais em Goiás (Anclivepa-GO), Ronaldo Medeiros de Azevedo.

“Há duas situações: a dos filhotes e dos adultos, que podem mudar de marca e diminuir valores de acordo com o poder aquisitivo. Mas é preciso levar em consideração o valor agregado.”

Ele explica que um produto super premium tem maior digestibilidade, mais nutrientes são aproveitados. Para animais dentro da normalidade é algo que se pode contornar. “A outra situação e que preocupa é dos animais que têm alguma patologia, como doença renal, diabetes, ou é mais velhinho.” 

Nesse caso, ele alerta que é preciso cuidado com as mudanças, que precisam de critério para não afetar a saúde. Outro ponto que não pode ter economia é na prevenção, como o caso das vacinas. 

“É preciso vacinar e com dose completa ou depois fica mais caro, porque o animal vai adoecer. Diferente do vermífugo, que pode mudar de marca. Mas quando há patologias é preciso ter cuidado específico. Sempre é preciso orientação do veterinário para não fazer nada errado.”

A orientação correta, como defende, pode ajudar a equilibrar as contas de maneira segura. “Muitas pessoas atrasaram a vacina e muitos animais tiveram problemas na pandemia por conta disso. O apoio correto faz a diferença.” Ele indica ir ao veterinário de confiança e analisar o que pode ou não ser economizado. 

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