O pelo dos animais serve como isolante térmico, tanto para protegê-los da incidência solar quanto para mantê-los aquecidos no frio. No caso dos cachorros, tosá-los é uma medida por vezes necessária e vai além da estética, pois ajuda com a higiene. Mas, no verão, é preciso tomar alguns cuidados para que a tosa, em vez de deixá-los frescos, não prejudique a saúde do animal.Ao contrário do que se pensa, tosar o cachorro além da conta pode fazer com que ele sinta ainda mais calor, uma vez que estará com a pele mais exposta. A natureza já providenciou um mecanismo para que eles não sofram tanto, segundo explica Rafael Oliveira, especialista em banho e tosa da ComportPet."No inverno, eles produzem um subpelo para ter uma proteção térmica maior. No verão e na primavera, esse subpelo cai para haver troca e manutenção de calor", diz. Mas, se ainda assim houver necessidade de tosar o cão, deve-se seguir algumas recomendações."Tem de respeitar a altura limite do pelo e nunca raspar muito baixo - a menos que o pelo esteja muito embaraçado. O ideal é manter de três a quatro centímetros", orienta o especialista. Em algumas raças, como o spitz alemão e o chow chow, a tosa muito baixa pode desenvolver síndrome pós-tosa ou alopecia pós-tosa. "Com isso, vai demorar de dois a três anos para o pelo crescer, ou não vai crescer, ou vai crescer com textura diferente", afirma Oliveira. Em cães de pelo branco, a tosa baixa pode provocar doenças de pele devido à incidência direta dos raios solares.Em algumas raças, como no golden retriever, aconselha-se fazer a tosa do tipo 'trimming', que é a remoção do subpelo, ou seja, o pelo principal fica com comprimento normal e é retirado apenas o volume. Se o tutor não quiser tosar o animal de pelo longo, Oliveira recomenda tirar os pelos da barriga para que o pet possa se refrescar deitando no chão.Fora isso, os responsáveis pelo cão podem colaborar de outras formas para que ele se sinta melhor. "Potinhos de água sempre à disposição. Alguns potes têm garrafa de água congelada acoplada para mantê-la fresca. Ventilador ou ar-condicionado ligado, tapetes gelados e manter o animal sempre em ambiente mais fresco", cita Oliveira. Com os pelos, vale fazer escovação três vezes por semana. "Ela vai ajudar tanto na troca da pelagem como a remover pelos mortos que causam nós."A tosa não tem contraindicação. Alguns cuidados são necessários apenas se o animal tiver algum problema de saúde ou for muito velho. Nesse caso, pode-se optar por horários mais calmos para levá-lo ao pet shop ou fazer a tosa em casa. "Sabendo respeitar, a tosa em si não é um risco", diz o especialista.Doenças comuns em cães no verãoCom uma tosa errada, o cachorro pode desenvolver alguma doença de pele, o que é comum no verão, segundo a veterinária Cláudia Winston, também especialista da ComportPet. Outros fatores para problemas do tipo são pulgas e carrapatos, que se reproduzem mais nesse período e podem picar o animal, e queimadura devido à exposição solar."As pessoas costumam fazer atividades físicas ao ar livre e levam o animal junto. Com o asfalto muito quente, queima a pata, pode dar hiperaquecimento no organismo e ele desmaiar", explica a especialista. Ela recomenda passeios antes das 10h e após as 16h, em lugares fechados ou locais com grama.Outro problema comum no verão é a síndrome da angústia respiratória, principalmente em cães braquiocefálicos, aqueles do focinho achatado. Eles também estão mais suscetíveis a hipertermia, ou seja, aumento da temperatura corporal. Por isso também, demonstram mais que estão mal. "Eles ficam extremamente ofegantes, a mucosa na língua fica muito vermelha, ficam mais deitados", diz Cláudia.Calor e alimentaçãoNessa época do ano, os cães ficam mais letárgicos, cansam facilmente e acabam não dormindo bem e comendo menos. "O ideal é dar a alimentação nos horários mais frescos do dia. Geralmente, eles deixam para comer à noite no verão. Se for ração, ela já é balanceada; se for alimentação natural, o tutor pode escolher colocar frutas, verduras, legumes, além de água disponível 24 horas", orienta a veterinária.Calor e águaAssim como nos seres humanos, a otite também é um problema recorrente se o cão ficar excessivamente dentro da água. "O condutor auditivo deles é preparado para isso, pelos auriculares e cera protegem o canal dos ouvidos, mas passar mais de uma hora na água não é ideal, mesmo essas raças nadadoras, como o labrador", diz Cláudia.Com os ouvidos úmidos, a chance de bactérias se proliferarem aumenta. Após sair da água, é indicado secar as orelhas e ouvido com toalha, algodão seco ou ao ar livre.