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Confira dez exposições com entrada gratuita em Goiânia

Roteiro visual traz eventos para conferir nos próximos dias em espaços culturais e até ao ar livre da capital, além de uma opção na cidade de Goiás

Modificado em 19/09/2024, 00:18

'Out of Context',  exposição individual do artista goiano Pitágoras

'Out of Context', exposição individual do artista goiano Pitágoras (Wesley Costa / O Popular)

A maratona de festas de Carnaval acabou, o que pode ser a ocasião que alguns precisavam para buscar opções de programas culturais mais tranquilos para os próximos dias. Com propostas diversas e espalhadas por diferentes regiões da cidade, Goiânia recebe atualmente uma gama de exposições de arte com entrada gratuita. Preaparamos um roteiro com dez opções na capital - e aproveite, porque algumas estão em reta final, e uma na cidade de Goiás. Confira:

Corre Curumim!
Produzindo exposições fotográficas itinerantes na capital, o projeto Expourbi apresenta a mostra Corre Curumim!, do fotógrafo Wagner Araújo. As imagens ficam expostas no Parque Areião durante os meses de fevereiro e março, quando seguem para o Bosque dos Buritis, no Setor Oeste. As fotografias foram realizadas ao longo de cinco anos durante a convivência de Wagner com etnias indígenas brasileiras na Aldeia Multiétnica, que acontece anualmente na Chapada dos Veadeiros. "É interessante como a gente cria uma proximidade espontânea e natural. O objetivo era fazer uma observação intensa e uma leitura transparente dos gestos e expressões, e isso carece de um tempo", comenta.

O uso intencional de cores como via estética introduz elementos que provocam sentimentos na releitura das fotografias. "A ideia das cores é valorizar as expressões das imagens, de forma que as pessoas consigam se ater um pouco mais e visualizar a força dessas expressões", diz. Segundo Wagner, a proposta é dar continuidade ao projeto com outros fotógrafos convidados.

Local: Parque Areião (Setor Pedro Ludovico). De fevereiro a março de 2023.
Expo Valenta
Com curadoria e produção de Larissa Pitman (Valenta), os trabalhos de 16 artistas goianos podem ser conferidos durante a mostra de cinema O Amor, a Morte e as Paixões, que segue até o dia 1º de março. Murais, telas, esculturas e performances corporais integram a exposição, que ocupa quatro ambientes ao lado do cinema do CCON.
Local: Centro Cultural Oscar Niemeyer (GO-020, km 0, saída para Bela Vista de Goiás). Até 01/03/2023. Visitação gratuita.
Enquanto sua Mãe Picava Cebola
Um conjunto de desenhos do artista Arthur Monteiro foram distribuídos em quatro séries, feitos a partir da experimentação com os papéis manteiga e vegetal, aliadas ao uso da tinta acrílica e do grafite. Na exposição, o espectador é convidado a visitar uma ampla paisagem e traçar seus percursos por imagens de sua própria vida interior.
Local: Centro Cultural Octo Marques (Edifício Parthenon Center - Rua 4, entrada pela Rua 7, nº 515, Centro). Segunda a sexta, das 9h às 17h. Entrada gratuita.

Divino Carnaval
Com curadoria de Paulo Henrique Duarte-Feitoza, a mostra traz os resultados das investigações do artista Badu sobre as relações existentes entre o Carnaval e o sagrado. Pedrarias, lantejoulas, paetês, purpurinas e outros elementos são utilizados na constituição das obras, que adentram diversas linguagens.
Local: Centro Cultural Octo Marques (Edifício Parthenon Center). Segunda a sexta, das 9h às 17h. Entrada gratuita.
Vestígios
Sexta-feira (24) é o último dia para conferir a instalação Vestígios, do artista visual Leandro de Araújo Moura, aberta a visitação no hall do Centro Cultural Octo Marques. O trabalho foi feito a partir de fotografias de residências do Setor Marista construídas na década de 1970 e que estavam em fase de demolição para dar lugar à construção de modernos edifícios.
Local: Centro Cultural Octo Marques (Edifício Parthenon Center). Segunda a sexta, das 9h às 17h. Entrada gratuita.
Um Pouco de Mim
O artista goiano Zzzago apresenta a mostra Eu Sou um Pouco de Mim, que reúne mais de 20 obras que integram as quatro séries criadas por ele nos últimos anos. Telas e esculturas em madeira criadas a partir de um projeto sobre sustentabilidade, proteção ambiental e povos indígenas estão entre as peças.
Local: Café Cariño (Rua 1136, 530, Setor Marista). Segunda a sábado, das 11h30 às 19h; sextas até 22h. Até 02/03/2023. Entrada gratuita.

Out of Context
A mais recente exposição individual do artista goiano Pitágoras, intitulada Out of Context, foi prorrogada até o dia 3 de março. São mais de 100 trabalhos em cartaz, entre pinturas, desenhos, intervenções e objetos. Prestes a completar 30 anos de carreira, o artista goiano é considerado um dos mais expressivos artistas contemporâneos brasileiros.
Local: Centro Cultural Octo Marques (Edifício Parthenon Center). Segunda a sexta, das 9h às 17h. Até 03/03/2023. Entrada gratuita.
Entrelinhas
Em reta final, a exposição Entrelinhas, do artista plástico Iram Lima, apresenta mandalas e quadros de diferentes tamanhos, cores e formatos criados com linhas e pregos com a técnica do string art. A mostra fica disponível até o próximo sábado (25).
Local: Lowbrow Lab Arte & Boteco (Rua 115, quadra F43A, lote 214, nº 1684, Setor Sul). Sexta e sábado, das 19h às 00h. Entrada gratuita.
Arte em Misturas
A sala Sebastião Barbosa da Vila Cultural Cora Coralina recebe a individual Arte em Misturas, do artista goiano Ricardo Santiago. São vários trabalhos desenvolvidos pelo artista, que transitam pelo artesanato, artes plásticas e artes visuais digitais.
Local: Vila Cultural Cora Coralina (Rua 23 com a rua 03, S/N, Setor Central). Segunda a sexta, das 9h às 15h. Até 03/03/2023. Entrada gratuita.
Água, Papel e Barro
Os arquitetos e artistas goianos Alexandre Gonzaga, Camila Camargo e Nayda Rocha apresentam a exposição Água, Papel e Barro, na sala Antônio Poteiro da Vila Cultural Cora Coralina. A mostra reúne trabalhos dos artistas entre pinturas em aquarela e giz pastel, colagens e esculturas em cerâmica, com registros de cenas cotidianas e suas diversidades.
Local: Vila Cultural Cora Coralina (Rua 23 com a rua 03, S/N, Setor Central). Segunda a sexta, das 9h às 15h. Até 30/03/2023. Entrada gratuita.

Goiás em Bico de Pena
Últimos dias para conferir a exposição Goiás em Bico de Pena, individual do artista Di Magalhães, que está em cartaz no Palácio Conde dos Arcos, na cidade de Goiás. A mostra reúne 30 desenhos feitos com a técnica bico de pena, que retratam a Vila Boa de diversos ângulos.
Local: Palácio Conde dos Arcos (Praça Tasso Camargo, 1, Centro - cidade de Goiás). Terça a sábado, das 8h às 17h, e domingo, das 8h às 13h. Até 25/02/2023. Entrada gratuita.

'Out of Context',  exposição individual do artista goiano Pitágoras

'Out of Context', exposição individual do artista goiano Pitágoras (Wesley Costa / O Popular)

Com curadoria de Larissa Pitman (Valenta), exposição pode ser conferida na mostra de cinema 'O Amor, a Morte e as Paixões'

Com curadoria de Larissa Pitman (Valenta), exposição pode ser conferida na mostra de cinema 'O Amor, a Morte e as Paixões' (Wesley Costa / O Popular)

Obra da instalação 'Vestígios', do artista visual Leandro de Araújo Moura,

Obra da instalação 'Vestígios', do artista visual Leandro de Araújo Moura, (Leandro Moura)

Divulgação

Divulgação (Divulgação)

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Vila Cultural Cora Coralina inaugura duas exposições nesta quinta-feira (6)

Abertura simultânea das mostras “Distorção”, do artista plástico Gabriel Augusto, e “O tempo frio que esquenta a gente”, do artista visual Badu, será a partir das 18h. Entrada gratuita

Modificado em 17/09/2024, 16:19

Vila Cultural Cora Coralina inaugura duas exposições nesta quinta-feira (6)

(Divulgação Secult)

A Vila Cultural Cora Coralina, unidade da Secretaria de Estado da Cultura (Secult), inaugura, simultaneamente, duas exposições individuais nesta quinta-feira (06). "Distorção", do artista plástico Gabriel Augusto, será aberta às 18h, na sala Sebastião Barbosa; e "O tempo frio que esquenta a gente", do artista visual Badu, às 18h30, na sala Antônio Poteiro. As mostras seguem em cartaz até 30 de junho.

"Distorção" reúne obras impactantes, tanto pela temática - a sombra na psique humana -, quanto pela força da qualidade técnica. A curadoria e a expografia da mostra são assinadas por Ricardo Braudes. O artista Gabriel Augusto dá forma a imagens bastante orgânicas e ao mesmo tempo etéreas, que num primeiro momento podem parecer o mórbidas, mas que se analisadas sob outros vieses, como a antropologia e a psicologia, podem ser vistas de forma muito mais profunda e poética.

De acordo com o curador, a obra de Gabriel Augusto é importante para a sociedade por estar vinculado a questões de saúde mental e enfrentamento de dores recentemente provocadas pelas catástrofes que ocorrem atualmente no mundo, como guerras, destruição e desastres naturais, doenças do sono, estresse e consumo em excesso, fobias sociais e pânico ocorridos durante o isolamento na Pandemia e luto pelas mortes causadas pelo Covid-19.

Já a exposição "O tempo frio que esquenta a gente", de Badu, aborda os festejos juninos goianos a partir de obras que reúnem linguagens como o bordado, a fotografia e a instalação. A mostra é produzida pelo coletivo Arapuá em parceria com a Faculdade de Artes Visuais da Universidade Federal de Goiás (UFG); e presta, também, uma homenagem à Quadrilha Junina Arriba Saia, grupo goianiense com diversos títulos estaduais e campeão nacional de Quadrilhas Juninas (2017).

Partindo de um recorte autobiográfico, Badu se aproveita de suas vivências em torno das festividades da cultura brasileira. Já tendo tratado do universo do Carnaval em exposições passadas, o artista agora leva em conta, principalmente, sua posição como nordestino que, através das festas de São João, encontra forças para continuar celebrando suas raízes em terras goianas.

A Vila Cultural Cora Coralina funciona de segunda-feira a domingo, das 9h às 17h. A entrada é gratuita e o espaço é petfriendly, ou seja, animais de estimação são bem-vindos.

Serviço: Exposições
"Distorção" - Gabriel Augusto, e "O tempo frio que esquenta a gente" - Badu
Abertura : Quinta-feira (06), a partir das 18h até 21h
Visitação : De 07 a 30/06
Funcionamento : De segunda-feira a domingo, das 9h às 17h
Local : Vila Cultural Cora Coralina - R. 3, s/n - St. Central, Goiânia (Sala Antônio
Agendamento de visitas para escolas : Favor entrar em contato através do número (62)3201-9863

Geral

Sertão Negro oferece residências artísticas com bolsas mensais de R$ 2 mil em Goiânia

Ateliê criado pelo artista Dalton Paula abre edital para cinco vagas (uma internacional, duas nacionais e duas locais) com imersão em quilombo Calunga de Cavalcante

Modificado em 19/09/2024, 01:23

Ateliê Sertão Negro fica na Rua Goiazes, no Setor Shangrilá, em Goiânia

Ateliê Sertão Negro fica na Rua Goiazes, no Setor Shangrilá, em Goiânia (Fábio Lima)

O Sertão Negro Ateliê e Escola de Artes lança edital para residências artísticas em Goiânia e em um quilombo Calunga, na Chapada dos Veadeiros. São cinco vagas, sendo uma internacional, duas nacionais e duas locais, com bolsa remunerada de até 2 mil reais mensais, de acordo com a modalidade. O programa segue com inscrições abertas até o dia 15 de dezembro.

A ideia da residência é unir artes visuais, meio ambiente e conhecimentos tradicionais. Para isso, propõe uma imersão de uma semana em um quilombo Calunga no município de Cavalcante, e mais três semanas na sede do Sertão Negro, localizada no Setor Shangri-la, região norte da capital. Esta proposta está prevista para ser realizada entre maio e setembro de 2024, nas modalidades nacional e internacional.

São oferecidas duas vagas para a residência na modalidade local, que também contempla essa vivência na comunidade quilombola, com duração de 12 meses e direcionada a artistas ou pessoas residentes em Goiás.

Para isso, o Sertão Negro disponibiliza estrutura, meios para a orientação, a formação e o aperfeiçoamento em arte contemporânea. Com início previsto para maio de 2024, essa modalidade oferece uma bolsa mensal de 2 mil reais.

A vida cotidiana, a relação com a terra, as expressões culturais e religiosas no quilombo farão parte dos processos de pesquisa artística e da prática e poética nos mais diversos suportes e linguagens. Como contrapartida, haverá incentivo à economia local, ao turismo de base comunitária e à valorização de saberes tradicionais.

Durante as três semanas no Sertão Negro Ateliê e Escola de Artes, os artistas residentes (modalidade nacional e internacional) terão acesso a hospedagem em chalés individuais e alimentação. Neste caso, haverá do subsídio no valor de 1,5 mil dólares e o custeio de passagens aéreas. O edital e as orientações para inscrição estão disponíveis no link: https://abrir.link/FOly2

O programa de residência artística do Sertão Negro Edital 2024 é apoiado pelo Open Society Foundations, por meio do Prêmio Soros Arts Fellowship concedido ao artista Dalton Paula, criador do Sertão Negro juntamente com sua companheira Ceiça Ferreira, em 2023.

"A residência tem o intercâmbio entre diferentes territórios, países e culturas; é uma boa oportunidade para os residentes fazerem trocas de conhecimentos e conhecer pessoas. Tem esse caráter de imersão, de sair do seu lugar de conforto e isso tensiona, cria uma situação que pode ser muito favorável para o desenvolvimento de um novo trabalho no quesito criatividade. Tem essa proposta de ser um salto no profundo, de dar densidade para poder desenvolver a pesquisa", diz Dalton Paula.

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Vila Cultural recebe 12 exposições simultâneas a partir desta quinta-feira (12)

Com entrada franca, série de mostras entra em cartaz no espaço a partir desta quinta-feira. Visitação vai até 31 de janeiro

Modificado em 19/09/2024, 00:07

Vila Cultural recebe 12 exposições simultâneas a partir desta quinta-feira (12)

(Divulgação)

O Cerrado goiano, a pop art, orixás, universos imaginários e o art déco são alguns dos temas que pulsam nas 12 exposições abertas simultaneamente nesta quinta-feira (12), na Vila Cultural Cora Coralina, no Centro. As mostras foram contempladas pelo projeto Claque Retomada Cultural, iniciativa da Secretaria de Estado da Retomada e do Sesc Goiás, que tem o objetivo de fomentar a cena cultural goiana.

As exposições ficam em cartaz até o dia 31 de janeiro. A visitação é de segunda a sexta-feira, das 9 às 17 horas, com entrada gratuita. Os artistas expositores foram selecionados via edital público e suas obras vão ocupar a Grande Sala da Vila.

Estão em cartaz mostras de artistas como Glaucon Johnny, que destaca a interação tecnológica no contexto contemporâneo, Mari Souza, que reflete as tintas que retratam o bioma do Cerrado, Lina Ferreira, que se joga na temática dos sonhos, santos, Orixás e sensações, e Victor Queiroz, que refaz a releitura de ícones goianos por meio do movimento da pop art.

Além dos artistas, outros nomes das artes visuais goianas também expõem na Vila Cultural: Iasmim Kudo, com a exposição Como Eu te Vejo, Como Você me Vê; Deusmar Rodrigues, com Fuga; Allan Douglas, com a mostra A Arte Pulsante da Periferia (foto); Nelson Santos, em Art Déco: Olhares; Sérgio Jorge, com a obra Totem da Cultura; Solange de Souza, com os trabalhos de Flores do Cerrado; Franklin Rodrigues, com Universos Imaginários; e GGeo Moura, em Exposição de Colagem.

Serviço

Exposições Simultâneas - Claque Retomada Cultural

Abertura nesta quinta-feira, das 9h às 17h

Período de Visitação:

até 31 de janeiro

Local:

Vila Cultural Cora Coralina, Rua 3, Centro

Entrada gratuita

Informações: @vilaculturalcc

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Desenhos criados por inteligência artificial viram febre e levantam discussão sobre arte

Fenômeno dos avatares criados por inteligência artificial inundou o feed das redes sociais na última semana e acende a discussão: se trata ou não de um tipo de arte?

Modificado em 20/09/2024, 06:26

Carlo Batistella: “Logo de início, o que me impressionou foi o realismo e a qualidade artística das imagens”

Carlo Batistella: “Logo de início, o que me impressionou foi o realismo e a qualidade artística das imagens” (Fábio Lima)

Nos últimos dias, o feed das redes sociais ganhou uma cara diferente. As selfies dos amigos ganharam elementos fantásticos e lúdicos, enquanto alguns ganharam até mesmo novos estilos de cabelo. Os cenários dessas fotos não poderiam existir na vida real - e não existem mesmo.

A "mágica" é criada pelo aplicativo de edição de imagens Lensa, que ganhou recentemente um novo recurso que cria avatares ilustrados por intermédio de inteligência artificial.

Para criar as suas selfies ilustradas é bem simples. Basta baixar o aplicativo, selecionar algumas fotos do seu rolo da câmera e deixar a inteligência artificial da plataforma cuidar do resto. Ah! É preciso estar disposto a desembolsar uma quantia em dinheiro para garantir o pacote de avatares únicos e de estilos variados. Para obter 50 avatares, por exemplo, o valor é R$ 22,90.

Os desenhos rapidamente se tornaram um fenômeno entre anônimos e famosos, inundando as redes sociais com as selfies coloridas e "diferentonas". O artista plástico Carlo Batistella não ficou de fora da nova onda. "Eu conheci o aplicativo por meio de um amigo, fotógrafo, que postou os avatares em seu perfil do Instagram. Logo de início, o que me impressionou foi o realismo e a qualidade artística das imagens", comenta.

A postagem o convenceu a criar os seus próprios desenhos. "Eu gostei bastante do resultado dos meus avatares, principalmente porque eles me remeteram à infância, ao universo dos desenhos animados, da ficção científica e da fantasia. Achei bacana me ver, em poucos minutos, transformado em um astronauta", conta. Ele adianta que já tem planos, inclusive, de imprimir os seus com qualidade artística e fazer alguns quadrinhos.

Aplicativos que criam ilustrações e pinturas a partir de um algoritmo de inteligência artificial não são novidade. O próprio Lensa, responsável pelas selfies viralizadas na última semana, existe desde meados de 2016. O que se está acompanhando, no entanto, são os avanços das criações desses desenhos feitos por inteligência artificial - e, junto a esses avanços, vêm também algumas polêmicas e debates em torno.

"Mesmo aplicativos que usam I.A. para transformar nossos rostos em cartoons ou anime, por exemplo, não são novidade. Eu já tinha visto muitas dessas imagens na internet", observa Carlo. "Porém, a tecnologia do Lensa me chamou bastante atenção e me levou a querer pagar pela experiência. Acredito que essa qualidade visual e a diversidade de imagens que o aplicativo cria sejam o motivo por trás do sucesso repentino e pela trend", opina.

O publicitário e criador de conteúdo Matheus Cerutti, de 28 anos, confessa que não sentiu vontade de entrar "na onda" nas primeiras 24 horas em que as fotos ilustradas inundaram o seu feed. "Não sou de entrar nessas modinhas tão facilmente, mas o resultado das fotos de um amigo em específico me surpreendeu. Elas beiravam a perfeição", conta. A vontade de criar os próprios avatares surgiu daí.

Ele atribui o sucesso estrondoso da trend à alta qualidade das imagens criadas e à variedade de cenários, elementos e cores fornecidos pelo aplicativo. "Já tinha visto outras artes criadas por inteligência artificial viralizando, mas nenhuma teve tanto apelo quanto essas. É um fenômeno comparável ao criado pelo TikTok, mesmo que o aplicativo seja pago", observa.

É arte ou não é?

Há cerca de três meses, uma notícia repercutiu mundo afora e acendeu novamente um debate dentro do campo de encontro entre artes e tecnologia. Na edição deste ano da Feira Estadual do Colorado, nos Estados Unidos, o premiado em primeiro lugar foi um trabalho criado por um programa de inteligência artificial chamado Midjourney, que transforma textos em desenhos hiperrealistas. Chamada de "Théâtre d'Opéra Spatial", a obra é assinada por Jason M. Allen, que desde então tem se defendido de acusações de ser um trapaceiro.

Obras geradas por I.A. existem há anos, mas a complexidade dos trabalhos criados por programas e aplicativos mais recentes têm levado o debate a ganhar corpo. Entre as críticas, estaria o próprio futuro dos artistas - afinal, se qualquer um pode "criar" obras de arte, por que continuar a pagar artistas para produzi-las? Outro ponto defendido por uma parcela é que esse tipo de inteligência artificial se baseia em milhões de obras já existentes para criar essas novas, o que seria uma espécie de plágio.

Para Carlo Batistella, mesmo que seja algo gerado por I.A. e não pelas mãos humanas, se trata de um tipo de arte. "Até porque por trás do desenvolvimento dessas tecnologias há o trabalho de artistas gráficos e visuais. A propósito, muita gente não sabe, por exemplo, que o Google Earth foi idealizado e desenvolvido por um estudante de artes visuais, e não por um gênio da tecnologia", observa. "Particularmente, acredito que a tecnologia é uma ferramenta a mais dentro do universo das artes visuais, e não algo que possa substituir ou suplantar a criatividade artística humana. No mais, vejo essa função do Lensa apenas como um brinquedo novo que a gente usa e logo em seguida esquece no fundo da caixa", conclui.

Matheus Cerutti vem refletindo sobre o assunto a partir de discussões que acompanhou nos últimos dias. "Tenho amigos artistas plásticos, artistas visuais e designers. Vi muitos deles criticando o fato de o aplicativo ser pago e, na hora de pagar um artista para criar um desenho exclusivo, as pessoas não querem, não valorizam. Mas vejo que o fenômeno do Lensa se deu justamente nesse sentido: ele transforma as obras em padronização. Tantas pessoas entraram na onda porque assim se encaixam onde todo mundo está", diz.

"É curioso, porque não existe uma resposta pronta para isso, se o que vem sendo feito com esses programas é arte ou não. Walter Benjamin publicou um texto quando a fotografia virou arte em que levou essa questão da reprodução técnica gerada por ela - o que, para ele, esvazia o sentido da arte", comenta o designer e professor da Faculdade de Artes Visuais da UFG, Marcio Alves da Rocha. "O grande ponto que eu observo, aqui, é que a própria noção de arte se modifica através do tempo. O que é considerado arte hoje amanhã pode não ser e vice versa", diz.

Ele destaca que arte tecnológica já há algum tempo tem sido aceita como uma forma legítima de arte. "A exemplo do game art, generative art, as diversas formas de mediaArt, entre outras, que utilizam computadores. Inclusive, com movimentos artísticos que surgiram totalmente e exclusivamente na internet, como a glitch art, e estilos artísticos como o vaporwave. Então, não se pode Negligenciar essas manifestações artísticas", aponta Marcio. "O que se está se colocando em discussão, aqui, é a questão de autoria e, com isso, do esvaziamento da noção da arte", observa.

Essa questão se torna mais complexa ainda com o uso de inteligência artificial, ele aponta. "Afinal, sabemos que quem alimenta os algoritmos da inteligência artificial de forma indireta é a inteligência humana por trás dela. A questão de autoria se torna ainda mais complexa com esses aplicativos, porque eles utilizam várias imagens de outros autores para alimentar sua base de dados e aprender com ela, para que com isso ela possa gerar uma outra arte. Vemos, aqui, essa questão da violação dos direitos autorais dessas obras, assim como a dissolução da noção de autoria", explica.