Dezembro de 2024 fechou com aumento de 7,2% em Goiás, impulsionado pela acessibilidade dos preços e estabilidade da taxa de juros
O mercado de veículos usados e seminovos apresentou crescimento em Goiás. Impulsionado por fatores como acessibilidade em comparação com veículos zero quilômetro e estabilidade da taxa de juros, o estado fechou o mês de dezembro do ano passado com aumento de 7,2% das vendas comparado ao mesmo período de 2023, segundo levantamento da Federação dos Revendedores de Veículos Usados (Fenauto).
Em todo o estado, a entidade aponta que no último bimestre do ano passado (novembro e dezembro) foram vendidos 89.430 veículos usados. Com isso, Goiás despontou em primeiro lugar na quantidade de unidades comercializadas entre os demais estados do Centro-Oeste.
As associações e entidades representativas apontam que a tendência de crescimento vem desde 2022, com o início do cenário pós-pandêmico e de retomada da economia, mas que viu seu melhor desempenho no ano passado, sobretudo pela taxa de juros do país se manter estável.
De acordo com dados da Associação dos Revendedores de Veículos de Goiás (Agenciauto-GO), uma particularidade observada em Goiás é o período de maior movimentação de vendas, que se inicia em outubro e se estende até o dia 20 de dezembro. Esse comportamento é influenciado pela chegada do décimo terceiro salário e pelo aumento na oferta de carros para troca, caracterizando o fim do ano como o ápice do mercado de veículos usados no estado. Após esse período, as vendas costumam desacelerar devido às festividades de fim de ano e os custos adicionais com IPVA e matrículas escolares, por exemplo.
O presidente da Agenciauto-GO, Matheus Lira, explica que o principal motivo que leva as pessoas a comprarem o carro seminovo, por exemplo, e não o zero quilômetro é o preço, mais elevado desde a pandemia. Ele diz que foi isso que trouxe mais "movimento" para o mercado de seminovo.
"O outro motivo é a mobilidade urbana ter melhorado com o advento do Uber, que ajudou demais os seminovos, porque passou a ser uma outra forma de fonte de renda do brasileiro", afirma.
No mercado de carros usados, os veículos são classificados conforme a idade: seminovos têm até 3 anos de uso, usados jovens possuem entre 4 e 8 anos, usados maduros variam de 9 a 12 anos, e os "velhinhos" são aqueles com 13 anos ou mais, geralmente modelos mais antigos e com maior necessidade de manutenção.
"Outro ponto foi a estabilidade da taxa de juros. A gente estava com a taxa de juros bem atrativa, e isso aqueceu. Tanto vale para zero quanto para o seminovo. Esses fatores macroeconômicos: inflação, taxa de juros, emprego, tudo isso refletiu para a venda de carros como um todo, em especial para o seminovo, devido ao preço estar melhor."
Gerente da Goiânia Veículos, Fabrício Macedo diz que os modelos populares que antes custavam cerca de R$ 60 mil já ultrapassam R$ 80 mil, enquanto versões completas chegam a mais de R$ 100 mil.
Essa realidade tem tornado os seminovos a principal opção para muitos consumidores, especialmente em faixas de preço entre R$ 30 mil e R$ 50 mil, onde há maior dificuldade de reposição nas lojas.
"Hoje estão próximos de R$ 80 mil os populares completos. Por exemplo, o Onix custa R$ 108 mil. A Strada, mais vendida do Brasil, tem versões de R$ 145 mil. É por isso que para muitos é inaceitável. Aí a demanda pelo usado tem subido muito", afirma.
Mais vendidos
Segundo a Fenauto, na categoria popular, o Gol (Volkswagen) foi o automóvel usado mais vendido em dezembro do ano passado em Goiás, com 2.719 unidades comercializadas. Na sequência, aparecem o HB20 (Hyundai), com 1.187, e o Uno (Fiat), com 1.059, em segundo e terceiro lugares respectivamente.
Na classificação dos veículos comerciais leves, ou seja, aqueles que possuem capacidade de carga de até 3.500 kg (projetados para uso comercial) incluindo picapes, vans, furgões e outros modelos similares, o modelo usado mais vendido em Goiás em dezembro de 2024 foi o Strada (Fiat), com 1.334 cópias comercializadas, segundo a Fenauto. Em seguida, aparecem a S10 (GM), com 1.138, e a Hilux (Toyota), com 987.
Para 2025, as perspectivas seguem otimistas para o segmento de usados. De acordo com Macedo, as lojas já enfrentam alta demanda e estão intensificando a busca por veículos para reposição no estoque, a fim de acompanhar o ritmo das vendas.
A preferência por carros usados reflete as condições econômicas e a adaptação das famílias, que buscam alternativas mais adequadas às suas necessidades e orçamentos. "As famílias estão viajando mais de carro, e por exemplo, uma família de cinco, qual o valor do aéreo para cinco hoje? Eles preferem trocar ou comprar um carro que atende essa e as outras demandas da família", afirma.
Financiamento
Além do custo inicial, as condições de financiamento também exercem pressão sobre o mercado. Taxas de juros historicamente altas praticamente dobram o valor final de veículos novos adquiridos a prazo, inviabilizando o compromisso para grande parte da população, diz Macedo.
Conforme dados da B3, Goiás registrou um total de 272 mil veículos financiados em 2024, volume 19% maior em relação ao ano anterior. Apenas em dezembro, houve um aumento de 3,3% nas unidades financiadas, frente a igual período de 2023. Os números consideram modelos novos e usados.
O destaque, entre as modalidades, ficou por conta dos financiamentos de motos, que cresceram 24,6% no ano passado, comparado a 2023. Em seguida aparecem os autos e comerciais leves, com incremento de 18,7%. Enquanto as operações relativas a veículos pesados diminuíram 4,6% no Estado, também em base anual.