Quarenta anos de história, embalados por versos que falam ao coração. Quando os primeiros acordes de Cheia de Manias ecoaram, o Brasil se apaixonou e o "didididiê" não saiu da boca do povo. O Raça Negra não apenas atravessou gerações, mas também se enraizou na alma do samba e pagode. Na estrada celebrando quatro décadas de sucessos, o grupo está confirmado na nova edição do Festival Deu Praia, que começa nesta quarta-feira (10) e segue até domingo (14), em uma estrutura com areia dentro do Ginásio Goiânia Arena.Pitty, Xanddy Harmonia, 3030, Maskavo, Mr. Gyn e os sertanejos George Henrique e Rodrigo completam a programação do evento. Já o Raça Negra será o responsável pelo show de encerramento. “O repertório será composto pelas canções que marcaram o nosso samba principalmente. Os goianos vão ouvir um pouco de tudo, desde a década de 1990 até agora. Cheia de Manias, É Tarde Demais, Carol, Cigana... Não se preocupem que não vai faltar nenhuma”, garante o vocalista Luiz Carlos, em entrevista ao jornal.Quando o Raça surgiu, em 1983, o samba ainda era considerado música de periferia. O grupo paulista ajudou a popularizar o balanço macio e faceiro do pagode, ainda mais por ter investido em canções românticas acompanhadas de um naipe de sopros, o que não era habitual. “Surgimos com uma proposta diferente, mas foi uma batalha. As casas de shows, rádios e os programas de televisão não quiseram por algum tempo tocar a nossa música, aos poucos as coisas foram acontecendo e hoje estamos aí”, comemora Luiz.Ao longo de quatro décadas foram várias conquistas. O Raça Negra foi o artista nacional a receber o maior cachê do País, enquanto a faixa É Tarde Demais, lançada em 1995, entrou no Livro dos Recordes ao se tornar a música mais tocada em um único dia no mundo – o hit foi executado 600 vezes. Atualmente, o grupo tem 3,2 milhões de ouvintes mensais nas plataformas digitais, 12 milhões de seguidores nas redes sociais e 1,7 bilhão de visualizações no YouTube. Já Cheia de Manias coleciona mais de 180 milhões de reproduções no Spotify.“Nossa, temos tanta história boa que vivemos nesses 40 anos. Lembro quando conquistamos o maior cachê por um show nacional na década de 1990, foi um orgulho, porque existe ainda preconceito com nossa música. Outra marca importante foi quando cantamos para mais de 1 milhão de pessoas em um feriado no Anhangabaú, em São Paulo. Foi inesquecível. Para você ver como cada marca é importante, lembro da faixa Caroline lá no começo da carreira que foi inspiração para o nome de muitos bebês na época”, lembra Luiz.Ao longo de tantos sucessos, Luiz Carlos não consegue escolher o disco mais significativo da carreira da banda. “O público sempre quer ouvir as músicas que marcaram e marcam a vida delas. São gerações que cresceram com o Raça Negra. Temos muitos trabalhos, por isso é difícil escolher um. Enfim, a gente canta sobre amor e o amor nunca sai de moda”, justifica. Em 2023, eles gravaram O Mundo Canta Raça Negra com canções inéditas e regravações, ao lado de Dilsinho, Tierry e das atrações internacionais Anselmo Ralph e Joey Montana.A música do Raça Negra não tem fronteiras. A banda já fez turnês por toda a América Latina, vários países da Europa, mais de 30 shows nos Estados Unidos e apresentações até mesmo no Japão. Fenômeno também na Coreia do Sul, o grupo foi lembrado no K-Festival, evento coreano em celebração aos 60 anos da imigração sul-coreana no Brasil, realizado em Brasília em outubro de 2023. “Hoje, o acesso ao nosso trabalho é fácil, rápido, dinâmico e o nosso som chega a lugares que, anos atrás, nem poderíamos imaginar”, vibra Luiz.Em 40 anos de história, o que não falta são apresentações do Raça Negra em solo goiano. Em 2023, por exemplo, eles tocaram duas vezes, uma no Aparecida É Show e a segunda no Arena Multiplace. “Nossa, eu já estive tantas vezes em Goiás. Lugar bom demais para ser recebido, povo animado, que gosta de beber, é um público muito empolgado nos shows. Com certeza vai ter muito samba para agradecer esse carinho”, ressalta Luiz. A banda, a primeira atração divulgada do Deu Praia, vai se apresentar pela terceira vez no festival.Programação Diferentemente das outras edições, o primeiro dia do festival que mistura esporte, shows e areia, será dedicado para as crianças com o Deu Prainha. Os pequenos vão poder ver shows, interagir com personagens como Moana, integrantes da Patrulha Canina, Stitch e Angel, o pirata Jack Sparrow, entre outros. Na quinta-feira (11), o primeiro show é da banda 3030, formada pelos rappers Bruno Chelles, LK e Rod. O nome foi inspirado no final do número de telefone de uma pizzaria da região de onde vieram, em Arraial d’Ajuda, Bahia. A outra atração do dia são os regueiros do Maskavo. Na sexta-feira (12), os goianos do Mr. Gyn estão na programação. Formado pelos músicos Anderson Richards (vocal), Rodrigo Baiocchi (baixo), Marcos César (bateria) e Elvis Barzotto (guitarra), o grupo, dono de 11 álbuns, traz hits como Sonhando e Minha Juventude. A roqueira Pitty deve fechar o terceiro dia de festival. A roqueira retorna aos palcos depois de adiar a agenda ao passar por uma cirurgia de emergência. Sem entrar em detalhes sobre o procedimento e diagnóstico, ela ficou afastada durante dez dias. Na penúltima noite, a mistura será entre o sertanejo da dupla George Henrique e Rodrigo e o axé de Xanddy, que ficou conhecido no comando do Harmonia do Samba. O Raça Negra faz o encerramento no domingo. Além da música, o evento vai receber uma etapa do Campeonato Brasileiro de Futvôlei, que vai reunir 700 atletas, lutas de boxe com a presença de Acelino “Popó” Freitas, tetracampeão mundial da modalidade, e aulão de defesa pessoal voltado para mulheres, que ensinará técnicas de jiu-jitsu para autodefesa.SERVIÇOFestival Deu PraiaData: Quarta-feira (10) a domingo (14)Horário: Abertura dos portões a partir das 18 horasLocal: Ginásio Goiânia Arena / Av. Fued José Sebba, Jardim GoiásIngressos: de R$ 70 a R$ 350 (Passaporte)Atrações Principais:10/7 - Deu Prainha11/7: 3030 e Maskavo12/7: Mr. Gyn e Pitty13/7: GH e R e Xanddy14/7: Raça NegraInformações sobre preços: www.bilheteriadigital.com