Não é fácil ser idoso no Brasil. Essa é uma das lições que os 77 anos de idade e experiência da atriz Zezé Motta trouxeram a ela. "O Brasil não valoriza sua cultura, sua história. E imagina o idoso? Não existe dignidade muitas vezes nem respeito. Ser idoso no Brasil é para os fortes, para os que lutam e resistem."E é sabendo disso que Zezé procura levar sua velhice da melhor forma. Segundo ela, a idade trouxe mais amadurecimento e otimismo para transpor os desafios da vida."Não penso que tenho 77 anos. Às vezes, sinto uma dor aqui, outra ali, logo tomo um remedinho e foi (risos). Já quero logo saber da minha agenda do dia seguinte. Não paro de trabalhar. Fiz anos de análise e tive todas as crises que uma mulher pode ter. Agora cansei, desencanei", revela.Aproveitando temas ligados à idade, Zezé vai debater com alguns convidados no especial da Globo Falas da Vida, no ar no canal nesta sexta-feira (1º), quando também é comemorado o Dia Internacional dos Direitos da Pessoa Idosa.Na atração, Zezé baterá um papo com cinco pessoas anônimas com mais de 60 anos. Os assuntos vão girar em torno desde o preconceito e as dificuldades pelas quais passam como sobre trabalho, namoro, sonhos, conquistas e a importância deles para a sociedade. Vai ao ar após a novela "Império"."Minha vida já rendeu livro, artigos acadêmicos, tese. Quando a gente vive muito coleciona histórias, momentos, aprendizados e acabamos tendo com o que contribuir. A minha contribuição nesse especial será além de ser uma mulher madura e experiente, será de otimismo mesmo", analisa.Os telespectadores, segundo a artista, poderão se identificar com as figuras do especial e refletir. Já para a diretora Patricia Carvalho, será importante conferir a resiliência dessas pessoas. "Não existe esse negócio de 'apesar da idade'. Apesar de limitações inevitáveis, tudo ainda pode ser sonhado. O Falas da Vida será uma atração inspiradora e encorajadora", diz a diretora.Zezé Motta hoje tem mais de 50 anos de carreira e adora ser ativa. Porém, para isso ela precisa cuidar do corpo e da saúde. "Sempre fui assim, sempre comi bem, bebo muita água, faço caminhadas, tomo o sol da manhã, me amo. Hoje uso um pouco mais de cremes, do dedo mindinho ao último fio de cabelo", diverte-se.A vaidade levou Zezé a olhar mais para as redes sociais. Atualmente, ela usa de sua capacidade em se comunicar para fazer publicidades de produtos para a pele para quem a segue no Instagram. O assédio de marcas aumentou no período de pandemia."Eu gosto de compartilhar ideias e colocar opiniões. Tenho feito inúmeras campanhas e isso tem sido ótimo para mim que sou uma artista 70+ em um país que pouco valoriza os seus. O mercado resolveu entender que o homem e a mulher 70+ também consome", aponta ela, feliz em dizer que a base de idade de que a segue fica entre meninas dos 18 aos 35 anos.E já que a atriz é um sucesso nas redes sociais, com mais de 700 mil seguidores, agora ela aproveita para tentar achar um grande amor. Porém, diz ela, talvez o meio online não seja o melhor trunfo para isso."Olha, não consigo dar conta com as redes sociais, é muita gente. Nesse ponto prefiro ser à moda antiga: receber um telefonema, uma mensagem no celular, quem sabe? Vivo, sim, à procura de um grande amor. Sem isso acho que a vida fica morna, sem graça", explica.Ela sabe e gosta de servir de referência até mesmo quando o assunto é sexo. "Eu sempre lidei muito bem com o tema. Vivi no auge dos anos 1970 onde tudo era permitido. No final daquela década, me elegeram símbolo sexual por conta da personagem Xica da Silva que fiz no cinema."A atriz também já está com as duas doses da vacina contra Covid-19 tomadas. "Quero tomar a terceira", almeja. Mas, desde antes da pandemia, Zezé diz que já estava mais caseira e que só saía de casa para trabalhar quando necessário. Ela ainda comemora o fato de ter ao menos seis filmes para serem lançados, projetos na música e mais campanhas.