Danielle Mendes Xavier de Brito sofreu uma reação alérgica grave que evoluiu para uma parada cardiorrespiratória ainda na clínica

Danielle Mendes Xavier de Brito morreu após sofrer reação alérgica grave, que evoluiu para uma parada cardiorrespiratória (Reprodução e Divulgação/Polícia Civil)
A irmã de Danielle Mendes Xavier, servidora que morreu após realizar um procedimento estético em Goiânia, fez um desabafo sobre a perda da irmã. Ana Elise Coelho afirmou que está arrasada e disse que o que aconteceu com Danielle é 'inacreditável'. Danielle sofreu uma reação alérgica grave que evoluiu para uma parada cardiorrespiratória ainda na clínica, no Parque Lozandes, em Goiânia, no último dia 30.
É inacreditável o que aconteceu, é surreal. A menina sai linda de casa para fazer uma avaliação para fazer um procedimento quando entrasse de férias, de uma coisa específica, não era para mexer no rosto. Segundo a delegada Débora Melo, ela foi convencida a fazer o procedimento", afirmou.
Ana Elisa também relatou como têm sido os últimos dias na ausência de Danielle. "Estamos tentando ir levando, um dia de cada vez. Mas está todo mundo meio sem acreditar, a gente parece que está em um filme. Vai demorar, porque ela não estava doente, ela não ia fazer nenhum procedimento, ela foi fazer uma consulta. É uma dor muito grande", destacou.
Dona da clínica tentou fazer visita
A dona da clínica em que Danielle realizou o procedimento estético, Quesia Rodrigues Biangulo Lima, tentou visitar a vítima no hospital, segundo a irmã de Danielle.
"Ela [a dona da clínica] esteve dois dias no Hugo [Hospital de Urgências de Goiás]. No sábado ela foi com minha irmã, e esteve lá o tempo todo, até a hora que eu fui embora. No domingo, ela falou comigo ao longo do dia e esteve lá para tentar visitar", afirmou Ana Elise Coelho.
O POPULAR entrou em contato com a defesa de Quesia Rodrigues Biangulo Lima na manhã de quarta-feira (11), mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem. Anteriormente, a defesa de Quésia afirmou que ela "em todo tempo colaborou com as investigações e prestou auxílio à sua paciente bem como à família" (leia íntegra ao final da reportagem) .
À reportagem, Ana Elisa relatou como foi a conversa entre ela e Quésia no hospital.
"Quando eu fui ao encontro dela para avisar que ela não poderia entrar, ela disse 'nossa menina está boa, né?' e eu falei 'não, nossa menina está morta'. Nessa hora ela se desesperou e eu falei que precisava voltar para acompanhar os protocolos. Ela insistiu para que eu arrumasse para ela entrar, mas logo depois a polícia chegou e a chamou", contou.
A irmã de Danielle também contou que Quésia pediu perdão para ela. "À noite ela estava lá [no hospital] me esperando. Ela chorou, me abraçou, pediu perdão. Falou que não tinha intenção nenhuma. Quando os aparelhos foram desligados na segunda-feira, ela também me mandou mensagens", ressaltou Ana Elise.
Entenda o caso

À esquerda Quésia Rodrigues Biangulo Lima, dona da clínica de estética, onde a servidora realizou um procedimento estético. A direita o suposto produto usado no procedimento (Reprodução / Redes Sociais / Polícia Civil)
De acordo com a delegada Débora Melo, responsável pela investigação, o procedimento foi realizado na manhã do último dia 30 e a mulher morreu no domingo (1º), no Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo). Na ocasião, a vítima teria ido pela primeira vez até a clínica da biomédica e enfermeira, Quesia Rodrigues Biangulo Lima, para uma avaliação e orçamento, mas foi convencida a fazer o procedimento, uma aplicação da enzima hialuronidase.
O procedimento, de acordo com a PC, foi realizado por Quésia Rodrigues que foi presa em flagrante nesta segunda-feira (2) e a clínica foi interditada. Segundo a delegada do caso, a prisão aconteceu por conta de irregularidades percebidas na clínica. O POPULAR confirmou, na quarta-feira (11), que Quésia Rodrigues segue presa.
Quase imediatamente após a aplicação da hialuronidase, a paciente teve uma reação alérgica grave, segundo a delegada. Na ocasião, Quésia e outros funcionários tentaram realizar os primeiros socorros e fazer a reanimação. "Aparentemente, chegaram a realizar uma traqueostomia na paciente", informou a delegada. No entanto, segundo a investigadora, a clínica não tinha a estrutura necessária em casos de emergência.

Foto mostra produtos vencidos em 2022 encontrados na clínica onde mulher que morrer fez procedimento estético (Divulgação / Polícia Civil)
A suspeita é que o produto utilizado era manipulado e não tinha registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O nome do produto não foi divulgado. Segundo o Conselho Regional de Biomedicina, "o biomédico com habilitação em estética só pode realizar procedimentos previstos em Normativas e nas Resoluções de número 307 e 241, do Conselho Federal de Biomedicina".
"Qualquer produto de uso de saúde, qualquer produto injetável no corpo humano, precisa ser estudado e avaliado pela Anvisa para que seja feita uma avaliação do grau de risco daquele produto", disse a delegada.
Segundo a delegada, o caso foi apurado pela Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra o Consumidor (Decon), que encontrou diversas irregularidades na clínica. A Polícia Científica e a Vigilância Sanitária de Goiânia fizeram uma vistoria no local e encontraram elementos em desacordo com a legislação sanitária, medicamentos vencidos, sujidades e produtos que não têm registro na Anvisa, segundo a polícia.
"Foram verificadas inúmeras irregularidades sanitárias: medicamentos vencidos, anestésicos de uso hospitalar que não poderiam estar nesse local, itens cirúrgicos como bisturís, gazes que não haviam sido esterilizados, material sujo. Enfim, várias questões de falta de higiene, falta de cuidados sanitários. Isso é uma situação que expõe o consumidor a risco, expõe a segurança das pessoas", disse a delegada.
Conforme Débora Melo, a profissional foi presa em função das irregularidades percebidas na clínica. Sobre a morte, foi instaurado um outro inquérito, inicialmente registrado como homicídio culposo, segundo a delegada. A responsabilidade dela sobre o caso será concluída após investigação e perícia da substância injetada no corpo da paciente.
Quésia Rodrigues deve ser indiciada pelos crimes de execução de serviço de alta periculosidade, exercício ilegal da medicina e oferecer produto ou serviço impróprio ao consumo.
Quem é a vítima?
Danielle Mendes Xavier de Brito era servidora da Secretaria Municipal de Saúde e trabalhava como assessora da diretoria do Cais Vila Nova . Ela tinha 44 anos e era mãe de dois filhos: um adolescente de 16 anos e um jovem de 18.
Nota defesa Quésia
"Goiânia-GO, 03 de dezembro de 2024.
A defesa da Sra. Quésia Rodrigues Biangulo Lima realiza alguns esclarecimentos em relação aos fatos noticiados pelos meios de comunicação. Incialmente a defesa esclarece aos meios de comunicação bem como a toda sociedade goiana e clientes que, a Dra. Quésia é uma profissional devidamente qualificada e habilitada para realizar a atividade que desenvolve em sua clínica, ela possui formação acadêmica em Biomedicina e enfermagem, o que lhe autoriza a realizar os procedimentos estéticos em questão.
O Conselho Federal de Biomedicina por meio de suas resoluções, já esclareceu sobre a possibilidade do Biomédico realizar tais procedimentos, inclusive com a aplicação de preenchimentos injetáveis (ácido hialurônico), Toxina Botulínica, Fios de Sustentação, Procedimento Estético Injetável para Micro vasos, assim não há que se falar em exercício ilegal ou irregular da profissão.
Diferente do noticiado pela Autoridade Policial, a Clínica no período em que realizou todos os atendimentos em suas clientes estava devidamente regular, possuindo autorização de funcionamento bem como alvará da vigilância sanitária.
Com relação aos medicamentos utilizados nas pacientes da Clínica, todos possuem autorização para serem comercializados, tanto que são adquiridos por meio de empresas devidamente constituídas que possuem autorização para fabricação com emissão de nota fiscal e recolhimento de imposto.
É necessário dizer que deve-se observar antes de qualquer pré-julgamento, que as informações encontram-se distorcidas com o único fim de manter uma prisão irregular e sem fundamento para tal.
A Dra. Quésia em todo tempo colaborou com as investigações, prestou auxilio à sua paciente bem como à família, sendo que esta informação está clara nos autos.
A defesa informa ainda que, com a evolução das investigações estará à disposição para esclarecer novamente à imprensa e a sociedade sobre os desdobramentos, visando restabelecer a verdade do ocorrido.
Por derradeiro cabe dizer que, os defensores legalmente autorizados à prestarem esclarecimentos sobre o caso são apenas subscritores, assim, qualquer informação advinda de outro Advogado dever ser por hora ignorada.
JOSÉ PATRÍCIO JUNIOR
OAB-GO 26.706
ANTONIO CELEDONIO NETO
OAB-GO 38.786"