O Centro de Operações de Emergências (COE) estadual de combate ao novo coronavírus definiu a indicação do mês de agosto para retorno das aulas presenciais de forma gradual e planejada. A sugestão da data é preliminar e pode ser revista dependendo do avanço da pandemia. Um grupo de trabalho com representantes de instituições de ensino e de órgãos públicos vai estudar formas de como realizar essa reabertura de maneira segura.Reportagem do POPULAR publicada no dia 29 de abril revelou que vários integrantes do COE defendiam a posição de que as escolas e universidades só retornassem em agosto. Já são mais de 70 dias sem aula presencial em Goiás. A recomendação técnica da Secretaria Estadual de Saúde de Goiás (SES-GO) para que as atividades educacionais continuem suspensas até 30 de maio deve ser revista e o prazo estendido. As indicações do COE ainda devem passar pelo crivo dos secretários de educação e pelo governador Ronaldo Caiado (DEM).O secretário municipal de Educação de Goiânia, Marcelo Ferreira da Costa e Souza, defende que não é possível fixar uma data de retorno das aulas para evitar o pânico e expectativas frustradas. “Com muito otimismo, a gente poderia voltar em agosto, mas isso depende exclusivamente do panorama epidemiológico para que não se coloque em risco nossos estudantes e professores. Os cenários de volta devem ser feitos com total responsabilidade”, avalia o gestor, que também é presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação, seccional Goiás (Undime-GO).Estudos de pesquisadores da Universidade Federal de Goiás (UFG) preveem que o pico de número de óbitos e necessidade de leitos em decorrência da Covid-19 em Goiás será nos meses de junho ou julho, segundo três cenários possíveis de isolamento social que foram calculados. No entanto, essas previsões são refeitas periodicamente, pois podem variar.Uma das formas de decidir a forma de reabertura gradual das escolas e universidades é acompanhando a forma como estão agindo outros países, que já passaram do pico da pandemia. A SES-GO chegou a fazer um levantamento sobre a situação fora do país. Na maior parte dos locais onde já houve retomada das aulas, há redução da quantidade de estudantes nas salas e criação de regras rígidas de higiene.Alguns países começaram pelo retorno das aulas das crianças e bebês, porque seriam menos suscetíveis ao vírus. Outros começaram pelos adolescentes do ensino médio, porque teriam mais chances de entender e cumprir as novas regras de distanciamento. No caso da França, algumas escolas tiveram que ser fechadas após surto de Covid-19 entre estudantes (veja o quadro).O titular da Educação municipal em Goiânia defende três pilares para consolidar o retorno das aulas: planejamento pedagógico para recuperar conteúdos vistos de forma on-line durante a pandemia; administrativo, com revisão do orçamento da Educação, já que será necessário maior limpeza diária e suportes com álcool em gel; e o pilar operacional, que é a construção de um código de ética entre alunos e servidores para evitar aglomerações e seguir regras de higiene.Além disso, Ferreira defende que o retorno das aulas deve ser diferente em cada cidade de Goiás, dependendo da quantidade de habitantes, estudantes, números de casos confirmados e óbitos de Covid-19 de cada município.O presidente do Conselho Estadual de Educação de Goiás (SEE-GO), Flávio Roberto de Castro, defende que é preciso fazer uma reunião com os pais, antes do retorno das aulas, para explicar as novas regras do ambiente escolar e ganhar a confiança para que os estudantes retornem. “No primeiro momento, é preciso fazer a acolhida dos pais e aos alunos, tratando da questão da saúde mental dos estudantes”, avalia.Flávio, que também é presidente do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino de Goiânia (Sepe), avalia que há necessidade de identificar os profissionais de Educação que fazem parte do grupo de risco, por ter doenças crônicas e mais de 60 anos. Esses profissionais devem continuar a dar aulas a distância.Universidades pedem retorno de atividades práticas As universidades privadas de Goiás querem permissão para retomar aulas com atividades práticas. O objetivo é garantir a formatura de estudantes que estão próximos de concluir seus cursos. Alguns cursos, como Engenharia e Psicologia, só podem ser concluídos com uma quantidade mínima de aulas práticas, segundo regramentos do Ministério da Educação (MEC). No caso dos cursos da área de Saúde, já houve uma permissão dessas práticas, com a contratação de estagiários, por exemplo. Na tarde desta quarta-feira (27), representantes de universidades privadas participaram de uma reunião do COE estadual de combate ao novo coronavírus com a demanda da liberação de aulas práticas. Eles defenderam que são poucos estudantes em cada uma das aulas e que haverá cuidado extremo para garantir a higiene e o distanciamento social. Os representantes das universidades privadas vão elaborar um documento, com dados mais precisos sobre como as atividades vão ocorrer e quantos estudantes vão participar, para que seja avaliada a possibilidade de uma flexibilização do decreto de isolamento.ConsultaO Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino de Goiânia (Sepe) realiza uma pesquisa pela internet com pais de estudantes sobre o retorno das aulas presenciais. São 11 perguntas sobre como deveria ocorrer a reabertura das escolas. Cerca de 15 mil pessoas já responderam o questionário no site www.sepe.com.br. O objetivo é chegar a 40 mil, segundo o presidente da entidade, Flávio Roberto de Castro. O resultado da pesquisa deve ser utilizado para tomadas de decisão sobre a retomada das aulas presenciais.