Geral

Autoteste de Covid com registro na Anvisa custará até R$ 70

Previsão é de que produtos cheguem ao mercado até o dia 7 de março

Folhapress

Modificado em 20/09/2024, 02:19

Autoteste de Covid com registro na Anvisa custará até R$ 70

Empresas que tiveram autotestes aprovados pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) preveem que o produto chegará ao mercado até o dia 7 de março com preço entre R$ 39 e R$ 70 para o consumidor final.

A Anvisa autorizou a venda de autotestes no Brasil em 28 de janeiro. Cada empresa precisa solicitar o registro para comercializar o produto.

A empresa Eco Diagnóstica teve dois autotestes aprovados, sendo um de swab (cotonete) nasal e outro por meio da amostra de saliva.

A previsão da empresa, que terá a fabricação do produto em Corinto (MG), é de que os autotestes estejam disponíveis nas farmácias até o dia 7 de março. O valor deve ficar entre R$ 39 e R$ 69.

O produto será vendido de três formas: individual e também caixa contendo três e cinco testes.

A empresa é a única que possui o produto aprovado para ser realizado com a coleta de saliva. Ela não precisa da utilização do swab (cotonet), mas o kit possui esse item para transferir a quantidade certa da saliva do copo para o tubo de extração.

O outro produto registrado da empresa é o Autoteste COVID Ag Detect, com amostra obtida por swab nasal não profundo.

Já o sócio-proprietário da empresa Kovalent, João Paulo Alves Janoni, disse que o autoteste deve chegar nas redes autorizadas de 7 a 11 de março. A fábrica, que fica em São Gonçalo (RJ), tem capacidade de produzir semanalmente 150 mil testes.

Ele disse que ainda não tem um valor fechado do produto porque depende do preço dos insumos que chegam de outros países, mas acredita que pode ficar na faixa de R$ 55 a R$ 70 para o consumidor final.

O produto oferecido por ele é o SGTi-flex COVID-19 Ag - AUTOTESTE, desenvolvido para uso de amostra de swab nasal não profundo.

"A gente registrou na Anvisa embalagens contendo 1, 2 e 5 autotestes, mas no primeiro ciclo vai oferecer ao mercado a caixa com apenas 1 produto", destacou.

A empresa CPMH (Comércio e Indústria de Produtos Médicos Hospitalares e Odontológicos), que teve o primeiro autoteste aprovado em 17 de janeiro, não forneceu informação sobre valores.

O presidente-executivo da CBDL (Câmara Brasileira de Diagnóstico Laboratorial), Carlos Eduardo Gouvêa, disse que as empresas produtoras e importadoras de autotestes são responsáveis pelo preço.

Ele avaliou que só a indústria instalada no Brasil tem capacidade de produzir até 10 milhões de autotestes de Covid por mês. Ele espera que todos se esforcem para que o produto seja acessível e competitivo.

Destacou ainda que o país está num período em que ainda há muitas demandas por testagem e isso deve ampliar.

"Mesmo sem os eventos de rua, pessoas irão viajar, aglomerar no período do Carnaval, sendo que há chance de aumentar a contaminação. O momento ainda é oportuno e é mais uma ferramenta de combate à Covid", destacou Gouvêa.

Assim como acontece em outros países, na sua visão, os governos federal e estaduais deveriam adotar o autoteste como mais uma ferramenta de testagem para as pessoas. Apesar de ser financeiramente mais acessível que os outros, ele não deve chegar a todos.

O Ministério da Saúde já sinalizou que não pretende comprar autoteste para distribuir à população.

Segundo a Anvisa, o produto poderá ser comprado em farmácias, drogarias e estabelecimentos de saúde que estejam licenciados junto à vigilância sanitária como comércio de artigos médicos. Esses estabelecimentos também poderão fazer a comercialização online.

No total, 72 pedidos de registros foram feitos para a agência reguladora, sendo que quatro foram aprovados.

Além desses, cinco estão com a análise concluída e aguardam publicação no Diário Oficial da União e 13 foram reprovados.

Há também 28 que foram distribuídos para a área responsável e aguardam a análise, três estão em processo de análise e 19 estão em exigência, ou seja, a agência reguladora solicitou mais dados para a empresa.

O autoteste é o produto que permite que a pessoa realize todas as etapas da testagem, desde a coleta da amostra até a interpretação do resultado, sem a necessidade de auxílio profissional.

Para isso, deve seguir atentamente as informações das instruções de uso, que possuem linguagem simples e figuras ilustrativas do seu passo a passo.

Esse tipo de produto permitirá a ampliação da testagem de indivíduos sintomáticos, assintomáticos e possíveis contatos. Será possível assim o isolamento precoce e a quebra de cadeia de transmissão.

Conforme estabelecido em nota técnica do Ministério da Saúde, o autoteste passará a ser uma nova ferramenta de triagem do PNE (Plano Nacional de Expansão da Testagem) do Ministério da Saúde.

Com isso, quem receber resultado positivo deverá procurar uma unidade de atendimento de saúde ou teleatendimento para que um profissional da saúde realize a confirmação do diagnóstico, notificação e orientações pertinentes de vigilância e assistência em saúde.

Geral

Comércio registra falta de peixes, que ficam caros

Período da piracema e a forte seca na Amazônia em 2024 são apontados como motivos da escassez; Quaresma faz procura aumentar

Maiara Souza, gerente da Peixaria Pescados & Cia: espécies como pintado são ainda mais procuradas na Quaresma

Maiara Souza, gerente da Peixaria Pescados & Cia: espécies como pintado são ainda mais procuradas na Quaresma (Wesley Costa / O Popular)

Muitas peixarias de Goiânia estão enfrentando a escassez de alguns peixes de rio justamente durante este período da Quaresma, quando as vendas aumentam até 30% em relação aos demais meses do ano. A movimentação em busca de pescados já aumentou em praticamente todos os estabelecimentos da capital, mas a falta de algumas espécies tem preocupado as empresas e feito os preços de alguns peixes subirem acima do esperado no mercado.

Entre os motivos, estão a forte seca nos rios da Amazônia em 2024, que desabasteceu muitos distribuidores, e até o período da piracema ou de defeso, que, neste ano, se estendeu até o último dia 28 de fevereiro, quando a pesca foi liberada. Isso acabou atrasando o início do período de pesca para o mês de março, quando a Quaresma já havia começado.

A assistente administrativa da Nova Peixaria, no setor Leste Vila Nova, Adriana Rocha da Silva, informa que, geralmente quando começa o período da Quaresma, o movimento cresce de 30% a 50% em relação aos dias normais. "Neste ano, o movimento já aumentou desde a Quarta-feira de Cinzas, quando já notamos um aumento na procura pelos peixes", conta. Espécies como pintado e caranha, além dos filés de tilápia e de salmão estão entre os mais procurados pelos clientes que seguem a tradição religiosa.

Porém, neste ano, estão faltando muitos peixes, principalmente as espécies com escamas, como tucunaré, traíra e piau. Por conta disso, segundo Adriana, os preços subiram de 20% a 30% em relação ao ano passado.

"Esse é o período de pesca fechada e trazemos muitos peixes da região amazônica, onde a forte seca prejudicou muito a oferta no ano passado. Hoje, cada remessa que chega, vem com um novo aumento", explica.

Rodrigo de Souza Katu, proprietário Peixaria do Japão, na Cidade Jardim, também confirma que muitos peixes estão em falta neste ano, principalmente os nativos de rios, como o pintado, pirarara, jaú, piau e tucunaré, que estão mais difíceis de encontrar devido ao fato do final do período da piracema ter coincidido com o início da Quaresma. "A pesca foi liberada há pouco tempo, em 28 de fevereiro, e ainda não deu tempo dos peixes chegarem. Por isso, estamos correndo atrás agora, mas está faltando e estamos perdendo venda", lamenta o empresário.

O resultado disso, segundo ele, tem sido um aumento de R$ 1 a R$ 3 no preço do quilo do pescado. Mas peixes de cativeiro, como filé da tilápia, tambaqui e pintado, também ficaram mais caros. "Mesmo assim, acho que ainda estão mais acessíveis em comparação à carne bovina, por exemplo", ressalta Rodrigo Katu.

Semana Santa

Ele conta que o movimento de clientes já aumentou de 20% a 30%, por isso está sendo necessário buscar mais peixes no mercado. "Até a Semana Santa a oferta deve normalizar, mas os preços devem continuar mais altos", prevê. O quilo das postas de pintado, por exemplo, que no ano passado custava entre R$ 42 a R$ 43, neste ano já está sendo vendido por R$ 53 e deve subir ainda mais até a Semana Santa, chegando a cerca de R$ 55 reais.

Na Peixaria do Gordo, no Centro de Goiânia, a procura pelos pescados já aumentou cerca de 15%. O vendedor Túlio Medeiros informa que os peixes mais procurados são o pintado, filé de tilápia e tambaqui. Ele também reforça que os preços não subiram por conta do início da Quaresma, mas por causa da falta do produto no mercado. "Um dos motivos foi o fato da piracema ter coincidido com a Quaresma neste ano. Não está tendo peixe no mercado, como tucunaré e piau", destaca.

Medeiros conta que a peixaria não está recebendo nem metade dos pedidos que faz para as distribuidoras. "Se pedimos mil quilos de pintado, só chegam 200 ou 300 quilos. A seca na Amazônia ainda não conseguiu recuperar os estoques das distribuidoras. O que chega no frigorífico já sai bem rápido", garante.

Ele acha difícil a oferta se normalizar até a Semana Santa, o que vai depender muito do desempenho da produção de peixes nos cativeiros. "Os peixes de rio dependem da natureza e só agora os pescadores estão saindo pra pescar, apesar de estarem trabalhando dobrado. Estamos nos esforçando para não faltar", garante.

Maiara Souza, gerente da peixaria Pescados & Cia, no setor Bela Vista, diz que a empresa tem conseguindo segurar os preços em relação ao ano passado. "As vendas aumentam 30% neste período e os católicos são os que mais consomem, mas temos clientes que compram o ano todo", destaca. Ela informa que as vendas começaram a crescer ainda na segunda-feira de carnaval, pois muita gente resolve estocar com medo das altas de preços.

Os mais procurados são tilápia, pintado e até bacalhau, caranha e tambaqui. "Esta é uma época em que reforçamos o estoque e trabalhamos com promoções diferentes todas as semanas para incentivar o consumo", comenta a gerente. Entre as promoções, ela dá o exemplo do bacalhau do Porto, que está sendo vendido por R$ 140, enquanto o quilo do peixe tipo bacalhau Saithe sai por R$ 79,90.

No Armazém do Pescado, no setor Bueno, o proprietário Rogério Naves conta que desde a Quarta-feira de Cinzas já houve um acréscimo natural das vendas, que aumentaram de 15% a 20%, apesar do grande movimento ser esperado mesmo para a Semana Santa. "Estamos com bom estoque neste ano. Os mais procurados por nossos clientes são bacalhau e salmão, além de tilápia, pintado e robalo, que estão com oferta regular", garante.

Porém, os preços estão maiores que no ano passado e até podem subir um pouco mais nos próximos dias. Naves conta que o bacalhau do Porto já teve uma alta de cerca de 20%. "Nossa clientela é mais de público A e as vendas continuam boas para este período. Esperamos vender mais que na Páscoa do ano passado porque, a cada ano, as pessoas comem mais peixe", destaca o empresário.

Geral

Prefeitura enfrenta desafios para realocar ambulantes no Centro

Paço quer remanejar comerciantes informais para pontos nas galerias até o fim de março. Camelôs, contudo, alegam alto custo para manter estandes

Modificado em 28/02/2025, 07:06

Sandro Mabel estabeleceu prazo até o dia 30 de março para a retirada dos ambulantes da Região da 44

Sandro Mabel estabeleceu prazo até o dia 30 de março para a retirada dos ambulantes da Região da 44 (Wildes Barbosa / O Popular)

Ao chegar na capital goiana em 2019, Geuma Conceição estabeleceu uma loja de roupas em uma das galerias localizadas na Região da 44. Durante quatro anos, manteve o sucesso na comercialização dos produtos, mas o alto custo para manter o ponto, associado ao baixo volume ocasionado pela pandemia da Covid-19, fez o negócio degringolar. Sem opção, decidiu montar uma banca na calçada para trabalhar como ambulante. E a história da comerciante não é a única dentre os ouvidos pela reportagem, o que mostra o desafio que a Prefeitura de Goiânia terá para conseguir realocar os camelôs que ocupam as vias do polo comercial.

O prefeito Sandro Mabel (UB) disse em entrevista à TV Anhanguera, nesta quarta-feira (26), que o remanejamento será concluído até o fim de março, ou seja, em um prazo de 30 dias. O POPULAR já havia mostrado, na edição do último dia 19, que os ambulantes da 44 poderiam ser realocados por meio da criação de um aluguel social, para que eles ocupassem espaços vazios nos empreendimentos comerciais da região, ou mesmo para feiras realizadas nas proximidades. No caso do aluguel social, a cobrança será progressiva. A medida, contudo, não tem agradado quem trabalha no local.

"Quebrei por causa do aluguel", resume Geuma. Ela conta que, à época, a locação do ponto custava em torno de R$ 2,1 mil mensais. Por conta da pandemia, houve até uma redução, caindo para R$ 1,5 mil. Mas, mesmo assim, ela não conseguiu manter. "Compreendo que tem dificuldade, mas que deixasse a gente só de madrugada, ou uma galeria só dos camelôs. Infelizmente, a gente precisa da rua, é daqui que a gente vive. Se eu tivesse condições, não ficaria aqui, pegando sol e chuva", comenta, ao mostrar a camiseta molhada nas costas, por conta da chuva que caiu na região na tarde desta quinta-feira (27).

A vendedora ambulante de roupas femininas também relata que começa a trabalhar de madrugada, com uma meta de tirar cerca de R$ 300 por dia. Mas, nem sempre esse montante é atingido. "Está muito parado. Tem dia que a gente 'come' a peça. Estou vivendo só com o básico (comida, água e luz), e se tirar isso, estamos mortos. Tem muita mãe e pai de família aqui lutando para vender uma peça de roupa para poder levar sustento para a família. Mas acredito que ele (Mabel) fará algo que não nos prejudique", acrescenta.

Há mais de 20 anos na Região da 44, Raimunda Gomes também teve a experiência de manter uma loja em uma galeria por oito anos. Mas, em 2023, não conseguiu mais manter. "Onde era mais barato, não vendia muito." Conforme ela, mesmo com o aluguel social, seria difícil arcar com os custos, já que desde o início teria de pagar o condomínio do empreendimento comercial. "Estão querendo tirar a gente por covardia. Nem as lojas estão vendendo. Seria um sonho (ir para a galeria), ninguém quer ficar na rua, mas não queremos ficar nas condições precárias. Vão jogar a gente lá para o 'fundão'. Queremos um lugar bom e justo. Então não é que a gente não quer, mas não temos condições", elenca.

O ambulante Evaldo Frederico percorre as calçadas da 44 em busca de clientela desde 2013. O relato dele também é de dificuldade para manter um aluguel em uma galeria, e reclama dos poucos dias de realização das feiras nas proximidades -- Feira Hippie (sexta-feira, sábado e domingo) e da Madrugada (quarta e quinta-feira). "Acho errado fazer isso porque não tenho condições de pagar loja em galeria. Não está dando nem para pagar as contas em casa. Deveria conversar primeiro com os camelôs, esquematizar um horário para a gente trabalhar, para todos se adaptarem. É mais um pretexto para tirar a gente da rua. Está indo na brutalidade. Mas se tiver diálogo, resolve tudo", diz.

Propostas

Presidente da Associação Empresarial da Região da Rua 44 (Aer44), Sérgio Naves explica que a proposta de aluguel social será feita de forma progressiva. "Nos seis primeiros meses, o aluguel será isento e só se paga o condomínio. Depois, paga 30% de aluguel e condomínio. A partir de um ano, 60%, e depois de um ano e meio, arca com 100%." O subsídio para a locação, conta, será do próprio empreendimento comercial. O quantitativo de lojas a serem ofertadas por meio do aluguel social, contudo, ainda está sendo levantado.

Conforme ele, a proposta é revitalizar a região, transformando-a não apenas em um ponto comercial, mas também em um ponto turístico. "(A realocação) já é um primeiro passo para revitalizar", comenta. Naves diz ainda que tem mantido, por intermédio da Prefeitura, diálogo com representantes dos ambulantes e cita que a conversa tem evoluído. Desta forma, cita, não deve haver um confronto em relação à medida. Para Naves, o prazo mencionado por Mabel é "exequível", haja vista que já há um levantamento com os ambulantes que estão cadastrados junto à Prefeitura que, conforme ele, foi feito em dezembro passado. "Se ele falou, é porque está de acordo."

Conforme ele, a média de um aluguel nos shoppings centers e galerias populares que são ligadas à associação varia entre R$ 50 a R$ 1,3 mil o metro quadrado (m²), e a média do condomínio é de cerca de 10% do valor total da locação do espaço. "Varia muito, mas tem aluguel mais barato que na feira", cita. O presidente da Aer44 acrescenta que um plano de ação foi sugerido à Prefeitura e falta, apenas, a aprovação do prefeito. Uma nova reunião entre eles deve ser realizada no início de março.

Associação diz ainda não ter sido procurada

Presidente da Associação da Feira Hippie, Waldivino da Silva aponta que a entidade ainda não foi procurada oficialmente pela Prefeitura de Goiânia para tratar sobre a realocação de ambulantes em pontos da feira. Contudo, cita, há espaço para recebê-los. "Hoje temos cerca de 700 a 800 espaços disponíveis. Ainda não chamaram para falar sobre isso, mas estamos abertos. Mas precisa sentar e conversar para evitar um conflito, porque isso afasta o cliente. Não é com estalar de dedos", diz.

A Prefeitura diz, em nota, que ainda "está realizando um levantamento detalhado da quantidade de ambulantes que atuam na Região da 44, com o objetivo de encontrar uma solução organizada e justa para todos". "A proposta é realocar os trabalhadores informais para um espaço adequado, garantindo melhores condições de trabalho", pontua. "A gestão está empenhada em dialogar com todas as partes envolvidas para construir uma solução equilibrada, preservando a organização e o desenvolvimento econômico da região."

Na última semana, o POPULAR mostrou ainda que uma das propostas do prefeito Sandro Mabel (UB) era firmar uma parceria com o Sebrae para que os camelôs recebam treinamento e possam se desenvolver melhor como empreendedores para gerar renda às famílias. Após isso, o chefe do Executivo reforça que deve haver uma fiscalização mais intensiva para garantir que as calçadas não sejam mais ocupadas pelo comércio informal. "Não podemos nos esquecer de que são pais de família, pessoas que precisam trabalhar para levar o sustento para suas casas", disse, na ocasião.

Geral

Troca de produtos só em casos previstos na lei ou via acordo

Apesar de não serem obrigados, lojistas costumam trocar presentes que não serviram ou não agradaram, mas há direitos e deveres para os dois lados

Modificado em 28/12/2024, 15:31

Das compras às trocas: consumidor deve se informar com lojistas

Das compras às trocas: consumidor deve se informar com lojistas (Fábio Lima / O Popular)

Depois da correria das compras de fim de ano, as lojas voltam a receber muitos consumidores a partir deste dia 26 de dezembro para a troca de presentes. Apesar de não serem obrigados a trocar um presente simplesmente porque ele não serviu ou não agradou, a grande maioria dos lojistas aceita fazer esta operação para conquistar o cliente e até fazer novas vendas. Mas lojas e consumidores devem estar atentos, pois a troca de presentes segue regras que variam de acordo com o local de compra e a motivação.

O advogado especialista em Direito do Consumidor pela Universidade Federal de Goiás (UFG) e em Direito Econômico pela Universidade de São Paulo (USP), Woshington Reis, alerta que, em primeiro lugar, é preciso estar atento ao que diz o Código de Defesa do Consumidor (CDC). Ele lembra que existem regras diferentes para compras online e físicas. No caso das lojas físicas, o lojista não é obrigado a fazer a troca por qualquer motivo. "Mas ele tem esta política de troca para atrair novos clientes e vender mais", destaca.

Apesar das regras serem criadas individualmente por cada loja, todas devem respeitar as normas no CDC. Mas Reis adverte que é importante que elas sejam muito bem divulgadas para o consumidor, que, por sua vez, deve ter o cupom fiscal, a embalagem e as etiquetas preservadas. Geralmente, cada loja também determina um prazo máximo para as trocas, que costuma ser de cerca de 30 dias. Mas o advogado ressalta que no caso do produto apresentar um defeito ou vício, o que manda são as regras do CDC.

"Se tiver assistência técnica na localidade, o consumidor tem de enviar o produto pra lá. Mas, se não tiver, a própria loja deve encaminhá-lo para a assistência", explica. Se o vício não for resolvido em até 30 dias, o consumidor pode optar pela devolução do dinheiro pago, abatimento no preço do produto, de acordo com o nível da avaria, ou receber outro produto semelhante. "Mas, às vezes, o consumidor comprou produto na promoção e, se pegar o dinheiro de volta, não conseguirá comprar outro", adverte Reis.

Outro problema é quando o lojista fala que não dá garantia para produtos em promoção ou de mostruário. Segundo ele, isso não pode acontecer, pois a lei dá ao consumidor a garantia de 90 dias para produtos duráveis e de 30 dias para não duráveis, no caso de produto com defeito. "Já a garantia estendida oferecida pela loja é contratual. Se ele dá um ano, tem de cumprir e adicionar mais 90 dias de garantia prevista pelo CDC", informa.

Compra virtual

Já a compra virtual tem normas diferentes, pois o artigo 49 do CDC dá direito a devolução do produto por qualquer motivo em até sete dias. Além disso, o advogado lembra que o frete para devolução deve ser custeado por quem vendeu. "Essa regra só não se aplica se for um produto customizado, que não será utilizado pelo mercado de consumo em geral. Nas demais situações, o consumidor tem os mesmos direitos já relatados nas compras físicas", explica o advogado.

Se a pessoa comprou produto para o Natal e não recebeu a tempo, também tem direito à devolução dentro da regra dos sete dias, mas precisará comprovar o prazo de entrega. Ele alerta para a importância de guardar sempre a nota ou cupom fiscal, se comunicar sempre por escrito ao estabelecimento para registrar que esteve lá reclamando para troca ou devolução, por exemplo. "Evite contatos via telefone, pois, apesar de serem gravados, é mais trabalhoso conseguir estas gravações."

Marco Palmerston, superintendente do Procon Goiás, também ressalta que uma loja física só tem a obrigação de trocar, devolver o produto ou o dinheiro se o produto estiver com algum vício ou defeito. "Se você comprou um sapato que deu de presente e ele ficou pequeno, ou uma blusa que a pessoa não gostou da cor, a loja não é obrigada a fazer essa troca", explica. Por isso é importante se informar sobre a política de troca na hora da compra, ou seja, se certificar de que ela fará a troca e em quais condições. "No caso de um brinquedo com algum vício ou defeito, eles também são obrigados a trocar", alerta.

No caso de compras em lojas virtuais, ele alerta para a importância de tomar alguns cuidados, verificando se aquela loja é idônea, se ela tem aquele selo de autenticidade lá em cima nas redes sociais, a quantidade de seguidores, a última postagem que ela tem para saber se aquele site não é muito novo e, quando comprar qualquer produto, tanto em loja física quanto online, sempre pegar a nota fiscal. "Nunca deixe de pegar a nota fiscal, o comprovante é o mais preciso que você tem para poder trocar algum produto, além de e-mail ou contrato. Você tem até sete dias para trocar", destaca Palmerston.

Por isso, assim que o produto for entregue, é importante não demorar a conferir se ele não tem nenhum vício e se é o que a pessoa realmente pediu para buscar o reembolso do dinheiro ou a troca do produto em tempo hábil.

O superintendente do Procon Goiás alerta para, no caso das compras online, sempre verificar se o site tem aquele cadeadinho para compra segura e se não tem reclamações em órgãos de defesa do consumidor. "Mas se você comprar um produto de uma empresa que não existe ou que não chegou, acione o Procon pelo fone 151, que é o Disque Denúncia, ou pelo nosso site, que é o Procon Web".

Fidelizar o cliente

A superintendente executiva da CDL Goiânia, Hélia Gonçalves, ressalta que, junto com o aumento significativo nas vendas do comércio no fim de ano, surgem também as possibilidades de troca de produtos. Por isso, a flexibilidade nas políticas de troca é extremamente importante para fidelização do cliente e para garantir uma experiência de compra positiva.

Segundo ela, é importante destacar que essa experiência do cliente não termina na compra. "Quando o consumidor se sente à vontade para trocar um produto, isso acaba demonstrando também que a loja se importa com a sua satisfação e se torna uma oportunidade de fidelizar esse cliente", afirma.

Para a superintendente da CDL Goiânia, clientes que têm experiências positivas com as trocas tendem sim a retornar à loja e muitas vezes e recomendá-la para amigos e familiares. Para ela, sobre a perspectiva do CDC, é essencial que os lojistas estejam cientes da sua responsabilidade, pois ele estabelece que o consumidor tem o direito a troca de produtos em determinadas situações, como em caso de defeitos ou o item não corresponder às suas expectativas. "Então, ter uma política clara e justa de troca não só protege os direitos do consumidor, mas também resguarda a reputação da empresa", destaca.

De acordo com Hélia Gonçalves, lojistas que adotam essas práticas transparentes e que respeitam a legislação tendem a construir uma relação de confiança com seus clientes. Essa flexibilidade nas trocas não é apenas uma estratégia de marketing, mas um compromisso com a satisfação do cliente e a conformidade legal também. "Nesse cenário competitivo de final de ano, as que compreendem essa importância de criar um ambiente de compras acolhedor e que valoriza a experiência do consumidor se destacam", completa.

Geral

Em Goiás, 845 mil ainda não tomaram nenhuma dose da vacina contra Covid-19

Quase três anos e meio após início da vacinação, SES-GO ainda trabalha para aumentar cobertura vacinal. Neste mês, Estado recebeu cerca de 86,4 mil doses do imunizante atualizado contra a doença

Modificado em 17/09/2024, 16:14

Início da aplicação da nova vacina contra a Covid-19 (monovalente XBB) no Central Municipal de Vacinação, no Setor Pedro Ludovico, em Goiânia Na foto, geral da Central Municipal de Vacinação, no Setor Pedro Ludovico, em Goiânia.

Início da aplicação da nova vacina contra a Covid-19 (monovalente XBB) no Central Municipal de Vacinação, no Setor Pedro Ludovico, em Goiânia Na foto, geral da Central Municipal de Vacinação, no Setor Pedro Ludovico, em Goiânia.
 (Wesley Costa)

Quase três anos e meio após o início da vacinação contra a Covid-19, Goiás ainda possui 845,8 mil pessoas que não tomaram nenhuma dose do imunizante contra a doença. Neste mês, o governo estadual recebeu cerca de 86,4 mil doses da nova vacina atualizada contra a Covid-19, a monovalente XBB, da farmacêutica americana Moderna, que protege contra as principais cepas em circulação hoje. Mesmo assim, a Secretaria de Estado de Saúde de Goiás (SES-GO) ainda enfrenta desafios para aumentar a cobertura vacinal de alguns grupos, especialmente crianças.

A nova vacina está incluída no Calendário Nacional de Vacinação (para crianças de 6 meses a 4 anos, 11 meses e 29 dias), além de ser indicada para grupos prioritários e pessoas que ainda não tomaram nenhuma dose do imunizante. Atualmente, a recomendação é de que pessoas que nunca se vacinaram contra a doença recebam apenas uma dose da vacina contra a Covid-19, sendo ela a monovalente XBB.

A superintendente de Vigilância em Saúde da SES-GO, Flúvia Amorim, acredita que notícias falsas relacionadas à vacinação, especialmente de crianças, ajudam a explicar o cenário de pessoas ainda desprotegidas. "Para superar esses obstáculos, nosso trabalho tem sido o de repassar a informação correta", esclarece.

Em Goiás, 6,3 milhões de pessoas acima de 5 anos tomaram pelo menos uma dose da vacina contra a Covid-19 até o primeiro trimestre de 2023. O dado é do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os grupos que mais aderiram foram as mulheres e os idosos.

Flúvia chama atenção para o fato de que uma parte considerável dos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), especialmente os que culminam em internações, ainda são causados por Covid-19. Neste ano, dos 3,2 mil casos de SRAG em Goiás, 15,5% são por Covid-19, enquanto a influenza é responsável por 9,5% até agora. "Não é uma doença do passado, é uma doença do presente", pondera.

Durante o lançamento da campanha Vacina Brasil, ocorrida nesta terça-feira (29), a imunologista e diretora médica de Vacinas da América Latina da Adium/Moderna, Glaucia Vespa, compartilhou do mesmo ponto de vista de Flúvia. "A emergência em saúde pública acabou, mas o vírus continua presente", avaliou. Glaucia também chamou atenção para a tecnologia da vacina, que é baseada no mRNA mensageiro. "Destaque pela eficácia e segurança", disse.

O infectologista e diretor científico da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), Alexandre Naime, pontua que a vacinação contra a Covid-19 não é benéfica só para prevenir quadros graves e mortes, mas também para evitar casos de Covid longa. "É quando o indivíduo permanece inflamado após o episódio agudo (da doença)", explica. Alguns dos principais sintomas são a fadiga e a confusão mental. Mulheres, idosos e portadores de comorbidades fazem parte do grupo de risco. "Como não estamos mais em emergência, é preciso entender que a fisiopatologia da doença está mudando. A melhor forma de se proteger é pela vacina."

Vacina

Na visão da superintendente de Vigilância em Saúde de Goiás, ter uma vacina como a monovalente XBB disponível representa um ganho para a população em termos de proteção. "É a que está mais atualizada no que diz respeito às cepas em circulação." O imunizante é conhecido como monovalente XBB por oferecer proteção contra a subvariante ômicron XBB 1.5, que circulou de forma intensa em Goiás em 2023. "Foi a que mais identificamos nos sequenciamento que fizemos", aponta Flúvia.

De acordo com a SES-GO, as mais de 80 mil doses de monovalente XBB recebidas do Ministério da Saúde já estão nos postos de saúde, que estão abastecidos e orientados sobre a aplicação do imunizante. "Temos a expertise. A forma de armazenamento é a mesma da Pfizer, de ultracongelamento", detalha Flúvia.

Idosos

Os idosos representam 65,1% das 28,5 mil mortes por Covid-19 ocorridas em Goiás até agora. Apesar de a cobertura vacinal do grupo ser mais satisfatória, Flúvia reforça que é importante que as pessoas com mais de 60 anos não se esqueçam de tomar o reforço de seis em seis meses. "Nunca deixou de ser um grupo de atenção da doença. Eles têm maior chance de agravamento e morte", avalia Flúvia.

A geriatra e presidente do Comitê de Imunização da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), Maisa Kairalla, lembra que mesmo com boa saúde, os idosos sofrem com a imunossenescência, um processo de deterioração gradual do sistema imunológico que ocorre com o envelhecimento natural do organismo. Nesse contexto, ainda existem os idosos que possuem quadros agravados por condições crônicas ou uso de medicamentos. "Para envelhecer com saúde, um dos pilares fundamentais é a vacinação", comenta.

Crianças

Em Goiás, as crianças e adolescentes possuem a pior cobertura vacinal contra a Covid-19. A cobertura com duas doses entre aqueles de seis meses a quatro anos de idade é de apenas 12,7%. Apesar de as crianças não estarem entre aqueles que mais morrem, a superintendente de Vigilância em Saúde de Goiás destaca que é importante considerar que uma parcela delas tiveram pouco contato com o vírus e ainda não se vacinaram. "Principalmente aquelas que nasceram no pós-pandemia. Um aumento de casos não está descartado", esclarece Flúvia.

A pediatra e membro do departamento de Infectologia da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP), Flavia Almeida, corrobora as ideias de Flúvia e reforça que do ponto de vista de internação, aqueles com menos de um ano de idade ainda são um grupo importante. O cenário é preocupante, já que, em Goiás, apenas 10,3% daqueles com idade entre seis meses e dois anos tomaram duas doses da vacina contra a doença. Nesse sentido, Flavia explica que é imprescindível que o poder público continue fazendo um trabalho de comunicação e combate às notícias falsas junto aos pais e médicos. "Um trabalho de formiguinha", finaliza.