Governador diz que diálogo com cantor é para que caminhem juntos pelo país após evento; expectativa é que partido do aliado e cada cargo sejam definidos no próximo ano
O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (UB), afirmou que lançará chapa à presidência da República com o cantor Gusttavo Lima (sem partido). A posição que cada um ocupará (o líder da postulação ou o vice) deve ser tomada posteriormente. A informação foi inicialmente publicada pelo jornal O Globo, nesta quarta-feira (5).
"Vamos sair juntos para disputar a Presidência. Em 2026, vamos decidir. Dia 4 de abril vou receber o título de cidadão baiano e vou lançar minha pré-candidatura. O Gusttavo Lima estará lá e vamos juntos caminhar os estados. As decisões serão tomadas no decorrer da campanha. Mas uma decisão está tomada: nós andaremos juntos", disse Caiado ao jornal O Globo.
No dia 8 de janeiro, o Giro divulgou o plano de Caiado e Lima para "andar o Brasil juntos", na condição de pré-candidatos a presidente da República. O cenário, na época, era de ida do cantor para o União Brasil (o governador chegou a dizer que o partido encomendou pesquisa para medir o potencial eleitoral do cantor), mas o quadro mudou nos últimos meses, com a possibilidade de Lima integrar outro partido.
Ao veículo carioca, o governador afirmou que a chapa está confirmada, mesmo se Lima decidir se filiar a outro partido. "Ele vai decidir no tempo dele, só no próximo ano", declarou o governador. A reportagem entrou em contato com Caiado, mas não houve retorno até o fechamento desta edição.
A Balada Eventos, empresa que gerencia a carreira artística de Lima, disse, em nota à reportagem, que o cantor estará no lançamento da pré-candidatura de Caiado. Segundo a empresa, Lima participará do evento "estritamente em apoio" a Caiado, destacando que o artista é amigo pessoal do governador e que não há definição sobre filiação partidária. "Reforçamos que Gusttavo Lima não tem partido, mas apoia o governador do estado de Goiás. Qualquer decisão por parte do cantor, somente será tomada em 2026", diz a nota.
O cantor sertanejo divulgou, no início de janeiro, sua intenção de disputar a presidência em 2026. Em seguida, bolsonaristas apontaram o jogo casado com o governador de Goiás. Em 3 de fevereiro, Caiado afirmou que chamou Lima "várias vezes para ele se filiar ao partido (União Brasil)" e que ele "será muito bem recebido por nós". A declaração foi feita durante entrevista coletiva na posse do desembargador Leandro Crispim como novo presidente do Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO).
Naquele dia, a Genial/Quaest havia publicado pesquisa que mostrava Caiado com intenção de voto de 3% e 4%, em diferentes cenários de primeiro turno. Na ocasião, Caiado disse que estava animado para intensificar a agenda de pré-candidatura, mas confirmou a possibilidade de abrir mão da disputa em prol de Lima. O cantor registrou na pesquisa entre 12% a 18%. "É a vida. A vida ensina que, no processo democrático, o partido não é propriedade particular de um pré-candidato", disse o governador.
Obstáculos
Caiado pretende lançar sua pré-candidatura a presidente em Salvador, em 4 de abril. No entanto, o governador enfrenta resistências dentro do próprio partido para levar o projeto adiante. O União Brasil está dividido e tem entre os seus integrantes ministros da gestão de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que demonstram disposição para trabalhar para que a legenda apoie a reeleição do petista. São eles: Celso Sabino (Turismo) e Juscelino Filho (Comunicações).
No início desta semana, o líder do União Brasil no Senado, Efraim Filho (PB), disse que Caiado deve superar desafios e enfrentar a missão de se viabilizar para conseguir apoio do partido para disputar a presidência em 2026. Ao Broadcast Político, do jornal O Estado de S. Paulo, Efraim Filho afirmou que o objetivo é não discutir o tema em 2025. Como a reportagem mostrou, o senador faz parte do grupo governista e é ligado ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre (UB).
Na semana passada, a Genial/Quaest também mostrou o desafio de Caiado para se tornar conhecido fora de Goiás. De acordo com o levantamento, 77% dos goianos conhecem Caiado e votariam nele para presidente. Por outro lado, em São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia, Paraná, Rio Grande do Sul e Pernambuco (outros estados em que a pesquisa foi realizada), o porcentual de eleitores que afirmaram desconhecer Caiado ficou acima de 60%.
Na ocasião, Caiado afirmou que o desconhecimento não é entrave para uma candidatura, pois se dissipa com o andamento da própria campanha. O governador reforçou a estratégia de viajar pelo país, com divulgação de iniciativas aplicadas em Goiás.
Opções
O cenário também é de indefinições na direita, grupo em que candidaturas de Caiado e Lima se posicionariam. Com a inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a leitura é de que o principal nome que poderia herdar seu espólio político é o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Entretanto, a gestão de Freitas é aprovada por 61% dos paulistas, segundo pesquisa Genial/Quaest divulgada na semana passada, e ele poderia disputar a reeleição.
Nesta quarta, Lima fez publicação nas redes sociais de visita ao empresário Luciano Hang, em Santa Catarina. Hang ficou conhecido por apoio a políticos de direita, inclusive Bolsonaro. No vídeo, Hang afirmou que o cantor iria conhecer as instalações de sua empresa e disse que Lima é "querido por toda a população brasileira".