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Casal de Anápolis consegue FGTS para fertilização in vitro

Justiça autorizou de forma inédita que casal homoafetivo utilizasse FGTS para custear método de reprodução assistida

Modificado em 21/09/2024, 01:03

Jordana e Mariane, que vivem em Anápolis, conseguiram realizar um sonho graças a decisão inédita que permitiu o saque do FGTS

Jordana e Mariane, que vivem em Anápolis, conseguiram realizar um sonho graças a decisão inédita que permitiu o saque do FGTS (Wildes Barbosa/O Popular)

Desde que se casaram, o sonho de Mariane Stival, de 41 anos, e Jordana Fonseca, de 27 anos, sempre foi exercerem a dupla maternidade. Quando a gestação do pequeno Giuseppe, que deve chegar ao mundo em julho, foi descoberta, elas se sentiram completas.

Entretanto, para que a gravidez ocorresse, elas precisaram se submeter a um método de reprodução assistida, que é dispendioso.

Em uma decisão inédita no Brasil, o juiz federal Alaôr Piacini, da Subseção Judiciária de Anápolis, autorizou Mariane fazer um saque parcial no valor de R$ 28 mil do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) dela para custear a fertilização in vitro que permitiu que elas engravidassem. Jordana é quem carrega o bebê. Ela está grávida de 30 semanas. Entretanto, os óvulos são de Mariane. "Já estávamos felizes, agora estamos ainda mais", diz Mariane.

Uso emergencial

Mariane e Jordana já queriam engravidar há algum tempo. Entretanto, a baixa reserva ovariana de Mariane, por causa da idade, fez com que o tratamento de reprodução assistida se tornasse urgente. "Enquanto eu tinha cerca de quatro óvulos, a Jordana tinha em torno de 20. Daqui a alguns meses eu poderia nem ter", esclarece.

O direito ao planejamento familiar está protegido pela Constituição Federal. É uma atribuição do Sistema Único de Saúde (SUS) garantir toda a assistência médica e fornecer todos os métodos cientificamente aceitos para dar início a uma gestação. Entretanto, as poucas unidades de saúde especializadas nesse tipo de reprodução assistida e as longas filas de espera não permitiriam que Mariane conseguisse aguardar. Com base nisso, houve a decisão judicial favorável.

Com a urgência do procedimento e a necessidade de capitalizar dinheiro para dar início ao tratamento, em uma conversa de Mariane, que é professora e advogada, com um colega de trabalho, o advogado Jefferson Luiz Maleski, que cuidou do caso, surgiu a ideia de usar o FGTS. "Infelizmente, a reprodução assistida é cara. Já estávamos pagando, economizando. Conversando com o Jefferson, surgiu essa ideia e ele entrou com a ação", explica Mariane.

Família

Mariane já é mãe de Maria Eduarda, de 14 anos, que vive com o casal. Ela e a esposa começaram a namorar no final de 2018 e se casaram em 2019. A vontade de ter um bebê fruto do relacionamento sempre existiu. "Eu sempre tive vontade de ser mãe e, quando conheci a Mariane, isso aumentou. Queria ser mãe com ela do meu lado", conta Jordana.

Depois de uma visita a uma clínica de fertilização, em Goiânia, elas começaram os procedimentos para engravidar no início de 2020. O sêmen usado para fecundar o óvulo de Mariane veio de um banco internacional de doadores. Ao todo, o casal conseguiu fertilizar três embriões, sendo que dois foram transferidos para Jordana. "Tínhamos muita vontade de ter gêmeos", conta Jordana.

Entretanto, apenas a gestação de Giuseppe evoluiu. "Mesmo assim ficamos muito felizes. A chance de uma transferência dar certo na primeira vez é de 25%", relata Mariane. Atualmente, mãe e filhos estão saudáveis e toda a família ansiosa pela chegada do bebê. "Ele vai ser o primeiro neto da minha família e o primeiro bisneto de ambas", diz Jordana.

O bebê é a peça que faltava para a vida da família ficar completa. "Minha avó, de 90 anos, me liga e manda mensagens fazendo orações perguntando como o Giuseppe está. Toda a família está envolvida com a chegada dele", alegra-se Mariane.

Dupla maternidade

O casal conta que está muito feliz com a decisão judicial, especialmente pelo fato dela ter ocorrido em prol de uma família composta por duas mães. "Estamos nos sentindo muito acolhidos pelas nossas famílias", afirma Mariane. "Nós estamos muito contentes em mostrar que existem opções viáveis para famílias com a nossa configuração também poderem realizar o sonho de se tornarem mães", afirma Jordana.

Decisão abre precedentes

A decisão judicial inédita concedendo autorização para que a advogada e professora Mariane Stival, de 41 anos, fizesse o saque parcial do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para custear a reprodução assistida dela e da esposa abre precedentes para que outras famílias possam tentar o mesmo. "Isso vai permitir que muitas pessoas realizem sonhos. As pessoas têm que saber que isso é possível para qualquer casal, seja homoafetivo ou não", diz Mariane.

O advogado Jefferson Luiz Maleski, que é especialista em direito fiduciário - casos envolvendo FGTS - e foi o responsável pela ação de Mariane, explica que apesar de na época que em que entrou com a ação não existir nenhuma decisão favorável, ele resolveu tentar.

Pela Lei 8.056/90, as hipóteses relacionadas a tratamentos de saúde para saque total ou parcial do FGTS são para os casos de trabalhadores ou dependentes que tenham HIV, diagnóstico de câncer, que estejam em estágio terminal de doença rara grave e/ou quando o trabalhador com deficiência, por prescrição médica, necessitar de órtese ou prótese. Por isso, para casos como o de Mariane é necessário recorrer ao Poder Judiciário.

Entretanto, Maleski aponta que é preciso contratar um advogado especialista nesse tipo de assunto para que as famílias consigam ter sucesso. "Esse tipo de trabalho fica próximo do direito trabalhista, mas também do direito familiar e da saúde", diz.

Na decisão, que foi proferida em abril e não cabe recurso, o juiz federal Alaôr Piacini concordou que o rol de situações apresentado na lei tem um caráter apenas explicativo das situações mais comuns que permitem o saque do dinheiro.

"Não se poderia exigir do legislador a previsão de todas as situações fáticas ensejadoras de proteção ao trabalhador, mediante a autorização para levantar o saldo de FGTS", argumentou o magistrado.

O uso emergencial do recurso também foi levado em conta. "A questão se assemelha de certa forma à hipótese de um tratamento de saúde grave, razão pela qual entendo plenamente possível o saque do valor necessário ao custeio do tratamento almejado", diz outro trecho da decisão.

O resultado positivo da ação poderá servir agora de exemplo para outras diversas famílias que desejam fazer o mesmo. "Para justificar a ação, usei os diretos à vida, à família e à saúde, que estão presentes na nossa Constituição. Fico muito feliz e satisfeito com o resultado. Sem dúvidas, é histórico. Isso vai permitir com que muitas famílias consigam o mesmo", acredita o advogado.

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Brasileiros têm R$ 26,3 bilhões esquecidos no antigo Fundo PIS/Pasep

Os pagamentos serão feitos no Repis Cidadão, plataforma online do Sistema de Ressarcimento de Valores do Extinto Fundo PIS/Pasep

Os valores serão pagos pelo governo federal até janeiro de 2026

Os valores serão pagos pelo governo federal até janeiro de 2026 (Fotos públicas)

Cerca de 10,4 milhões de trabalhadores e servidores públicos que tiveram emprego formal entre 1971 e 1988 têm direito de receber cotas do Fundo PIS/Pasep. Ao todo, há R$ 26,3 bilhões esquecidos no fundo, segundo o Ministério da Fazenda.

Os valores serão pagos pelo governo federal até janeiro de 2026. Os pagamentos serão feitos no Repis Cidadão, plataforma online do Sistema de Ressarcimento de Valores do Extinto Fundo PIS/Pasep. O site é o http://repiscidadao.fazenda.gov.br .

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O saldo médio por beneficiário é de aproximadamente R$ 2.800 e os valores serão distribuídos em lotes. Para saber se tem direito a receber, é necessário verificar o aplicativo FGTS. A solicitação do resgate ocorre também no app FGTS ou em uma agência da Caixa Econômica Federal, responsável pelo pagamento.

A primeira liberação dos valores deve ser feita no dia 28 de março. Para fazer a consulta, o cidadão precisa ter conta no Portal Gov.br e informar o CPF e a senha.

O pagamento será feito com correção pelo IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), que é medido pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), ou por outro índice a ser definido pela Fazenda.

Calendário de pagamento

Solicitações realizadas até - Recebe em

28/02/2025 - 28/03/2025 (sexta-feira)

31/03/2025 - 25/04/2025 (sexta-feira)

30/04/2025 - 26/05/2025 (segunda-feira)

31/05/2025 - 25/06/2025 (quarta-feira)

30/06/2025 - 25/07/2025 (sexta-feira)

31/07/2025 - 25/08/2025 (segunda-feira)

31/08/2025 - 25/09/2025 (quinta-feira)

30/09/2025 - 27/10/2025 (segunda-feira)

31/10/2025 - 25/11/2025 (terça-feira)

30/11/2025 - 26/12/2025 (sexta-feira)

31/12/2025 - 26/01/2026 (segunda-feira)

Como fazer a consulta ao fundo?

A consulta é feita pelo Portal Repis Cidadão (http://repiscidadao.fazenda.gov.br ), criado pelo Ministério da Fazenda, com a senha do portal Gov.br. É preciso ter CPF e senha do portal.

Caso seja necessário, o sistema irá pedir informações como NIT (Número de Identificação do Trabalhador) ou número do PIS/Pasep para informar os valores.

Como ter acesso aos valores?

Será preciso protocolar pedido de ressarcimento pelo app FGTS ou em uma agência da Caixa. O pagamento será feito conforme o calendário definido pela banco estatal com o Ministério da Fazenda, de acordo com a data de pedido do ressarcimento dos valores.

A solicitação é feita em "Mais", "Ressarcimento PIS/Pasep". Será necessário enviar documentos solicitados pelo banco. Basta fotografar e anexar as imagens.

Também será possível acompanhar o andamento da solicitação pelo aplicativo.

Quem for direto à agência terá de apresentar documento de identificação. No caso de herdeiros, além do documento de identificação, será necessário apresentar a certidão de dependente habilitado à pensão por morte ou autorização judicial ou ainda certidão PIS/Pasep/FGTS emitida pela Previdência Social com a relação de dependentes habilitados à pensão por morte.

O pagamento é realizado apenas por meio de crédito em conta. É preciso ter poupança ou conta-corrente na Caixa. Para quem não tiver vínculo direto com o banco, será aberta uma poupança social digital, que é movimentada pela Caixa Tem.

A Caixa disponibiliza canais para o cidadão tirar dúvidas ou conseguir informações adicionais.

  • Caixa Cidadão 0800-7260207
  • SAC Caixa: 0800-7260101
  • Pessoas com deficiência auditiva ou de fala: 0800-7262492
  • Ouvidoria: 0800-7257474
  • Site da Caixa
  • Cotas do fundo ou abono?

    A cota do Fundo do PIS/Pasep é diferente do abono, que é pago todos os anos. Os valores dizem respeito às contas das pessoas que trabalharam com carteira assinada ou como servidor público entre 1971 e 1988 e que ainda não realizaram o saque dos valores.

    O montante varia conforme o tempo de trabalho e o salário que a pessoa recebia na época. O site do Ministério da Fazenda foi inspirado no SVR (Sistema de Valores a Receber) do Banco Central.

    O fundo deixou de existir em 1988. Desde 1989, as contas individuais não recebem depósitos referentes à distribuição de cotas resultantes das contribuições das empresas ao PIS/Pasep.

    Esse dinheiro foi direcionado ao custeio do seguro-desemprego, do abono salarial e de programas do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

    Em 31 de maio de 2020, o Fundo PIS/Pasep foi extinto, e o patrimônio do trabalhador, incorporado pelo FGTS.

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    Entenda nova rodada de saques do FGTS a quem tem saque-aniversário.

    Liberação do FGTS eleva preocupação com medidas de estímulo ao crescimento e impacto na inflação

    Guichê de atendimento do FGTS

    Guichê de atendimento do FGTS (Agência Brasil/Divulgação)

    A decisão do governo de liberar R$ 12 bilhões retidos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) dos trabalhadores que optaram pelo saque-aniversário aguçou a preocupação de que novas medidas de estímulo sejam adotadas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para evitar um tombo do PIB (Produto Interno Bruto).

    O risco que está no radar é que as medidas atrapalhem o trabalho do Banco Central de controle da inflação e levem a um cenário de juros altos por mais tempo no Brasil.

    A indicação da presidente do PT, Gleisi Hoffmann, para a SRI (Secretaria de Relações Institucionais), o coração da articulação política com o Congresso, reforçou os temores de que o presidente não vai deixar a política de alta dos juros do BC agir para esfriar a atividade econômica e segurar a alta dos preços.

    Nos dois primeiros anos do 3º mandato de Lula, Gleisi foi a crítica mais dura contra a política fiscal do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e sua ida para um gabinete dentro do Palácio do Planalto foi lida pelos investidores com um sinal de que a ala do governo que apoia mais estímulos vai se sobrepor às restrições fiscais dos ministérios da Fazenda e do Planejamento.

    Enquanto ainda estão no escuro sobre o impacto no consumo das famílias das operações de crédito do novo consignado privado, a ser lançado após o Carnaval, os analistas acompanham os desdobramentos das medidas prometidas por Lula como o Pé-de-Meia (bolsa para estudantes de baixa renda do ensino médio), o programa Gás para Todos (botijão de graça para 22 milhões de famílias), Farmácia Popular (gratuidade de 41 medicamentos em farmácias credenciadas).

    Tire suas dúvidas sobre o novo saque do FGTS Novo saque do FGTS começa a ser liberado em 6 de março

    Como parte dessas despesas não está garantida no Orçamento de 2025 --ainda não aprovado pelo Congresso--, a preocupação é que a lei orçamentária seja aprovada com previsões de despesas subestimadas, para evitar um congelamento de despesas maior no início do ano.

    O que mais chamou a atenção do mercado foi o timing da liberação do FGTS.

    Uma primeira parcela de até R$ 3.000 será disponibilizada aos trabalhadores a partir de 6 de março, e a outra no dia 17 de junho. Nessa data o Copom (Comitê de Política Monetária) do BC se reúne e se espera que a taxa Selic, hoje em 13,25%, chegue então a 15%. Até lá, o comitê terá duas reuniões: em 18 e 19 de março e 6 e 7 de maio.

    "Uma crítica que já surgiu e que vai se intensificar é o Copom pisando no freio, de um lado, e o governo com medidas, a curto prazo, acelerando a demanda agregada, de outro", afirma o economista-chefe da XP Asset, Fernando Genta.

    Ele ressalta que a curva de juros e a pesquisa Focus do BC, com as previsões dos analistas do mercado, apontam mais três altas de juros. Uma agora em março, de 1 ponto porcentual, e mais duas nas reuniões seguintes. "Aí o BC parava de subir e veria eventualmente algum sinal de desaceleração da atividade e desaquecimento da economia."

    O economista-chefe da XP Asset avalia que a tendência é que, conforme se aproxime o calendário eleitoral, novas medidas sejam lançadas. "A sensação que todo mundo tem é que nunca se antecipou tanto o calendário eleitoral como dessa vez", diz.

    Para Genta, o escalonamento foi uma tentativa do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de ajudar o BC a ter mais clareza sobre o estado da economia e o processo de desaceleração da atividade. "O ministro tentou fazer da forma que dificultasse menos a vida do Banco Central para entender o estado da economia", afirma.

    Nas discussões para a liberação do FGTS, Haddad cobrou a transição com o escalonamento da liberação, de acordo com pessoas do governo a par do tema. Em compensação, Haddad conseguiu avançar no consignado privado sem acabar com o saque-aniversário, em oposição ao ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, que queria lançar o novo tipo de empréstimos vinculado ao fim dos saques anuais no FGTS.

    O impacto do consignado está na lista das preocupações. Com apoio dos bancos, a medida é a grande aposta do governo para estimular o crédito neste ano e sustentar o crescimento. Lula já conversou com os presidentes dos bancos públicos para puxar o novo crédito com taxas mais baratas.

    O problema é que não se sabe quanto do novo consignado privado vai ser usado para trocar crédito mais caro por mais barato para as famílias. Na prática, é dinheiro novo na economia a estimular o consumo.

    A medida tem total apoio do Ministério da Fazenda, que trabalha no desenho do novo modelo há mais de um ano e meio. A avaliação no governo é que esse é um projeto de reforma estrutural de redução de spread bancário, que eliminará uma ineficiência do mercado bancário brasileiro. Por isso, o entendimento que prevaleceu na área econômica é que não é possível esperar mais para lançá-lo, devido a uma razão conjuntural.

    A expectativa é que o impacto do consignado privado seja grande no aumento do crédito --os bancos estimam uma alta de pelo menos R$ 80 bilhões na carteira de crédito do consignado privado, dos atuais R$ 40 bilhões para R$ 120 bilhões--, mas ele não será imediato.

    No Banco Central, a avaliação é que o consignado privado é uma medida estrutural bem-vinda, que melhora o perfil do crédito no Brasil evitando "jogar as pessoas para o rotativo", com taxas de juros muito mais altas.

    O BC está acompanhando com atenção o desenrolar do crédito consignado, mas ainda não tem uma noção clara de quanto o novo consignado vai injetar na economia para eventualmente reagir à medida.

    Mas há uma preocupação de diretores com o risco de novas medidas, porque no início deste ano o presidente e o governo transmitiram publicamente a ideia de que iriam aceitar um esfriamento da atividade para a inflação recuar.

    A percepção que ficou agora com o saque do FGTS é que o governo começou a acionar efeitos mitigadores da política monetária na economia, para evitar uma desaceleração forte como decorrência da alta dos juros. Um dos alertas é que o crédito não dá sinais de desaceleração.

    "Estamos num processo de aceleração da inflação, liderado por serviços e por choque de oferta, onde a gente precisaria que a atividade ficasse algum tempo fraca, para poder gerar um desemprego no mercado de trabalho, e reduzir esse ritmo de inflação", diz Carlos Thadeu Freitas Filho, da BCG Liquidez, especialista em inflação de alimentos.

    Para ele, essas medidas adotadas pelo governo vão diluir os efeitos da política monetária. "Com certeza vem mais medida por aí. Se a gente nem começou a sentir o efeito na atividade, já tem três, quatro, cinco medidas, imagina quando vier o primeiro número de PIB caindo", alerta.

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    Tire suas dúvidas sobre o novo saque do FGTS

    Governo vai liberar primeiro saques de até R$ 3.000. Só a partir de junho é que serão pagos os valores que superarem esse limite

    Guichê de atendimento do FGTS

    Guichê de atendimento do FGTS (Agência Brasil/Divulgação)

    A nova rodada de liberações do dinheiro do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) vai beneficiar trabalhadores que aderiram ao saque-aniversário, foram demitidos e não puderam receber todo o dinheiro que tinham no fundo na rescisão.

    O governo publicará nesta sexta-feira (28) a medida provisória com todos os detalhes, mas já há informações importantes para quem quer se programar para receber o dinheiro extra.

    Quem vai receber o novo saque do FGTS?

    O trabalhador que, entre janeiro de 2020 e 28 de fevereiro de 2025, aderiu ao saque-aniversário e foi demitido. Como ele ficou com parte de seu saldo do FGTS bloqueado no pagamento da rescisão, receberá o valor deste vínculo de trabalho, informou o Ministério do Trabalho.

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    Quando o dinheiro será liberado?

    O governo vai liberar primeiro saques de até R$ 3.000. Só a partir de junho é que serão pagos os valores que superarem esse limite. Veja o calendário de saques:

  • 1ª etapa: saques de até R$ 3.000
  • 6 de março:

    todos que têm conta na Caixa quem nasceu entre janeiro e abril e não é correntista da Caixa 7 de março:

    quem nasceu entre maio e agosto e não é cliente da Caixa 10 de março:

    quem faz aniversário entre setembro e dezembro e não tem conta no banco público

  • 2ª etapa: saques a partir de R$ 3.000
  • A segunda parcela será paga em junho para os valores superiores a R$ 3.000.

    Como e quando será liberada a consulta para saber quanto vou receber?

    A Caixa ainda não informou os detalhes, mas o trabalhador vai receber o dinheiro diretamente na sua conta cadastrada pelo aplicativo do FGTS Caixa, segundo o governo. E quem não tem o cadastro vai receber o dinheiro em uma agência da Caixa. Por enquanto, o trabalhador pode consultar seu saldo total no FGTS, ver valores depositados por empresa e o termo de adesão ao saque-aniversário, se for o caso.

    Mudei de emprego depois que fui demitido. Terei direito ao novo saque?

    Segundo o ministério, o beneficiário receberá o valor referente ao contrato que teve os valores bloqueados, mesmo que já esteja em um outro trabalho.

    Como será feito um crédito automático, o que acontece com as pessoas que quiserem manter esses valores no FGTS?

    Se quiser, o trabalhador pode não sacar os valores e o dinheiro permanecerá na conta vinculada do FGTS, com juros e correção monetária.

    Quantos trabalhadores vão receber?

    Um total de 12,1 milhões de trabalhadores no país. Cerca de R$ 6 bilhões serão pagos na primeira parcela, em março, e os outros R$ 6 bilhões serão quitados em junho. Os saques de até R$ 3.000 vão beneficiar cerca de 93,5% dos trabalhadores com direito, informou o ministério.

    O saque-aniversário vai deixar de existir?

    Não, os trabalhadores vão poder continuar aderindo à modalidade, mas precisarão ficar atentos, pois vai voltar a valer a regra de que o saldo do FGTS fica bloqueado se a demissão ocorrer em uma data posterior à edição da medida provisória, segundo afirmou o ministro do Trabalho, Luiz Marinho. Ele disse que o trabalhador que optar pela modalidade será avisado individualmente das consequências da escolha, que é o não-recebimento de valores em caso de demissão sem justa causa.

    Como funciona o saque-aniversário?

    Quem opta por essa modalidade recebe um saque anual, no mês de aniversário. Quem opta pelo saque-aniversário continua com o direito de usar o dinheiro do fundo nas situações previstas na lei, como aposentadoria e para compra da casa própria ou pagamento de financiamento habitacional, por exemplo. Porém, se for demitido sem justa causa, o trabalhador terá direito apenas ao saque da multa rescisória, de 40%.

    Posso desistir do saque-aniversário?

    Sim, desde que ele não tenha feito um empréstimo de antecipação dos valores em alguma instituição financeira. Porém, será preciso esperar dois anos para voltar a ter direito ao saque integral na demissão. A alteração para voltar ao saque-rescisão só terá efeito no primeiro dia do 25º mês da solicitação, segundo a legislação.

    Quanto é possível sacar do FGTS todo ano com o saque-aniversário?

    O valor liberado pela Caixa depende do saldo total que o trabalhador tem em suas contas do FGTS. Por exemplo: se o saldo é de R$ 800, poderá sacar 40% (R$ 320) mais a parcela fixa de R$ 50, totalizando R$ 370.

    Saldo no FGTS (em R$) Alíquota Parcela adicional (em R$) Até 500 50% - De 500,01 até 1.000 40% 50 De 1.000,01 até 5.000 30% 150 De 5.000,01 até 10.000 20% 650 De 10000,01 até 15.000 15% 1.150 De 15.000,01 até 20.000 10% 1.900 Acima de 20.000,01 5% 2.900

    Como funciona a antecipação do saque-aniversário?

    Os trabalhadores que fazer parte do saque-aniversário podem contratar empréstimo junto às instituições financeiras habilitadas, utilizando como garantia o valor a que têm direito de retirar uma vez por ano. Há cobrança de juros nessas operações. No aplicativo do FGTS, o trabalhador pode simular o valor máximo de empréstimo que pode ser contratado em instituições financeiras. Nesses casos, é feito o bloqueio do saldo da conta do FGTS em valor suficiente para que haja dinheiro suficiente para pagar o empréstimo futuramente.

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    Novo saque do FGTS começa a ser liberado em 6 de março

    Receberá em 7 de março quem não é cliente da Caixa e nasceu entre maio e agosto

    Modificado em 26/02/2025, 17:16

    Novo saque do FGTS começa a ser liberado em 6 de março

    O pagamento dos valores do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para quem aderiu ao saque-aniversário e foi demitido depois será feito a partir de 6 de março.

    Neste dia, serão pagos os valores até R$ 3 mil para quem tem conta na Caixa Econômica Federal e quem não é correntista do banco público e nasceu entre janeiro e abril. Receberá em 7 de março quem não é cliente da Caixa e nasceu entre maio e agosto. Os nascidos nos meses restantes receberão em 10 de março.

    Para quem tem mais de R$ 3 mila receber, a primeira parcela desse valor também segue o calendário acima. O restante será pago 110 dias após a publicação da MP (medida provisória).

    O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, estimou que metade dos R$ 12 bilhões que serão liberados com a medida serão quitados na primeira etapa de pagamentos. O restante, 110 dias depois.

    Ele negou que a medida tenha sido tomada para ajudar a combater a queda de popularidade do presidente Lula (PT). "Não tem nada a ver", respondeu ao ser questionado sobre isso.

    O fim do saque-aniversário é uma medida aventada por Marinho desde que a atual gestão começou, em janeiro de 2023. De acordo com o ministro, não foi possível chegar a um consenso com o Congresso para acabar com a modalidade, e a saída encontrada foi liberar os recursos retidos para quem optou pelo saque-aniversário.

    " Eu vou continuar militando para acabar com o saque aniversário. O saque aniversário é uma distorção do papel do fundo. Agora, o governo não decide essas questões sozinhas. Ao consultar o parlamento eles disseram que não tem chance de prosperar, então não vou insistir em fato que não tem chance de prosperar", afirmou em coletiva de imprensa nesta quarta-feira (26).

    Marinho explicou que o saque aniversário continuará a existir. A partir da edição da MP, o trabalhador que optar pela modalidade será avisado individualmente das consequências da escolha, como o não recebimento de valores em caso de demissão sem justa causa. "No futuro, não poderão dizer que não sabiam", disse.

    Criado pelo governo Jair Bolsonaro (PL), o saque-aniversário, que passou a valer em 2020, requer adesão prévia e autoriza o trabalhador a sacar parte do saldo do FGTS anualmente no mês do seu aniversário.

    Ao optar por essa modalidade, no entanto, ele perde a opção pelo saque-rescisão, em que é possível resgatar todo o valor do FGTS em caso de demissão sem justa causa. Há uma quarentena de dois anos para que o residual possa ser sacado. É esse saldo remanescente que será liberado.