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Cinco mortos em acidente na GO-346 viajavam para passar o Natal em Minas Gerais com a família, diz amiga

Eles morreram após o pneu do carro estourar e o motorista perder o controle da direção, invadir a pista contrária e bater de frente com uma carreta

Carro e carreta após acidente que matou cinco pessoas da mesma família em Cabeceiras

Carro e carreta após acidente que matou cinco pessoas da mesma família em Cabeceiras (Divulgação/Bombeiros)

Carro e carreta após acidente que matou cinco pessoas da mesma família em Cabeceiras (Divulgação/Bombeiros)

Carro e carreta após acidente que matou cinco pessoas da mesma família em Cabeceiras (Divulgação/Bombeiros)

As cinco pessoas, que morreram em um acidente em Cabeceiras, no Entorno do Distrito Federal, eram da mesma família e viajavam para passar o Natal na casa de familiares em Minas Gerais. A informação foi confirmada ao POPULAR por uma amiga de infância do homem que dirigia o carro. As vítimas são pai, filho, marido, irmão e nora.

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Elias Rodrigues de Oliveira, 48 anos, era marido de Carlos Jose da Silva, de 42. Izaias Rodrigues de Oliveira, 52,era irmão de Elias. Lucas Gabriel da Costa Rodrigues, 23, era filho de Elias e Graziela Damasceno Teixeira dos Santos, 24, era namorada de Lucas. Eles iam passar o Natal na casa da irmã do Elias em Minas Gerais", explicou Virlene Soares de Abadia.

Entenda o caso

O acidente aconteceu na tarde de segunda-feira (23), na GO-346. De acordo com os bombeiros, o carro estourou um pneu traseiro e o motorista perdeu o controle da direção, invadiu a pista contrária e bateu de frente com uma carreta.

Com a força do impacto, todos os ocupantes do carro sofreram politraumatismo e morreram no local devido aos ferimentos, segundo os bombeiros. Ainda não há informações sobre o velório e enterro das vítimas.

"Ainda não tem nenuma informação [sobre velórios e enterros] porque conseguiram fazer o reconhecimento dos corpos 12h desta teça-feira (24) e estão procurando uma documentação do carro", explicou Virlene.

O motorista da carreta não apresentava ferimentos e se recusou a ser encaminhado ao hospital. A Polícia Militar informou que ele realizou o teste do bafômetro, que deu negativo.

Sonhos

Virlene contou que Elias e Carlos sonhavam em ter a casa própria e estavam construindo há cinco anos. A previsão era que o caso ia se mudar no póximo ano. "Estavam construindo há cinco anos e estava previsto para eles mudarem para a casa deles", afirmou.

Já o casal, Lucas e Graziela, eram estudantes da Universidade Federal de Catalão (UFCAT) que publicou uma nota sobre a morte do casal. "A Reitoria da UFCAT se solidariza com os amigos e familiares, bem como com os(as) professores(as), técnicos(as) e estudantes do Instituto de História e Ciências Sociais e do Instituto de Biotecnologia neste momento de dor".

Lucas Gabriel da Costa Rodrigues e a namorada Graziela Damasceno Teixeira dos Santos (Reprodução/Redes sociais)

Lucas Gabriel da Costa Rodrigues e a namorada Graziela Damasceno Teixeira dos Santos (Reprodução/Redes sociais)

Universitários

Lucas era estudante do curso de História, enquanto Graziela era estudante do curso de Psicologia. De acordo com uma amiga, Graziela era uma 'menina sonhadora' que deixa um legado.

"Dói tanto você ver uma pessoa especial partido de uma forma tão trágica, uma menina sonhadora , humilde e entre outras qualidades. Embora tenha partido, seu legado de amor e bondade continuará a nos guiar. Que o seu descanso seja sereno, e que a sua memória continue a iluminar nossas vidas", ressaltou Amanda Gomes.

Elias Rodrigues de Oliveira, Carlos Jose da Silva, Lucas Gabriel da Costa Rodrigues e Graziela Damasceno Teixeira dos Santos. O POPULAR não conseguiu foto de Izaias Rodrigues de Oliveira (Reprodução/Redes sociais)

Elias Rodrigues de Oliveira, Carlos Jose da Silva, Lucas Gabriel da Costa Rodrigues e Graziela Damasceno Teixeira dos Santos. O POPULAR não conseguiu foto de Izaias Rodrigues de Oliveira (Reprodução/Redes sociais)

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Empresária morre e filha fica ferida após acidente na GO-139

Criança está internada em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), em Goiânia. O estado de saúde dela é grave, segundo o hospital

Modificado em 24/03/2025, 15:54

A empresária Amanda Nunes Magalhães, de 29 anos, morreu após um acidente na GO-139, no trecho entre Cristianópolis e São Miguel do Passa Quatro. No momento do acidente, ela estava acompanhada da filha, uma criança de 6 anos que ficou gravemente ferida, segundo o Corpo de Bombeiros.

Conforme os militares, o acidente ocorreu na noite de sábado (22). Na ocasião, o carro em que mãe e filha estavam bateu de frente com outro veículo. Amanda ficou presa às ferragens e teve a morte confirmada ainda no local.

Já a filha dela, foi encaminhada para o Hospital Estadual de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira (Hugol), em Goiânia, onde está internada em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Pediátrica. Na manhã desta segunda-feira (24), a unidade informou que o estado de saúde da menina é grave e que ela respira com ajuda de aparelhos (veja o boletim na íntegra ao final do texto).

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Outros envolvidos

O outro carro envolvido no acidente era ocupado por um casal. Segundo os bombeiros, eles receberam atendimento no local e, em seguida, encaminhados ao Hospital Municipal de Cristianópolis e, posteriormente, Goiânia. Como as identidades das vítimas não foram reveladas, a reportagem não conseguiu atualizar o estado de saúde delas até a última atualização deste texto.

Local do acidente na GO-139 (Reprodução/ Corpo de Bombeiros)

Local do acidente na GO-139 (Reprodução/ Corpo de Bombeiros)

Homenagens

Natural de Cristianópolis e moradora de São Miguel do Passa Quatro, Amanda era empresária no ramo de distribuição de gás, negócio que administrava ao lado do marido. Segundo amigos e familiares, ela era conhecida por sua dedicação ao trabalho e sua alegria contagiante.

"Amanda sempre foi alegre. Não tinha um dia que não estivesse com seu sorriso de orelha a orelha no rosto. Ia atender seus clientes sempre transmitindo amor pela profissão", disse uma amiga da família.

Nas redes sociais, inúmeras homenagens foram prestadas à empresária. Em nota, a prefeita de Cristianópolis, Juliana Costa, lamentou a perda. "Nossas condolências aos familiares e amigos por essa perda irreparável", declarou.

Prefeita da cidade lamentou a morte da empresária (Reprodução/Redes Sociais)

Prefeita da cidade lamentou a morte da empresária (Reprodução/Redes Sociais)

Amanda foi sepultada na manhã de domingo (23), em Cristianópolis.

Nota Hugol:

NOTA HUGOL

"Em resposta à solicitação, o Hospital Estadual de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira (Hugol) informa que a paciente está internada na UTI Pediátrica da unidade, possui estado geral grave e respira com ajuda de aparelhos.

Hospital Estadual de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira (Hugol/SES-GO)"

Colaborou com o texto: Yanca Cristina

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Câmera de segurança mostra BMW em alta velocidade antes de atingir e matar motociclista na BR-153

Acidente aconteceu na BR-153, em Araguaína. Motorista foi preso por homicídio doloso, sem fiança, por batida que resultou na morte de Maria Alice Guimarães Silva, de 25 anos

Modificado em 23/03/2025, 16:37

undefined / Reprodução

Uma câmera de segurança às margens da BR-153 registrou o momento em que o carro de luxo que atingiu e matou a motocilista Maria Alice Guimarães Silva passa pelo trecho em alta velocidade. O motorista dirigia a cerca de 200 km/h no perímetro urbano de Araguaína, segundo a Polícia Civil. A velocidade permitida no local é 60 km/h.

Nas imagens é possível ver quando a jovem de 25 anos passa de moto e, em seguida, uma BMW preta surge atrás dela. Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), o carro atingiu a traseira da moto na manhã de sábado (22), no km 144 da rodovia.

Segundo as informações apuradas pela Polícia Civil, o carro era conduzido por Vitor Gomes Alves de Paula, de 21 anos. Ele foi preso em flagrante por homicídio doloso, com dolo eventual e sem fiança, por ter assumido o risco de produzir o resultado.

De acordo com o Ministério Público do Tocantins, a Justiça converteu prisão dele em preventiva. A redação tenta contato com a defesa do motorista por telefone, mas não teve retorno até a publicação desta reportagem.

'Motorista assumiu risco'

Motorista do carro (de branco) foi preso após o acidente (Reprodução/Alta Tensão)

Motorista do carro (de branco) foi preso após o acidente (Reprodução/Alta Tensão)

Vitor Gomes dirigia o veículo da mãe de um amigo. Outras duas pessoas estavam no carro com ele no momento do acidente, após saírem de uma festa.

De acordo com a PRF, que fez o atendimento da ocorrência no local, a motociclista foi atingida por trás. "O condutor do veículo, uma BMW preta, estava no local juntamente com o passageiro e proprietário. De pronto ele já recusou realizar o teste de etilômetro. Aparentemente houve aqui uma colisão traseira. O veículo BMW colheu a moto e posteriormente arrastou a condutora por alguns metros", disse o PRF Sued, em entrevista ao portal Alta Tensão.

Segundo o delegado Charles Macedo, Vitor assumiu o risco de eventual acidente ao dirigir a BMW em velocidade acima da permitida. "Ele foi autuado por homicídio doloso porque nesse caso ele assumiu o risco dirigindo em alta velocidade numa via pública com alta circulação de pessoas e não era habilitado", comentou.

O motorista passou pela delegacia e depois foi encaminhado à Unidade Penal de Araguaína, onde permanecerá à disposição do Poder Judiciário.

Família pede justiça

Maria Alice Guimarães Silva, de 25 anos, morreu em um acidente na BR-153 (Arquivo Pessoal)

Maria Alice Guimarães Silva, de 25 anos, morreu em um acidente na BR-153 (Arquivo Pessoal)

Fabiola Guimarães, irmã de Maria Alice informou que a jovem estava a caminho do trabalho quando foi atropelada. A família espera que os envolvidos na morte da jovem sejam responsabilizados.

"Esperamos que a justiça seja feita. Justiça pela família, justiça pelos dois filhos que agora estão sem mãe, justiça por Alice que teve sua vida ceifada de tal maneira enquanto ia atrás do sustento da sua família por pessoas irresponsáveis, e agora esperamos que essas pessoas sejam responsabilizadas", afirmou Fabiola.

Maria Alice deixou dois filhos, de seis e nove anos. Ela foi velada na noite de sábado (22) e seu enterro está marcado para este domingo (23).

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Motorista de BMW que dirigia a cerca de 200 km/h é preso após atropelar e matar motociclista na BR-153, diz SSP

O jovem de 21 anos foi preso em flagrante por homicídio doloso, sem fiança. A batida resultou na morte de Maria Alice Guimarães Silva, de 25 anos

Modificado em 22/03/2025, 17:29

Maria Alice Guimarães Silva, de 25 anos, morreu em um acidente na BR-153 (Arquivo Pessoal)

Maria Alice Guimarães Silva, de 25 anos, morreu em um acidente na BR-153 (Arquivo Pessoal)

O jovem de 21 anos que dirigia a BMW que atropelou e matou uma motociclista estava a cerca de 200 km/h e não tinha habilitação. As informações são da Secretaria de Segurança Pública (SSP). A batida aconteceu por volta das 7h da manhã deste sábado (22), na BR-153, perímetro urbano de Araguaína, e resultou na morte de Maria Alice Guimarães Silva, de 25 anos.

Segundo as informações apuradas pela Polícia Civil, o jovem de 21 anos dirigia o veículo da mãe de um amigo. Outras duas pessoas estavam no carro com ele, após saírem de uma festa. No km 144 da BR-153, o carro, a cerca de 200 km/h, bateu na moto em que estava Maria Alice.

O motorista foi preso em flagrante por homicídio doloso, com dolo eventual e sem fiança, por ter assumido o risco de produzir o resultado. O nome dele não foi divulgado pela polícia, por isso a reportagem não conseguiu contato com a defesa.

O motorista passou pela delegacia e depois foi encaminhado à Unidade Penal de Araguaína, onde permanecerá à disposição do Poder Judiciário.

O corpo de Maria Alice foi levado para o Instituto Médico Legal de Araguaína e liberado em seguida. De acorodo com a família, o velório dela deve começar ainda neste sábado.

Veículo do Instituto Médico Legal de Araguaína (Luiz Ernandes/ Alta Tensão)

Veículo do Instituto Médico Legal de Araguaína (Luiz Ernandes/ Alta Tensão)

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Mutilações fazem estética virar caso de saúde pública

Desde 2023, o Estado registrou pelo menos 10 casos de grande repercussão que acabaram na polícia. Em dois episódios, mulheres morreram após aplicações de produtos

Modificado em 22/03/2025, 08:21

Polícia Civil prende Maria Silvânia na Operação Beleza Sem B.O.

Polícia Civil prende Maria Silvânia na Operação Beleza Sem B.O. (Divulgação/Policia Civil)

O aumento de casos de procedimentos estéticos que resultam em lesões, mutilações e deformidades, dentre outras sequelas, tornou o assunto uma questão de saúde pública. Desde 2023, Goiás registrou pelo menos dez casos de grande repercussão que acabaram na polícia. Em dois episódios, ocorridos no segundo semestre de 2024, mulheres morreram após se submeterem a aplicações de diferentes produtos.

De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), de 2018 a 2023 os serviços de estética e embelezamento figuraram como os mais denunciados junto à agência dentre os "serviços de interesse à saúde", categoria que inclui também serviços de hotelaria, estúdios de tatuagem e instituições de longa permanência para idosos, por exemplo. Em 2023, 61,3% das denúncias estavam relacionadas a serviços de estética e embelezamento.

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Nos casos ocorridos em Goiás levantados pela redação, foram verificados alguns padrões. Em pelo menos seis situações, as pessoas que faziam os procedimentos não tinham nenhum tipo de habilitação, mas se passavam por profissionais capacitados. Além disso, algumas das clínicas eram de pessoas famosas nas redes sociais. O uso de PMMA, sigla para polimetilmetacrilato -- substância que já foi usada como preenchedor, mas se mostrou arriscada --, também foi verificado em parte dos casos.

Karine Giselle Gouveia, dona de uma clínica de estética fechada em 2024 por conta da suspeita de realização de uma série de procedimentos estéticos malsucedidos, é um exemplo. Apesar de não possuir formação na área, tinha quase 950 mil seguidores apenas no Instagram, rede social em que fazia publicações sobre procedimentos estéticos e sobre a própria rotina. A defesa de Karine nega que a clínica já tenha utilizado qualquer substância ilícita ou proibida.

Nesta quinta-feira (20), a Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra o Consumidor (Decon) deflagrou a Operação Beleza Sem B.O. As investigadas são Luana Nadejda Jaime, dona de uma clínica em Goiânia, e Maria Silvânia Ribeiro da Silva, proprietária de um estabelecimento em Aparecida de Goiânia. Maria Silvânia foi presa e Luana está foragida. A reportagem não localizou a defesa de ambas.

No final de 2023, uma paciente foi internada em uma unidade de pronto atendimento (UTI) e entubada após aplicação de substância injetável na clínica de Maria Silvânia. A Vigilância Sanitária de Aparecida interditou o local e ela foi ouvida pela Polícia Civil do Estado de Goiás (PC-GO). Na ocasião, ela disse que havia feito uma pós-graduação com Luana, que também passou a ser investigada. Foi apurado que ela era suspeita de cometer lesão corporal contra quatro pessoas, sendo uma delas de um homem que passou por um "preenchimento íntimo" na região peniana e alega ter perdido a funcionalidade do membro após o procedimento. O produto usado teria sido PMMA.

Em 2024, as clínicas da dupla foram fiscalizadas pela Decon em conjunto com a Vigilância Sanitária. Mesmo assim, as mulheres continuaram ofertando, nas redes sociais, procedimentos estéticos invasivos. Além disso, ambas tinham registros -- obtidos por meio da apresentação de diplomas falsos -- no Conselho Regional de Enfermagem (Coren). Eles foram cancelados no final de 2024. Entretanto, quando foi presa nesta quinta, Maria Silvânia estava atuando com um novo número de registro. Questionado, o Coren informou, em nota, que já está ciente do caso e que, como as mulheres não são enfermeiras, "cabe agora às autoridades o cumprimento da justiça e o andamento do processo conforme a legalidade". (Mariana Milioni é estagiária do GJC em convênio com a PUC Goiás)

Pacientes têm vidas arruinadas

A ação de falsos profissionais ou então de profissionais que executam procedimentos que não estão habilitados a realizarem -- como dentistas que realizaram rinoplastias -- deixa um rastro de destruição na vida das vítimas. Em 2023, a motorista de aplicativo Ana Priscila Santos da Silva, de 36 anos, procurou a enfermeira Marcilane da Silva Espíndola para realizar aplicações com fim de harmonização dos seios e glúteos. O procedimento custou R$ 5,5 mil.

Depois da aplicação, Ana Priscila começou a sentir dores. Inicialmente, ela pediu a ajuda de Marcilane, que aplicou uma injeção nela. As dores não apresentaram melhora e Ana Priscila procurou uma unidade de saúde. Então, foi encaminhada para o Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (HC/UFG), onde descobriu que o material injetado era PMMA. Ela já foi internada várias vezes para realizar a retirada do produto. O último procedimento cirúrgico ocorreu nesta quarta-feira (19). A mulher relata que, mesmo após as intervenções, ainda sente dores físicas. Ela tem dificuldade para dirigir, por exemplo. As deformidades nos seios de Ana Priscila prejudicam sua autoestima e saúde mental. "Estou péssima. Muita ansiedade", conta. A defesa afirma que Marcilane não cometeu qualquer ato censurável.

Relatos como o de Ana Priscila se repetem. Entretanto, existem casos ainda mais trágicos. No segundo semestre de 2024, duas mulheres morreram por conta de procedimentos estéticos malsucedidos. Segundo as investigações, Aline Maria Ferreira da Silva, de 33 anos, morreu após ter tido PMMA aplicados nos glúteos. A ré do caso é Grazielly da Silva Barbosa, que não tem formação na área. A defesa dela alega inocência. Já Danielle Mendes Xavier de Brito, de 44 anos, morreu após a realização de uma aplicação no rosto. A responsável pela aplicação foi a enfermeira Quesia Rodrigues Biangulo Lima. A defesa dela diz que, por enquanto, não vai se manifestar.

Vigilância sanitária promove campanhas

Com o avanço dos casos de procedimentos estéticos malsucedidos envolvendo clínicas irregulares, a utilização de produtos proibidos e a atividade de pessoas sem as credenciais adequadas para a atuação na área, a Vigilância Sanitária tem atuado na tentativa de coibir as más práticas. Segundo a Anvisa, o número elevado de denúncias relacionadas a serviços de estética e embelezamento sinaliza que a grande quantidade de estabelecimentos disponíveis e a diversidade de técnicas e procedimentos estão relacionadas ao número elevado de relatos de irregularidades.

Em fevereiro de 2025, a Anvisa realizou a operação Estética Com Segurança em parceria com as vigilâncias sanitárias estaduais e municipais. Clínicas de quatro Estados foram fiscalizadas. Um dos estabelecimentos interditados ficava em Goiânia e funcionava na cozinha de um apartamento. Foram encontrados produtos com prazo de validade vencido e as equipes descobriram anotações referentes a dois casos de infecção, sendo um deles por micobactéria, após procedimentos realizados na clínica. Os casos não haviam sido notificados ao sistema de saúde público, contrariando a legislação, que estabelece a notificação compulsória.

Em Goiás, a Secretaria de Estado de Saúde de Goiás (SES-GO) possui a ação De Olho na Beleza. Por meio dela, a Superintendência de Vigilância Sanitária, Ambiental e Saúde do Trabalhador (Suvisa) promoveu reuniões estratégicas com os conselhos regionais de Enfermagem, Farmácia, Odontologia, Fisioterapia, Biomedicina e Biologia. O objetivo foi alinhar medidas conjuntas para aumentar a segurança nos procedimentos estéticos. "Tornou-se um problema de saúde pública", aponta Flúvia Amorim, superintendente de Vigilância em Saúde de Goiás.

O auditor fiscal de Saúde Pública da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Goiânia, Dagoberto Costa, atua há 25 anos na área e relata que mais recentemente houve uma explosão de casos de irregularidades ligadas a procedimentos estéticos. Na capital, o órgão municipal tem procurado trabalhar em parceria com a Polícia Civil do Estado de Goiás (PC-GO). Além da esfera criminal, no âmbito da Vigilância Sanitária os estabelecimentos irregulares podem sofrer desde multas até a apreensão de produtos e interdição.

Nesse sentido, Costa alerta para alguns sinais aos quais a população deve ficar alerta antes de se submeter a procedimentos estéticos como, por exemplo, verificar o alvará sanitário do estabelecimento, saber qual material está sendo utilizado -- inclusive se está dentro da data de validade -- e verificar se o profissional responsável está habilitado no conselho da classe. "Também é importante saber o que você realmente precisa e tomar cuidado com as redes sociais", finaliza.

Conselho de Odontologia quer liberação de cirurgias no rosto

O Conselho Federal de Odontologia (CFO) quer permitir que dentistas possam fazer cirurgias plásticas no rosto. De acordo com o próprio conselho, a instituição tem trabalhado na elaboração de uma resolução sobre as "cirurgias estéticas da face", cujos estudos estão em andamento. A classe médica se posiciona contra o documento e defende que procedimentos como, por exemplo, rinoplastias, só sejam realizados por médicos. Atualmente, a Resolução CFO 198/2019, já permite aos dentistas a prática de harmonização orofacial.

Em nota, o CFO defendeu que o termo cirurgia plástica facial é "equivocado" e que "não estão definidos os procedimentos a serem englobados na futura resolução e as respectivas exigências da regulamentação", sendo que os detalhes completos sobre o tema serão divulgados após a publicação.

O conselho ainda esclareceu que "as cirurgias estéticas da face vão representar um avanço importante para a Odontologia, com reconhecimento das competências legais e técnico-científicas dos cirurgiões-dentistas para atuação na área e, principalmente, serão um passo significativo para a segurança da população, que terá acesso a novos procedimentos regulamentados de forma rígida e adequada".

O presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica -- Regional Goiás (SBCP-GO), Fabiano Arruda, é um crítico da movimentação do CFO. "Não é mudando o nome (de cirurgias plásticas para cirurgias estéticas da face) que vão conseguir mudar o que esses procedimentos causam e as repercussões que eles têm no organismo. Essa resolução representa, para os pacientes, um risco", argumenta.

Em nota, o Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás (Cremego) informou que "considera essa medida um grave risco à saúde da população, especialmente em um momento em que se multiplicam denúncias de complicações em procedimentos realizados por profissionais sem formação médica completa para essas intervenções" e que comunicou que "atuará junto ao Conselho Federal de Medicina (CFM) para adotar todas as medidas necessárias a fim de impedir que essa decisão seja implementada".

O conselho ainda explicou que "cirurgias plásticas faciais são atos complexos que demandam profundo conhecimento da anatomia humana e técnicas cirúrgicas adquiridas apenas após longos anos de formação médica: seis anos de graduação em medicina, seguidos por três anos de residência em cirurgia geral e mais três anos de residência em cirurgia plástica" e destacou que "permitir que profissionais sem essa trajetória realizem tais procedimentos é colocar em risco a segurança, a integridade e a vida dos pacientes".