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Dengue aumentou 400% no Brasil em 2024 em comparação ao ano passado

Modificado em 04/11/2024, 09:00

Mosquito Aedes aegypti é o transmissor da dengue, zika e chikungunya

Mosquito Aedes aegypti é o transmissor da dengue, zika e chikungunya (Raul Santana/Fiocruz)

O Brasil chegou a 6,5 milhões de casos prováveis de dengue, de acordo com o Painel de Monitoramento das Arboviroses do Ministério da Saúde. Os dados são provisórios e referem-se ao período de 1º de janeiro a 7 de outubro. O coeficiente de incidência é de 3.221,7 por 100 mil habitantes. A OMS (Organização Mundial da Saúde) considera que taxas acima de 300 casos por 100 mil habitantes indicam epidemia.

No período, 5.536 pessoas morreram devido à doença. Outros 1.591 óbitos estão em investigação.

No mesmo período de 2023, o país confirmou 1,3 milhão de casos prováveis de dengue. De janeiro a dezembro, houve 1,6 milhão ---1.179 pessoas morreram. Os números de janeiro a outubro de 2024 são 400% mais altos se comparados aos do mesmo período de 2023.

Apesar da incidência e dos números altos, as infecções começaram a baixar a partir da semana epidemiológica 16, que iniciou em 14 de abril. Até a 40, a última de agosto, a curva de infecções diminuiu e depois apresentou pequenas oscilações.

Neste ano, o estado de São Paulo tem 32,3% dos casos de dengue do país ---2,1 milhões. Foram registradas 1.786 mortes pela doença. Outros 831 óbitos permanecem em investigação.

Segundo o mesmo painel, a capital paulista tem 639.066 infecções por dengue com 365 mortes e outras 476 em investigação. No dia 7 deste mês, a Prefeitura de São Paulo revogou a emergência de dengue.

O QUE DIZEM OS ESPECIALISTAS

Para o infectologista Antonio Carlos Bandeira, membro do Comitê de Arbovirose da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia) e assessor técnico do Laboratório Central do Estado da Bahia, a expectativa é a de que os números da dengue continuem menos expressivos até dezembro, quando a volta do crescimento é esperada. O pico da doença deverá ocorrer de março a abril do ano que vem. De maio em diante, a tendência é cair. "Neste ano, ficamos durante muitos meses com um platô alto. Não dá para prever se isso voltará a acontecer no país", explica.

O especialista chama a atenção para a necessidade de ações eficientes no combate à dengue em várias frentes. Uso de larvicidas, trabalho ambiental e cuidado dos pacientes com dengue, segundo Bandeira, não são suficientes.

"A maior parte dos países do mundo tem caminhado em várias frentes. Uma delas é utilizar a tecnologia dos mosquitos transgênicos. E transformar num produto de escala. Precisa chamar as empresas privadas porque o governo não tem dinheiro para resolver tudo sozinho."

A vacinação contra a dengue deve ser implementada em larga escala. "O Ministério da Saúde fez uma vacinação muito tímida. Precisa expandir e colocar a vacina da dengue dentro do calendário do Programa Nacional de Imunizações. Isso tinha que ser rápido, para todas as pessoas. A vacina do Butantan precisa ser acelerada pela Anvisa. Vai ser uma segunda vacina muito eficaz também."

A médica Andyane Tetila, presidente da Sociedade de Infectologia de Mato Grosso do Sul, alerta que, assim como nos outros anos, o forte calor, a umidade e as chuvas vão favorecer a proliferação do mosquito Aedes aegypti.

"Há necessidade de trabalhar as ações de prevenção de forma precoce, com início imediato, para conscientizar a população a evitar o acúmulo de água nos domicílios, além das medidas de gestão, com políticas públicas, e medidas mais novas, como o método wolbachia, para diminuir a replicação dos mosquitos", afirma.

Segundo Tetila, a preocupação dos gestores de saúde é com a circulação dos subtipos 3 e 4 da dengue. Em 2024, prevaleceram o 1 e o 2.

"Há um risco de aumento de casos por causa da situação climática favorável, dos subtipos virais que circularam em 2024 voltarem em 2025 e encontrar muitas pessoas ainda suscetíveis, principalmente o subtipo 3, que circulou em alguns estados, e o 4, que teve alguns casos também identificados no nosso país. Além disso, nem toda a população foi exposta aos tipos 1 e 2, e não está protegida contra uma infecção", diz Tetila.

Na visão de Carlos Magno Fortaleza, presidente da (SPI) Sociedade Paulista de Infectologia e professor de Infectologia da Unesp, em Botucatu, a intensa atividade da dengue nos últimos dois anos foi causada por determinantes climáticos --em anos quentes, aumenta a atividade do mosquito vetor-- e principalmente pelo desmonte das ações de controle de doenças que se viu durante o governo Bolsonaro.

"O governo Bolsonaro desmontou a inteligência epidemiológica e do controle de doenças do Brasil, que era admirada no mundo inteiro. Pessoas importantes dessa inteligência saíram porque não tinham possibilidade de trabalhar ou foram excluídas das linhas decisórias do Ministério da Saúde", comenta Fortaleza.

"Além de tudo foi desmontado todo o sistema de pactuações municipais e estaduais nos quais se baseava a ação de controle de doenças no SUS. O governo federal muda, mas os governos municipais não mudam essa onda de individualismo, negacionismo, não cooperativismo, não investimento na prevenção. Isso é uma herança do bolsonarismo. A construção do SUS desde a década de 80 foi um processo harmônico. Com essa polarização e desconstrução das políticas públicas, essa harmonia não se recupera simplesmente com a boa vontade da ministra Nísia.

Fortaleza acredita que o país esteja pouco preparado para a dengue. Apesar de um número ínfimo de vacinados, a imunidade populacional pode ser um freio. "Se nós tivermos a mesma cepa circulando, grande parte da população já se infectou no ano anterior. Talvez essa imunidade populacional seja uma limitação em uma situação tão dramática como vivemos esse ano", afirma.

Este projeto é uma parceria com a Umane, associação que apoia iniciativas no âmbito da saúde pública

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Cancelamento de licitação encerra denúncia sobre semáforos em Goiânia

Com fim de pregão eletrônico para modernizar parque semafórico, unidade técnica do TCM-GO não leva adiante averiguação sobre possível trava que impediria novas empresas de atuarem e sugere que administraçã municipal analise este ponto

Manutenção dos semáforos é feita atualmente pela própria SET

Manutenção dos semáforos é feita atualmente pela própria SET (Wildes Barbosa / O Popular)

A decisão de revogar o pregão eletrônico que renovaria o parque semafórico de Goiânia fez com que a Secretaria de Controle Externo de Contratações (Secex Contratações) do Tribunal de Contas dos Municípios do Estado de Goiás (TCM-GO) resolvesse não avançar na denúncia de que os semáforos da Dataprom Equipamentos e Serviços de Informática possuem "protocolo fechado". Isso inviabiliza que outras empresas assumam a manutenção de 99,39% dos 805 cruzamentos semaforizados da capital. O processo licitatório se arrastou durante toda a gestão do prefeito Rogério Cruz (SD) e estava parado desde julho do ano passado, mesmo não havendo nenhum entrave administrativo.

A reportagem mostrou na sexta-feira (14) que a Prefeitura desistiu de levar adiante a licitação ainda em 20 de dezembro de 2024, nos últimos dias de Rogério no cargo, porém a decisão só foi oficializada pela Secretaria Municipal de Administração (Semad) já na gestão do prefeito Sandro Mabel (UB), horas antes da publicação da reportagem e após o jornal acionar a administração municipal em busca de esclarecimentos.

A decisão, entretanto, já era de conhecimento do TCM-GO, do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJ-GO) e da própria Dataprom, empresa de Curitiba cujas chances de vencer o pregão eram baixas. Ao justificar a revogação em dezembro, a Prefeitura alegou morosidade no processo e desatualização dos estudos que embasaram o pregão.

A licitação estava avaliada em até R$ 53 milhões e foi dividida em três lotes: um para o fornecimento e implantação de centro de controle operacional (CCO); outro para o fornecimento, manutenção e comunicação de software de controle de tráfego; e o último para a prestação dos serviços de manutenção preventiva e corretiva do sistema semafórico. O Consórcio Goiânia Semafórica, formado pelas empresas Kapsch Trafficcom e Newtesc Tecnologia e Comércio, ambas de São Paulo, venceu o primeiro lote e passava por teste de capacidade para ver se levava os outros dois. Já a Dataprom estava, respectivamente, em segundo e quarto nesses lotes ainda em disputa.

Mabel já havia anunciado a intenção de passar a gestão do parque semafórico para a Rede Metropolitana de Transporte Coletivo (RMTC), consórcio de empresas responsáveis pelo transporte coletivo público na região metropolitana de Goiânia. A partir daí, caberia à RMTC fazer a contratação da empresa responsável pela manutenção do sistema. A Prefeitura informa que o processo de transferência está em fase de elaboração de um acordo de cooperação técnica e não deu uma data para que ela se efetive. O prefeito diz que os primeiros novos semáforos seriam instalados ainda em março em três avenidas de grande circulação.

Denúncias

O parecer da Secex Contratações ainda depende de análise por parte dos conselheiros do TCM-GO. No documento, a que O POPULAR teve acesso com exclusividade, o órgão explica que a apuração sobre o suposto "protocolo fechado" demandaria uma avaliação pormenorizada dos produtos fornecidos, inclusive a realização de perícia técnica e avaliação laboratorial, pontos que fogem ao escopo legal do tribunal e que, de qualquer forma, o processo deve ser arquivado após a Prefeitura ter se manifestado, ainda em dezembro, pelo fim da licitação. Outras três denúncias foram consideradas procedentes, o que levou o órgão a sugerir que sejam feitas recomendações.

A equipe da Secex Contratações também alega não possuir "profissionais com alta expertise no tema" para averiguar a parte técnica da denúncia envolvendo os equipamentos da Dataprom. "Não obstante, esta unidade técnica frisa que se trata de uma temática sensível, de grande repercussão à disputa e de elevado nível de discussão técnica, típica de especialista do ramo de comunicação semafórica", afirma o relatório. No documento enviado aos conselheiros do TCM-GO, a equipe da Secex Contratações afirma que o problema levantado na denúncia é "o principal ponto a ser observado pela nova gestão, pois foi o cerne da discussão deste processo e dos grandes embaraços na condução do pregão".

A Dataprom foi responsável pelo controle do parque semafórico de Goiânia entre 1997 e 2019 e conseguiu manter contratos emergenciais para manutenção dos equipamentos até abril de 2022. Depois, por meio de um consórcio, desde novembro de 2023 fornece material para que equipes da própria Secretaria Municipal de Engenharia de Trânsito (SET) faça a correção dos problemas. O contrato mais recente foi renovado em novembro, com validade por 12 meses.

Entre as denúncias confirmadas pela unidade técnica do TCM-GO, todas já haviam sido noticiadas e, de certa forma, resolvidas quando o tribunal liberou o procedimento licitatório em julho. Uma é que o Consórcio Goiânia Semafórica foi prejudicado pelo "efeito surpresa" na prova de conceito do lote 3. Também não foram apresentados "elementos técnicos robustos" para justificar a redução do checklist dos lotes 2 e 3. E faltou deixar mais claro qual o período a ser disponibilizado para que a licitante possa demonstrar sua capacidade nos testes. No relatório da Secex, esses pontos são tratados como recomendações de atenção se a Prefeitura decidir fazer um novo pregão.

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Canteiro central é reduzido para dar espaço a carros

Via que liga região sul à oeste da capital passa por mudanças para criação de 3ª faixa, como a redução do canteiro central, e vai receber sincronização semafórica

Modificado em 20/03/2025, 08:09

Em parte da Castelo Branco, canteiro central agora se restringirá praticamente à espessura das palmeiras

Em parte da Castelo Branco, canteiro central agora se restringirá praticamente à espessura das palmeiras (Fábio Lima / O Popular)

Desde o último final de semana, a Avenida Castelo Branco passa por uma série de intervenções da Prefeitura de Goiânia com o objetivo de dar mais fluidez aos veículos motorizados que passam pela via. A principal mudança ocorre no trecho entre as praças Ciro Lisita e Walter Santos, no Setor Coimbra, de cerca de 400 metros, em que o canteiro central foi reduzido para deixar apenas a espessura das palmeiras plantadas no local, retirando a área de grama e absorção de água. A ideia é que, com este espaço, faça-se a divisão das duas faixas da pista para que se tornem três e, com isso, mais veículos possam passar pelo local ao mesmo tempo. Em toda a extensão da Avenida Castelo Branco haverá a proibição de estacionamento e a sincronização semafórica.

Com isso, apenas o trecho entre a Praça do Cigano e a Praça Ciro Lisita, entre os setores Oeste e Coimbra, da mesma avenida, continuará sendo com duas faixas, sendo a da direita, mais próxima à calçada, mais larga. Este trecho possui cerca de 600 metros e não há previsão de intervenção no momento. Ainda está sendo estudada, no entanto, uma configuração para a Praça Ciro Lisita de modo a garantir a fluidez dos carros, motos e ônibus. "A equipe técnica está avaliando o melhor desenho viário para garantir a implantação das três faixas de circulação, priorizando a fluidez do tráfego sem comprometer a funcionalidade do espaço", informa a Secretaria Municipal de Engenharia de Trânsito (SET).

A previsão é de que as obras, que estão sendo executadas pela Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana (Seinfra), sejam concluídas no final do mês. Além da perda do canteiro central no trecho entre as praças Ciro Lisita e Walter Santos, também será construída uma alça de acesso à Marginal Cascavel, também com alargamento da pista a partir da redução do canteiro central. "A alça de acesso será construída abaixo do córrego, no sentido Terminal Padre Pelágio, conectando a Avenida Castelo Branco com a Marginal Cascavel. Esse acesso será semaforizado para conversões à esquerda, enquanto os motoristas que seguem adiante terão duas faixas de livre trânsito, sem necessidade de parar no semáforo", informa a secretaria.

O semáforo no cruzamento com a Rua Jaraguá, no Setor Campinas, que atualmente é de três tempos, passará a ser de dois, ou seja, será proibida a conversão à esquerda, que é quem quer acessar a Castelo Branco no sentido Trindade. Desta forma, os motoristas que quiserem fazer esse trajeto, deverá fazer o looping de quadra, pela Avenida Mato Grosso e a Rua Quintino Bocaiúva. Segundo a SET, as obras "tem como principal objetivo melhorar a fluidez da Avenida Castelo Branco, que atualmente enfrenta congestionamentos em diversos trechos".

A pasta aponta que "um estudo realizado na via revelou que, entre 6 e 20 horas, cerca de 45 mil veículos equivalentes trafegam na região próxima à Marginal Cascavel, evidenciando a necessidade de intervenções para otimizar a mobilidade". Sobre a reclamação dos comerciantes que criticam a perda do estacionamento, a SET relata que foram feitas reuniões com as lideranças locais e a Prefeitura "estuda a melhor forma de atender as principais reivindicações, entre elas a possibilidade de autorização para carga e descarga por um período do dia, entre 9 e 15 horas". A via também será a primeira a receber os novos equipamentos semafóricos, com tecnologia para realizar a sincronização dos equipamentos.

"Com a nova intervenção, será possível implementar uma 'onda verde', reduzindo significativamente o tempo perdido nos sinais vermelhos e melhorando a fluidez do trânsito", explica a SET. Geógrafo e pesquisador em planejamento urbano e mobilidade, o professor da Universidade Estadual de Goiás (UEG), Vinícius Polzin Druciaki, entende que o problema dos projetos da Prefeitura de Goiânia na atual gestão tem sido que esse "ideário de desobstruir a via, dar agilidade" não está sendo pensado como parte de um sistema de mobilidade, em que deve constar medidas para ciclistas, pedestres, usuários de transportes coletivos, não apenas os transportes individuais motorizados (carros e motos).

"Não se vê uma promoção de uma calçada mais segura. Tirar a vaga de estacionamento é positivo, mas não se faz para um incentivo de uma caminhada segura, mas, sim, para os carros. Todas as medidas anunciadas pela gestão, como a 'Direita Livre', a desobstrução das vias, os corredores para motos, é para dar mais fluidez aos carros. Mas não tem medida de educação no trânsito para colocar o motorista mais sensível ao pedestre, parar para ele atravessar", aponta Druciaki. O professor ressalta que o problema no trânsito de Goiânia é mais comportamental do que estrutural. "Nossa grande crítica às medidas é não colocar a dimensão humana e o pedestre. A prioridade é que o carro corra mais, mas daqui a dois ou três anos vai ter o mesmo problema, de falta de fluidez", diz.

Druciaki reforça que não é possível proibir o direito de ir e vir das pessoas, mas que o poder público pode estimular ou desestimular determinados comportamentos, como o uso do carro e a valorização dos pedestres, ciclistas e usuários de ônibus. "No primeiro momento, vai ter essa sensação de maior fluidez, uma sensação subjetiva, até. Mas a cidade com fluidez não é sinônimo de rapidez, tem de ter segurança." Ele entende que a perda de um canteiro, de uma praça, espanta o pedestre e estimula o maior uso do carro.

De acordo com a SET, a pasta "entende a importância de equilibrar a fluidez do tráfego com a segurança e a mobilidade dos pedestres". Informa ainda que na região da Castelo Branco, "os estudos técnicos indicam que o maior fluxo de pedestres se concentra na Praça A, onde estão os centros de compras de Campinas e o terminal de ônibus", onde já existe estrutura viária adequada para a demanda. Já na Avenida Castelo Branco, a travessia segue garantida pelas faixas já existentes.

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Igreja onde teto desabou não tinha projeto aprovado pelos Bombeiros

Cheio de rachaduras, o restante do prédio está condenado e deverá ser demolido

Modificado em 20/03/2025, 08:10

Mais de 70 placas solares estavam instaladas, um peso adicional de 2 toneladas, quando o teto da igreja desabou

Mais de 70 placas solares estavam instaladas, um peso adicional de 2 toneladas, quando o teto da igreja desabou (Wildes Barbosa / O Popular)

A instalação de placas solares na igreja em que parte do teto desabou na manhã desta quarta-feira (19), no Setor Leste Vila Nova, foi iniciada sem a aprovação prévia do projeto pelo Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás (CBM-GO). O desabamento ocorreu enquanto trabalhadores colocavam os equipamentos no edifício. No momento da queda, a igreja, que recebe em média 3 mil pessoas aos domingos, estava vazia, tendo apenas os seis funcionários envolvidos no acidente, sendo que um delas foi hospitalizada. Cheio de rachaduras, o restante do prédio está condenado e deverá ser demolido.

Os trabalhadores que instalavam as placas viveram momentos de pânico. Quatro deles estavam no telhado do edifício quando o desabamento começou. Eles ficaram agarrados à estrutura à espera de socorro. Os outros dois estavam no chão, viabilizando a subida das placas solares. Um deles conseguiu escapar do ocorrido sem ferimentos. O outro teve ferimentos na cabeça e foi encaminhado para o Hospital de Urgências de Goiás (Hugo).

De acordo com o CBM, antes de realizar a instalação das placas solares, a empresa deve apresentar o projeto técnico para que ele seja avaliado e analisado se está em conformidade com as medidas de segurança contra incêndio e pânico. A instalação deve seguir as diretrizes estabelecidas na Norma Técnica 44/2025, que trata sobre a Segurança em Sistemas Fotovoltaicos.

Neste caso, o trabalho foi iniciado sem a prévia aprovação do projeto pela corporação. O recebimento, cadastro e análise dos projetos técnicos encaminhados ao CBM é realizado pelo setor de atividades técnicas. Além da falta de um projeto aprovado, a edificação não possui o Certificado de Conformidade (Cercon) da corporação, documento que atesta se um prédio está em conformidade com as normas de segurança contra incêndios.

Desabamento

O trabalhador de uma oficina mecânica que fica em frente à igreja foi quem ligou para os Bombeiros solicitando socorro quando parte do telhado da igreja desabou. Matheus Oliveira, de 27 anos, conta que os homens instalavam placas há cerca de uma semana. Quando a estrutura ruiu, por volta de 10h30, ele e outros colegas de trabalho levaram um susto. "Um barulho muito alto e muita poeira", diz.

Além do CBM, a Defesa Civil de Goiânia e o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Goiás (Crea-GO) estiveram no local após o acidente. Um laudo sobre o ocorrido será produzido pela Defesa Civil e o CBM-GO em conjunto. O CREA também emitirá um relatório técnico sobre a situação.

Capitão do CBM, Guilherme Lisita esteve no local e esclarece que, conforme informações das pessoas que trabalhavam na instalação, mais de 70 placas já tinham sido instaladas quando ocorreu o desabamento, sendo que cada uma delas pesa por volta de 30 quilos. Na prática, isso representa um peso adicional de mais de 2 toneladas ao telhado.

Até o meio da tarde desta quarta, uma das ruas laterais da igreja, que fica localizada nas proximidades da Avenida Anhanguera, estava interditada. Segundo o coordenador da Defesa Civil de Goiânia, Robledo Mendonça, o motivo é o risco de desabamento do restante da estrutura .

Para a reportagem, o pastor André Francisco, responsável pela unidade, contou que a igreja ocupa o edifício há mais de 20 anos e que toda a comunidade está entristecida com o que ocorreu. Segundo ele, o restante da estrutura será demolido e um novo prédio será reconstruído.

Laudo

O gerente de fiscalização do Crea-GO, Jeorge Frances, afirma que além das medidas administrativas ligadas à área elétrica, existe toda uma parte de engenharia envolvida no processo de instalação de placas solares. Primeiro, é necessário dimensionar a energia que poderá ser produzida no local. O quantitativo de carga que vai determinar a quantidade e o tipo de placa que será utilizada no local. Cada tipo de placa tem um peso diferente. Isto também define a forma como as placas serão acomodadas.

Para isso, é necessário a análise e confecção de um laudo por um engenheiro especialista em cálculo estrutural. Ele é o profissional que vai definir se a estrutura em questão suporta a carga estática (o peso das placas) e a carga dinâmica (o peso que envolve o processo de acomodação do material). "Às vezes, a estrutura suporta o peso das placas, mas é preciso, por exemplo, instalar as placas em sequência uniforme, ao invés de um lado primeiro e depois o outro", detalha.

Além do cuidado com a estabilidade estrutural, ele reforça a necessidade de redimensionar o sistema de segurança contra incêndio, aprovando a mudança do projeto no CBM, com exceção das residências unifamiliares. A reportagem não conseguiu localizar a empresa responsável pela instalação das placas para comentar o assunto.

Em nota, a Igreja Videira informou que todas as medidas de segurança foram adotadas prontamente para garantir a integridade de todos os envolvidos e que, imediatamente após o ocorrido, especialistas foram acionados para avaliar as causas do incidente. Comunicou que colabora com as autoridades e responsáveis técnicos para garantir que "todas as medidas corretivas sejam tomadas com a máxima responsabilidade e segurança". A igreja ainda reiterou "o compromisso com a segurança dos membros e da comunidade e seguimos à disposição para esclarecimentos".

Associação

Já a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar) informou que embora ainda não haja um laudo técnico oficial sobre as causas do acidente, "a entidade acompanha de perto os desdobramentos do ocorrido". A Absolar destacou que "as instalações fotovoltaicas em telhados, fachadas e coberturas são seguras, quando projetadas e instaladas seguindo todos os protocolos de segurança e qualidade estabelecidos pelas boas práticas do setor, em linha com as exigências técnicas e legais".

A associação frisou a importância da realização de perícia técnica específica para a ocorrência em questão, "para que sejam investigadas e identificadas as causas da fatalidade, de forma precisa e transparente" e reforçou que, para a instalação e manutenção de sistemas fotovoltaicos, os profissionais devem necessariamente possuir habilitação técnica apropriada para interagir com instalações elétricas e serviços com eletricidade, além de capacitação atividades de trabalho em altura.

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Médico é preso suspeito de abusar de paciente durante exame ginecológico

Segundo Polícia Civil, investigado possui registros criminais por estupro, atentado violento ao puder e assédio sexual. Durante a prisão, ele negou os crimes e disse que mulheres querem "dar ibope" na cidade

Modificado em 20/03/2025, 07:10

À polícia, vítima contou que suspeito fez movimentos 'incompatíveis" durante o toque vaginal

À polícia, vítima contou que suspeito fez movimentos 'incompatíveis" durante o toque vaginal (Divulgação/PC-GO)

Um médico foi preso suspeito de abusar sexualmente de uma paciente de 21 anos durante o exame ginecológico em um hospital de Vicentinópolis, no sul de Goiás. Segundo a Polícia Civil de Goiás (PC-GO), o homem é investigado pelos crimes de violação sexual mediante fraude e importunação sexual.

A reportagem entrou em contato com a defesa do suspeito e com o Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás (Cremego), mas houve retorno até a última atualização desta reportagem.

A PC informou que a ocorrência foi feita pela própria vítima. De acordo com a jovem, durante o procedimento do toque vaginal, o médico fez diversas perguntas de cunho sexual. Ele teria indagado se a vítima sentia "orgasmo" com os movimentos que era " feito por ele e "se, durante a relação sexual, ela chegava ao orgasmo".

Além disso, ele teria sugerido "introduzir o pênis na vítima", ao insistir que "se colocasse o pênis na vítima poderia fazer a vítima ter um orgasmo". A PC destacou que os toques e movimentos relatadas pela jovem eram "incompatíveis com a realização técnica do exame".

Reincidente

A investigação revelou ainda que o médico tem registros criminais por estupro, atentado violento ao puder e assédio sexual. A PC destacou que na mesma semana da importunação sexual contra a jovem, o médico teria também assediado sexualmente uma servidora municipal que trabalha na mesma unidade de saúde que ele. Esse caso também está sendo investigado.

A partir da ficha criminal e dos novos relatos contra o suspeito, a polícia acredita que há outros casos e trabalha para identificar possíveis novas vítimas desse médico.

Levantamentos policiais indicam que podem existir outras vítimas do médico, que por medo de represálias, devido à posição social do agressor, não denunciaram. Nesse sentido, foi representado pela prisão preventiva do abusador, acatada pelo Judiciário, após ouvido o MP [Ministério Público]", cita trecho do comunicado da polícia.

Durante a prisão, aos policiais, o suspeito negou os crimes e alegou que as denúncias foram feitas por ele ser médico e que os relatos de abusos sexuais seriam uma tentativa das vítimas de "dar ibope" na cidade. Ele foi encaminhado para o presídio de Pontalina, também no sul goiano, a cerca de 50 km de Vicentinópolis.

A reportagem entrou em contato com a Prefeitura de Vicentinópolis para obter informações se a administração não faz uma análise prévia para a contratação de servidores, especificamente para a área de saúde, e qual será a medida tomada em relação ao servidor público, mas não houve retorno.