Empresa começa a retirar agrotóxicos que caíram no Rio Tocantins após queda de ponte na divisa com o Maranhão
A retirada de 200 litros dos 20 mil defensivos agrícolas que ainda estão no rio foi realizada por mergulhadores contratados pela empresa Sumitomo, responsável pela carga
Por g1 MA — São Luís
8 de janeiro de 2025 às 19:36
Modificado em 08/01/2025, 20:07

Empresa retira 20 litros dos 20 mil de agrotóxicos que caíram no rio Tocantins após queda de ponte (Ibama/Divulgação)
Nessa terça-feira (7), foram retiradas 10 bombonas de agrotóxicos que caíram no rio Tocantins, após o desabamento da Ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira. A quantidade corresponde a 200 litros de defensivo agrícola. No total, no caminhão que transportava a carga, havia 20 mil litros do produto.
A retirada das 10 bombonas foi realizada por mergulhadores contratados pela empresa Sumitomo, responsável pela carga. A operação de retirada dos produtos continua nesta quarta-feira (8). O trabalho é acompanhado pela equipe de Emergência Ambiental do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
O tempo de retirada da carga depende, principalmente, da situação climática. De acordo com o Ibama, a operação para retirar os agrotóxicos do rio teve início na manhã dessa terça, quando os mergulhadores fizeram um mergulho de reconhecimento de área. No período da tarde, eles conseguiram retirar as 10 bombonas de agrotóxicos.
Segundo o Ibama, as bombonas continham três tipos de agrotóxicos caíram no rio. São eles:

Ibama acompanhou retirada de agrotóxicos que caíram no Rio Tocantins (Ibama/Divulgação)
Na segunda-feira (6), o Ibama informou que os tanques com ácido sulfúrico no leito do rio Tocantins apresentaram um pequeno vazamento. Não há a confirmação exata do quanto vazou, porém o volume derramado ainda não gera grandes preocupações.
Ao todo, 76 toneladas de ácido sulfúrico que caíram no rio. Deste volume, teriam vazado cerca de 23 mil litros. O ácido é substância não inflamável, mas tem alto poder corrosivo, além de ser oxidante.
Três pessoas ainda estão desaparecidas
A Marinha do Brasil informou que das 17 vítimas do desabamento da ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, que liga o Maranhão ao Tocantins, 14 já foram localizadas e identificadas. Até a tarde desta quarta-feira (8), três pessoas seguiam desaparecidas.
Os desaparecidos são Salmon Alves Santos, de 65 anos e Felipe Giuvannuci Ribeiro, 10 anos que são, respectivamente, avô e neto. Além deles, o maranhense Gessimar Ferreira da Costa, de 38 anos também está entre os desaparecidos.
A ponte, na BR-226 que liga as cidades de Estreito (MA) e Aguiarnópolis (TO), desabou na tarde do dia 22 de dezembro de 2024. Segundo o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), do governo federal, o desabamento aconteceu porque o vão central da ponte cedeu. A causa do colapso ainda vai ser investigada, de acordo com o órgão.
Buscas pelos desaparecidos
Na terça-feira (7), a Marinha do Brasil havia informado que a Força-Tarefa de busca e resgate às vítimas poderiam ser encerradas caso não houvessem novos indícios que levem à localização dos últimos desaparecidos. Entretanto, informações obtidas pelo g1 na tarde desta quarta-feira (8), informaram que as buscas aos desaparecidos estariam sendo feitas somente via barco e com auxílio de drones.
De acordo com o órgão, caso as buscas fossem encerradas, os trabalhos poderiam ser retomados "caso surjam novas informações concretas que contribuam para a localização das vítimas". A nota diz ainda que seria realizada uma nova varredura com mergulhadores para concluir um "ciclo técnico que elimina quaisquer lacunas nas áreas já exploradas".
Desde o início das operações, a Força-Tarefa concentrou esforços nas áreas com maior probabilidade de localização das vítimas, especialmente nas proximidades dos veículos e escombros.
A Marinha informou também que nesta quarta-feira (8) aconteceu a abertura das comportas da barragem da Usina Hidrelétrica de Estreito, devido ao aumento do nível do reservatório e do regime de chuvas na região.
Correnteza atrapalha as operações
A correnteza do Rio Tocantins também gera dificuldade para o resgate dos corpos das vítimas que ainda não foram encontradas. Tanques com defensivos agrícolas, que também caíram no rio, também devem ter sido arrastados, segundo os mergulhadores.
A suspeita é que abertura das comporta da hidrelétrica de Estreito deve ter contribuído para arrastar os corpos e materiais para mais longe do local da queda da ponte. A abertura das comportas foi necessária porque chove na região e a água represada tinha chegado no limite.
Vítimas localizadas e resgatadas

Equipes de resgate localizam corpo de vítima da queda de ponte entre Maranhão e Tocantins (Reprodução/Jornal Nacional)
O desabamento
Segundo o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), do governo federal, o desabamento ocorreu porque o vão central da ponte cedeu. A causa do colapso ainda será investigada, de acordo com o órgão.
O momento em que estrutura cedeu foi registrado pelo vereador Elias Junior (Republicanos). Em entrevista ao g1, ele contou que estava no local para gravar imagens sobre as condições precárias da ponte.
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Uma força-tarefa foi criada identificar os corpos das vítimas encontrados pelas equipes de buscas. Conforme a Secretaria de Segurança Pública, os trabalhos são realizados por um perito oficial médico, peritos criminais, agentes de necrotomia e papiloscopista.
Um consórcio foi contratado pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) para reconstruir a ponte da BR-226, entre Tocantins e Maranhão. A dispensa de licitação de quase R$ 172 milhões prevê que a obra seja finalizada até o dia 22 de dezembro de 2025.
Situação de emergência
A Prefeitura de Estreito decretou situação de emergência no município. Um decreto, assinado pelo prefeito Léo Cunha (PL), cita a necessidade de apoio técnico e financeiro dos governos federal e estadual, já que o município estaria com falta de recursos para atender várias demandas urgentes decorrentes da queda da ponte.
Além da localização e resgate dos corpos dos desaparecidos, o prefeito cita prejuízos às atividades agrícolas e pesqueiras, além do risco de contaminação do rio Tocantins devido aos tanques de ácido sulfúrico e de pesticidas que caíram na água, com a queda da ponte.
No dia 31 de dezembro, o Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional reconheceu a situação de emergência na cidade de Estreito. Com essa medida, a cidade pode solicitar recursos federais para ações de Defesa Civil, dentre outras.