Reitor do Santuário Basílica do Divino Pai Eterno, em Trindade, Região Metropolitana de Goiânia, o missionário redentorista padre Marco Aurélio Martins, disse nesta sexta-feira (15) que esteve esta semana em Brasília para discutir junto ao governo federal questões burocráticas para trazer, da Polônia, os cinco principais sinos que irão compor o campanário do novo Santuário Basílica, em construção. As peças continuam na siderúrgica na Cracóvia, no país do leste europeu, onde foram fabricadas. "Nossa ida a Brasília teve a finalidade de discutir aspectos relacionados à legalização da operação. Com a nacionalização dos sinos, de acordo com o nosso estatuto, podemos receber isenção de taxas previstas numa operação como essa. Pela complexidade, precisamos envolver várias pessoas e órgãos, até mesmo para o desembaraço aduaneiro”, explicou.Esta semana o reitor informou que na Romaria 2014, marcada para o período de 27 de junho a 7 de julho, será desencadeada uma campanha junto aos devotos com o objetivo de arrecadar recursos para o traslado das peças, embora o custo da operação não esteja definido.O campanário do novo Santuário Basílica vai contar com 78 sinos. O principal é o já batizado de Vox Patris (Voz do Pai), apontado como o maior do mundo. A peça de 55 toneladas, tem 4 metros de altura e 4,5 metros de diâmetro. O sino foi feito em bronze, com 78% de cobre e 22% de estanho. Além dele há outros quatro, o Quarteto Ideal, cada um com nome de um evangelista: São Marcos, São Mateus, São Lucas e São João. O complexo religioso ainda vai contar com um carrilhão com 73 sinos de menor porte. Por enquanto, conforme padre Marco Aurélio, foram fabricadas somente as cinco peças maiores e são essas que estão no centro das reuniões para o traslado da Polônia para o Brasil. No ano passado, padre Marco Aurélio esteve na Polônia com o objetivo de discutir o assunto.Acreditávamos que iríamos trazer já para a festa deste ano, mas são muitos os trâmites burocráticos.” Os cinco sinos serão levados para o porto de Gdansk e transportados de navio até o porto de Santos (SP), com uma série de cuidados para evitar corrosão pela salinidade marinha. Ainda não está definido como será o traslado por terra até Trindade. Os sinos encomendados para o novo Santuário Basílica pelo então reitor padre Robson de Oliveira em 2014 estiveram no centro das discussões da Operação Vendilhões, desencadeada pelo Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) em 2020. Na época, o MP-GO denunciou o então reitor por apropriação indébita, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro, que teria sido desviado dos cofres da Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe), que ele também dirigia. Padre Robson foi afastado da função e proibido de exercer atividades religiosas. Segundo as investigações do MPGO, o sino Vox Patris teria custado R$ 17 milhões. A Afipe explicou na ocasião que o valor se refere a todo o conjunto de sinos do campanário. Em 2022, o processo contra o padre Robson de Oliveira foi arquivado em definitivo pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). Ele se desligou da Congregação do Santíssimo Redentor (Redentorista), responsável pelas obras em Trindade que deixaram a cidade conhecida como “a capital da fé” em razão da devoção ao Divino Pai Eterno, e foi acolhido pela Diocese de Mogi das Cruzes (SP) onde voltou a realizar celebrações. A Afipe ganhou nova direção, trabalha para retomar a confiança dos devotos e manteve a continuidade das obras do novo Santuário Basílica, fortalecendo medidas de transparência.