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Expedição pela Chapada dos Veadeiros deve percorrer 420 km em defesa das águas do Cerrado

Dados do Ipam mostram que, desde 1985, o parque perdeu 87% de sua superfície de água

Modificado em 19/09/2024, 00:33

Imagens da edição 2021 do Circuito

Imagens da edição 2021 do Circuito (Divulgação / Assessoria MapBiomas)

Três cientistas fazem parte da edição de 2023 da TransCerrado, expedição de bicicleta em defesa das águas do Cerrado. Um percurso de 420 km vai ser percorrido dentro do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros e em suas redondezas, a fim de defender o bioma. O percurso busca destacar as riquezas naturais do Cerrado, seu potencial ecoturístico e também de desenvolvimento sustentável. A largada está prevista para a próxima segunda-feira (10).

São três os membros da equipe que realizam a expedição: o pesquisador sênior do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), Paulo Moutinho, o também pesquisador e coordenador de Desenvolvimento e Inovação Tecnológica do Instituto, Valderli Piontekowski, e o especialista em navegação, Márcio Bittencourt.

Moutinho destaca a falta de compreensão da importância do bioma como um dos principais empecilhos para sua proteção. A distância da população dos grandes centros urbanos do Cerrado faz com que muitos desconheçam a urgência do assunto.

O que esperamos com o TransCerrado é, através de uma aventura científica, encorajar as pessoas a conhecerem melhor o bioma e vivê-lo através do esporte ao ar livre", resumiu o pesquisador sênior do Ipam.

Em sua primeira edição, o TransCerrado teve percurso de mais de 700 km , entre a cidade de Goiás e o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros. Para acompanhar em detalhes a expedição deste ano, é só acompanhar a **página Instagram do projeto ** e também o site do Ipam .

Sobre o Bioma
Segundo dados do Ipam, o Cerrado é o segundo maior bioma brasileiro, com a maior biodiversidade do planeta, e ocupa 24% de todo o território nacional. Apesar disso, o Cerrado tem apenas 1,7% de sua extensão protegida por parques e áreas de conservação.

Em levantamento feito pelo MapBiomas Água, é possível perceber recuo de 66% da cobertura de água dentro de áreas protegidas do bioma. É destacado na pesquisa que, das dez áreas de preservação com perda hídrica, sete estão no trecho dos rios Tocantins-Araguaia.

Ainda segundo informações deste levantamento, nos últimos 38 anos, o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros perdeu 87% das superfícies de água. Vale lembrar que na região estão as nascentes dos principais rios de todo o Brasil.

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Cobra de 'bigode' e que vive em árvores: biólogos descobrem nova espécie de serpente no cerrado tocantinense

Materiais da nova espécie foram coletados em 2017, no Tocantins, e foram comparados com outras espécies já existentes ao longo dos últimos anos. A cobra não é peçonhenta, segundo especialistas

Modificado em 22/02/2025, 13:16

Nova espécie de cobra-papagaio é descoberta no Tocantins (Leandro Alves da Silva / Divulgação)

Nova espécie de cobra-papagaio é descoberta no Tocantins (Leandro Alves da Silva / Divulgação)

Uma nova espécie de cobra-papagaio foi descoberta no Tocantins e em Minas Gerais. Com cores vibrantes de verde, branco e amarelo, a Leptophis mystacinus é encontrada apenas no bioma cerrado. Seu nome faz referência à faixa preta que percorre a cabeça, próximo aos olhos e acima da boca, formando uma espécie de 'bigode', segundo os pesquisadores.

O biólogo Diego Santana é um dos pesquisadores que trabalhou na descoberta da serpente mystacinus. Em conversa com o g1, ele explicou como foi feito o estudo que identificou a espécie e a diferença entre ela e as outras cobras do grupo Leptophis. Como a descoberta da mystacinus é recente, outros estudos devem ser feitos para saber mais sobre seu comportamento. Segundo o biólogo, a cobra não é peçonhenta .

Antes da nova espécie ser identificada, apenas 19 do gênero eram catalogadas em todo o mundo, sendo que cinco são encontradas no Brasil. A descoberta foi realizada a partir de comparações de materiais coletados no Tocantins em 2017, com outros 1.625 espécimes.

"O professor Nelson [um dos pesquisadores envolvidos] e eu, analisamos vários materiais que estavam tombados em museus de zoologia, em coleções zoológicas. Esse material fica nessas instituições. E os meus alunos coletaram alguns exemplares, esses do Tocantins, em 2017. E o professor Nelson veio para Campo Grande entre 2021 e 2022. E aí quando ele chegou aqui a gente começou a avaliar esse material", disse.

Segundo o artigo científico 'Uma nova espécie de cobra-papagaio, Leptophis (Serpentes: Colubridae) do Cerrado brasileiro', publicado na revista PeerJ, a cobra-papagaio é encontrada no México, América Central e do Sul. No Tocantins, a nova espécie foi identificada na região norte e central do estado, nas cidades de Araguaína, Caseara e Pium .

"Essa espécie até agora é conhecida só para áreas de cerrado. Só que no Tocantins tem uma área que é de cerrado, mas é numa área de transição. Na transição entre o cerrado e a amazônia que é ali em Caseara. Mas as áreas que a gente pegou esse bicho foi em áreas de cerrado", explicou.

Leptophis mystacinus é a nova espécie identificada das cobras-papagaio (Leandro Alves da Silva / Divulgação)

Leptophis mystacinus é a nova espécie identificada das cobras-papagaio (Leandro Alves da Silva / Divulgação)

A espécie é uma serpente e pode estar presente em outros estados da região centro-oeste do país. "A gente acredita que ela possa ocorrer no meio do caminho, então deve ter ido no leste do Mato Grosso. Ela provavelmente deve ocorrer em Goiás também. No nosso artigo a gente encontrou exemplares para o Tocantins e Minas, e sabemos que tem registros para Goiás e para o leste do Mato Grosso", explicou Diego.

"A gente conhece pouco, ela acabou de ser nomeada, então agora começam os estudos ecológicos, os estudos de comportamento. Ela pertence a um grupo de serpentes e não é peçonhenta. Elas são mais fininhas mesmo, porque elas são um tipo de cobra cipó também, tanto que tem gente que chama elas de cobra-cipó. Ela tem outros nomes como cobra-papagaio, ela também é conhecida como cobra-cipó verde ou azulão-boia", explicou.

Essa serpente se chama colubridae e são conhecidas por viverem em árvores. Seus parentes mais distantes, que são da mesma família, são as cobras caninana e papa-pinto.

A gente sabe que as serpentes desse gênero, as cobras-papagaios, no geral, gostam de comer lagartos, algumas aves pequenas também, e elas dormem nas árvores. Elas até ficam no chão também, podem rastejar no chão, mas elas sobem nas árvores também, que chamam de serpente arborícola", disse o biólogo.

O nome científico da cobra deriva do grego e faz referência a faixa preta que fica acima da boca. Desse forma, a identificação dela vem de mystax, que significa 'lábio superior' ou 'bigode' e do sufixo latino inus, que significa 'semelhança' ou 'pertencente a'. Segundo o biólogo, é justamente esse bigode que a diferencia de outras espécies como ahaetulla e dibernardoi.

"Além disso, ela também tem uma faixa preta escura depois do olho (pós-ocular) que vai até o corpo dela. Nas outras quando tem essa faixa é um menor e mais discreta", explicou.

Todas as cobras-papagaios possuem a coloração verde, com uma faixa branca, marcas pretas e algumas vezes amareladas. Conforme Diego, os padrões dessas colorações variam de acordo com a espécie.

Veja quem são os pesquisadores envolvidos na descoberta:

  • Nelson R. Albuquerque
  • Roullien H. Martins
  • Priscila S. Carvalho
  • Donald B. Shepard
  • Diego J. Santana
  • Cobra-papagaio é a nova espécie descoberta no Tocantins (Leandro Alves da Silva / Divulgação)

    Cobra-papagaio é a nova espécie descoberta no Tocantins (Leandro Alves da Silva / Divulgação)

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    Turistas se seguram em pedras para não serem arrastados em trilha durante cabeça d'água na Chapada dos Veadeiros; vídeo

    Caso aconteceu em Alto Paraíso de Goiás, no Entorno do Distrito Federal (DF)

    Modificado em 31/12/2024, 10:57

    undefined / Reprodução

    Turistas precisaram se segurar em pedras e galhos para não serem arrastadas em uma trilha durante uma cabeça d'água na Chapada dos Veadeiros. O caso aconteceu nessa segunda-feira (30) em Alto Paraíso de Goiás, no Entorno do Distrito Federal (DF). O local ficou alagado após uma chuva e causou desespero no grupo, que era formado por cinco pessoas (assista acima) .

    Nas imagens, é possível ver a força da correnteza. Primeiro, um homem ao centro se apoia em uma pedra para ajudar uma mulher a atravessar. Depois, ele ajuda outras duas pessoas a atravessarem também, dessa vez usando um galho.

    A servidora pública Lana Guedes, de 43 anos, é uma das mulheres que aparece no vídeo. Ela contou ao POPULAR que estava com a filha, o pai da filha e um casal de amigos. O vídeo foi gravado pela filha de Lana, Ryla Stepka, de 16 anos.

    O Corpo de Bombeiros não foi chamado. Segundo Lana, o grupo concluiu a travessia por conta própria e conseguiu voltar para casa. Eles tiveram alguns ferimentos, mas não precisaram ir ao hospital. De acordo com a servidora, agora o grupo tenta se recuperar do ocorrido.

    Desesperador. Vimos a morte de perto", revelou Lana.

    A servidora pública, que mora em Brasília, revelou que a pousada que administra a região onde fica a cachoeira não informou que a trilha poderia alagar. Além disso, conforme explicou Lana, na ida o caminho estava seco, mas na volta ficou alagado, devido a uma chuva.

    O POPULAR entrou em contato com a pousada, na manhã desta terça-feira (31), para pedir um posicionamento sobre o caso. Entretanto, o veículo não recebeu retorno até a última atualização desta reportagem.

    Momento em grupo atravessa trilha alagada próxima a uma cachoeira na Chapada dos Veadeiros. (Arquivo pessoal/Lana Guedes)

    Momento em grupo atravessa trilha alagada próxima a uma cachoeira na Chapada dos Veadeiros. (Arquivo pessoal/Lana Guedes)

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    Animal raríssimo e ameaçado de extinção, cachorro-vinagre é visto em Goiás

    Registro foi feito no Parque Estadual da Mata Atlântica (Pema), que fica no município de Água Limpa. Essa é a segunda aparição da espécie no local

    undefined / Reprodução

    Uma matilha de cachorros-vinagre foi vista no Parque Estadual da Mata Atlântica (Pema), localizado no município de Água Limpa, no sul goiano. Segundo especialistas do Programa de Conservação Mamíferos do Cerrado (PCMC), a espécie é considerada rara e está ameaçada de extinção no Brasil. O registro foi publicado em uma rede social do projeto nessa terça-feira (17) (assista acima) .

    O vídeo mostra três cachorros-vinagre passando pelo parque. O caso foi celebrado pelos profissionais que fizeram a filmagem. "A equipe do Projeto Detetives Ecológicos comemora com alegria o privilégio de registrar essa espécie em nossas armadilhas fotográficas", diz a legenda da publicação.

    Segundo os ecologistas do PCMC, essa é a segunda aparição do cachorro-vinagre no parque. A primeira aconteceu em 2022. A presença dessa espécie indica a qualidade ambiental da região, conforme explicaram os especialistas. Além disso, o cachorro-vinagre é uma das espécies-alvo do Plano de Ação Nacional para a Conservação dos Canídeos Silvestres Brasileiros.

    Ainda segundo os profissionais do projeto, o cachorro-vinagre é, dentre os canídeos silvestres brasileiros, o único que caça em bando. O nome do animal foi escolhido devido à sua urina, que tem cheiro de vinagre. Eles são mais registrados em ambientes próximos a corpos d'água, onde conseguem encontrar suas presas. A espécie possui membranas interdigitais - adaptações nas patas que facilitam a locomoção na água.

    Cachorro-vinagre, espécie ameaçada de extinção no Brasil. (Frederico Gemesio Lemos)

    Cachorro-vinagre, espécie ameaçada de extinção no Brasil. (Frederico Gemesio Lemos)

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    Faroeste goiano é aclamado no Festival de Cinema de Gramado

    Modificado em 17/09/2024, 17:30

    Faroeste goiano é aclamado no Festival de Cinema de Gramado

    (Divulgação)

    O faroeste brasileiro "Oeste Outra Vez" tem uma única e rápida aparição feminina. Luiza –Tuanny Araújo– não tem paciência para a briga infantil entre dois homens que pensam que estão a disputá-la e os abandona sem virar a cabeça nem por um segundo, deixando-os se engalfinhar em socos e chutes. Depois, não há mais atrizes. A ausência feminina, no entanto, é latente e o que norteia a vida vazia dos personagens.

    Exibido na segunda-feira, o filme de Erico Rassi é um dos mais aclamados por críticos que acompanham o Festival de Cinema de Gramado. A obra está na mostra competitiva com outros seis longas.

    Filmado no sertão de Goiás, conta a história de Toto –Ângelo Antônio–, um homem abandonado pela mulher que foge na bela paisagem da Chapada dos Veadeiros na companhia de um senhor mais velho, o Jerominho –Rodger Rogério–, que se torna seu amigo pela companhia, não pelo diálogo. É um filme silencioso, e por isso os diálogos, quando aparecem, importam.

    A história se entrelaça à de outros amargurados incapazes de processar qualquer emoção e de dialogar. A raiva não é a estampa de suas personalidades, bem sensíveis à dor, mas a violência é o único recurso encontrado no raso repertório psicoemocional que têm. Ou se resolve no tiro ou na cachaça.

    Essa incapacidade de dialogar, mesmo quando se pretende, é cômica. Os homens são empáticos ao outro, mas o máximo que elaboram em uma conversa é: "Parece que tá melhorando [a perna baleada do amigo]". "P⁠ode ser que tá." "O senhor acha que não?" "Parece que muito, não." "Nem um pouco?" "Um pouco capaz que sim." "Mas muito não?" "Muito capaz que não." Por fim, um silêncio prolongado.

    Além de Toto e do parceiro Jerominho, sofrem de resignação Antonio —Daniel Porpino—, acompanhado do parceiro Domingos —Adanildo Reis—, Durval —Babu Santana— e Ermitão —Antonio Pitanga.

    Jerominho, um ex-capataz demitido prestes a ser "promovido a jagunço", é coadjuvante da história de Toto, mas talvez o personagem mais marcante do filme. O compositor cearense Rodger Rogério, 80, que também fez "Bacurau", é quase um estreante no cinema e interpreta com maestria um homem rural simples e calado.

    Sua atuação é elogiada pelos colegas, como Ângelo Antônio. "Acho que é um dos trabalhos que mais gostei de ter feito. Talvez eu tenha feito tudo para chegar nesse momento aqui agora, estar com Rodger e esse elenco. É ele é quem me ajudou a ancorar o personagem."

    Rodado desde 2019, o filme foi feito com pouco dinheiro. Isso, porém, não afetou a direção de arte ou a fotografia, que exibe todos os tons do cerrado, a queimada, a terra e a sensação de abandono vivida pelas personagens.

    "Tive muitas referências da literatura. Enquanto escrevia, li 'Sagarana' três vezes em sequência. Há uma tentativa de trazer esse universo de Guimarães Rosa de um jeito mais contemporâneo e seco", diz o diretor, que trabalhou com as produtoras Cristiana Mioto, com quem é casado, e Lidiana Reis.

    A ausência de mulheres no elenco, com exceção da aparição de Luanni no início, incomoda. Seria feminista um filme que tira mulheres da cena para escancarar a fraqueza masculina e a inaptidão para lidar com emoções básicas? Mas como pode ser feminista um filme sem mulheres no protagonismo? Esses tópicos surgiram no debate sobre a obra, com discordâncias entre as mulheres.

    O ator Babu Santana também ficou incomodado no início, quando não encontrou mulheres ao seu lado na frente das câmeras, mas ele mudou de ideia ao olhar para trás. "Nossa equipe tem 70% de mulheres. Eu já fiz bastante produção e nunca tinha visto uma equipe tão feminina, e como as coisas davam certo."

    Trata-se de um filme sobre homens que não se encontram e atribuem isso à ausência feminina. Diante da primeira cena de Luiza, parece que elas encontraram coisa melhor para fazer.

    O longa disputa o Kikito com "Pasárgada", estreia de Dira Paes na direção, "Cidade;Campo", de Juliana Rojas, "Filhos do Mangue", de Eliane Caffé, "O Clube das Mulheres de Negócio", de Anna Muylaert, "Estômago 2: O Podereso Chef", de Marcos Jorge, e "Barba Ensopada de Sangue", de Aly Muritiba.

    A jornalista viajou a convite do Festival de Gramado