Famílias descobrem 3 anos depois que filhos foram trocados na maternidade, em Inhumas
Pais descobriram troca após exame de DNA
Rodrigo Melo
5 de dezembro de 2024 às 13:42
Modificado em 05/12/2024, 17:23

Pais descobriram troca após exame de DNA (Rodrigo Melo/ O Popular)
Duas famílias denunciam que seus filhos de 3 anos foram trocados após o parto em um hospital particular de Inhumas, na Região Metropolitana de Goiânia. A suspeita veio veio após um dos casais, em processo de separação, realizar um exame de exame de DNA e o resultado apontar que a criança não era compatível com nenhum dos dois.
Os partos aconteceram no dia 15 de outubro de 2021, no Hospital da Mulher de Inhumas. Segundo as famílias, Yasmin Kessia da Silva, de 22 anos, e Isamara Cristina Mendanha, de 26, chegaram a ficar juntas na enfermaria antes dos partos, mas depois que foram submetidas as cesarianas por equipes médicas diferentes não se viram mais.
Depois das cirurgias, os pais não puderam acompanhar o processo de limpeza e preparo dos bebês e também não ficaram juntos no mesmo quarto devido aos protocolos adotados em razão da pandemia de Covid-19, segundo afirmaram as famílias.
A descoberta da troca dos garotos ocorreu durante o processo de separação de Cláudio Alves, de 30 anos, e Yasmin. Ele conta que havia percebido que alguns traços da criança não pareciam ser dele e, no momento da separação, pediu o teste de DNA. Contudo, a esposa retrucou dizendo que se não fosse dele, também não seria dela. O casal viveu conviveu por cinco anos.

(Arquivo pessoal)
O resultado do exame de DNA saiu no dia 31 de outubro e apontou que o menino criado pelo casal não era compatível nem com o pai nem com a mãe. Nesse momento, Yasmin ficou desesperada e foi buscar esclarecimento sobre o caso e lembrou da família que também fez o parto no mesmo dia.
Yasmin afirmou que conseguiu contato com outra família por meio de um pastor. Segundo ela, o pai da outra família é um professor conhecido na cidade, mas foi aconselhada a buscar o contato por intermédio do pastor desse segundo casal, que também é advogado. Foi quando Isamara e o professor Guilherme Luiz de Souza, de 27, também fizeram o exame de DNA com o filho, que se apresentou incompatível.
O exame de DNA cruzado entre as duas famílias ainda não foi realizado e depende de autorização judicial, segundo os advogados que representam as famílias. O caso segue sendo investigado em sigilo pela Polícia Civil (veja íntegra da nota da polícia abaixo).
Nota do Hospital São Sebastião de Inhumas [razão social do Hospital da Mulher de Inhumas]
O Hospital São Sebastião de Inhumas Ltda, informa que recentemente tomou conhecimento de uma situação envolvendo uma suposta troca de bebês ocorrida em sua maternidade há cerca de três anos. Assim que os fatos foram trazidos ao conhecimento da instituição pelos próprios familiares, medidas imediatas foram adotadas para garantir a apuração completa e transparente do ocorrido.
O hospital voluntariamente oficiou a Polícia Civil, oferecendo todas as informações e documentos necessários para que as investigações sejam conduzidas com rigor e imparcialidade. A instituição reitera que está colaborando ativamente com as autoridades e que tem todo o interesse em esclarecer os fatos e identificar qualquer eventual responsabilidade.
Por se tratar de um caso sensível e que envolve dados sigilosos, o processo de investigação está sendo conduzido em conformidade com a lei, resguardando a privacidade e o direito das famílias envolvidas. Nesse sentido, o hospital pede a compreensão da sociedade e da imprensa, reforçando o compromisso com a ética, a segurança e a transparéncia.
O Hospital São Sebastião de lnhumas reafirma o seu empenho em revisar e aprimorar continuamente seus protocolos de segurança, garantindo a qualidade e a confiança em seus serviços, tendo total interesse nas investigações realizadas.
Informa ainda que existe uma sindicância interna para apurar eventual erro ocorrido e seus responsáveis.
Ainda, por se tratar de um caso sensível que envolve menores de idade, bem como dados protegidos pela Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), o hospital está legalmente impedido de fornecer informações detalhadas à imprensa neste momento.
Agradecemos a compreensão e reforçamos que todas as ações estão sendo conduzidas com o máximo respeito à privacidade das famílias e à legislação vigente.
Nota da Polícia Civil
A Polícia Civil de Goiás informa que a Delegacia de Inhumas - 16ª DRP investiga possível crime previsto no artigo 229 do Estatuto da Criança e do Adolescente (deixar o médico de identificar corretamente o neonato e a parturiente por ocasião do parto), em que dois bebês teriam sido trocados no hospital da cidade. O fato foi descoberto após um dos casais envolvidos resolver se separar, tendo feito exames de DNA que comprovaram que o filho não era biologicamente compatível com nenhum dos dois. Os envolvidos já foram ouvidos e o inquérito policial prossegue com diligências em andamento para esclarecer a dinâmica do fato e sua autoria.
Goiânia, 05 de dezembro de 2024. Gerência de Comunicação e Cerimonial / PCGO