Para lembrar o Dia Internacional das Crianças Desaparecidas, ocorrido no último sábado (25), o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) lançou a campanha Não Espere 24h para registrar o desaparecimento de uma criança - 0 a 17 anos. Embora ainda exista um equívoco nesse sentido em algumas delegacias, o MJSP entende que quanto antes o desaparecimento for comunicado, maior a chance de localização da criança.Goiás deve assinar o termo de cooperação com o MJSP para usar a ferramenta Amber Alerts, já presente em alguns estados. Este ano, até esta segunda-feira (27), 58 crianças foram consideradas desaparecidas somente em Goiânia, das quais 41 foram encontradas.O MJSP estima que aproximadamente 20 mil pessoas de até 17 anos desaparecem anualmente no Brasil, dessas cerca de 12 mil são encontradas. “A campanha visa expor a realidade de aproximadamente 8 mil famílias que vivem na incerteza e angústia e fornecer informações relevantes para a prevenção de novos casos e orientações sobre as medidas a serem tomadas em caso de desaparecimento”, afirmou o coordenador-geral de Políticas de Prevenção à Violência e à Criminalidade da Diretoria do Sistema Único de Segurança Pública do MJSP, Leandro Arbogast.Em Goiás, Antônio Maciel Aguiar Filho, que é a autoridade estadual que coordena a política de pessoas desaparecidas, explica que em breve será lançado um card para divulgar a campanha Não Espere 24h. Por outro lado, ele finaliza os procedimentos para assinar o termo de cooperação com o MJSP para uso da ferramenta tecnológica Amber Alerts.Desde o ano passado, a pasta fez um acordo de cooperação com a Meta, empresa dona do Instagram, Facebook e Whatsapp, para disparar alertas urgentes com o objetivo de dar celeridade ao resgate de crianças desaparecidas. O alerta chega num raio de 160 km da ocorrência do fato.Todas as unidades federativas foram convidadas a aderir ao Amber Alerts, implantado inicialmente no Distrito Federal, Ceará e Minas Gerais. Este mês incorporaram ao projeto o Piauí, Rio Grande do Norte, Amapá, Paraná, Acre, Espírito Santo e Santa Catarina.A ferramenta foi essencial, em fevereiro deste ano, quando a Polícia Civil do Ceará localizou uma mulher que havia raptado um bebê de dois meses numa pousada social na região central de Fortaleza. Algumas pessoas identificaram a criança a partir das imagens divulgadas nas redes sociais. A sequestradora de 39 anos foi autuada em flagrante.“Precisamos desmistificar o mito de que é preciso aguardar 24 horas para fazer a ocorrência de uma criança desaparecida. Em algumas delegacias até hoje existem colegas que acreditam que é preciso esperar, mas já existe um Procedimento Operacional Padrão (POP) em que isso está claro”, afirma Antônio Maciel Filho.O Registro de Atendimento Integrado (RAI) sobre o desaparecimento pode ser feito na delegacia mais próxima, no Grupo de Investigação de Desaparecidos (GID), ou pela delegacia virtual da corporação.Na capital, em todo o ano de 2023, foi registrado o desaparecimento de 183 crianças (0 a 17 anos), das quais 127 foram localizadas e uma morreu. Antônio Maciel Filho lembra, entretanto, que este é um dado que pode não refletir a realidade.“Precisamos melhorar o fluxo de informações entre famílias e a polícia. Muitas vezes elas fazem o RAI, mas não avisam as autoridades sobre o retorno. É uma falha que precisamos resolver. Vamos fazer o card não só para prevenir, mas também para orientar os familiares a darem o retorno à polícia. Muitas crianças são localizadas e a gente não sabe.”Carteira de identidade é fundamental Antônio Maciel Filho orienta as famílias a gerar o quanto antes a carteira de identidade das crianças e lembra que, com o novo modelo, a primeira via não tem nenhum custo. “Com esse documento, além da fotografia da criança, as impressões digitais também são recolhidas. Em Goiás temos um serviço de progresso de envelhecimento, o que ajuda muito nas buscas.” O especialista ressalta que o desaparecimento possui muitas nuances e envolve uma variedade de questões, podendo estar relacionado ao tráfico humano, à adoção ilegal, ao rapto, entre outras. “Ter essas informações em mãos é fundamental”.Goiás é o único estado do País que alimenta automaticamente o Sistema Nacional de Localização e Identificação de Desaparecidos (Sinalid), criado em 2010 pelo Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP). Este ano, até o início da tarde desta segunda-feira (27), segundo os dados do sistema, das 99.509 pessoas consideradas desaparecidas no Brasil, 8.840 eram de Goiás, e o maior porcentual (19,34%) era de adolescentes, entre 12 e 17 anos, que para o MJSP, dentro da política nacional, são consideradas crianças.-Imagem (1.2789346)