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Guerra na Ucrânia pode afetar custos de produção em Goiás

Representantes do agronegócio e de indústrias goianas apontam preocupação com o conflito internacional já que o Estado possui forte relação comercial com Rússia e Ucrânia

Modificado em 20/09/2024, 02:21

Guerra na Ucrânia pode afetar custos de produção em Goiás

(Pedro Revillion/Palácio Piratini)

A guerra iniciada pela Rússia contra a Ucrânia nesta quinta-feira (24) trará diversos impactos para a economia em todo o mundo. Em Goiás, pela relação comercial com os dois países, há preocupação de pressão nos custos do agronegócio e de indústrias que importam insumos do Leste Europeu. Vem de lá grande parte dos fertilizantes utilizados no campo e até matérias-primas para medicamentos.

Na balança comercial de 2021, as importações goianas vindas da Rússia têm maior peso, somaram US$ 305,069 milhões, com destaque para os fertilizantes químicos e minerais. De outro lado, Goiás exportou para o País US$ 81,433 milhões, especialmente carnes. Já no caso da Ucrânia, o saldo da balança é positivo, há maior venda do que compra de produtos. Foram R$ 25,733 milhões exportados -- especialmente pulverizadores, ferro-níquel e carnes -- e apenas US$ 12,238 mil importados.

Segundo especialistas ouvidos pela reportagem, no momento não há risco de desabastecimento no caso do insumos essenciais para as produções na agricultura e nas indústrias. Para o coordenador institucional do Instituto para Fortalecimento da Agropecuária de Goiás (Ifag), Leonardo Machado, o primeiro impacto para o mercado local virá pelo aumento do dólar, que também impacta as importações.

A alta das commodities é outro ponto que já ocorreu e é acompanhado com cautela, porque o preço ainda mais elevado de milho e soja interfere nos custos da ração de animais, por exemplo. "Para o futuro, a preocupação é a questão de que a Rússia é importante fornecedor de fertilizantes. Para a agricultura, três elementos são essenciais, nitrogênio, potássio e fósforo, que importamos em larga escala e impactam as lavouras no geral."

Porém, o impacto no insumo pode ser sentido na próxima safra. Atualmente, é das flutuações de custos como o do barril de petróleo que vem a maior preocupação. Leonardo pontua que o aumento dos combustíveis é um ponto preocupante para a logística brasileira. "Temos de observar os impactos no curto prazo e fazer contas. Acendeu um sinal de alerta amarelo para o setor. Não há desespero, mas atenção", resume.

Presidente em exercício da Federação das Indústrias no Estado de Goiás (Fieg), André Rocha avalia que para as fábricas a atenção vai além da balança comercial, ela está nos reflexos nos custos e na possível desestruturação de cadeias já afetadas com a pandemia de Covid-19. "A primeira coisa é o aumento de custo, depois a preocupação é com a falta de produtos. A incerteza causa também insegurança para os investimentos e a alta de juros também afugenta os investidores", pontua sobre mecanismo utilizado para conter a inflação, o aumento de preço de produtos para a população no mundo.

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Ucrânia aceita cessar-fogo; EUA dizem que bola está com Putin

É a primeira vez, em pouco mais de três anos de conflito, que um dos lados aceita uma trégua para discutir a paz

Modificado em 11/03/2025, 17:33

Imagem ilustrativa da bandeira da Ucrânia

Imagem ilustrativa da bandeira da Ucrânia (Reprodução/Pixabay)

Após nove horas de reunião na Arábia Saudita nesta terça (11), negociadores da Ucrânia e dos Estados Unidos divulgaram um comunicado segundo o qual Kiev se compromete a aceitar um cessar-fogo na guerra com a Rússia em troca do início de negociações de paz.

É a primeira vez, em pouco mais de três anos de conflito, que um dos lados aceita uma trégua para discutir a paz. Negociações entre Moscou e Kiev ocorreram antes, mas foram abortadas logo no começo do conflito, e houve uma frágil pausa em combates no Natal ortodoxo de 2023.

Falando a repórteres, o pai da oferta, Donald Trump, disse estar otimista. "Acho que teremos um cessar-fogo nos próximos dias", afirmou, dizendo que deverá ligar para o presidente russo, Vladimir Putin. "São precisos dois para dançar um tango", resumiu.

Pouco antes, seu secretário de Estado, Marco Rubio, havia adotado a mesma linha "A bola está com a Rússia. O melhor gesto de boa vontade que os russos podem ter é aceitar o acordo", afirmou ele, que liderou a delegação americana.

"A Ucrânia expressa prontidão em aceitar a proposta americana para decretar um cessar-fogo provisório de 30 dias, que pode ser estendido por acordo mútuo entre as partes, e que está à disposição para aceitação e implementação pela Rússia", diz o comunicado conjunto do encontro.

Segundo o texto, "os EUA irão comunicar a Rússia, e a reciprocidade russa é a chave para chegar à paz". Em um vitória para Kiev após semanas sendo bombardeada politicamente por Trump, "os EUA irão levantar imediatamente a pausa no compartilhamento de inteligência e retomar a assistência de segurança à Ucrânia".

"A Ucrânia aceita essa proposta, nós a consideramos positiva e estamos prontos para dar esse passo. A Ucrânia está pronta para a paz", disse o presidente Volodimir Zelenski em um comunicado à parte. Até a semana passada, ele era chamado por Trump e por Rubio de alguém que não queria encerrar o conflito.

Zelenski estava em Jeddah, onde encontrou-se com o príncipe herdeiro do reino, Mohammed bin Salman, mas sua delegação foi encabeçada pelo chefe de gabinete, Andrii Iermak. Ao fim do encontro, o poderoso auxiliar publicou que as conversas "haviam sido muito produtivas".

Os reais termos de acordo ainda não são conhecidos. Antes do encontro, Rubio havia deixado claro que Kiev não poderia contar com suas fronteiras anteriores a 2014, quando Vladimir Putin anexou a Crimeia. Hoje, o russo domina 20% do país.

Questionado por repórteres acerca do tema das garantias de segurança de longo prazo para manter a paz, o assessor de Segurança Nacional dos EUA, Mike Waltz, disse que o tema foi discutido, sem dar detalhes. Trump quer empurrar isso para a Europa, aliás ausente em Jeddah, mas na prática ninguém sabe o que fazer: uma força de paz ocidental é rejeitada hoje pelo Kremlin.

Também nada se sabe ainda sobre o acordo de exploração de minerais estratégicos ucranianos, que havia sido negociado e depois suspenso quando Zelenski e Trump bateram boca na Casa Branca, na sexta retrasada (28). A expectativa é de que o acerto seja retomado: após o anúncio na Arábia Saudita, o americano disse que irá convidar o ucraniano a voltar a Washington.

MOSCOU VAI SER INFORMADA DE TERMOS

A única manifestação em Moscou foi da chancelaria, que disse de forma lacônica "que não descartamos contatos com os americanos nos próximos dias", um tom abaixo do "seremos informados pelos EUA" de mais cedo.

Antes também, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, havia alertado a políticos do país empolgados com o alinhamento da Casa Branca à Rússia no conflito que "não colocassem óculos com lentes róseas". "É sempre bom esperar pelo pior", disse.

Se foi presciente acerca do encontro em Jeddah, duas semanas após uma delegação de Moscou se encontrar com o mesmo Rubio e outros negociadores em Riad, a capital saudita, ainda não se sabe, mas o tom geral nesta terça parecia na superfície favorável a Zelenski.

O próprio Rubio buscou tirar a impressão de vaivém do chefe, que vem sendo criticado mesmo nos EUA por sua proximidade com a visão de Putin do conflito. "Isso é coisa séria. Não é 'Meninas Malvadas', não é algum episódio de alguma série de TV. isso é bem sério", afirmou, citando uma comédia adolescente de costumes.

Particularmente ruim para Moscou é a volta da assistência, embora seus termos também não tenham sido divulgados, logo depois de Kiev tentar mostrar força com o maior ataque de Kiev na guerra.

KIEV FEZ MAIOR ATAQUE HORAS ANTES DA REUNIÃO

Ele ocorreu poucas horas antes do encontro, com o envio de 343 drones contra diversas regiões russas. O foco em Moscou deixou três mortos perto da capital, a segunda ocorrência do tipo até aqui.

O duro ataque visava passar uma mensagem de força em um momento de pressão militar e política extrema sobre a Ucrânia, com Kiev talvez acreditando que Trump só entenda a linguagem da força.

O momento é péssimo em campo para a Ucrânia, não só pelas perdas territoriais no leste para os russos, mas pelo avanço de Moscou na retomada da região de Kursk, invadida por Zelenski para servir de ficha de barganha em negociações. Nesta terça, a Rússia anunciou ter reconquistado 100 km2, deixando Kiev com menos de um quarto do que havia dominado em agosto passado.

Quando foi à Casa Branca, na sexta retrasada, Zelenski falou grosso sobre o alinhamento de Trump com Putin acerca dos motivos da guerra e, em troca, recebeu uma descompostura pública inédita para um presidente.

A crise já vinha cozinhando desde o dia 12 de fevereiro, quando o americano ligou para o russo e começou um processo de negociação bilateral sem Kiev ou a Europa. Houve vaivéns e Rubio chegou com palavras relativamente suaves à Arábia Saudita, que havia sido palco do primeiro encontro com os russos, há duas semanas.

Mas ele repetiu o que Trump vinha dizendo, por sua vez repetindo Putin: era preciso saber se Zelenski quer a paz. O ucraniano mostra que está disposto a lutar, mesmo que só com o apoio dos europeus, para não receber um prato feito pelos russos e americanos.

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Rússia diz que Zelensky está 'obcecado por guerra' e cita fracasso nos EUA

Zelensky afirmou que quer o fim da guerra em 2025 e que a Ucrânia "não está a venda"

Modificado em 01/03/2025, 19:38

Zakharova chamou o bate-boca entre Trump e Zelensky de "surra" sem precedentes na história

Zakharova chamou o bate-boca entre Trump e Zelensky de "surra" sem precedentes na história (Reprodução/ Jornal Nacional)

O Ministério das Relações Exteriores da Rússia afirmou que a viagem do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, a Washington, nos EUA, foi um "fracasso político e diplomático". A declaração da porta-voz russa ocorreu um dia após o bate-boca com o presidente Donald Trump, na Casa Branca.

Ministra Maria Zakharova escreveu sobre o que chamou de "incapacidade" do presidente ucraniano. "O lado russo afirmou repetidamente sobre a inadequação, a corrupção e a incapacidade de Zelensky de negociar a todos os níveis." Ex-presidente russo Dmitry Medvedev disse que Zelensky recebeu um "tapa sólido" na reunião com Trump.

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Zakharova descreveu o comportamento do presidente da Ucrânia como "escandalosamente grosseiro" durante a estadia em Washington. Ela disse ainda que as ações dele na ocasião são "uma ameaça mais perigosa para a comunidade mundial como instigador irresponsável de uma grande guerra."

A ministra disse ainda que Zelensky está "obcecado em continuar a guerra". "Nas atuais condições políticas cada vez mais deterioradas para o regime de Kiev, esta figura não é capaz de demonstrar responsabilidade e está, portanto, obcecada em continuar a guerra, rejeitando a paz, que para ele é como a morte.

Zakharova chamou o bate-boca entre Trump e Zelensky de "surra" sem precedentes na história e na diplomacia internacional. Segundo ela, a discussão é "uma prova da fraqueza política e da extrema degradação moral dos líderes europeus que continuam a defender o apoio ao líder insano do regime nazi, que perdeu o contato com a realidade."

Ministra disse que objetivos da Rússia continuam a sendo a "desmilitarização e a desnazificação da Ucrânia". "Quanto mais cedo Kiev e as famosas capitais europeias perceberem isso, mais próxima estará a resolução pacífica da crise ucraniana."

Trump chama Zelensky de ditador

Declaração de 19 de fevereiro é mais um capítulo na história tensa que vive a relação entre Kiev e Washington. O mandato do ucraniano terminou em 2024. Zelensky foi eleito para um mandato de cinco anos, mas já completou mais de 9 meses como presidente. A lei ucraniana prevê a possibilidade de não haver eleições durante períodos de guerra.

Resposta veio após ucraniano dizer que americano vive em um "espaço de desinformação". Trump tem se aproximado da retórica de Moscou, demonstrando um alinhamento cada vez mais afinado com o presidente Vladimir Putin.

Zelensky afirmou que quer o fim da guerra em 2025 e que a Ucrânia "não está a venda". Um assunto que deve ser pauta no encontro entre o enviado americano à Kiev, Keith Kellogg, e o presidente ucraniano é o acordo proposto pelos EUA sobre os recursos minerais do país europeu. Washington esperava obter acesso a 50% dos minerais estratégicos da Ucrânia como compensação por sua ajuda militar e econômica. O acordo foi negado pelo europeu.

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Mikhail Gorbachev, último líder da URSS, morre aos 91 anos

Gorbachev foi secretário-geral do Partido Comunista da União Soviética de 1985 a 1991

Modificado em 20/09/2024, 03:50

Mikhail Gorbachev

Mikhail Gorbachev (Reuters/Hannibal Hanschke)

O ex-líder soviético Mikhail Gorbatchov morreu aos 91 anos, disseram agências de notícias russas nesta terça-feira (30), citando autoridades de um hospital.

"Nesta terça à noite, após um longo período de grave doença, Mikhail Gorbatchov morreu", informou o hospital clínico central, citado pelas agências Interfax, Tass e RIA Novosti.

Gorbatchov, que chegou ao poder em 1985, lançou uma série de reformas políticas e econômicas com a ideia de modernizar e democratizar a União Soviética, à época mergulhada em grave crise. Partidário de uma política de aproximação com o Ocidente, ganhou em 1990 o Prêmio Nobel da Paz.

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Zelenski critica neutralidade de Bolsonaro na Guerra da Ucrânia

Presidente diz à TV Globo que conflito da Rússia é contra povo de seu país

Modificado em 20/09/2024, 05:14

O presidente Volodimir Zelenski em entrevista coletiva em Kiev.

O presidente Volodimir Zelenski em entrevista coletiva em Kiev. (Valentin Oguirenko/Reuters)

O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, fez uma crítica direta ao brasileiro Jair Bolsonaro (PL), com quem teve uma conversa por telefone nesta segunda-feira (18).

"Eu não apoio a posição dele de neutralidade. Eu não acredito que alguém possa se manter neutro quando há uma guerra no mundo", disse Zelenski, em entrevista à TV Globo. Desde o começo do conflito no Leste Europeu, Bolsonaro já afirmou que mantém essa posição, tendo em vista principalmente a alta dependência de fertilizantes importados da Rússia.

Apesar das declarações de Bolsonaro, em fóruns internacionais como as Nações Unidas o Brasil se posicionou de forma crítica a Moscou, condenando a ação do Kremlin em resoluções da Assembleia-Geral e do Conselho de Segurança -o país se absteve na votação que suspendeu a Rússia do Conselho de Direitos Humanos.

"Vamos pensar sobre a Segunda Guerra Mundial. Foi assim. Muitos líderes ficaram neutros num primeiro momento", completou Zelenski. "Isso permitiu que os fascistas engolissem metade da Europa e se expandissem mais e mais, capturando toda a Europa. Isso aconteceu por causa da neutralidade. Ninguém pode ficar no meio do caminho."