Influencers suspeitos de ensinar como importar eletrônicos sem pagar impostos são alvo de operação da PF em camelódromo
Prejuízos causados podem chegar a R$ 80 milhões anuais aos cofres públicos
Sylvester Carvalho
29 de novembro de 2024 às 09:00

Veículos apreendidos na operação nesta quinta-feira (28) (Divulgação/Polícia Federal)
nfluenciadores digitais são alvos de uma operação realizada nesta quinta-feira (28) que investiga uma organização criminosa especializada na compra e venda ilegais de produtos eletrônicos vindos do Paraguai. Trata-se da Operação Hidden Circuit, conduzida em conjunto pela Polícia Federal e a Receita Federal. Parte dos mandados judiciais foram cumpridos em endereços que ficam no Camelódromo de Campinas, em Goiânia (assista acima).
A Polícia Federal informou que um total de 76 mandados de busca e apreensão foram cumpridos, sendo a maioria deles na capital. Celulares e carros estão entre os itens apreendidos. Além disso, uma pessoa foi presa em flagrante. Visto que os nomes das lojas e dos suspeitos envolvidos na operação não foram divulgados, O POPULAR não conseguiu localizar a defesa deles até a última atualização desta reportagem.
Segundo a investigação, o grupo operava em Goiás, Tocantins, Mato Grosso e Amazonas, movimentavam milhões e faziam transações com criptomoedas. Os prejuízos causados foram de até R$ 80 milhões anuais aos cofres públicos. Os influenciadores investigados estariam promovendo cursos para ensinar como importar produtos sem pagar impostos e driblar a fiscalização, enquanto ostentavam uma vida de luxo nas redes sociais.
Investigação
As investigações começaram com a prisão em flagrante de transportadores de mercadorias na Operação Mobile, em abril deste ano. A polícia descobriu uma rede de contrabando que incluía importação clandestina, depósito e distribuição dos produtos em cidades como Goiânia, Anápolis (GO), Palmas (TO), Manaus (AM) e Confresa (MT). O grupo contava com uma estrutura organizada e divisão de tarefas entre seus membros. Havia também empresas de fachada para movimentar grandes quantias de dinheiro.
"Na operação de hoje a gente já conseguiu apreender R$1,5 milhões em mercadorias, na sua grande maioria, smartphones, câmeras, acessórios eletrônicos e cigarros eletrônicos", informou o delegado da receita Federal, Djalma Lustosa.
Além das mercadorias, a investigação apontou o uso de criptomoedas para facilitar as transações ilegais e lavar os lucros obtidos. Os prejuízos aos cofres públicos incluem não apenas a sonegação de impostos, mas também o estímulo a práticas ilícitas divulgadas por influenciadores digitais que se apresentavam como "especialistas" no mercado de importação.
Os influenciadores, além de ministrar cursos para ensinar seus seguidores a comprar produtos ilegalmente, também orientavam estratégias para ocultar as operações das autoridades fiscais. Com a renda obtida, eles exibiam uma vida de luxo nas redes sociais, como viagens internacionais e carros importados.
"Nós estamos falando de uma organização evidentemente em expansão que vendia cursos para pessoas comuns passarem a integrar a organização criminosa e conhecer toda a operacionalização do crime que estava sendo cometido. O influenciador digital, utilizando plataformas digitais, vendia facilidade para passar a operacionalizar, incitando pessoas comuns e cidadãos comuns a participarem do crime", explicou a delegada Marcela Rodrigues de Siqueira Vicente, superintendente da Polícia Federal (PF) em Goiás.
A Polícia Federal destacou que a operação tem como objetivo desmantelar toda a estrutura financeira e logística do grupo, garantindo a responsabilização dos envolvidos e o reforço no combate à evasão fiscal. Os investigados podem responder por crimes como descaminho, evasão de divisas e lavagem de dinheiro. A operação mobilizou cerca de 300 policiais federais e 133 servidores da Receita Federal (veja fotos abaixo).
Fotos da Operação Hidden Circuit
Movientação financeira
A PF informou que a organização criminosa era muito bem estruturada e tinha divisão de tarefas. Para a corporação, o prejuízo causado pelo grupo atinge não só o Estado, mas também o cidadão comum, porque, conforme a PF, o que se deixa de arrecadar com a ação criminosa é repassado para os contribuintes e para os lojistas que trabalham dentro da legalidade. "Nós estamos falando de movimentação financeira de R$ 2, 7 bilhões, o que equivale a mais de R$ 80 milhões de tributos", explica Marcela.
Colaborou Letícia Graziely