Influenciadora que zombou de vagas para autistas é indiciada por crimes de discriminação
Larissa Rosa compartilhou os vídeos no grupo de melhores amigos do Instagram. As imagens viralizaram depois que uma pessoa filmou a tela e compartilhou de forma pública
Leicilane Tomazini
30 de junho de 2022 às 10:43
Modificado em 20/09/2024, 00:52

Maquiadora e influenciadora publicou críticas a vagas para pessoas com autismo (Reprodução/Instagram)
A maquiadora e influenciadora digital, Larissa Rosa, foi indiciada pela Polícia Civil pelos crimes de incitação à discriminação de pessoas portadoras de deficiência e às pessoas pertencentes à comunidade LGBTQIA+. A investigação começou depois que ela **gravou um vídeo zombando das vagas de estacionamento em um shopping de Goiânia que são exclusivas para autistas ** . Caso segue agora para análise do Ministério Público.
Na ocasião, a influenciadora compartilhou os vídeos no grupo de melhores amigos do Instagram. "Agora tem vaga exclusiva para autista. O mundo está muito difícil. Quero saber quando que vai ter vaga para gordo estressado. Olha isso, gente". As imagens viralizaram depois que um de seus amigos filmou a tela e compartilhou de forma pública.
Além disso, nas imagens, Larissa ainda diz: "A vaga é tão colorida que eu achei que era pra viado". A mãe dela, que também aparece nas gravações, não foi indiciada por não ter ficado comprovado que ela participou dos comentários.
Em seu depoimento, a maquiadora alegou que não teve a intenção de ofender ninguém com seus comentários. Ela chegou a fazer um pedido público de desculpas logo após a circulação dos vídeos. "Me desculpem de todo o coração. Foi uma brincadeira péssima. Não representa o que eu penso. Não sei se isso muda alguma coisa, mas só tinham 18 pessoas nos meus melhores amigos. Então, eu pensei muito pouco na hora de falar".
O delegado que investigou o caso, Joaquim Adorno, informou que não dará detalhes sobre a conclusão do inquérito. A defesa técnica da senhora Larissa Rosa, através do advogado Dr. Regis Davidson, informou que a mesma colaborou com todas as informações e esclarecimentos a autoridade policial. "Sobre o indiciamento pela autoridade policial em momento oportuno irá se manifestar processualmente", disseram em nota.
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Denúncias
A Polícia Civil recebeu várias denúncias contra a influenciadora durante a investigação. **[As queixas partiram de familiares e associações que lutam pelos direitos de pessoas que possuem transtorno do espectro (TEA)](http://Pelo menos cinco pessoas já denunciaram influenciadora que zombou de vagas para autistas) ** . Com base no Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei número 13.146/2015), praticar, induzir ou incitar discriminação de pessoa em razão de sua deficiência tem pena prevista de dois a cinco anos de prisão e multa.
**A Comissão da Diversidade Sexual e de Gênero da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), subseção de Anápolis, também entregou à polícia uma notícia-crime pedindo o indiciamento da jovem por racismo contra a população LGBTQIA+ ** . O presidente, Alex Firmino da Costa, explicou que a comunidade foi ofendida quando a influenciadora disse que a vaga era tão colorida que pensou que era para "viado", usando um termo pejorativo como se fosse engraçado.
Ao POPULAR, Costa informou que várias pessoas procuraram a Comissão da OAB relatando terem se ofendido com a fala, pela forma como Larissa se referiu à comunidade. "Ela se desculpou com os autistas, mas nada quanto aos LGBTQIA+", pontuou.