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Má conduta de ginecologista preso por abusos era de conhecimento em Ciams de Goiânia

Pacientes relatam à Polícia terem alertado servidores sobre comportamento de médico preso no dia 20 de julho e colegas confirmam atitudes antiéticas havia anos. Ele foi solto em 29 de agosto deste ano

Modificado em 19/09/2024, 01:09

Má conduta de ginecologista preso por abusos era de conhecimento em Ciams de Goiânia

(Prefeitura de Goiânia)

Depoimentos de servidores do Centro Integrado de Atenção Médico Sanitária (Ciams) Novo Horizonte, em Goiânia, e de pelo menos quatro pacientes à Polícia Civil mostram que já havia críticas e suspeitas dentro do posto de saúde contra o ginecologista Fábio Guilherme da Silveira Campos, de 73 anos, antes de vir à tona o caso de violência sexual que o levou à prisão em 20 de julho. O médico foi inicialmente acusado de ter estuprado uma gestante de 35 semanas durante um atendimento no dia 27 de junho, mas depois mais 15 mulheres o denunciaram por uma série de abusos.

A delegada Amanda Menuci, adjunta da 1ª Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), encaminhou um segundo inquérito à Justiça contra o médico, indiciando-o novamente por estupro de vulnerável. Esta nova acusação se refere a uma consulta feita por Fábio Guilherme no final de 2014 no Ciams, poucos meses após ter iniciado o atendimento no local. A reportagem teve acesso ao processo e aos depoimentos das pacientes e dos servidores. Os relatos apontam que por diversas vezes o comportamento do médico foi relatado por pacientes aos servidores do posto.

A vítima neste segundo inquérito, uma mulher que na época tinha 22 anos, conta que após uma consulta com o médico chegou a reclamar na recepção, por duas vezes chamando-o de "tarado", mas que não obteve nenhuma resposta dos funcionários. Ela estava em sua primeira gestação e, segundo o relato, o acusado a tocou intimamente fora do padrão de exames. A vítima afirma que só tomou coragem de denunciá-lo após vê-lo preso.

Esta nova vítima -- uma das 16 que procuraram a delegacia a partir de julho -- conta que voltou ao Ciams Novo Horizonte para um atendimento em 2022. Quando soube que seria encaminhada para o mesmo médico, se assustou e reclamou na recepção, chamando-o novamente de tarado e perguntando se não foi tomada nenhuma providência contra ele, sem ter uma resposta da pessoa que a atendeu. Ela desistiu da consulta com um ginecologista no local.

Há também outra paciente, que teria sido atendida ainda em 2015 e que estranhou a postura do médico, por ficar lhe tocando o corpo durante a consulta, e que comentou com uma técnica em enfermagem do local, conhecida dela, e que a mesma comentou ser de conhecimento dos colegas denúncias e comentários contra o médico, mas que nada foi feito até então por falta de denúncias formais junto ao conselho médico ou à secretaria.

Junto ao inquérito foi incluído o relato de outra paciente que, após uma consulta com Fábio Guilherme no Ciams neste ano no qual diz ter ficado indignada com os comentários e suspeitado da necessidade e da forma como foram feitos alguns exames, foi seguida pelo profissional até o consultório ao lado onde ela deu encaminhamento a exames pedidos por ele. A mulher disse que essa atitude dele não é comum e que acredita ter sido para se certificar de que ela não falaria nada a ninguém.

Uma quarta paciente relata que após consulta com Fábio Guilherme se sentiu violentada tanto pelos toques que ele fez como pelos comentários de cunho sexual e invasivos e que não quis agendar novos atendimentos mesmo com as funcionárias do Ciams insistindo para que o mantivesse como médico. Ela disse que se recusou a retornar ao posto em outras ocasiões tanto para evitar ver o profissional como por achar os servidores coniventes com a postura dele.

"Inadequado"

No final de julho, em depoimento na Deam, uma funcionária do Ciams relatou que no começo do ano, ou seja, antes do atendimento que resultou na prisão do médico, ela conversou com uma mulher chorando que lhe pediu ajuda para mudar de ginecologista porque se recusava a ser atendida novamente por Fábio Guilherme. No depoimento, só informa que foi feito o encaixe com outro.

Ainda na oitiva, ela afirma que sempre achou o ginecologista antiético, por causa dos comentários e piadas que ele fazia após os atendimentos, que deveriam ser sigilosos, e que ele costumava falar mal das pacientes. Ao final do depoimento, disse que o clima está péssimo no Ciams, com todos os servidores, incluindo ela, lamentando não terem notado as atitudes criminosas do médico e feito alguma coisa para impedir.

Esta funcionária e outra que também prestou depoimento na delegacia informaram que o médico não gostava de atender pacientes idosas e que reclamava quando eram feitos encaixes para ele fazer consultas com este perfil. Antes de cada atendimento, ele perguntava a idade da paciente, se era nova ou idosa. Agendamento é feito pelo sistema e encaminhamento, automático, mas encaixes, pelo que entende nas oitivas, não.

A outra servidora ouvida pela delegada reforçou também que o profissional tinha um "humor questionável", que ele fazia piadas de mau gosto e inapropriadas e que isso era criticado por outros colegas nos corredores do Ciams. Ela relatou que os exames ginecológicos na unidade não são acompanhados por uma servidora por não haver gente suficiente no quadro.

Um agente em visita ao Ciams relatou que funcionários informaram sobre os comentários do médico sobre a situação das pacientes e a predileção dele por pacientes mais novas.

Acompanhamento

Em um parecer médico legal feito por uma médica perita da Polícia Técnico Científica (PTC) arrolado ao inquérito, é dito que a presença de um acompanhante deverá ser uma escolha da paciente e que caso ela não esteja acompanhada é recomendado que haja sempre uma enfermeira ou técnica durante a realização do exame ginecológico.

A perita explica que a legislação atual contempla a presença de acompanhantes apenas nos casos de atendimento a menores de 18 anos, gestantes, idosos e deficientes, tanto no serviço público como particular. Mas que nos outros casos o acompanhamento pode ocorrer se houver desejo manifesto por parte da paciente. Na resposta foram incluídos pareceres de conselhos regionais de Medicina do País recomendando a presença de um acompanhante ou até de enfermeira/técnica.

"No tocante à presença de profissional de saúde auxiliando durante a consulta ginecológica e/ou exames de imagem, esta deve ser a recomendação, tendo em vista a segurança de ambos os envolvidos no atendimento, assim como permitindo a melhor qualidade desta", escreveu a profissional.

Padrão

Em seu relatório final no segundo inquérito, a delegada diz que é possível, com base nos depoimentos, observar um padrão nos possíveis crimes cometidos pelo médico. Um dos "traços marcantes" nas consultas, segundo ela, é uma excessiva e indiscriminada realização de toques sem luvas e sem que houvesse uma motivação específica justificada, muitas vezes massageando o clitóris das pacientes, "ato definitivamente incompatível com os exames".

Outro ponto comum nos depoimentos são os comentários e colocações de cunho sexual, "inoportunas e inconvenientes". "A imensa maioria das declarantes trouxe relatos que demonstram a postura antiética do médico, com colocações absolutamente pejorativas e rechaçadas pela classe médica."

Os relatos das pacientes também mostram que o médico tinha resistência à presença de um acompanhante durante as consultas e exames, mas que nem isso impedia as atitudes que despertavam indignação e raiva das mulheres.

Sem mudanças

A prisão do ginecologista não levou a mudanças nos procedimentos em consultas com ginecologistas na rede pública. A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) diz que todas as denúncias são "minuciosamente avaliadas e apuradas" por equipes das pastas, mas elas precisam ser feitas -- seja por usuários ou servidores -- junto à ouvidoria do Sistema Único de Saúde (SUS). A secretaria reafirma que não houve qualquer reclamação referente à atuação de Fábio Guilherme antes.

Sobre a presença de acompanhantes ou enfermeiras e técnicas, a SMS afirma que é garantido às pacientes o direito a escolha de uma pessoa junto durante os atendimentos com ginecologistas, mas que não há nenhuma normativa do Ministério da Saúde que exija a permanência de profissional do sexo feminino. Mesmo assim, ainda segundo a SMS, se a paciente estiver desacompanhada, pode pedir a presença de uma profissional.

A SMS não quis responder o número de profissionais ginecologistas do sexo masculino na rede, argumentando não ser "relevante fornecer esse dado" e ressaltou o cuidado para não "generalizar a conduta individual de um profissional em relação a toda uma categoria". Ao todo são 44 ginecologistas de ambos os sexos em 24 postos de saúde.

Fábio Guilherme consta na folha de pagamento da Prefeitura de Goiânia desde abril de 2007. Ele é servidor efetivo da Secretaria de Estado de Saúde (SES), cedido ao município.

O médico foi solto em 29 de agosto por decisão unânime da 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJ-GO), que acatou habeas corpus impetrado pela defesa, formada pelos advogado Rodrigo Lustosa e Matheus Borges.

A defesa afirma ter absoluta confiança na inocência do investigado e que isso será provado na oportunidade adequada. "É natural que em fase inicial haja maior volume de acusações do que contraprovas. As teses de acusação serão desconstruídas tendo em vista evidências e provas a serem apresentadas no andamento do processo. As denúncias apresentadas até agora contra são destituídas de provas e, portanto, inconsistentes sob todos os aspectos."

Segundo os advogados, a Justiça entendeu que o médico não representa risco à sociedade. Os dois ressaltam em nota "o grande serviço prestado à saúde pública de Goiânia e Goiás, por mais de 40 anos" pelo acusado.

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Mulher de 46 anos morre após fazer cirurgias plásticas, em Goiânia, diz delegado

Segundo polícia, paciente morreu três dias depois de fazer procedimento em um hospital da capital. Médico ainda não é investigado sobre o caso, mas responde por outras mortes na Justiça

Modificado em 25/03/2025, 16:49

PC relatou que Cristina Rocha da Silva foi encontrada desacordada em sua casa pela filha

PC relatou que Cristina Rocha da Silva foi encontrada desacordada em sua casa pela filha (Reprodução/Redes Sociais)

Uma mulher de 46 anos morreu após fazer cirurgias plásticas em um hospital de Goiânia. Segundo a Polícia Civil de Goiás (PC-GO), a chefe de serviços gerais Cristina Rocha da Silva, de 46 anos, foi encontrada pela filha desacordada em sua casa, na madrugada de segunda-feira (25).

O delegado Anderson Pimentel investiga se a causa da morte foi em decorrência do procedimento cirúrgico feito nela pelo médico Dagmar João Maester.

Eu estou preferindo evitar ainda chegar ao profissional médico, pelo seguinte, eu preciso ter informações para saber se a morte foi causada ou se ela tem uma correlação direta ou indireta com esse procedimento", disse o delegado.

Ao DAQUI , o advogado do médico, Wendell Santana, disse que por enquanto não se manifestará sobre o caso.

Em razão do sigilo médico não podemos, ao menos por agora, prestar maiores informações sobre os fatos em tela", respondeu a defesa do médico.

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O Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás (Cremego), por nota, informou que "não tem conhecimento" da morte da paciente atendida pelo médico Dagmar João Maester (veja íntegra da nota ao final desta reportagem).

O delegado acrescentou que nestes casos são realizadas perícias complementares para se confirmar a causa exata da morte. Se "foi efetivamente a parada cardiorrespiratória, se foi por outro fator endógeno, pré-existente, ou se foi causado por uma causa exógena, ou seja, externa e não inerente à vontade da vítima".

A Polícia Técnico-Científico Morte informou ao DAQUI que a causalidade da morte será esclarecida por exames de anatomopatológico e toxicológico. O prazo para o laudo cadavérico é de 10 dias.

"Exames estes a serem realizados pelo Instituto de Criminalística da Polícia Científica de Goiás", emendou a polícia.

Entenda

A polícia relatou que Cristina Rocha da Silva realizou a cirurgia plástica no sábado (22). O procedimento teria sido feito em um hospital localizado no Setor Universitário, em Goiânia. O nome da unidade não foi divulgado e, por isso, a reportagem não conseguiu um posicionamento sobre o caso.

Uma amiga e vizinha da vítima, Brenda Alves, contou ao g1 que Cristina recebeu alta hospitalar no domingo (23). Ao chegar em sua casa, reclamou de muitas dores no abdômen e falta de ar. Na segunda-feira, ela foi encontrada desacorda pela filha na casa dela.

O DAQUI entrou em contato com o Corpo de Bombeiros de Goiás (CBM-GO) para obter informações se uma equipe atendeu a ocorrência, o que foi negado. A corporação indicou que o atendimento foi feito pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). A reportagem não conseguiu contato com o órgão.

Outros casos envolvendo o médico

Anderson Pimentel recordou que o cirurgião plástico Dagmar João Maester se tornou réu pela morte de uma idosa que fez uma mamoplastia, abdominoplastia e lipoescultura no Hospital Goiânia Leste, em Goiânia, em abril de 2023.

Sobre esse caso, em outubro do mesmo ano, a Justiça acatou uma denúncia contra ele. Maester foi acusado de negligência médica. Com a morte da idosa, ele foi investigado por suspeita de causar a morte de seis pacientes.

De acordo com as investigações, as mortes ocorreram em decorrência de intervenções clínicas em pacientes de Goiás, Maranhão e Distrito Federal. O processo tramita no Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJ-GO).

No caso da idosa, o laudo pericial indicou a causa da morte como "alterações biopatológicas relacionadas com procedimento cirúrgico", o que teria ocasionado um tromboembolismo pulmonar.

Demais mortes supostamente causadas pelo médico Dagmar João Maester:

  • Em fevereiro de 2022, a vereadora de Açailândia Robenha Maria Sousa Pereira, de 43 anos, morreu após ter feito abdominoplastia, lipoescultura e mastopexia nos seios em um hospital de Imperatriz (MA).
  • Em março de 2022, a assessora parlamentar Patriciana Nunes Barros, de 36, também morreu após passar por procedimentos cirúrgicos de abdominoplastia e uma cirurgia de prótese nas mamas.
  • Em março de 2010, a servidora pública do Ministério das Cidades, Kelma Macedo Ferreira Gomes, de 33 anos, passou por uma lipoaspiração, implante de prótese de silicone nos seios e abdominoplastia, mas no dia seguinte teria passado muito mal.
  • Em 2001, outras duas pacientes também teriam sido vítimas após realizarem procedimentos estéticos em Goiás, com o mesmo médico.
  • Na época, o cirurgião chegou a ser suspenso por 30 dias do exercício profissional. Depois desse período, ele retomou as atividades.

    Íntegra da nota do Cremego (25/03/2025)

    O Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás (Cremego) não tem conhecimento deste caso (morte da paciente). Todas as denúncias relacionadas à conduta ética de médicos recebidas pelo Cremego ou das quais tomamos conhecimento são apuradas e tramitam em total sigilo, conforme determina o Código de Processo Ético-Profissional Médico.

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    Demolição de igreja onde teto desabou durante instalação de placas solares é autorizada

    Investigação revelou falhas no laudo de segurança estrutural apresentado à igreja e à empresa responsável pela obra. A demolição deverá ocorrer ainda nesta semana

    Modificado em 25/03/2025, 12:01

    Mais de 70 placas solares estavam instaladas, um peso adicional de 2 toneladas, quando o teto da igreja desabou

    Mais de 70 placas solares estavam instaladas, um peso adicional de 2 toneladas, quando o teto da igreja desabou (Wildes Barbosa / O Popular)

    A demolição da Igreja Videira, localizada no Setor Leste Vila Nova, em Goiânia, foi autorizada pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Goiás (Crea-GO) após o desabamento do teto enquanto trabalhadores instalavam placas solares. A administração da igreja informou que a demolição ocorrerá ainda nesta semana. Em entrevista à TV Anhanguera, o gerente de fiscalização do Crea, Jeorge Frances, explicou que a investigação revelou falhas no laudo de segurança estrutural apresentado à igreja e à empresa responsável pela obra.

    Não foram realizadas as vistorias adequadas para identificar a tipologia correta da estrutura. O laudo foi baseado apenas em cálculos, mas faltou a vistoria presencial. Em uma obra com mais de 30 anos, não basta apenas realizar cálculos; é essencial inspecionar e verificar a integridade das peças estruturais. Até o momento, a igreja está sendo analisada como uma vítima do processo. Ela não é alvo da fiscalização, mas sim os profissionais envolvidos", afirmou Jeorge Frances.

    Como os nomes dos profissionais envolvidos não foram divulgados, o DAQUI não conseguiu localizar a defesa deles para posicionamento até a última atualização desta matéria.

    O desabamento ocorreu em 19 de março. No momento da queda, a igreja, que recebe cerca de 3 mil pessoas aos domingos, estava vazia, com apenas seis funcionários presentes. Um deles precisou ser hospitalizado devido ao acidente.

    A Defesa Civil já havia recomendado a demolição do prédio, e agora o Crea também autorizou a ação. À TV Anhanguera , o conselho informou que a demolição será supervisionada em conjunto com o Corpo de Bombeiros, pois o telhado é composto por amianto, o que pode liberar partículas tóxicas caso se espalhem pela vizinhança.

    Desabamento em igreja

    O alerta do desabamento parcial do telhado da Igreja Videira foi feito por um trabalhador de uma oficina mecânica localizada em frente ao templo. Ao ver o acidente, o homem acionou o Corpo de Bombeiros.

    Matheus Oliveira, de 27 anos, relatou que operários vinham instalando as placas no telhado havia cerca de uma semana. Mas, por volta das 10h30, de quarta, a estrutura cedeu e surpreendeu quem estava por perto.

    Um barulho muito alto e muita poeira", descreveu a testemunha, depois que ele e colegas se assustaram com o incidente.

    Além dos bombeiros e da Defesa Civil de Goiânia, esteve no local representante do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Goiás (Crea-GO).

    O capitão do CBM, Guilherme Lisita, disse que os trabalhadores informaram que mais de 70 placas já haviam sido instaladas antes do desabamento. A estimativa é que cada uma delas pesa aproximadamente 30 quilos, o que representou um acréscimo de mais de duas toneladas à estrutura do edifício.

    O gerente de fiscalização do Crea-GO, Jeorge Frances, ressaltou que, além das questões administrativas relacionadas à área elétrica, a instalação de placas solares envolve diversos aspectos da engenharia. Conforme ele, o primeiro passo é calcular a capacidade de geração de energia no local.

    Frances frisou que a demanda de carga determina tanto a quantidade quanto o tipo de placas a serem utilizadas, sendo que cada modelo possui um peso específico. Esse fator também influencia a maneira como as placas serão distribuídas e fixadas na estrutura.

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    Moradores descartam resíduos indevidos em pontos

    Desde 6ª-feira, 8 espaços temporários recebem entulho, recicláveis, restos de poda e móveis, mas resíduos não permitidos ainda são depositados

    Resíduos ocupam ponto provisório do Jardim Europa: parte foi queimada

    Resíduos ocupam ponto provisório do Jardim Europa: parte foi queimada (Gabriella Braga)

    Inaugurados na manhã da sexta-feira (21), os oito pontos provisórios para descarte de resíduos têm tido adesão da população e, passados dois dias, ao menos dois já se encontravam lotados. Mas, apesar da tentativa da Prefeitura de Goiânia de regularizar os locais antes utilizados para descarte ilegal, por desinformação e desrespeito, rejeitos proibidos ou em quantidade acima do permitido seguem sendo despejados nesses locais, como é o caso de pneus e lixo orgânico. O descarte é permitido apenas para entulho, recicláveis, galhos e móveis, limitado a uma carreta, ou carroceria, por pessoa.

    A instalação de pontos provisórios em locais onde havia descarte irregular de resíduos foi anunciada no início de janeiro pelo prefeito Sandro Mabel (UB). À época, a reportagem mostrou que mais de 20 seriam criados para destinação temporária de lixo por cem dias. Passados quase três meses, os oito primeiros foram implantados, com prazo ainda indefinido de funcionamento. Na sexta-feira, o chefe do Executivo destacou que deseja chegar a 30 locais provisórios, onde há maior quantitativo de materiais descartados irregularmente. Os demais ainda são estudados pela Agência Municipal de Meio Ambiente (Amma).

    Os oito pontos inaugurados na última semana estão nos bairros Parque Amazônia, Jardim Europa, Vale do Araguaia, Residencial Anicuns, Jardim das Hortências, Solar Ville, Brisas do Cerrado e Recanto do Bosque e foram limpos antes de serem regularizados. A reportagem esteve nos dois primeiros e observou grande quantidade de resíduos amontoados. No Parque Amazônia, o local está sinalizado com cartaz determinando o que é permitido ser descartado. Não havia caçambas no local. Não tinha também, a exemplo, lixo orgânico, mas havia resíduos têxteis, como roupas e malas de pano. Já a pilha de lixo era composta majoritariamente por galhadas e entulho, além de sofás. Até mesmo um capacete foi depositado no ponto. Logo atrás, está o Córrego Serrinha.

    Por outro lado, no Jardim Europa não havia placa de sinalização e lixo orgânico ocupava um dos cantos da área. Havia também restos de automóveis, pneus e ripas de madeira. Parte dos resíduos foram queimados, como o tronco de uma árvore cortada. O fogo chegou até mesmo nas três caçambas disponibilizadas no local. O ponto provisório também está instalado ao lado de um córrego. Contudo, vale lembrar que o local já era alvo de descarte irregular. A Amma diz ainda que todos os oito foram devidamente sinalizados.

    No dia seguinte à inauguração dos oito pontos, a Prefeitura divulgou que iria atuar para "coibir a ação de vândalos" que têm provocado danos ao patrimônio público. Em um deles, no Jardim das Hortências, a placa de sinalização foi cortada. Por isso, anunciou, a fiscalização seria intensificada. A Amma também apontou que estuda manter "um servidor operacional em cada um dos pontos, para orientar sobre o descarte correto e também para evitar atitudes que possam causar danos ao patrimônio público e ao meio ambiente, além de buscar fazer uso de câmeras de vigilância". Tais medidas fiscalizatórias ainda não foram implantadas.

    À reportagem, a pasta aponta que tem ocorrido dificuldades no respeito ao que pode ou não ser descartado. "Apesar da existência da placa indicando, verificou-se que está sendo feito o descarte de (a exemplo) pneus, além da depredação de algumas placas, o que motivou a Prefeitura a estudar novas medidas a serem implementadas", cita. "A fiscalização é integrada, envolvendo a Amma e Guarda Civil Metropolitana (GCM), quando necessário. O recolhimento está sendo feito tanto pela Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg) quanto pelo Consórcio Limpa Gyn", complementa.

    Quando foi divulgada a inauguração dos espaços temporários, a Prefeitura disse que a limpeza seria feita diariamente. A reportagem questionou tanto ao consórcio quanto à Comurg qual será a periodicidade do recolhimento. Conforme o Limpa Gyn, será semanal e, em caso de necessidade, mais de uma vez por semana. A companhia não respondeu.

    Moradora do Parque Amazônia, a vendedora Daiane Albuquerque, de 43 anos, vê positivamente a medida. "Sempre teve muito entulho. Agora ajudou, porque não fica muito tempo (o lixo). Mas tem de tomar cuidado para não virar uma cratera", pondera. No tempo que a reportagem permaneceu no trecho, quatro pessoas depositaram resíduos no local. Um deles, que preferiu não se identificar, trabalha com limpeza de lote há cerca de três anos e conta que levava os resíduos aos ecopontos ou para locais privados.

    Mais pontos

    Os oito pontos provisórios se somam aos cinco ecopontos geridos pela Comurg na capital, situados nos setores Faiçalville, São José, Guanabara 2, Campos Dourados e Eldorado Oeste. Funcionando de forma definitiva, eles recebem, além dos materiais que podem ser descartados nos temporários, também pneus, óleo de cozinha usado e eletroeletrônicos. Em ambos, há limite do quantitativo que pode ser disposto. "São destinados para os pequenos geradores de resíduos, uma vez que os grandes geradores devem realizar o cadastro na Prefeitura e se responsabilizar por seu próprio descarte", explica a Amma.

    O Consórcio Limpa Gyn também está construindo o primeiro ponto temporário de transferência de resíduos (PTTR), no Residencial Português. A previsão é de que esteja concluído até abril. O espaço receberá materiais recicláveis e inservíveis, mas também não terá pneus nem lixo domiciliar. Haverá duas caçambas para volumosos e quatro baias para recicláveis. A construção e operação serão conduzidas pela terceirizada.

    Além dos oito temporários, dos cinco definitivos e do que está sendo inaugurado pelo consórcio, a Amma estuda outros espaços a serem regularizados "em que haja alto índice de descarte irregular". A pasta diz que também tem intensificado projetos de educação ambiental. "A implementação dos pontos provisórios está em fase inicial e, com base nos resultados que forem se apresentando, os órgãos competentes terão condições de definir seu tempo de duração. Como há áreas particulares e públicas utilizadas para esse fim, os pontos terão diferentes destinações após o projeto", pontua.

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    Marginal: Acesso deve ficar pronto esta semana

    Obra que muda trecho próximo a córrego deve ser finalizada nesta quarta-feira (26), a depender de condições meteorológicas

    Av. Castelo Branco perde mais um trecho de canteiro central, desta vez para dar acesso à Marginal Cascavel

    Av. Castelo Branco perde mais um trecho de canteiro central, desta vez para dar acesso à Marginal Cascavel (Wildes Barbosa / O Popular)

    Os motoristas que trafegam na Avenida Castelo Branco no sentido Praça Walter Santos para o Terminal Padre Pelágio devem poder acessar a Marginal Cascavel ainda nesta semana. A faixa adicional, com a retirada do canteiro central, começou a ser implantada ainda no sábado (22) e a previsão é que as obras sejam finalizadas em uma semana. No entanto, há a expectativa de que o serviço fique pronto já na quarta-feira (26), a depender do período chuvoso. Com a obra, que é a implantação do chamado taper, o motorista vai conseguir fazer a conversão à esquerda e acessar a via marginal. Porém, esse acesso será semaforizado. Os veículos que quiserem seguir pela Avenida Castelo Branco terão o trânsito livre.

    O acesso está sendo construído na faixa mais à esquerda da via, em um trecho logo abaixo da ponte sobre o Córrego Cascavel e é semelhante ao que se tem atualmente na Avenida 85 com a Avenida Mutirão, mas com um menor número de faixas. A medida faz parte de um pacote de alterações na Avenida Castelo Branco com a ideia de dar maior fluidez aos veículos automotores. A previsão é que todas as mudanças sejam finalizadas no final deste mês. Conforme explicou a Secretaria Municipal de Engenharia de Trânsito (SET) na última semana, "um estudo realizado na via revelou que, entre 6h e 20h, cerca de 45 mil veículos equivalentes trafegam na região próxima à Marginal Cascavel, evidenciando a necessidade de intervenções para otimizar a mobilidade".

    O movimento de acesso à Marginal Cascavel vai também substituir a conversão à esquerda que passará a ser proibida no cruzamento com a Rua Jaraguá, no Setor Campinas. Ou seja, o condutor que quiser acessar a rua, onde fica a sede da Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg), por exemplo, poderá fazer via o novo acesso que está sendo feito. Quem estiver na Rua Jaraguá e quiser ter acesso à avenida, terá de fazer o looping de quadra, utilizando a Avenida Mato Grosso e a Rua Quintino Bocaiúva, conforme explicado pela reportagem na última semana. Outra medida a ser feita na Avenida Castelo Branco é a criação de uma terceira faixa no trecho que vai da Praça do Cigano, no Setor Oeste, até a Praça Walter Santos, no Setor Coimbra, sendo de um quilômetro.

    Na semana passada, o trabalho foi realizado entre a Praça Ciro Lisita e a Praça Walter Santos, que corresponde a 400 metros. Não havia a informação de que o mesmo seria feito no trecho anterior de quem vai no sentido Avenida 85 a Praça Walter Santos, que é de 600 metros. Ambos eram as únicas extensões da Avenida Castelo Branco que tinham duas pistas para os veículos e passarão a ter três com a retirada do canteiro central e redimensionamento das faixas. Para tal, a Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana (Seinfra) está executando o serviço projetado pela SET, e retirou, praticamente, todo o canteiro central, deixando apenas o espaço do tronco das palmeiras.

    Ressalta-se, porém, que as faixas da direita dos dois lados da avenida serão destinadas a um corredor preferencial de ônibus e motocicletas, tal qual ocorre nos demais corredores que antes eram destinados apenas ao transporte coletivo, como das avenidas 85, T-63, Universitária e T-7. Com isso, haverá duas faixas (a central e a da direita) destinada aos demais veículos particulares. O estacionamento ao longo de todo o trecho do corredor Castelo Branco/Mutirão será proibido, dando espaço à via preferencial, assim como a instalação de caçambas e demais equipamentos que dificultam a fluidez. Porém, por se tratar de uma via comercial, a SET avalia "a possibilidade de autorização para carga e descarga por um período do dia, entre 9h e 15h".

    "O corredor da Avenida Castelo Branco está passando por uma série de melhorias para otimizar o fluxo de tráfego. Entre as ações em andamento, estão a abertura da terceira faixa, a remoção do semáforo de três tempos com a construção de um novo acesso para conversão à esquerda na Marginal Cascavel e a modernização do parque semafórico", resume a SET. A secretaria informa ainda que, com essa modernização, "será possível implementar a gestão inteligente dos semáforos, garantindo a sincronização dos corredores e a criação da onda verde, reduzindo o tempo de deslocamento dos motoristas".

    A SET estima ainda que todas essas melhorias serão entregues de forma integral dentro do prazo previsto de 100 dias, sendo que a sincronização estará presente em todo o corredor, contemplando a Avenida Mutirão, desde o cruzamento com a Avenida 85, até o final da Avenida Castelo Branco, no cruzamento com o viaduto da GO-070. "Estima-se que, com a implementação da sincronização semafórica, conhecida como 'onda verde', os motoristas e motociclistas terão uma redução de aproximadamente 30% no tempo de percurso ao longo do corredor Castelo Branco/Mutirão", informa a secretaria.

    A pasta explica que essa estimativa baseia-se em estudos nacionais que apontam ganhos semelhantes com a adoção dessa tecnologia. "A sincronização dos semáforos diminui o tempo de espera nos cruzamentos, melhora a fluidez do tráfego e reduz os congestionamentos, permitindo deslocamentos mais rápidos e eficientes." As medidas, por outro lado, têm recebido críticas pela maior parte dos urbanistas e engenheiros de tráfego por não considerarem todo o sistema de mobilidade da cidade, como a falta de espaço seguro para ciclistas e, especialmente, pedestres, já que a tendência é aumentar a velocidade dos demais veículos, dificultando as travessias.

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