Geral

Mais pessoas denunciam médico por tratamento estético malsucedido em Goiânia

As mulheres foram ao 4 º Distrito Policial relatar as queixas referentes ao profissional de saúde que não tem registro como cirurgião plástico

Modificado em 26/09/2024, 00:35

Uma das vítimas, Alexandre Garzon, disse que queria tratar acne e diz que foi orientado a aplicar botox

Uma das vítimas, Alexandre Garzon, disse que queria tratar acne e diz que foi orientado a aplicar botox (Arquivo pessoal)

Mais duas mulheres formalizaram denúncia contra o médico Wesley Murakami na tarde desta segunda-feira (3), no 4º Distrito Policial de Goiânia, que é acusado de deformar os rostos de pacientes após procedimentos estéticos. Seis pessoas já estiveram na delegacia desde a última sexta-feira (30) , quando o caso veio à tona.

De acordo com o delegado responsável pelo caso, Carlos Caetano Junior, as vítimas fizeram denúncias de procedimentos estéticos que teriam apresentado reações adversas, entre elas deformações na face. "As vítimas ainda estão prestando depoimento e foram encaminhadas para o Instituto Médico Legal (IML), onde farão os exames que podem comprovar os erros médicos que foram denunciados", afirmou o delegado. Nos próximos dias outras vítimas devem ser ouvidas. As denúncias vieram a público na última sexta-feira, quando três pessoas procuraram o distrito policial para fazer denúncias contra o médico.

Murakami mantém uma clínica na Avenida T-7, no Setor Bueno, em Goiânia, e outra em um shopping de Brasília. Ele já foi processado anteriormente por queixas semelhantes. Caetano diz que o profissional foi denunciado por outro caso da mesma natureza em 2012. Na época foi lavrado um Termo Circunstancial de Ocorrência (TCO) e o caso encaminhado para a Justiça.

Advogado vai à delegacia se colocar a disposição

O advogado de Murakami, André Bueno, foi ao distrito policial na manhã desta segunda-feira para dizer que o cliente dele está à disposição da Justiça. Bueno afirmou que o cliente não fez nenhum procedimento errado. "Ainda não há inquérito contra o médico, somente há reclamações das vítimas, que ainda estão procurando a delegacia", afirmou o advogado que acrescentou ainda que não teve acesso aos documentos do caso.

De acordo com o delegado Carlos Caetano, ainda não é o momento oportuno para que o médico seja ouvido. "Ainda escutaremos todos os relatos das vítimas, aguardaremos os laudos médicos, para que seja formalizado um inquérito e, posteriormente o médico será ouvido". (Dayrel Godinho é estagiário do convênio GJC e PUC Goiás)

Geral

Mutilações fazem estética virar caso de saúde pública

Desde 2023, o Estado registrou pelo menos 10 casos de grande repercussão que acabaram na polícia. Em dois episódios, mulheres morreram após aplicações de produtos

Modificado em 22/03/2025, 08:21

Polícia Civil prende Maria Silvânia na Operação Beleza Sem B.O.

Polícia Civil prende Maria Silvânia na Operação Beleza Sem B.O. (Divulgação/Policia Civil)

O aumento de casos de procedimentos estéticos que resultam em lesões, mutilações e deformidades, dentre outras sequelas, tornou o assunto uma questão de saúde pública. Desde 2023, Goiás registrou pelo menos dez casos de grande repercussão que acabaram na polícia. Em dois episódios, ocorridos no segundo semestre de 2024, mulheres morreram após se submeterem a aplicações de diferentes produtos.

De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), de 2018 a 2023 os serviços de estética e embelezamento figuraram como os mais denunciados junto à agência dentre os "serviços de interesse à saúde", categoria que inclui também serviços de hotelaria, estúdios de tatuagem e instituições de longa permanência para idosos, por exemplo. Em 2023, 61,3% das denúncias estavam relacionadas a serviços de estética e embelezamento.

Donos de clínica presos usaram óleo de silicone em pacientes, diz delegado
Justiça mantém prisão de casal dono de clínica suspeito de causar deformação em pacientes
Dentista investigada prometia 'nariz dos sonhos' na internet

Nos casos ocorridos em Goiás levantados pela redação, foram verificados alguns padrões. Em pelo menos seis situações, as pessoas que faziam os procedimentos não tinham nenhum tipo de habilitação, mas se passavam por profissionais capacitados. Além disso, algumas das clínicas eram de pessoas famosas nas redes sociais. O uso de PMMA, sigla para polimetilmetacrilato -- substância que já foi usada como preenchedor, mas se mostrou arriscada --, também foi verificado em parte dos casos.

Karine Giselle Gouveia, dona de uma clínica de estética fechada em 2024 por conta da suspeita de realização de uma série de procedimentos estéticos malsucedidos, é um exemplo. Apesar de não possuir formação na área, tinha quase 950 mil seguidores apenas no Instagram, rede social em que fazia publicações sobre procedimentos estéticos e sobre a própria rotina. A defesa de Karine nega que a clínica já tenha utilizado qualquer substância ilícita ou proibida.

Nesta quinta-feira (20), a Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra o Consumidor (Decon) deflagrou a Operação Beleza Sem B.O. As investigadas são Luana Nadejda Jaime, dona de uma clínica em Goiânia, e Maria Silvânia Ribeiro da Silva, proprietária de um estabelecimento em Aparecida de Goiânia. Maria Silvânia foi presa e Luana está foragida. A reportagem não localizou a defesa de ambas.

No final de 2023, uma paciente foi internada em uma unidade de pronto atendimento (UTI) e entubada após aplicação de substância injetável na clínica de Maria Silvânia. A Vigilância Sanitária de Aparecida interditou o local e ela foi ouvida pela Polícia Civil do Estado de Goiás (PC-GO). Na ocasião, ela disse que havia feito uma pós-graduação com Luana, que também passou a ser investigada. Foi apurado que ela era suspeita de cometer lesão corporal contra quatro pessoas, sendo uma delas de um homem que passou por um "preenchimento íntimo" na região peniana e alega ter perdido a funcionalidade do membro após o procedimento. O produto usado teria sido PMMA.

Em 2024, as clínicas da dupla foram fiscalizadas pela Decon em conjunto com a Vigilância Sanitária. Mesmo assim, as mulheres continuaram ofertando, nas redes sociais, procedimentos estéticos invasivos. Além disso, ambas tinham registros -- obtidos por meio da apresentação de diplomas falsos -- no Conselho Regional de Enfermagem (Coren). Eles foram cancelados no final de 2024. Entretanto, quando foi presa nesta quinta, Maria Silvânia estava atuando com um novo número de registro. Questionado, o Coren informou, em nota, que já está ciente do caso e que, como as mulheres não são enfermeiras, "cabe agora às autoridades o cumprimento da justiça e o andamento do processo conforme a legalidade". (Mariana Milioni é estagiária do GJC em convênio com a PUC Goiás)

Pacientes têm vidas arruinadas

A ação de falsos profissionais ou então de profissionais que executam procedimentos que não estão habilitados a realizarem -- como dentistas que realizaram rinoplastias -- deixa um rastro de destruição na vida das vítimas. Em 2023, a motorista de aplicativo Ana Priscila Santos da Silva, de 36 anos, procurou a enfermeira Marcilane da Silva Espíndola para realizar aplicações com fim de harmonização dos seios e glúteos. O procedimento custou R$ 5,5 mil.

Depois da aplicação, Ana Priscila começou a sentir dores. Inicialmente, ela pediu a ajuda de Marcilane, que aplicou uma injeção nela. As dores não apresentaram melhora e Ana Priscila procurou uma unidade de saúde. Então, foi encaminhada para o Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (HC/UFG), onde descobriu que o material injetado era PMMA. Ela já foi internada várias vezes para realizar a retirada do produto. O último procedimento cirúrgico ocorreu nesta quarta-feira (19). A mulher relata que, mesmo após as intervenções, ainda sente dores físicas. Ela tem dificuldade para dirigir, por exemplo. As deformidades nos seios de Ana Priscila prejudicam sua autoestima e saúde mental. "Estou péssima. Muita ansiedade", conta. A defesa afirma que Marcilane não cometeu qualquer ato censurável.

Relatos como o de Ana Priscila se repetem. Entretanto, existem casos ainda mais trágicos. No segundo semestre de 2024, duas mulheres morreram por conta de procedimentos estéticos malsucedidos. Segundo as investigações, Aline Maria Ferreira da Silva, de 33 anos, morreu após ter tido PMMA aplicados nos glúteos. A ré do caso é Grazielly da Silva Barbosa, que não tem formação na área. A defesa dela alega inocência. Já Danielle Mendes Xavier de Brito, de 44 anos, morreu após a realização de uma aplicação no rosto. A responsável pela aplicação foi a enfermeira Quesia Rodrigues Biangulo Lima. A defesa dela diz que, por enquanto, não vai se manifestar.

Vigilância sanitária promove campanhas

Com o avanço dos casos de procedimentos estéticos malsucedidos envolvendo clínicas irregulares, a utilização de produtos proibidos e a atividade de pessoas sem as credenciais adequadas para a atuação na área, a Vigilância Sanitária tem atuado na tentativa de coibir as más práticas. Segundo a Anvisa, o número elevado de denúncias relacionadas a serviços de estética e embelezamento sinaliza que a grande quantidade de estabelecimentos disponíveis e a diversidade de técnicas e procedimentos estão relacionadas ao número elevado de relatos de irregularidades.

Em fevereiro de 2025, a Anvisa realizou a operação Estética Com Segurança em parceria com as vigilâncias sanitárias estaduais e municipais. Clínicas de quatro Estados foram fiscalizadas. Um dos estabelecimentos interditados ficava em Goiânia e funcionava na cozinha de um apartamento. Foram encontrados produtos com prazo de validade vencido e as equipes descobriram anotações referentes a dois casos de infecção, sendo um deles por micobactéria, após procedimentos realizados na clínica. Os casos não haviam sido notificados ao sistema de saúde público, contrariando a legislação, que estabelece a notificação compulsória.

Em Goiás, a Secretaria de Estado de Saúde de Goiás (SES-GO) possui a ação De Olho na Beleza. Por meio dela, a Superintendência de Vigilância Sanitária, Ambiental e Saúde do Trabalhador (Suvisa) promoveu reuniões estratégicas com os conselhos regionais de Enfermagem, Farmácia, Odontologia, Fisioterapia, Biomedicina e Biologia. O objetivo foi alinhar medidas conjuntas para aumentar a segurança nos procedimentos estéticos. "Tornou-se um problema de saúde pública", aponta Flúvia Amorim, superintendente de Vigilância em Saúde de Goiás.

O auditor fiscal de Saúde Pública da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Goiânia, Dagoberto Costa, atua há 25 anos na área e relata que mais recentemente houve uma explosão de casos de irregularidades ligadas a procedimentos estéticos. Na capital, o órgão municipal tem procurado trabalhar em parceria com a Polícia Civil do Estado de Goiás (PC-GO). Além da esfera criminal, no âmbito da Vigilância Sanitária os estabelecimentos irregulares podem sofrer desde multas até a apreensão de produtos e interdição.

Nesse sentido, Costa alerta para alguns sinais aos quais a população deve ficar alerta antes de se submeter a procedimentos estéticos como, por exemplo, verificar o alvará sanitário do estabelecimento, saber qual material está sendo utilizado -- inclusive se está dentro da data de validade -- e verificar se o profissional responsável está habilitado no conselho da classe. "Também é importante saber o que você realmente precisa e tomar cuidado com as redes sociais", finaliza.

Conselho de Odontologia quer liberação de cirurgias no rosto

O Conselho Federal de Odontologia (CFO) quer permitir que dentistas possam fazer cirurgias plásticas no rosto. De acordo com o próprio conselho, a instituição tem trabalhado na elaboração de uma resolução sobre as "cirurgias estéticas da face", cujos estudos estão em andamento. A classe médica se posiciona contra o documento e defende que procedimentos como, por exemplo, rinoplastias, só sejam realizados por médicos. Atualmente, a Resolução CFO 198/2019, já permite aos dentistas a prática de harmonização orofacial.

Em nota, o CFO defendeu que o termo cirurgia plástica facial é "equivocado" e que "não estão definidos os procedimentos a serem englobados na futura resolução e as respectivas exigências da regulamentação", sendo que os detalhes completos sobre o tema serão divulgados após a publicação.

O conselho ainda esclareceu que "as cirurgias estéticas da face vão representar um avanço importante para a Odontologia, com reconhecimento das competências legais e técnico-científicas dos cirurgiões-dentistas para atuação na área e, principalmente, serão um passo significativo para a segurança da população, que terá acesso a novos procedimentos regulamentados de forma rígida e adequada".

O presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica -- Regional Goiás (SBCP-GO), Fabiano Arruda, é um crítico da movimentação do CFO. "Não é mudando o nome (de cirurgias plásticas para cirurgias estéticas da face) que vão conseguir mudar o que esses procedimentos causam e as repercussões que eles têm no organismo. Essa resolução representa, para os pacientes, um risco", argumenta.

Em nota, o Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás (Cremego) informou que "considera essa medida um grave risco à saúde da população, especialmente em um momento em que se multiplicam denúncias de complicações em procedimentos realizados por profissionais sem formação médica completa para essas intervenções" e que comunicou que "atuará junto ao Conselho Federal de Medicina (CFM) para adotar todas as medidas necessárias a fim de impedir que essa decisão seja implementada".

O conselho ainda explicou que "cirurgias plásticas faciais são atos complexos que demandam profundo conhecimento da anatomia humana e técnicas cirúrgicas adquiridas apenas após longos anos de formação médica: seis anos de graduação em medicina, seguidos por três anos de residência em cirurgia geral e mais três anos de residência em cirurgia plástica" e destacou que "permitir que profissionais sem essa trajetória realizem tais procedimentos é colocar em risco a segurança, a integridade e a vida dos pacientes".

Geral

Dentista suspeita de lesionar pacientes nega que fazia rinoplastia e se prepara para voltar atendimentos, diz defesa

Polícia alega que Miriã Mariana Coelho da Costa realizava o procedimento. Conselho Medicina diz que rinoplastia deve ser feito apenas por médicos

Modificado em 18/02/2025, 20:04

undefined / Reprodução

A dentista Miriã Mariana Coelho da Costa, suspeita de causar lesões em pacientes após procedimentos de rinoplastia, nega que fazia o procedimento e disse que está se preparando para voltar aos atendimentos, em Goiânia. Em um vídeo publicado em suas redes sociais, a profissional afirmou que realiza apenas remodelação estruturada e que sua "prática clínica é feita com muito amor, empatia, ética, segurança e muito respeito com cada paciente". Nove pacientes já procuraram a polícia (veja o vídeo acima) .

Sou cirurgiã dentista há mais 6 anos, com inúmeros cursos e habilitações na área de harmonização facial. [...] Pude devolver a autoestima e entregar a liberdade através da remodelação estruturada, que não é rinoplastia. [...] Sempre falei da diferença entre esses dois procedimentos e dos riscos. [...] Nós estamos nos reestruturando para voltar e eu creio que em breve nós voltaremos ainda mais fortes", disse a dentista nas redes sociais.

Miriã é alvo de uma investigação da Polícia Civil por lesão corporal contra pacientes e pelo exercício ilegal da medicina. Na última sexta-feira (14), a PC cumpriu mandados de busca e apreensão na clínica dela, no Setor Jardim América.

A delegada do caso, Myrian Vidal explicou que a rinoplastia tem cortes e somente médicos podem realizar esse tipo de procedimento. Segundo a investigadora, a dentista utilizava o nome 'rino estruturada' para acobertar o verdadeiro procedimento que era a rinoplastia.

A investigada teria realizado procedimentos de rinoplastia em diversos clientes, sem possuir a qualificação necessária ou autorização para tal, causando lesões irreparáveis e, em alguns casos, deformidades permanentes", pontuou a polícia.

Nove pacientes denunciaram a dentista após terem complicações (Reprodução/Redes sociais)

Nove pacientes denunciaram a dentista após terem complicações (Reprodução/Redes sociais)

Em nota, a defesa da dentista afirma que ela é uma "profissional habilitada em odontologia, estando apta a realizar todos os procedimentos na profissão, incluindo a rinomodelação, que tem sido confundida com a rinoplastia", cita trecho do comunicado (veja a nota completa no final da matéria) .

Diferença dos procedimentos

Ao POPULAR , o Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás (Cremego), informou que rinoplastia é um ato médico e, portanto, deve ser feito apenas por médicos (veja a nota no final) .

Em concordância, o Conselho Regional de Odontologia de Goiás (CRO-GO) acrescentou que rinoplastia é uma cirurgia que tem cortes, e, portanto, um dentista não pode realizar. É permitido pelo conselho, por exemplo, que o profissional utilize técnicas e substâncias como o ácido hialurônico para melhorar a estética do nariz.

A Resolução CFO-230, de 14 de agosto de 2020, menciona que um cirurgião-dentista pode realizar procedimentos para harmonização facial, mas que eles "deverão observar rigorosamente os conhecimentos adquiridos em cursos de graduação e de pós-graduação, bem como se ater à sua área de atuação, buscando promover o equilíbrio estético e funcional da face, sempre em benefício da saúde do ser humano".

No documento, fica vedado a este profissional a a realização dos seguintes procedimentos cirúrgicos: alectomia, blefaroplastia, cirurgia de castanhares ou lifting de sobrancelhas, otoplastia, rinoplastia, ritidoplastia ou face lifting.

Entenda o caso

De acordo com a polícia, a operação realizada na última sexta-feira, que contou com a presença da Polícia Técnica-Científica, apreendeu instrumentos e medicamentos irregulares.

Materiais apreendidos em clínica da dentista Miriã Costa, em Goiânia (Divulgação/Polícia Civil)

Materiais apreendidos em clínica da dentista Miriã Costa, em Goiânia (Divulgação/Polícia Civil)

Participaram da ação também fiscais da Vigilância Sanitária, que teriam identificado diversas infrações. Dentre as quais, reutilização indevida de medicamentos que deveriam ser descartados, falta de esterilização adequada dos instrumentos e condições insalubres.

A delegada Myrian Vidal afirmou que a investigada, formada em odontologia, é suspeita de realizar procedimentos de rinoplastia em diversos clientes sem a devida qualificação ou autorização, resultando em lesões irreparáveis ​​e, em alguns casos, deformidades permanentes.

Vidal ressaltou o anúncio sobre os serviços eram divulgados nas redes sociais pelo esposo da investigada, Pedro Henrique, com preços muito abaixo do valor de mercado e foram realizados de maneiras convenientes, sem o devido acompanhamento pós-operatório.

A PC informou que os nomes da investigação e do esposo foram divulgados para que eventuais outras vítimas possam procurar as autoridades. O POPULAR não conseguiu o contato da defesa dele para que pudesse se posicionar.

Nota completa da dentista

*A cirurgiã-dentista Miriã Costa vem a público para esclarecer que:

  • É profissional habilitada em Odontologia, estando apta a realizar todos os procedimentos na profissão, incluindo a rinomodelação, que tem sido confundida com a rinoplastia;
  • Sua conduta vem sendo reconhecida por mais de 2 mil pacientes satisfeitos e também por autoridades a investigaram, inclusive em processos judiciais;
  • A sua clínica, no Jardim América, possui todos os registros necessários para funcionamento, estando no local há cerca de dois anos;
  • Não se posicionou antes por estar envolvida em uma cirurgia do filho recém-nascido;
  • Está aberta a todo e qualquer esclarecimento sobre suas atividades;
  • Está se reestruturando para voltar ao atendimento normal nos próximos dias;
  • Acredita na justiça e na seriedade das autoridades que fiscalizam a sua atividade profissional.*
  • Nota do Cremego

    Para o Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás (Cremego), rinoplastia é um ato médico e, portanto, deve ser feito apenas por médicos.

    Geral

    Dona de clínica criava termos para disfarçar procedimentos que seriam exclusivos para médicos, diz polícia

    Apesar de as divulgações tentarem minimizar a natureza dos procedimentos oferecidos, a clínica recolhia assinaturas das vítimas em um documento com instruções explícitas para cuidados pré e pós cirúrgicos, segundo a Polícia Civil

    Karine Gouveia e Paulo Cesar, donos de clínica de estética investigada em Goiânia.

    Karine Gouveia e Paulo Cesar, donos de clínica de estética investigada em Goiânia. (Reprodução/Redes Sociais )

    A dona da clínica de estética investigada por causar deformidades em pacientes criava termos para disfarçar procedimentos que seriam exclusivos para médicos, segundo a Polícia Civil. Karine Giselle Gouveia Silva e o marido dela, Paulo Cesar Dias Gonçalves, foram presos no último dia 18. Ao menos 24 pacientes já denunciaram a clínica por deformações nos rostos.

    Para atrair vítimas, disfarçar a ilegalidade das práticas realizadas e evitar questionamentos sobre a realização de procedimentos exclusivos de médicos, como rinoplastias, alectomias e otoplastias, o grupo anunciava tais intervenções sob nomes diferentes, como "reestruturação nasal hd" e "retração de orelha"", afirmou Daniel Oliveira, delegado à frente do caso.

    🔔 Siga o canal de O POPULAR no WhatsApp

    A reportagem tentou contato com a defesa de Karine Giselle Gouveia Silva e Paulo Cesar Dias Gonçalves na manhã desta quarta-feira (25), mas não obteve retorno até a última atualização desta matéria. Em nota enviada anteriormente, os advogados dos empresários informam que eles tratavam a todos com profundo respeito. "Uma empresa com 8 anos de mercado, mais de 30 mil procedimentos realizados, só se mantém com uma conduta ética, séria e atenciosa", diz o comunicado.

    Segundo o investigador, há registro de uma cirurgia de otoplastia, procedimento restrito exclusivamente a médicos, realizada em uma criança e divulgada na rede social da clínica.

    "Esses procedimentos eram apresentados como técnicas exclusivas, supostamente desenvolvidas pela Clínica Karine Gouveia", disse o delegado.

    Para a polícia, apesar de as divulgações nas redes sociais tentarem minimizar a natureza dos procedimentos oferecidos, a própria clínica recolhia assinaturas das vítimas em um documento com instruções explícitas para cuidados pré e pós cirúrgicos.

    Deboche

    Os donos de clínica debochavam das reclamações que recebiam, de acordo com Daniel Oliveira.

    "As vítimas relataram que Karine e seu marido reagiam com deboche às reclamações sobre as sequelas sofridas. Ambos demonstravam completo desprezo pelas consequências de suas ações, intimidando as vítimas e obrigando-as a assinar termos de confidencialidade para evitar denúncias", afirmou o delegado.

    De acordo com o investigador, apesar das intimidações, várias vítimas ingressaram com ações na Justiça contra a clínica de Karine e Paulo.

    Manutenção da prisão

    Karine e Paulo passaram por audiência de custódia na quinta-feira (19) e a Justiça determinou que o casal continue preso. Na decisão, a juíza Ana Cláudia Veloso Magalhães, da 1ª Vara das Garantias, afirmou que a privação da liberdade do casal é imprescindível para a continuidade das investigações, bem como para a obtenção de outros elementos de informação quanto à autoria e materialidade dos delitos examinados.

    A magistrada pontuou que a prisão temporária é uma medida cautelar cujo objetivo é assegurar a eficácia das investigações. Com a decisão, o casal deverá retornar ao local onde estava segregado, caso seja requerido pela Polícia Civil, ou à Casa do Albergado, devendo lá permanecer até o término do prazo estabelecido na ordem de restrição ou outra determinação judicial.

    Sem formação acadêmica

    Karine Giselle Gouveia Silva, investigada por causar deformidades a 24 pacientes durante procedimentos e cirurgias, não tem nenhuma formação profissional e era quem fazia o primeiro atendimento das vítimas, segundo a Polícia Civil (PC). Neste primeiro contato, ela indicava quais procedimentos deveriam ser feitos.

    Daniel Oliveira pontuou que ela quem fazia a triagem dos pacientes e fazia "promessas falsas", indicando quais procedimentos entregariam o resultado que o paciente esperava. No entanto, ela não tem nenhuma formação superior. "Ela determinava aos profissionais que tinham ali, principalmente dentistas, qual procedimento ia ser feito", disse ele.

    A maioria das intervenções realizadas na clínica só deveriam ser feitas por médicos cirurgiões plásticos e algumas por cirurgiões dentistas, segundo o delegado.

    A PC confirmou que os conselhos profissionais foram consultados pela polícia e apontaram que os profissionais investigados não possuem registros que comprovem a realização de cursos e especializações necessárias para o exercício de diversos procedimentos e cirurgias que realizavam, como, por exemplo, cursos de especialização em harmonização orofacial para cirurgiões-dentistas.

    Em nota, o Conselho Regional de Biomedicina afirmou que está apurando as informações divulgadas pela imprensa e informou ainda que Karine Giselle Gouveia Silva não é biomédica (leia íntegra ao final da reportagem).

    Em nota, o Conselho Regional de Odontologia afirmou que não teve conhecimento prévio da operação realizada na manhã da última quarta-feira, que "resultou na prisão prisão de profissionais cirurgiões-dentistas, inscritos neste conselho". O Conselho repudia veementemente qualquer ato que exponha negativamente a imagem dos profissionais da área, que "em sua maioria, exercem sua profissão com excelência, dedicação e respeito à sociedade", diz a nota (leia íntegra ao final da reportagem).

    Em nota, o Conselho Regional de Medicina de Goiás (Cremego) afirmou que a indicação da execução e a execução de procedimentos invasivos, sejam diagnósticos, terapêuticos ou estéticos, são atos exclusivos de médicos, e que portanto, não devem ser exercidos por outros profissionais (leia íntegra ao final da reportagem).

    Realização de procedimentos

    Imagens mostram ferimentos em vítimas de procedimentos (Reprodução/TV Anhanguera)

    Imagens mostram ferimentos em vítimas de procedimentos (Reprodução/TV Anhanguera)

    Sobre a permissão para realizar os procedimentos dentro das clínicas, o delegado disse que, em Goiânia, a autorização que consta do alvará sanitário era apenas para a realização de "procedimentos minimamente invasivos relacionados à estética".

    Ele pontuou também que a atividade econômica no alvará e na Receita Federal aponta atendimento estético como uma subclasse do atendimento de cabeleireiro. Em Anápolis, não havia nenhum tipo de autorização, segundo o delegado. "Ela tentou uma autorização que foi negada e ela nunca arrumou o que foi apontado pela vigilância sanitária", disse.

    "Além dessas lesões que elas [as vítimas] sofriam, a gente identificou também, com laudos médicos, a presença de substâncias proibidas como PMMA, óleo de silicone [...]. Ali eram realizadas verdadeiras cirurgias, sem as mínimas condições apropriadas. Então, bisturi cego, falta de iluminação, falta de esterilização, tudo isso foi constatado", disse o delegado.

    Segundo o delegado, as lesões são gravíssimas e os pacientes têm sequelas. "São vítimas que tiveram que passar por diversos outros procedimentos para tentar corrigir minimamente o dano que foi causado", disse. Ele ainda disse que, em alguns casos, a própria clínica oferecia outro procedimento reparados e as pessoas não tinham dinheiro para procurar outros profissionais e médicos, e aceitavam. Uma das vítimas retornou mais de 30 vezes ao local.

    "Vítimas que saíram pelo país inteiro para buscar algum profissional que tentasse de alguma forma remediar a situação. Há vítimas que estão até hoje em filas do SUS porque não têm dinheiro para pagar esses procedimentos", disse ele.

    Entenda o caso

    A influenciadora e empresária Karine Gouveia e seu marido, Paulo Cesar Dias Gonçalves, donos de clínicas de estética em Goiânia e Anápolis, foram presos em uma operação policial que investiga procedimentos estéticos e cirúrgicos que causaram danos físicos a pacientes. De acordo com a polícia, os alvos atuavam em uma famosa clínica de estética, localizada no Setor Oeste, em Goiânia, e em outra clínica localizada em Anápolis.

    Contra eles, além dos mandados de prisão e de busca e apreensão, foi realizado o bloqueio de contas, bens e valores, totalizando R$ 2,5 milhões, incluindo percentual das cotas de um helicóptero ano 2024, avaliado em R$ 8 milhões. De acordo com a polícia, diversos pacientes procuraram a delegacia para denunciar que após procedimentos estéticos e cirúrgicos realizados na clínica, ficaram com rostos e corpos deformados.

    Mandados de busca e apreensão são cumpridos na casa dos suspeitos (Reprodução / Polícia Civil)

    Mandados de busca e apreensão são cumpridos na casa dos suspeitos (Reprodução / Polícia Civil)

    Nota Cremego

    "De acordo com a LEI Nº 12.842, DE 10 DE JULHO DE 2013, que dispõe sobre o exercício da medicina, a indicação da execução e execução de procedimentos invasivos, sejam diagnósticos, terapêuticos ou estéticos, são atos exclusivos de médicos, portanto, não devem ser exercidos por outros profissionais."

    Nota Conselho Regional de Odontologia

    "O Conselho Regional de Odontologia de Goiás (CROGO) informa que não teve conhecimento prévio da operação policial realizada na manhã da última quarta-feira, 18 de dezembro de 2024, que resultou na prisão de profissionais cirurgiões-dentistas inscritos neste Conselho. Conforme divulgado pela mídia, os profissionais são acusados de realizar procedimentos estéticos e cirúrgicos que teriam causado danos físicos a pacientes.

    Esclarecemos que, de acordo com a Resolução CFO nº 198/2019, os cirurgiões-dentistas possuem formação e capacidade técnica para a realização de procedimentos de Harmonização Orofacial (HOF), respeitando os limites de atuação da profissão, a legislação vigente e os princípios éticos que regem a Odontologia.

    O CROGO repudia veementemente qualquer ato que exponha negativamente a imagem dos profissionais da área, que, em sua grande maioria, exercem sua profissão com excelência, dedicação e respeito à sociedade. Reforçamos nosso compromisso de zelar pela ética e pela segurança dos pacientes, promovendo uma Odontologia responsável e de qualidade.

    Informamos que eventuais procedimentos administrativos de fiscalização do órgão são sigilosos, não sendo possível compartilhar sua existência ou desdobramentos."

    Nota Conselho Regional de Biomedicina

    "OConselho Regional de Biomedicina -- 3ª Região (CRBM-3) informa que está apurando as informações divulgadas pela imprensa e só vai comentar o caso após ser notificado. Informa ainda que a Clínica que pertence à empresária Karine Giselle Gouveia Silva tem registro de Pessoa Jurídica no Conselho. A referida profissional não é biomédica".

    Leia também

    IcMagazine

    Famosos

    Anitta faz procedimento estético na testa

    A cantora, que está de passagem pelo Brasil, apareceu deitada em uma maca com curativos na cabeça e anunciou ter feito uma mudança no rosto para diminuir a aparência de uma "veia saltada" na testa

    Modificado em 10/12/2024, 20:20

    Anitta; a cantora deitada em uma maca com curativos na cabeça e anunciou ter feito uma mudança no rosto para diminuir a aparência de uma "veia saltada" na testa

    Anitta; a cantora deitada em uma maca com curativos na cabeça e anunciou ter feito uma mudança no rosto para diminuir a aparência de uma "veia saltada" na testa (Reprodução/Redes sociais)

    Anitta surpreendeu os fãs nesta terça-feira (10) ao revelar que realizou um novo procedimento estético. A cantora, que está de passagem pelo Brasil, apareceu deitada em uma maca com curativos na cabeça e anunciou ter feito uma mudança no rosto para diminuir a aparência de uma "veia saltada" na testa.

    A cantora reforçou que o procedimento, realizado com laser, teve duração de duas horas. "Sei que vocês estão tristes pela veia que se foi, mas só quem tem essa veia sabe o quanto é ruim, o quanto é uó", começou a intérprete de "Envolver". "Não é uma cirurgia, é um laser. Não tem corte, nada. Dura duas horinhas e está tudo certo", completou.

    Ela revelou ainda que não conhecia a técnica e até já realizou um teste para confirmar se a veia realmente desapareceu. "Fiquei de cabeça para baixo, fiquei de lado, gargalhei, me emocionei, e em nenhum momento a veia apareceu. Fim de uma era! Não sente dor nenhuma. Não sabia que existia essa técnica", adiantou Anitta, que durante o Carnatal, no Rio Grande do Norte neste fim de semana, concordou com o elogio de um fã. "Obrigada, meu amor. Concordo com você. Sou mesmo a mulher mais linda e mais incrível que você já viu"

    Por fim, Anitta contou que descobriu o procedimento por meio de uma mensagem recebida no WhatsApp, que recomendava uma clínica em Goiânia. "Fui na coragem, não conhecia o médico, nem ninguém que já tivesse passado por ele. Perguntei para o meu Pai de Santo e confiei no meu orixá, que disse: 'Pode ir'."

    Leia também