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Manipulação de resultados: ligação entre jogadores e apostadores chamou atenção do MP-GO

Promotor vê Operação Penalidade Máxima como marco para o futebol brasileiro e deixa em aberto deflagração de novas fases: “Tudo depende do novelo de lã”

Modificado em 19/09/2024, 00:32

Marcelo Borges Amaral é um dos promotores que integram a equipe do Gaeco, que investiga as manipulações de resultados no Brasil

Marcelo Borges Amaral é um dos promotores que integram a equipe do Gaeco, que investiga as manipulações de resultados no Brasil (Wildes Barbosa / O Popular)

A ousadia da organização criminosa investigada pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO) no âmbito da Operação Penalidade Máxima e o nível de intimidade entre integrantes do grupo e os jogadores que participaram do esquema fraudulento foram pontos que chamaram atenção dos investigadores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) no curso da investigação do sofisticado esquema de manipulação de resultados que assolou o futebol brasileiro nos últimos meses.

Desde novembro do ano passado, integrantes do Gaeco, do MP-GO, se debruçam sobre emaranhado de provas e ligações entre uma organização criminosa e jogadores de futebol que aceitaram vantagens econômicas para manipular situações dentro de jogos do Campeonato Brasileiro -- séries A e B -- além de estaduais e outras competições até mesmo fora do Brasil. No curso dessas investigações, ficou nítida a ousadia empregada no esquema e a forma como o esquema era tratado pelas partes envolvidas.

"Uma coisa que nos deixou muito surpresos foi o grau até de entrelaçamento, de ligação entre alguns jogadores e a organização criminosa chefiada por um dos denunciados (Bruno Lopez), ao ponto de que eles trocavam mensagens e vídeos comemorando o resultado de lances, como se fossem grandes amigos comemorando um resultado esportivo qualquer. Eles estavam comemorando ali a prática de um crime", ressaltou o promotor de Justiça Marcelo Borges Amaral, integrante do Gaeco, do MP-GO.

O promotor de Justiça revelou que o grupo criminoso investigado na Operação Penalidade Máxima cruzou as fronteiras e realizou manipulação de resultados em jogos de futebol de um campeonato dos Estados Unidos. O MP-GO vai encaminhar o conjunto de provas sobre essa partida específica para as autoridades judiciais norte-americanas.

"Temos provas que um jogo do campeonato americano foi manipulado, da MLS (Major League Soccer). Neste caso, vamos mandar o material para a justiça norte-americana para as providências cabíveis. Aí você vê o grau de ousadia dessa organização criminosa", frisou o promotor - o meia Max Alves foi afastado do Colorado Rapids após ter nome citado em conversas entre apostadores.

Para Marcelo Borges Amaral é importante salientar de que o esquema descoberto após investigações não se trata de meras apostas esportivas, mas com envolvimento de uma organização criminosa perigosa, o que ficou evidente para os investigadores ao longo do trabalho de investigação feito nos últimos meses.

"Se trata de uma organização criminosa, foram encontradas armas, granadas, foram muitas ameaças, se trata de uma organização perigosa, não podemos contemporizar isso. Esse pessoal poderia levar a situação às últimas consequências a julgar pelo nível que foi expressado nas provas que colhemos", destacou o promotor.

Após duas fases deflagradas no âmbito da Operação Penalidade Máxima, o MP-GO não sabe precisar se ainda serão deflagradas outra fase, ou não se sabe quantas mais existirão. Marcelo Borges Amaral explicou que o Gaeco trabalha na avaliação do material colhido nas fases anteriores e também conta com novos depoimentos de atores envolvidos no esquema.

Alguns jogadores têm optado por celebrar acordos de colaboração com o MP-GO e estão confessando a participação na manipulação de resultados e abastecendo os investigadores de novas informações. Por isso, é impossível delimitar neste momento o alcance que a investigação vai ter no futuro em seus próximos passos.

"Não temos ainda uma resposta para isso (3ª fase), pode não ter mais ou pode ter mais dez. Tudo depende do novelo de lã que a gente for desenrolando a partir dos materiais já apreendidos nas outras fases e também de nossas investigações próprias, dentro daquilo que chamamos de procedimento investigatório criminal", explicou.

Sem prazo estipulado para seu encerramento e descortinando cada vez mais o escândalo da manipulação de resultados no futebol brasileiro, a Operação Penalidade Máxima já se tornou um fato histórico no futebol nacional e até mundial. O promotor de Justiça Marcelo Borges Amaral acredita que esse é um marco no futebol brasileiro e uma das investigações mais importantes do MPGO.

"Em questão de ineditismo e repercussão, e até de surpresa com o objeto que estamos investigando, sem dúvidas. Vai virar um case mundial, vai servir de parâmetro para saber até que ponto o esporte, o futebol foram comprometidos", salientou.

A deflagração da Operação Penalidade Máxima jogou luz a um problema em que já existia e era cercado de desconfiança, o efeito prático pode ser de estancamento da sangria e um ponto de reflexão para mudança no panorama do futebol brasileiro em relação a esse assunto. "Nós achamos que interrompemos pelo menos por enquanto. Mas imagina se não tivéssemos começado a investigar? Qual cenário teríamos hoje no futebol goiano e brasileiro?", completou o promotor.

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STJD pune nove atletas por manipulação e absolve três jogadores

Todas as condenações foram em primeira instância e cabe recurso ao Pleno do Tribunal

Modificado em 19/09/2024, 00:36

Alef Manga é réu no terceiro processo resultado de denúncia apresentada pelo MP-GO

Alef Manga é réu no terceiro processo resultado de denúncia apresentada pelo MP-GO (Thiago Ribeiro/AGIF)

Depois de mais de sete horas de julgamento, o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) suspendeu mais nove atletas por envolvimento no caso de manipulação de resultados no futebol brasileiro. Outros três jogadores foram absolvidos pela 2ª Comissão Disciplinar. Todas as decisões foram em primeira instância e cabe recurso ao Pleno.

Em depoimento, o atacante Alef Manga confessou participação no esquema. Segundo provas obtidas pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO), o jogador aceitou receber um cartão amarelo em partida do Brasileirão de 2022 (era jogador do Coritiba) com a promessa de pagamento de R$ 50 mil, sendo R$ 5 mil antecipado. Ele recebeu o valor e informou que vai devolver ao MP-GO.

Por unanimidade, o atacante foi suspenso por 360 dias e multado em R$ 30 mil. Alef Manga estava no Coritiba e foi negociado, por empréstimo, para o Pafos, do Chipre. A CBF solicitou internacionalização das punições, mas não obteve retorno da FIFA. Portanto, a tendência é que ele possa atuar fora do País.

Os atletas absolvidos foram: Jesus Trindade, ex-Coritiba, Sidcley, ex-Cuiabá, e Pedrinho, ex-Athletico-PR.

Thonny Anderson, ex-Coritiba, não foi suspenso, mas recebeu punição em multa: R$ 40 mil. Ele possui contrato com o ABC, que está na Série B, e aguarda para saber se será reintegrado.

Dos atletas julgados nesta quarta-feira (9), o lateral esquerdo Igor Cariús já tinha sido julgado anteriormente pelo STJD. Foi absolvido na outra ocasião em primeira instância, mas, desta vez, foi punido com suspensão de 540 dias e multado em R$ 50 mil.

O julgamento desta quarta-feira (9) ocorreu na esfera desportiva. Sete atletas são réus no terceiro processo do MP-GO, oriundo da Operação Penalidade Máxima. São eles: Alef Manga, Sidcley, Pedrinho, Jesús Trindade, Dadá Belmonte, Thonny Anderson e Igor Cariús. Outros cinco jogadores assinaram acordos e não foram denunciados na esfera criminal na fase atual: Diego Porfírio, Nino Paraíba, Sávio, Bryan García e Vitor Mendes.

Confira as punições dos jogadores:

  • Nino Paraíba - punido 480 dias e multa de R$ 40 mil
  • Igor Cariús - 540 dias e multa de R$ 50 mil
  • Bryan Garcia - 360 dias e multa de R$ 30 mil
  • Diego Porfírio - 360 dias e total em multa de R$ 70
  • Alef Manga - 360 dias e multa R$ 30 mil
  • Vitor Mendes - 430 dias e multa de R$ 40 mil
  • Sávio - 360 dias e multa de R$ 30 mil
  • Dadá Belmonte - 720 dias e R$ 70 mil
  • Thonny Anderson - sem gancho, mas multa de R$ 40 mil
  • Os atletas absolvidos:

    Alef Manga é réu no terceiro processo resultado de denúncia apresentada pelo MP-GO

    Alef Manga é réu no terceiro processo resultado de denúncia apresentada pelo MP-GO (Thiago Ribeiro/AGIF)

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    STJD mantém eliminação de Ygor Catatau e altera punições de três atletas envolvidos em manipulação

    Quatro jogadores tiveram recursos julgados nesta quinta-feira (17) no STJD

    Modificado em 19/09/2024, 00:35

    Ygor Catatau teve pena de eliminação mantida pelo Pleno do STJD

    Ygor Catatau teve pena de eliminação mantida pelo Pleno do STJD
 (Divulgação/Sampaio Corrêa)

    O Pleno do Superior Tribunal de Justiça Desportiva manteve a eliminação de Ygor Catatau, hoje sem clube, e fez alterações nas punições de três atletas em julgamento de recursos da Procuradoria e da defesa de atletas denunciados por terem algum tipo de participação no caso de manipulação de resultados no futebol brasileiro. Todos são ex-jogadores do Sampaio Corrêa, mas não permaneceram no clube neste ano.

    Ygor Catatau, que atuava no Irã e hoje está sem clube, teve a pena de eliminação mantida. No processo criminal acatado pela Justiça de Goiás e que serviu como base de provas para a denúncia oferecida pela Procuradoria do STJD, o atacante é identificado como intermediário no grupo de cinco jogadores que estavam no Sampaio Corrêa e teriam aceitado cometer um pênalti na partida contra o Londrina, na última rodada da Série B do ano passado.

    Todos os outros atletas punidos no julgamento em primeira instância pela 5ª Comissão Disciplinar, tiveram alterações nas penas no julgamento desta quinta-feira (13) no Pleno do STJD.

    Matheusinho, que pertence ao Cuiabá, e Paulo Sérgio, que tem vínculo com o Operário-PR, tiveram suspensões e multas reduzidas: de 720 dias para 600 dias e de R$ 70 mil para R$ 50 mil.

    O único que teve pena aumentada foi André "Queixo". Em primeira instância, ele recebeu multa de R$ 50 mil. O valor foi mantido, mas agora com acréscimo de suspensão de 600 dias.

    O quinto atleta envolvido foi Allan Godoi. O zagueiro, porém, foi absolvido em primeira instância e não teve recurso apresentado pela Procuradoria do STJD.

    Esse foi o último julgamento de recursos de atletas que já tiveram julgamentos no STJD após denúncias oferecidas pela Procuradoria.

    Veja abaixo todas as punições de atletas com algum tipo de envolvimento no caso de manipulação no futebol brasileiro entre 2022 e 2023:

  • Igor Cariús: absolvido
  • Allan Godói: absolvido
  • Ygor Catatau: eliminado do futebol e multa de R$ 70 mil
  • Gabriel Tota: eliminado do futebol e multa de R$ 30 mil
  • Matheus Gomes: eliminado do futebol e multa de R$ 10 mil
  • Romário: eliminado do futebol e multa de R$ 80 mil
  • Gabriel Domingos: suspenso por 720 dias e multa de R$ 80 mil
  • Moraes: suspenso por 720 dias e multa de R$ 55 mil
  • Matheusinho: suspenso por 720 dias e multa de R$ 70 mil
  • Paulo Sérgio: suspenso por 720 dias e multa de R$ 70 mil
  • André "Queixo": suspenso por 600 dias e multa de R$ 50 mil
  • Paulo Miranda: suspenso por 720 dias e multa R$ 70 mil
  • Eduardo Bauermann: suspenso por 360 dias e multa R$ 35 mil
  • Fernando Neto: suspenso por 360 dias e multa de R$ 15 mil
  • Kevin Lomónaco: suspenso por 360 dias e multa de R$ 25 mil
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    Pleno do STJD reduz suspensão de Moraes em 40 dias e faz alterações em punições de seis atletas

    Recursos foram julgados nesta quinta-feira (6), no Rio de Janeiro

    Modificado em 19/09/2024, 00:41

    Moraes, lateral esquerdo

    Moraes, lateral esquerdo
 (Diomício Gomes)

    O Pleno do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) reduziu a suspensão do lateral esquerdo Moraes, ex-Juventude e Atlético-GO, em 40 dias. O jogador e mais seis atletas com envolvimento no caso de manipulação de resultados tiveram alterações nas punições.

    A mais significativa foi do zagueiro Eduardo Bauermann, que passou a estar suspenso por 360 dias e não mais 12 jogos. O jogador tinha sido o único punido em dias e teve a punição considerada branda por alguns especialistas.

    Os julgamentos dos recursos ocorreram nesta quinta-feira (6), na sede do STJD, no Rio de Janeiro.

    Três atletas não tiveram alterações em relação ao julgamento em 1ª instância: Igor Cariús (absolvido), Matheus Gomes (eliminação do futebol) e Gabriel Tota (eliminação do futebol).

    Confira o resultado dos julgamentos:

  • Moraes, ex-Juventude: reduziu a suspensão para 720 dias e multa de R$ 55 mil
  • Eduardo Bauermann: alterou a punição de jogos para 360 dias de suspensão e multa de R$ 35 mil
  • Paulo Miranda, ex-Juventude: reduziu a suspensão para 720 dias e multa de R$ 70 mil
  • Igor Cariús, do Sport: absolvido
  • Gabriel Tota, ex-Juventude: eliminação do futebol e multa de R$ 30 mil
  • Matheus Gomes, sem clube: eliminação e multa de R$ 10 mil
  • Fernando Neto, ex-Operário: reduziu a suspensão para 360 dias e multa de R$ 15 mil
  • Kevin Lomónaco, do RB Bragantino: reduziu a suspensão para 360 dias e multa de R$ 25 mil
  • Os julgamentos dos recursos apresentados pelas defesas dos jogadores e pela procuradoria do STJD começaram às 13h30. A sessão teve duração de mais de quatro horas e foi presidida pelo auditor e presidente do Pleno, José Perdiz de Jesus.

    As defesas e procuradoria tiveram oportunidades para apresentar novos argumentos antes do início dos votos. No Pleno, porém, nenhuma nova prova é apresentada ou analisada. Portanto, após as falas os auditores iniciaram a votação.

    O resultado do julgamento não foi unânime, mas a maioria dos auditores seguiu o voto do relator do caso, o auditor Luiz Felipe Bulus - que votou no resultado final para cada atleta, como está acima neste texto.

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    Planos de saúde devem atender em até 15 dias pedidos de exames e terapias de pacientes com autismo

    Caso a decisão seja descumprida, a pena de multa é de R$ 30 mil por infração

    Modificado em 19/09/2024, 00:40

    Medida é para que não haja interrupções nos tratamentos por falta de vagas, acúmulo de pacientes, filas de espera ou eventuais embaraços

    Medida é para que não haja interrupções nos tratamentos por falta de vagas, acúmulo de pacientes, filas de espera ou eventuais embaraços (Reprodução)

    Colaborou: Letícia Graziely

    O Ministério Público de Goiás (MP-GO) conseguiu uma liminar na Justiça que obriga as operadoras Unimed Goiânia e Hapvida a atenderem, no prazo máximo de 15 dias, pedidos de procedimentos, consultas, exames, terapias e/ou tratamentos de saúde para pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Cabe recurso da decisão.

    De acordo com o MP, o pedido foi feito em caráter de urgência com o objetivo de garantir ou antecipar um direito que poderia ser perdido caso os pacientes tivessem que aguardar até o final do julgamento do processo.

    A medida é para que não haja interrupções nos tratamentos por falta de vagas, acúmulo de pacientes, filas de espera ou eventuais embaraços causados pelas operadoras ou profissionais e prestadores de serviço conveniados.

    A ação foi movida, na última semana, pelo promotor de Justiça Goiamilton Antônio Machado, divido as a reclamações feitas na 70ª Promotoria de Justiça de Goiânia.

    O órgão apurou que os planos de saúde desrespeitam o direito à saúde e ao tratamento integral e ilimitado às pessoas com TEA. Desde abril do ano passado, o promotor de Justiça tenta uma solução entre as empresas e os consumidores, mas as reuniões foram sem resultados.

    A decisão ocorreu no dia 27 de junho, e caso seja descumprida, a pena de multa é de R$ 30 mil por infração.

    À TV Anhanguera a Unimed Nacional disse que a rescisão se refere exclusivamente à alguns contratos de planos PME, que são planos de saúde para pequenas empresas ou coletivos. Informou ainda, que o cancelamento desses contratos é regulamentado pela Agência Nacional de Saúde (ANS) e afirmou que nesses casos, os envolvidos são avisados com antecedência. A Unimed Goiânia completou dizendo que segue as regras da ANS para o atendimento de pacientes com autismo e cumpre as decisões judiciais.

    Em nota, o Hapvida informou que a empresa ainda não foi notificada formalmente do processo, mas está sempre aberta ao diálogo e à disposição para os esclarecimentos necessários. Reforçou que está em constante busca da melhoria do atendimento, com ampliação das estruturas físicas e do quadro de profissionais qualificados. Além de que, recentemente, foram inauguradas novas unidades e consultórios exclusivos para atendimento ABA e implantados projetos como o "Mãos Dadas", que promove encontros mensais entre pais e equipes terapêuticas para acolhimento e tira-dúvidas sobre os tratamentos dos pequenos clientes.