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Memorial de Iris já tem busto e projeto

Desenhado pelo arquiteto Leo Romano sobre a estrutura da Casa de Vidro, espaço que guardará trajetória da lenda política goiana vai ganhando forma com empenho da filha Ana Paula Rezende

Modificado em 22/03/2025, 08:32

No auditório do memorial, arquiteto Leo Romano e Ana Paula, filha de Iris Rezende, mostram projeto da fachada do espaço, na Avenida Jamel Cecílio

No auditório do memorial, arquiteto Leo Romano e Ana Paula, filha de Iris Rezende, mostram projeto da fachada do espaço, na Avenida Jamel Cecílio (Diomício Gomes / O Popular)

Ainda sem previsão de abertura ao público, o Memorial Iris Rezende vai tomando forma sob a batuta de Ana Paula Rezende Craveiro, a filha que decidiu tornar realidade o desejo do pai de criar um lugar que lembrasse sua trajetória. Um dos mais significativos políticos goianos, Iris Rezende morreu aos 87 anos, em novembro de 2021, mas sua presença marcante, seus gestos e até a voz sobrevivem pelas mãos de uma equipe multiprofissional. Na última semana chegou às mãos da coordenadora do projeto o plano de construção da fachada e do receptivo, um presente do designer e arquiteto Leo Romano.

Maquete do futuro Memorial Iris Rezende: linhas contínuas, sem quinas (Diomício Gomes / O Popular)

Maquete do futuro Memorial Iris Rezende: linhas contínuas, sem quinas (Diomício Gomes / O Popular)

O arquiteto não tinha uma relação próxima com Iris Rezende, mas traz na memória os comentários dos pais e dos avós que participavam dos comícios do político em Morrinhos. "Depois, quando me mudei para Goiânia, ele sempre foi uma referência política. Eu me sinto honrado e prestigiado por fazer parte desse projeto." Leo Romano revela que seu projeto, com traços minimalistas, tem o objetivo de preparar o espectador para entrar no espaço de memória. "A proposta dessa arquitetura é de silêncio e de respeito. A ideia é mexer com o emocional do visitante para que ele entenda que está entrando num memorial e não num lugar de ruídos."

"Ideia é que história de Iris Rezende sirva de inspiração", diz Ana Paula sobre instituto
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Ana Paula foi arrebatada pelo projeto de Leo Romano. "Fiquei emocionada. Era exatamente o que eu queria proporcionar à cidade. Eu pensei em um profissional que tivesse a sensibilidade de entender e representar a história do meu pai e Leo Romano enxergou isso. Ficou muito parecido com o jeito do meu pai, uma pessoa simples, mas elegante nos gestos e atos", disse ela ao POPULAR. Ana Paula passou os últimos anos ao lado do pai, cuidando de seus interesses pessoais e de olho na vertente política. Ela relata que não cansa de se impressionar com as descobertas que tem feito ao peregrinar pelos caminhos percorridos pelo pai. Histórias que estarão no memorial.

Buscando recursos para concluir a obra já em fase adiantada, Ana Paula não arrisca mencionar nenhuma data para a inauguração, embora seu desejo seja o aniversário do pai, no dia 22 de dezembro, quando ele faria 92 anos. O projeto assinado por Leo Romano será desenvolvido na íntegra e, para isso, algumas adaptações serão realizadas. Uma delas diz respeito ao já batizado Café com Íris, de onde poderia ser visto o exterior. "Pelo sentido do memorial, ele tem de ser fechado", explica o arquiteto que optou por um acrílico alveolar, material translúcido que será iluminado. "Ele vira um grande painel de luz", detalha.

O Memorial Iris Rezende funcionará na Casa de Vidro, prédio inaugurado pelo ex-prefeito em 2020 a partir de uma emenda parlamentar da mulher, Iris Araújo, quando ela foi deputada federal. A ideia de transformar o espaço em um centro cultural e educativo para crianças carentes nunca avançou. A Câmara de Vereadores aprovou a proposta de tornar o lugar uma referência da história do político que dedicou 70 anos à vida pública. "Apesar de ser somente uma pele que envelopa o prédio que já existe, meu projeto não terá cara de reforma. Isso é bom porque pouca gente conhece esse lugar, que não foi utilizado em todo o seu potencial", explica o arquiteto.

"A proposta dessa arquitetura é de simbolismo. O prédio está numa região nobre da cidade e tínhamos tudo para cair numa armadilha e transformar isso em algo monumental", diz Leo Romano, que optou por uma arquitetura horizontal, baixa, com o propósito de que não apareça tanto, mas que desperte curiosidade. As quinas foram eliminadas para ter uma linha contínua. "Isso faz com que o olho tenha vontade de passear por todo o perímetro. Prepara o espectador para entrar numa atmosfera que conta a história de uma pessoa que já morreu. É quase um ritual." Alguns elementos foram propostos com esse objetivo, como a luz embaixo de todo o prédio, "numa referência a algo sagrado".

Busto ficará de frente para Av. Jamel Cecílio

No ponto extremo da linha contínua proposta pelo arquiteto Leo Romano para o memorial ficará um dos elementos mais aguardados: o busto de Iris Rezende, com 3,5 metros de altura, mas com previsão de chegar a 4,5 metros, com a base. A arquiteta Ana Paula Alves, amiga de Ana Paula Rezende, que assina o projeto de todo o espaço, acompanhou de perto a feitura pelo artista Edu Santos, da Fundição Artística (Fundiarte), em Piracicaba, no interior de São Paulo. "Ele foi feito em alumínio brilhante e está pronto, mas só virá para Goiânia próximo à inauguração do memorial", explica a arquiteta.

Edu Santos apresenta o busto de Iris Rezende, escultura com 3,5 metros de altura, mas com previsão de chegar a 4,5 metros junto com a base (Ana Paula Alves)

Edu Santos apresenta o busto de Iris Rezende, escultura com 3,5 metros de altura, mas com previsão de chegar a 4,5 metros junto com a base (Ana Paula Alves)

Edu Santos, que criou obras alusivas aos ex-jogadores Rivellino e Zico, o humorista Ronald Golias e o médico e cientista Vital Brasil, entre outras, esteve em Goiânia para ver de perto a formatação do memorial e conhecer a história de Iris Rezende. "Ele optou por uma estética clássica", ressalta Ana Paula Alves, que elogia o cuidado do artista com o cabelo do homenageado, "todo riscado à mão com um estilete". O busto poderá ser visto do lado de fora, em frente à Avenida Jamel Cecílio. Perto, o espectador terá uma visão num ângulo de 360 graus ao circular em seu entorno. O projeto de fachada alterou também o paisagismo proposto por Fernanda Schmitz, que ficará agora na lateral direita.

Última geração

Ana Paula Alves comenta que visitou mais de 30 memoriais para criar o espaço de homenagem a Iris Rezende. "Nenhum possui os recursos que estamos preparando", garante. A tecnologia e a interatividade são destaques do projeto desenvolvido pela empresa Alyce Mundo Interativo, de Brasília, responsável por conteúdos semelhantes no Memorial JK. Thiago Michael Mendes, CEO da empresa, explica que no espaço de memória dedicado ao ex-presidente no Distrito Federal foram utilizados efeitos tecnológicos de dez anos atrás. "Hoje há muita inovação. Aqui estou usando muita tecnologia que é aplicada no mercado corporativo."

Entre os destaques estão três holografias, um modelo inovador que proporciona interação a partir de imagens tridimensionais criadas pela interferência da luz. Os ambientes imersivos, os óculos em 3D e as telas interativas visam, segundo Thiago, envolver principalmente o público mais jovem que não conheceu Iris Rezende e seus atos políticos, como os grandes comícios e os mutirões. No memorial será contada toda a história de Iris Rezende, desde o nascimento em Cristianópolis, município a 92 quilômetros da capital, até sua morte, num leito hospitalar na cidade de São Paulo. Ana Paula Rezende reservou para o último ambiente a oração do pai, gravada por uma enfermeira, em que pede proteção para Goiânia.

O memorial terá espaço exclusivo para Iris Araújo, que se casou aos 21 anos com Iris Rezende e com quem teve três filhos. Ela pavimentou a própria carreira política, ocupando uma cadeira na Câmara dos Deputados entre 2007 e 2015 e chegando a presidir o então PMDB regional. Morreu em 21 de fevereiro de 2023, aos 79 anos. "Vamos contar a história dos nomes (idênticos), porque as pessoas sempre me perguntam se minha mãe mudou o nome e isso não ocorreu", afirma Ana Paula Rezende. Também está sendo reproduzido o gabinete de Iris Rezende no Paço Municipal, o último cargo que ocupou. Além da mesa de trabalho e a foto de Juscelino Kubitschek que ele mantinha na parede, estará sobre a mesa a revista Realidade (já extinta), que contou a história dos mutirões, publicação que ele fazia questão de mostrar aos visitantes.

No ano passado, Ana Paula Rezende fez um apelo para que a sociedade doasse objetos que fazem referência a Iris Rezende. Milhares de lembranças foram entregues -- ternos, camisetas, fotos, santinhos, chapéus de campanha, equipamentos usados em mutirões, para citar alguns -- para serem expostas no memorial. "É impressionante como cada pessoa tem uma história com meu pai para contar". No auditório com 190 poltronas, pronto para uso, o público visitante poderá assistir vídeos e documentários que vão contribuir para a compreensão da grandiosidade de Iris Rezende na vida pública goiana.

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Reforma de mercados municipais de Goiânia deve começar em maio

Anunciadas há uma semana, as obras de revitalização das estruturas serão iniciadas em até 30 dias, a partir da unidade do Setor Vila Nova

Modificado em 17/09/2024, 15:55

O Mercado Popular da 74 só será reformado quando a Prefeitura de Goiânia finalizar a obra do Mercado Vila Nova

O Mercado Popular da 74 só será reformado quando a Prefeitura de Goiânia finalizar a obra do Mercado Vila Nova
 (Wildes Barbosa)

Criados nas décadas de 1950 e 1960, os mercados municipais de Goiânia sofrem com uma estrutura precária e antiga, passando por poucas reformas ao longo das décadas. Infiltrações, fiação aparente, corredores escuros, fachadas escondidas entre banners publicitários, banheiros pequenos, falta de identificação e organização da localização das lojas são pontos recorrentes na maioria dos mercados. Na semana passada, a Prefeitura assinou ordem de serviço para a reforma dos bens públicos, mas, apesar do evento, a data para o início das obras foi marcada para até 30 dias depois e a expectativa é que seja iniciada no começo de maio.

O primeiro mercado a receber o serviço será o do Setor Vila Nova, localizado na 5ª Avenida e fundado oficialmente em 1957. O local recebeu o evento de anúncio das reformas, que será encabeçado pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Economia Criativa (Sedec), e gerou esperança entre os lojistas, além de desconfiança também se de fato o serviço será feito. Presidente da associação dos permissionários que atuam no local, Marcus Vinícius Abdulhak, acredita que a desconfiança se dá pelo histórico, já que, segundo ele, o Mercado Municipal Vila Nova nunca recebeu uma reforma, mesmo com 67 anos de fundação.

"Eu fui um dos que assinou o documento na semana passada, a gente acredita que vá fazer a obra sim. Vieram todos, a imprensa veio também, todo mundo cobrando, acho que agora vai dar certo", diz o presidente. O Mercado Vila Nova é considerado também o de estrutura mais precária da cidade e, por isso, vai ser o primeiro a receber os serviços. A reportagem esteve no local na última quarta-feira (10) e constatou diversos problemas de infiltrações no telhado, com tintas e massa se soltando. Trabalhadores informaram ainda que, quando chove, a água escorre pelas paredes e chega a atingir as tomadas.

Além disso, os corredores do Mercado Vila Nova tem iluminação baixa e, ainda assim, muitas lâmpadas estão queimadas, o que prejudica ainda mais a visualização. Entre os corredores, é possível ver a fiação que alimenta as lojas. Abdulhak comenta que, durante o anúncio das obras, foram mostrados três projetos com os pontos que serão atacados pelos serviços. "Não será nenhuma mudança estrutural, vai ser a reforma mesmo. Vão mexer especialmente no telhado, corrigir as infiltrações, que é o que mais nos prejudica aqui", conta. Ele diz ainda que o anúncio da reforma fez com que os permissionários se animassem com o trabalho e há um projeto para impulsionar a visitação ao local.

Impulsão

"Hoje em dia as pessoas saem de casa mais para alimentação mesmo. A gente já tem o restaurante aqui, então temos que valorizar isso, trazer mais coisas culturais e eventos para cá, valorizar os mercados municipais, como é o da Rua 74", fala o presidente dos permissionários do Mercado Vila Nova, ao citar o Mercado Popular no Setor Central. Formados inicialmente para o abastecimento de alimentação básica dos moradores da cidade, os mercados municipais já modificaram sua característica. Se antes havia lojas de "secos e molhados", hortifrutigranjeiros e produtos manufaturados, hoje os mercados cederam espaço para bares, lanchonetes e restaurantes, além de lojas de vestuário, serviços, como a loteria na unidade do Setor Pedro Ludovico, e até eletrônicos, como acessórios para aparelhos celulares e presentes.

Novo titular da Sedec, Thales Queiroz acredita que a revitalização dos mercados municipais em Goiânia vai poder dar uma identidade a todos eles, com fachadas semelhantes para que possam ser identificados como tal. "Sou da área de turismo, já viajei muito pelo País e os nossos mercados são uma vergonha quando comparados a outras cidades e temos de mudar isso", afirma. Para ele, os mercados municipais trazem a particularidade do povo goianiense e, por isso, devem ser valorizados. "Muitas pessoas formaram suas famílias naqueles lugares. São pessoas que estão lá há 40, 50 anos, agora com os filhos e os netos trabalhando ali, a gente precisa ressaltar isso, reformar os mercados para que eles se tornem opções para os turistas que vêm a Goiânia", conta sobre o objetivo da Sedec a respeito do investimento na reforma dos mercados municipais.

Investimentos

Para a realização das obras, a Sedec fará "o processo de adesão a ata n° 03/2023 do pregão nº 16/2023, publicado no Diário Oficial da União em 21/07/2023, da empresa Construtora Ferreira Santos Ltda". O pregão em questão é de autoria da Fundação Universidade Federal do Tocantins, cujo objeto foi a "contratação de empresa, sob demanda, executar serviços comuns de engenharia relativos à demolição, conserto, operação, conservação, reparação, adaptação e manutenção predial (serviços eventuais), com fornecimento de peças, equipamentos, materiais e mão de obra".

A adesão ainda não foi publicada no Diário Oficial do Município e nem mesmo o contrato consta no site da Transparência da Prefeitura. Ao todo, a Sedec informa que o custo estimado é de R$ 2,5 milhões, contando as obras de reforma de todos os mercados previstos, e o contrato terá a duração de 12 meses. A verba é parte da dotação orçamentária da própria secretaria. O secretário Thales Queiroz afirma que o trabalho será feito em apenas um mercado por vez, ou seja, só haverá serviço no Mercado Popular da 74 quando finalizar a obra do Mercado Vila Nova, o que deve ocorrer em até seis meses após o início.

"A intenção é não parar o funcionamento dos mercados durante as obras, a contratação é com intervenção de mínimo impacto. Vamos começar a movimentar os mercados com ações culturais e fazer com que eles voltem a ser aquilo que são voltados a ser", diz o secretário. No Mercado da Rua 74, que recebeu serviços de pintura recentemente, a previsão é que o foco seja nos banheiros do local, de acordo com o que foi repassado aos comerciantes. O local, de fato, não apresenta problemas maiores de estrutura aparentemente. Sobre os banheiros, há o desejo de ampliação para o atendimento ao público, especialmente durante os eventos que ocorrem no local.

O próximo na lista de revitalização é o do Setor Pedro Ludovico, que possui vidros quebrados nos banheiros e portas, problemas de iluminação e de informação aos visitantes. Segundo a Sedec, ele também terá o telhado reformado, assim como será feito no Mercado Vila Nova. No geral, entre as intervenções previstas nos mercados estão a reforma das fachadas, pintura e reparos nas redes elétrica e hidráulica. Além dos três já citados, a previsão é que os serviços sejam realizados também nos mercados de Campinas, Centro-Oeste e Central, onde a reportagem verificou boa estrutura, mas com problemas na iluminação em geral e fiação aparente.

O Mercado Popular da 74 só será reformado quando a Prefeitura de Goiânia finalizar a obra do Mercado Vila Nova

O Mercado Popular da 74 só será reformado quando a Prefeitura de Goiânia finalizar a obra do Mercado Vila Nova
 (Wildes Barbosa)

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Apresentação do projeto para reforma do Serra Dourada é prorrogada para fevereiro

Três empresas concluíram estudos para transformar o principal palco do futebol goiano em uma arena multiuso: só um será escolhido

Modificado em 17/09/2024, 15:38

Serra Dourada, inaugurado em 1975, perdeu espaço no calendário do futebol goiano nos últimos anos, pois clubes começaram a mandar cada vez mais jogos em seus próprios estádios

Serra Dourada, inaugurado em 1975, perdeu espaço no calendário do futebol goiano nos últimos anos, pois clubes começaram a mandar cada vez mais jogos em seus próprios estádios
 (Wesley Costa)

A apresentação do projeto para reforma do estádio Serra Dourada será feita na primeira quinzena de fevereiro. O prazo máximo é o dia 10 de fevereiro. A ideia inicial do Governo de Goiás era apresentar o estudo vencedor no final deste mês, mas a data precisou ser alterada por causa dos feriados de fim de ano.

Desde o dia 21 de dezembro, o Grupo de Trabalho (GT), criado para conduzir o chamamento público que visa reformar o Serra Dourada, analisa os estudos de três empresas que foram autorizadas a fazer projetos para revitalização do principal palco do futebol goiano.

Os projetos estão sob posse do GT, que tem o vice-governador Daniel Vilela como responsável pelo grupo. Os estudos seguirão sendo analisados nas próximas semanas e o projeto escolhido será publicado no Diário Oficial na primeira quinzena do próximo mês até o dia 10.

O GT também conta com integrantes das secretarias de Estado da Administração (Sead), Geral de Governo (SGG), Esportes e Lazer (Seel) e da Goiás Parcerias, mais técnicos do governo e assessores jurídicos.

Eles vão definir o projeto escolhido, que será divulgado daqui um mês. A elaboração do edital de licitação está prevista para o primeiro semestre de 2024, quando deve ocorrer a assinatura do contrato com a empresa vencedora.

As empresas que concorreram para realizar a modernização do principal palco do futebol goiano são a RNGD -- Consultoria de Negócios, que administra o Mané Garrincha; Consórcio Novo Serra Dourada; e Progen S.A, que integra a Concessionária Allegra, que administra o Pacaembu.

O governo de Goiás pretende transformar o Serra Dourada em uma arena multiuso, com ambientes como restaurantes, escritórios comerciais, espaço para eventos, shows, mas não deixar de ser um espaço utilizado para jogos de futebol. Não há ainda previsão de gastos.

Outro desejo do governo de Goiás com a possível transformação do estádio Serra Dourada, é interligar a região do principal palco do futebol goiano com o local onde estão Prefeitura de Goiânia e Alego. A ideia é que uma nova opção de mobilidade, que ligue diretamente ao estádio, seja criada para facilitar o trânsito na região e auxiliar o fluxo de pessoas para os espaços que serão contemplados no novo complexo.

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Cine Astor quer deixar de ser pornô e se tornar espaço cultural do Centro de Goiânia

Cinema de conteúdos adultos está entre os pré-selecionados para receber recursos da Lei Paulo Gustavo

Modificado em 19/09/2024, 01:23

Cine Astor, no Centro de Goiânia, atualmente exibe conteúdo adulto

Cine Astor, no Centro de Goiânia, atualmente exibe conteúdo adulto
 (Fábio Lima)

Quem passa pela porta do Cine Astor, localizado na Rua 9, no Centro, nem desconfia que lá já foi um dos cinemas mais disputados de Goiânia. Há duas décadas com fim específico para exibições de filmes pornôs, o local quer voltar à programação cultural da região. Os proprietários inscreveram um projeto na Lei Paulo Gustavo com a proposta de reforma e requalificação da sala no valor de R$ 750 mil.

A ação, inscrita no edital específico para projetos de dinamização de salas de cinema públicas e privadas, foi selecionada em resultado preliminar. A lista dos projetos aprovados será divulgada pela Secretaria de Estado da Cultura (Secult Goiás) no dia 29 de novembro. Até lá, outros projetos desclassificados podem entrar com recurso para uma possível aprovação.

"O desejo é retomar o cinema de rua enquanto espaço de cultura, com programação cultural, filmes comerciais e promoção educativa", explica o proprietário do Astor, o empresário Edson Zanini. A ideia de tirar o status de "cinema pornô" para espaço cultural veio após o surgimento do novo plano de revitalização do Centro proposto pela Prefeitura de Goiânia.

Além do Cine Astor, outros projetos de dinamização de salas de cinema também aguardam a aprovação do recurso, a exemplo do Cine Ritz, também no Centro, que propõe a manutenção e funcionamento de salas no valor de R$ 750 mil. Há o Cine Favera Itinerante, que deseja promover a implementação de cinemas de rua e itinerantes no valor de R$ 200 mil. Na mesma linha de execução, o projeto do Cinematopeia objetiva a execução em R$ 200 mil.

O Cine Astor, atualmente com 220 poltronas em sua sala maior, faz parte do grupo de vários cinemas de rua que nasceram em Goiânia nos anos 1970 e 1980 e que, pouco a pouco, perderam público com o crescimento dos shoppings e do esquecimento da região histórica da cidade. Edson Zanini, que desde 2008 toma conta do local, explica que o projeto deseja promover a revitalização do Centro, atraindo mais pessoas em busca de lazer e cultura.

"É um projeto bem elaborado que propõe o retorno ao cinema como ele nasceu, para atrair públicos diversos e retomar o Centro da cidade", reitera Zanini. Existem ainda contrapartidas sociais relativas ao projeto enviado para a Lei Paulo Gustavo, a exemplo de ingressos sociais e parcerias com escolas, exibições e mostras específicas para o cinema realizado em Goiás e o cinematerna, com projeções de filmes para mães com bebês e crianças.

Lei

O edital ainda está na fase de recurso e segue em análise até as próximas semanas. De acordo com a Secult Goiás, não há nada relacionado a conteúdo adulto na proposta recebida pela secretaria. "O projeto objetiva a revitalização da região central de Goiânia ao levar entretenimento a toda população com valores acessíveis em uma área cultural acessível e inclusiva", diz a nota.

Fomento que visa oxigenar a economia da produção artística do País, a Lei Paulo Gustavo (LPG) em Goiás promove a diversificação de ações culturais em 20 editais lançados com recursos que somam mais de R$ 62 milhões provenientes do Ministério da Cultura (MinC). Segundo a ministra Margareth Menezes, trata-se de uma vitória do setor que pode garantir a todas as pessoas o direito à cultura. "O nosso objetivo é auxiliar que ele chegue de forma descentralizada",explica a gestora.
Como é o Cine Astor?

Para adentrar ao Cine Astor hoje, o espectador precisa pagar o ingresso que custa R$ 20. Ao passar pela catraca, dois corredores dão acesso à sala de cinema principal, com 220 assentos. Lá são exibidos filmes com conteúdo pornográfico heterossexual. Uma escadinha dá acesso ao segundo piso, que contém uma sala com menos poltronas e tela menor que projeta filmes de sexo gay. Banheiros e um darkroom (sala escura) completam a experiência do cinema pornô.

Muito comum nos anos 1980 e 1990, os cinemas adultos podem ser encontrados, mesmo que em extinção, em outras capitais brasileiras, como nos centros do Rio de Janeiro e São Paulo. Em Goiânia, além do Astor, o Cine Santa Maria é outra sala que também exibe filmes adultos em sua programação. Localizado na Rua 24, próximo à Av. Anhanguera, o local um dia já serviu de cinema comercial.
Tinha um cinema no meio do caminho

O Cine Astor nasceu em 1979 como uma sala audiovisual que exibia filmes culturais e comerciais. Por lá passaram grandes clássicos do cinema em matinês que reuniam públicos de diferentes lugares da cidade. A história do local mudou em 2001, quando se transformou em cinema com conteúdo adulto. Caso o espaço ganhe os recursos da Lei Paulo Gustavo, o local se juntará ao Cine Ritz como os dois únicos cinemas de rua de Goiânia.

Fazem parte da história de Goiânia outros cinemas que também impulsionavam o entretenimento da região central, a exemplo do Cine Casablanca e do Cine Capri, que atualmente dão lugar a igrejas evangélicas. Já onde abrigava o antigo Cine Frida, na Av. Goiás, funciona uma loja de utensílios domésticos e decoração. O mesmo ocorreu em Campinas, a exemplo do Cine Rio e Cine Campinas, hoje lojas de eletrodomésticos.

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Projeto de estímulo a estacionamento no Centro de Goiânia destoa das vagas ociosas

Reportagem percorreu ruas do Centro e encontrou três estabelecimentos fechados. Donos de outros três reclamaram da falta de clientela. Prefeitura quer isentar impostos do setor por 15 anos

Modificado em 19/09/2024, 01:17

Projeto de requalificação do Centro de Goiânia apresentado pelo prefeito Rogério Cruz, a isenção de IPTU de 15 anos para estacionamentos deve ser alvo de representação no Ministério Público de Goiás (MP-GO). Na foto, Paulo Antonio de Vicente, proprietário de estacionamento na Rua 18, no Centro da Capital

Projeto de requalificação do Centro de Goiânia apresentado pelo prefeito Rogério Cruz, a isenção de IPTU de 15 anos para estacionamentos deve ser alvo de representação no Ministério Público de Goiás (MP-GO). Na foto, Paulo Antonio de Vicente, proprietário de estacionamento na Rua 18, no Centro da Capital
 (Wildes Barbosa)

Ao mesmo tempo em que a Prefeitura de Goiânia planeja isentar por 15 anos o Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU) para estacionamentos do Centro da capital, parte dos estabelecimentos se encontra fechada e outros com demanda especialmente voltada para trabalhadores e moradores. Proprietários dos comércios reclamam da falta de clientes rotativos, prejuízo e queda na arrecadação diante da baixa movimentação local.

A reportagem percorreu nesta quarta-feira (25) as ruas da região, localizadas entre as avenidas Goiás e Anhanguera e a Rua 20, e constatou ao menos três estacionamentos fechados, sendo dois na Rua 18. Um empresário deste tipo de serviço, localizado na mesma via, e que mantém o comércio aberto, aponta perdas financeiras diante das altas taxas de impostos, aluguel, e a falta de clientela, afirmação reforçada por outros dois donos. Outros quatro pontuam que as vagas são ocupadas por mensalistas, e que há poucos clientes pontuais.

A proposta de isenção fiscal faz parte do projeto Centraliza: Centro Vivo para Todos, apresentado pelo prefeito Rogério Cruz (Republicanos) na última segunda-feira (23), com o objetivo de promover a requalificação do setor Central de Goiânia. A ideia é conceder benefícios fiscais a comerciantes, além da revitalização de espaços com relevância histórica, cultural e econômica. As ações são voltadas ao setor produtivo e ao estímulo para novos moradores.

Dentro dos seis eixos temáticos do programa, o segundo é voltado à mobilidade. Entre as soluções apresentadas, está o incentivo a estacionamentos horizontais e verticais privados, por meio da isenção total do IPTU por 15 anos e do Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis (ITBI), nos casos de compra e venda. O cronograma de implantação deve ser divulgado no próximo mês. Um projeto de lei com as isenções fiscais previstas no Centraliza, a serem acrescidos no Código Tributário, deve ser enviado à Câmara Municipal até o começo de novembro.

Ainda sem saber informações sobre a possibilidade de ter o imposto isento, o aposentado Paulo Antônio de Vicente, de 69 anos, que mantém um estacionamento na Rua 18, ao lado do antigo Banana Shopping, reclama da falta de clientela. "Está dando prejuízo manter", conta. Hoje, o ganho mensal de cerca de R$ 2,8 mil tem sido pago integralmente para manter o estabelecimento. Há 10 anos com o imóvel, ele mostra o faturamento da última sexta-feira (19) e sábado (20): nenhum real.

"Antes tinha fila para entrar porque meu preço era melhor", explica Vicente, ao acrescentar que o local está parado desde a retirada do VaptVupt, da Lotérica, da grande maioria das lojas e do cinema, todos que ocupavam o shopping. "Estou passando por sérias dificuldades, tendo de tirar dinheiro da aposentadoria para cobrir aqui". Conforme ele, o gasto quando havia grande receita era de R$ 10 mil "e ainda tirava meu dinheiro para o mês". "Agora tem mais de dois anos que não dá nada", conclui.

O aposentado destaca que ainda não obteve mais informações sobre a isenção de IPTU, anunciada pela Prefeitura, mas que "acredita que algo de bom esteja vindo". Questionado se há demanda na região para estacionamentos, ele aponta que a busca "depende do ponto", citando, a exemplo, a Rua 3, onde fica o Mercado Municipal.

Nesta quarta-feira, a reportagem localizou um estacionamento cheio na via mencionada por ele. Por outro lado, o gestor do estabelecimento, Cosmo Carvalho, de 59 anos, conta que o dia foi atípico. Isso porque a Prefeitura deu início ao programa de Recuperação Fiscal (Refis), com edição realizada no Mercado Popular. A medida deu movimento à região Central. No entanto, em outros dias, ele aponta que a movimentação é baixa. "Está dando prejuízo. Difícil de manter. Desde agosto caiu muito (a busca), mais de 50%", diz.

Na Avenida Araguaia, o empresário Aldo França, de 47 anos, também reforça a situação. Ele, que trabalha em um pet shop ao lado, conta que já decidiu fechar o estacionamento para rotativos e mantém apenas para mensalistas. O estabelecimento só não foi fechado, pois o gestor fez um pacote para a locação do imóvel onde funciona a loja de produtos para animais e para parada de veículos. "Na pandemia estava melhor que agora. Este ano caiu bem mais. Não está valendo a pena (manter)."

Proprietário de um comércio na Rua 15 há dois meses, Breno Rabelo, 35, relata que o investimento tem dado retorno. O lote foi adquirido no início do ano, e a ideia inicial era construir quitinetes. "Fiz o estacionamento para fazer um teste. Agora vou continuar." Mas, conta, as vagas são ocupadas basicamente por mensalistas, visto que a procura por rotativos ainda é baixa. "Rotativo é o que dá dinheiro", pontua.

Na Rua 18, o proprietário de um estabelecimento do tipo há 12 anos, Rone Moura Mendonça, 37, aponta que o movimento tem caído. "Há seis anos era melhor", relata. Entretanto, ainda consegue manter o comércio por conta dos mensalistas que são, basicamente, funcionários de prédios próximos à Praça Cívica. Ao todo, ele conta com 48 vagas fixas mensal, e cerca de oito clientes rotativos. Porém, nem sempre há clientes pontuais.

Entre a Rua 2 e a Avenida Araguaia, Robson Araújo Santos, 33, mantém desde 2016 um estacionamento em três lotes. Ele conta que, antes da pandemia da Covid-19, o movimento "era bom", mas com o fechamento de lojas a busca tem caído e "é raro de encher", sendo a clientela composta, basicamente, por mensalistas. Para o empresário, que arca com cerca de R$ 30 mil ao ano com IPTU, manter o comércio não tem valido a pena por causa do imposto. "Se não tivesse IPTU sobrava mais, mesmo com movimento fraco."

Na Rua 6, a proprietária Silvia Lima, de 46 anos, conta que a busca por rotativos varia. A receita, entretanto, é composta por pagamento de clientes mensais. Ela destaca que o movimento caiu após a mudança no sentido da Rua 2. "Morreu nossa rua", conta, ao acrescentar que houve diminuição de 60% na demanda. Mesmo com a queda, ela ressalta que há pouco mais de um ano fez a locação do estacionamento localizado no lote ao lado, e que estava fechado, para conseguir dar espaço a todos os mensalistas. "Vale a pena", conclui.

Prazo de 15 anos é questionado

Conselheira da Ordem dos Advogados do Brasil --- Seccional Goiás (OAB-GO), a advogada tributarista Eléia Alvim explica que a isenção fiscal por meio de lei está dentro da legalidade. "(O objetivo é) incentivar o comércio local, que acabou, e uma das maneiras de incentivar é reduzir a carga tributária, uma forma de chamar o comércio para aquele local."

No entanto, para ela, o prazo de 15 anos corresponde a uma "isenção demasiadamente longa e desnecessária", visto que o estacionamento não teria muito gasto para ser implantado. "Está muito discrepante das outras (isenções). Eu acho que seria uns dois ou três anos, acompanhando as outras isenções para que sejam similares e não fiquem discrepantes. Que seja dentro de uma razoabilidade", aponta.

A reportagem tentou contato com o titular da Secretaria Municipal de Finanças (Sefin), Vinícius Henrique Alves, por meio de ligação telefônica e mensagem de texto. As chamadas não foram atendidas e não houve resposta para a solicitação por mensagem.

A assessoria da pasta também foi procurada. A resposta foi que, por conta do Refis, precisaria de mais tempo para levantar informações e que encaminharia uma resposta até esta quinta-feira (26).

Nesta terça-feira (24), a reportagem mostrou que, conforme o secretário, a compensação para a redução nos impostos se daria a partir dos investimentos que serão feitos na região Central.

Conforme dados da Junta Comercial do Estado de Goiás, houve aumento de 46% nos estacionamentos no Centro, de 2018 a 2023. No primeiro ano, eram 76 registrados, enquanto que, neste ano, já são 111.